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Efeitos Neurobiológicos do Exercício Físico Lisandra Farias GDE LAMEEX 28 .04 . 2020 Tópicos da aula - Efeitos biológicos diretos - Efeitos biológicos indiretos - Exercício e saúde mental - Exercício e doenças degenerativas O movimento com papel crucial na estrutura e forma do cérebro humano Ligação íntima entre exercício e evolução humana Efeitos biológicos diretos e indiretos Efeitos biológicos diretos Eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal Estudos mostram que indivíduos submetidos a um programa de exercícios apresentam menores níveis de cortisol em repouso ou em resposta a um agente estressor, quando comparados a sedentários; Eixo HPA com maior densidade e eficiência de receptores mineralo- corticóides, menores níveis de cortisol e inibição da síntese de cortisol Ativação de monoaminas Serotonina: A síntese de serotonina cerebral depende de três fatores: - Quantidade de triptofano total no plasma (proporção entre a parcela livre e a ligada a albumina) - Transporte de triptofano livre pela barreira hemato encefálica - Atividade da enzima triptofano hidroxilase). Durante o exercício físico: - Aumento da concentração de AGL - Oxidação dos ACR Efeitos biológicos diretos Ativação de monoaminas Dopamina - Níveis mais elevados de cálcio sérico induzidos por exercício - Ativação da enzima tirosina hidroxilase - Sistema de recompensa, sensação de prazer ou satisfação Efeitos biológicos diretos Ativação de monoaminas Dopamina - Níveis mais elevados de cálcio sérico induzidos por exercício - Ativação da enzima tirosina hidroxilase - Sistema de recompensa, sensação de prazer ou satisfação Norepinefrina - Liberada pelos neurônios noradrenérgicos que estão presentes principalmente no locus ceruleus - Estado de alerta Efeitos biológicos diretos Fatores neurotróficos Estudos em animais mostram aumento nos níveis de expressão de diversas neurotrofinas como: - Fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) - Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1) - Fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) Além de neurotrofina-3 (NT3), fator de crescimento de fibroblasto (FGF-2), fator neurotrófico derivado da glia (GDNF), fator de crescimento epidérmico (EGF) e fator de crescimento nervoso (NGF), após exercício. Se proliferam em resposta a fatores vasculares: VEGF e IGF-1 Efeitos biológicos diretos Associados a melhora na cognição Neurogênese, angiogênese e sinaptogênese Neurogênese, angiogênese e sinaptogênese - Influência no número e morfologia dos novos neurônios - Melhora na qualidade das sinapses em regiões de neurogênese Estudos em animais: aumento no tamanho de espinhas dendríticas em áreas do hipocampo de corredores e na proliferação de células da glia (gliogênese) em camadas corticais superficiais, córtex motor e córtex pré-frontal. Efeitos biológicos diretos Eitos neuroprotetores contra o declínio cognitivo associado à idade e atrofia cerebral em cérebros adultos Estudo por imagem de ressonância magnética funcional Um estudo recente examinou a influência de um único sessão de exercício aeróbio após aprendizagem sobre consolidação da memória e funcionamento do hipocampo. Os participantes codificaram uma série de associações de imagem e localização e, em seguida, descansaram ou se exercitaram (35 minutos de treinamento intervalado em um cicloergômetro a 80% de sua freqüência cardíaca máxima) imediatamente após ou quatro horas após a codificação. Basso, J. C., & Suzuki, W. A. (2017). The Effects of Acute Exercise on Mood, Cognition, Neurophysiology, and Neurochemical Pathways: A Review. Brain Plasticity, 2(2), 127–152. https://doi.org/10.3233/bpl-160040 Resultados Quarenta e oito horas após essa experiência, os participantes retornaram para um teste de evocação com pistas enquanto seus cérebros eram fotografados no scanner de ressonância magnética. Indivíduos que se exercitaram apresentaram maior similaridade no padrão hipocampal durante os testes. Esses resultados estimulantes sugerem que o exercício agudo pode ser usado após o aprendizado para melhorar a memória e o funcionamento do hipocampo, mas que esses efeitos podem ser regulados pelo tempo do exercício em relação ao tempo de aprendizagem. Basso, J. C., & Suzuki, W. A. (2017). The Effects of Acute Exercise on Mood, Cognition, Neurophysiology, and Neurochemical Pathways: A Review. Brain Plasticity, 2(2), 127–152. https://doi.org/10.3233/bpl-160040 Efeitos biológicos diretos Lactato, glutamato e glutamina - No cérebro, o lactato atua como um precursor do glutamato, (principal neurotransmissor excitatório do cérebro). Além disso, pode ser usado pelo cérebro como uma fonte alternativa de energia para a glicose Dois estudos recentes usaram espectroscopia de ressonância magnética de prótons (H1MRS) para investigar alterações no nível do cérebro de lactato, glutamato e glutamina. Usando um protocolo de exercício de 15 minutos de exercício descontínuo e graduado a 85% da FCM prevista para a idade do participantes. Esses estudos revelaram que os níveis de lactato, glutamato e glutamina aumentaram transitoriamente em aproximadamente 20% no córtex. Estudos recentes Basso, J. C., & Suzuki, W. A. (2017). The Effects of Acute Exercise on Mood, Cognition, Neurophysiology, and Neurochemical Pathways: A Review. Brain Plasticity, 2(2), 127–152. https://doi.org/10.3233/bpl-160040 Efeitos biológicos indiretos Inflamação sistêmica A saúde do cérebro e as funções cognitivas são moduladas pela interrelação de diversos fatores centrais e periféricos - Exercício aumenta o IGF-1 periférico - Redução da inflamação pelo exercício melhora a sinalização de BDNF (neurotrofina) Evidências que a inflamação e doenças inflamatórias contribuem para transtornos de humor e piora da saúde mental. Com o progressivo aumento de transtornos de humor mundialmente, tanto pacientes quanto pesquisadores concordam em dois pontos: - Não é satisfatório passar uma vida inteira fazendo uso de medicamentos - Estratégias terapêuticas tradicionais podem ser extremamente custosas se realizadas durante longo período Benefícios do exercício físico para a saúde mental Hipótese termogênica Aumento na temperatura corporal como responsável pelo aumento da elevação do humor após o exercício, o que pode levar a uma redução dos sintomas de ansiedade Endorfinas Sensação de euforia, sedação e analgesia após treinos intensos é um dos fenômenos da ação das endorfinas produzidas com os exercícios Função mitocondrial Exercício aeróbico crônico promove um aumento da atividade biogênica mitocondrial mediada por seus efeitos antioxidantes - A ativação das monoaminas pela atividade física reduz a incidência e aumenta as chances de recuperação de transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse. - Há muitas evidências de estudos de pessoas que sofrem de depressão e ansiedade apresentam hiperatividade da resposta do eixo HPA - O exercício voluntário ajusta a liberação do fator de liberação de corticotrofina do hipotálamo e hormônio adrenocorticotrófico da pituitária anterior. Liberação de monoaminas Regulação do Eixo HPA VORKAPIC-FERREIRA, Camila et al . NASCIDOS PARA CORRER: A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO PARA A SAÚDE DO CÉREBRO. Rev Bras Med Esporte, São Paulo , v. 23, n. 6, p. 495-503, dez. 2017 . Estudo: em participantes não treinados atribuídos a um grupo de exercícios aeróbicos e um grupo de controle de alongamento, os níveis de serotonina aumentou (semelhante ao efeito dos ISRS) após o exercício no grupo aeróbio, que também se correlacionou com a diminuição dos níveis de depressão. Hipótese da auto-eficácia Sensação de domínio ao completar uma tarefa importante Distração de pensamentos e ruminações negativas Autoestima positiva ligada à aptidão física e ao estilo de vida 1. 2. 3. - Tanto o exercício aeróbico moderado quanto o de resistência têm efeitos positivos nos sintomas depressivos. - Efeitos positivos em idosos e indivíduos com sintomas depressivosmoderados; - A eficácia do exercício depende do nível de aderência ao programa de exercícios e da combinação de exercício aeróbico moderado e exercício de resistência de alta intensidade . Em um estudo controlado randomizado de 79 participantes com transtornos de ansiedade, os efeitos de regimes de exercícios aeróbicos (caminhadas rápidas ou corrida) versus não aeróbicos (força muscular, flexibilidade e relaxamento) mostraram que os escores de ansiedade melhoraram de forma semelhante em ambos os grupos Qual o melhor tipo de exercício? VORKAPIC-FERREIRA, Camila et al . NASCIDOS PARA CORRER: A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO PARA A SAÚDE DO CÉREBRO. Rev Bras Med Esporte, São Paulo , v. 23, n. 6, p. 495-503, dez. 2017 . E.W. Martinsen, A. Hoffart, O. Solberg, Aerobic and non- aerobic forms of exercise in the treatment of anxiety and disorders, Stress Med. 5 (1989) 115–120 Conclusões de estudos que utilizaram o exercício como intervenção terapêutica na depressão - O grupo que praticava exercício apresentou maior recuperação e menor recaída que os outros; - Quanto maior for o tempo gasto com exercícios, menores serão os níveis de depressão. - Foram analisados vários estudos longitudinais realizados de 1996 a 2007.; - Concluiu-se que o exercício consistente, mesmo que a duração fosse tão curta quanto 15 min, 3 vezes por semana, estava significativamente associado a um menor risco de sintomas depressivos. A melhor prevenção Resultados .C. Chang, et al., Effects of different amounts of exercise on preventing depressive symptoms in community-dwelling older adults: a prospective cohort study in Taiwan, BMJ Open 7 (4) (2017) e014256. Ernst C, Olson AK, Pinel JP, Lam RW, Christie BR. Antidepressant effects of exercise: evidence for an adult-neurogenesis hypothesis? J Psychiatry Neurosci. 2006;31(2):84-92 As alterações fisiopatológicas da doença de Alzheimer estão relacionadas à diminuição do volume cerebral, do número de neurônios, do número de sinapses e da extensão das ramificações dendrítica Doença de Alzheimer Indivíduos com Alzheimer mostram melhoras em escalas de atividades cotidianas, em testes cognitivos, sintomas depressivos e funções físicas, comparados aos que não se exercitam, cujas funções continuam a declinar. Degradação da proteína beta-amiĺóide - Aumento do fluxo sanguíneo cerebral e maior metabolismo cerebral da glicose durante o exercício - BNDF (fator neurotrófico derivado do cérebro) - IGF1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) - VEGF (Fator de crescimento endotelial vascular) Aumento de fatores envolvidos na neuroplasticidade Estratégia preventiva do exercício físico na doença de Alzheimer Prevenção de fatores de risco - Depressão, hipertensão, obesidade, sedentarismo Efeito protetor do exercício físico retarda o declínio cognitivo em consequência do envelhecimento Doença de Parkinson Síndrome degenerativa e progressiva do SNC caracteriza-se pela perda dos neurônios dopaminérgicos da substância negra Desordem dos movimentos, tremores em repouso, rigidez e bradicinesia Segundo estudos, o risco de se desenvolver Parkinson parece ser inversamente proporcional à quantidade de atividade física praticada ao longo da vida. Sugerem também que as pessoas que praticam exercícios durante a idade adulta e no fim da vida têm um risco 40% menor de desenvolver a doença do que as pessoas que permaneceram inativas durante os mesmos períodos. Rabadi MH. Randomized clinical stroke rehabilitation trials in 2005. Neurochem Res. 2007;32(4-5):807-21 Portugal, E. M. M., Cevada, T., Sobral Monteiro-Junior, R., Teixeira Guimarães, T., Da Cruz Rubini, E., Lattari, E., … Camaz Deslandes, A. (2013, July). Neuroscience of exercise: From neurobiology mechanisms to mental health. Neuropsychobiology. https://doi.org/10.1159/000350946 VORKAPIC-FERREIRA, Camila et al . NASCIDOS PARA CORRER: A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO PARA A SAÚDE DO CÉREBRO. Rev Bras Med Esporte, São Paulo , v. 23, n. 6, p. 495-503, dez. 2017 . Mikkelsen, K., Stojanovska, L., Polenakovic, M., Bosevski, M., & Apostolopoulos, V. (2017, December 1). Exercise and mental health. Maturitas. Elsevier Ireland Ltd. https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2017.09.003 Rabadi MH. Randomized clinical stroke rehabilitation trials in 2005. Neurochem Res. 2007;32(4-5):807-21 Ernst C, Olson AK, Pinel JP, Lam RW, Christie BR. Antidepressant effects of exercise: evidence for an adult-neurogenesis hypothesis? J Psychiatry Neurosci. 2006;31(2):84-92 Basso, J. C., & Suzuki, W. A. (2017). The Effects of Acute Exercise on Mood, Cognition, Neurophysiology, and Neurochemical Pathways: A Review. Brain Plasticity, 2(2), 127–152. https://doi.org/10.3233/bpl-160040 Rossi, L., & Tirapegui, J. (2004). Serotoninergic system and its implications on physical exercise. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. https://doi.org/10.1590/s0004-27302004000200004 Portugal, E. M. M., Cevada, T., Sobral Monteiro-Junior, R., Teixeira Guimarães, T., Da Cruz Rubini, E., Lattari, E., … Camaz Deslandes, A. (2013, July). Neuroscience of exercise: From neurobiology mechanisms to mental health. Neuropsychobiology. https://doi.org/10.1159/000350946 Referências
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