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Análise do filme TOC TOC

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Análise do filme TOC TOC
 O filme é uma comédia e faz referência direta ao transtorno obsessivo compulsivo (TOC), que é um distúrbio de ansiedade descrito no DSM V. Essa história se passa no consultório do Dr. Palomero, psicólogo renomado, especialista em transtorno psicológico. São seis pacientes que aguardam a chegada do Doutor, os quais questionam porque todos estão marcados para o mesmo horário e a secretária comunica que foi devido a um erro e que o doutor está com seu voo atrasado e vai demorar um pouco para chegar.   Os seis começam um diálogo durante a longa espera, sendo esse um gancho do qual a secretária encaminha eles para a sala do doutor para se distraírem e continuarem a conversa.
A conversa na verdade torna-se uma terapia de grupo e inicia para passarem o tempo à espera do doutor Palomero, eles tentam possibilitar a aproximação entre eles apresentando-se e expõem seus problemas, mas surgi um desconforto, pois cada um tem um TOC diferente e suas crises de ansiedade resultam nas recorrentes obsessões, compulsões com pensamentos que não saem da mente, seus tiques, que no dia-a-dia compromete suas vidas. A interação entre eles começa a surgir e se torna tão importante que os membros do grupo se esquecem do doutor Palomero.
A descrição brevemente dos seis personagens e o motivo por estarem ali. “Emílio” é um taxista que possuí aritmomania (é um transtorno obsessivo-compulsivo do qual ele necessita contar suas ações e tudo que tem ao seu redor, como degraus, objetos, ele os realiza em voz alta ou em pensamento), e também é um acumulador (consiste em acumular coisas de maneira ilimitada, com pouca ou nenhuma utilidade, muitas vezes deixadas no lixo por outra pessoa). “Frederico” tem síndrome de Tourette (é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância, são tiques variados, com intensidade e frequência também variáveis que pioram com o estresse e estão associados ao TOC e TDAH). “Blanca” tem compulsão por higiene, por limpeza e pavor de germes, vírus, bactérias, fungos, evitando qualquer tipo de contato físico e por isso está compulsivamente lavando as mãos. “Ana Maria” tem toque de verificação, ela precisa verificar várias vezes a mesma coisa, como luz, gás, a porta, fazendo também várias vezes o sinal da cruz, essa atitude repetitiva faz com que ela esteja sempre atrasada. “Otto” tem toque de simetria, faz com que ele seja metódico, organizado arrumando tudo a sua volta com harmonia, além de não conseguir pisar na junção de listras, ou seja, em linhas. “Lili” por sua vez repete duas vezes a própria fala ou repete a última sílaba, duas vezes, doa fala da outra pessoa.
Toc Toc é um filme que nos mostra como é difícil conviver com um transtorno, se socializar, fazer amizades, ter um relacionamento e até simplesmente caminhar pela rua. Esses desafios diários, comuns a eles podem surgir a partir de questões genéticas, biológicas, psicológicas e ambientais, cada um dos personagens retrata as diferentes formas do Toc e de como o sofrimento diário é difícil, como a situação que passam, o cansaço, fossem em busca de ajuda.
No filme, eles arriscam por conta própria a realizar a sessão, buscam propostas e objetivos de iniciarem a terapia como se o doutor estivesse ali a conduzindo.  No início não visualizamos quem está coordenando o grupo, mas no decorrer do filme, na verdade no final, o doutor Palomero é Frederico, ele tem o papel de observar o processo e visar à dinâmica do grupo, incentivando-os, mantendo o foco do assunto no problema de cada um, dando a oportunidade de haver alternância e modificação nos papéis desempenhados pelos pacientes, levando-os ao processo de enxergarem seus problemas, buscando soluções que venham a ser eficiente, diariamente.
Durante o processo de ajudar o personagem que está sendo analisado e desafiado a não agir ou realizar seu toque, faz com que os outros se solidarizem esquecendo-se do seu transtorno e por milésimos de segundo esquecendo da sua mania, deixando-a de fazer.  Eles procedem de maneira a fazer com o personagem que está sendo analisado entre em conflito com seus tiques e tente desfiar seu medo expondo-se às situações de conflito vindo a não realizá-lo por um determinado tempo. Também conversam sobre as evidencias do toque, questionando os pensamentos sobre o mesmo, fazendo-o a pensar sobre seus rituais e buscar encontrar subsídios que o leve a identificar e ter maior controle já que é o caminho, e que para eles vem a ser inconsciente.
Após horas de convivência, problemas e confusão, todos começam a perceber esse milésimo de melhora de seus problemas, cada um tem a expectativa de ajudar o outro, sendo que eles próprios se ajudam. Foi um momento de compartilhar os problemas, medos e angustias, estabelecendo entre eles um vínculo, trazendo uma energia.  Existe uma colaboração e participação de todos os seis personagens, sendo que eles percebem que a terapia é um trabalho em equipe, do qual existe a necessidade de que haja empenho e dedicação para que se alcance algum resultado.
Essa terapia foi estruturada para resolução de problemas, modificação de pensamentos compulsivos e comportamentos perturbadores, tentando mostrar estratégias de como se deve lidar com o transtorno. O transtorno de Frederico leva a pensar que ele sabe como conduzir, proceder e propiciar novos procedimentos com relação aos transtornos dos outros, incentivando ações preventivas e uma melhora na qualidade de vida de seus pacientes, já que ele é o próprio doutor e que sofre com seus tiques diariamente.
A desestabilização dos personagens durante a terapia de grupo possibilitou o compartilhamento de suas experiências uns com os outros, mostrando que todos apresentam os mesmos problemas de isolamento e de vergonha, ao verem que não sofrem isoladamente, o grupo tem empoderamento de coragem e observam que podem diminuir ou livrar-se dos sintomas aumentando assim a esperança de uma vida quase ou sem Toc. É por isso que, o filme é empolgante, pois já no primeiro encontro o grupo obtém esse progresso com ajuda uns dos outros.  
O filme mostra a empatia que a partir de uma convivência ética, os personagens desenvolvem, e percebem o impacto de suas ações sobre si e os outros, a solidariedade em ajudar fica evidente. É esse o princípio básico, expor à pessoa a situação que gera ansiedade e que dá início aos toques, tiques e/ou manias, esse processo geralmente costuma resultar melhoras. O grupo evolui, pois existe uma troca de papéis constante fazendo com que os personagens adquiram um senso de sua própria identidade, e o processo de ouvir o problema do outro faz com que pense nos meus. Quanto mais a par estiverem de seu problema com certeza melhor funcionará o tratamento, pois estão tendo consciência do que lhes causa o toque.
Enfim, o filme retrata com humor um transtorno constrangedor para quem tem. Segundo Pichon Riviere: “Grupo é quando um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes se reúne em torno de uma tarefa específica, ou seja, um grupo com um objetivo mútuo, onde, porém cada participante é diferente e tem sua identidade”.  Já Lewin diz: “Na melhora na relação com os outros membros e o grupo torna-se autônomos para prosseguir sua tarefa mesmo sem um líder. E as decisões são tomadas em conjunto”. No final todos ficam entusiasmados para o próximo encontro do grupo. O médico retorna feliz e contente ajustando com a atriz contratada, e que se passa por secretária seu próximo grupo terapêutico. O grupo deve buscar ampliar a capacidade de cada um, estabelecendo melhor comunicação e vínculo, desenvolvendo confiança e respeito entre os membros do grupo. Todo ser humano é um ser de relação, ele se desenvolve e se descobre a partir da relação com o outro.

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