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SIMULAÇÃO DE RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO UTILIZANDO O MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS PARA RECUPERAÇÃO DE CAMPOS MADUROS E MARGINAIS Lilia Palma Naveira DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS E ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Luiz Landau, D.Sc ________________________________________________ Prof. Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho, D.Sc. ________________________________________________ Prof. José Luis Drummond Alves, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Abimael Fernando Dourado Loula, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL NOVEMBRO DE 2007 ii NAVEIRA, LILIA PALMA Simulação de Reservatórios de Petróleo utilizando o Método de Elementos Finitos para Recuperação de Campos Maduros e Marginais [Rio de Janeiro] 2007 XIV, 97 p., 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia Civil, 2007) Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Simulação de Reservatórios 2. Método de Elementos Finitos 3. Campos de Petróleo Maduros e Marginais 4. Métodos Avançados de Recuperação - EOR I. COPPE/UFRJ II. Título ( série ) iii “... Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão, e lhe disse: Pede o que queres que eu te dê. E Salomão disse a Deus: Dá-me, pois, agora sabedoria e conhecimento... Então Deus disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, bens ou honra, nem a morte dos que te odeiam, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento para poderes julgar o meu povo, sobre o qual te fiz reinar, sabedoria e conhecimento te são dados; também te darei riquezas, bens e honra, quais não teve nenhum rei antes de ti, nem haverá depois de ti rei que tenha coisas semelhantes.” Esdras, II Livro de Crônicas (430 A.C.) “ A fonte do contentamento precisa jorrar na mente e aquele que possui um conhecimento tão pequeno da natureza humana, a ponto de buscar a felicidade transformando qualquer coisa, mas não sua própria disposição, desperdiçará a vida em esforços infrutíferos e multiplicará a dor que se propôs eliminar ”. (Samuel Johnson) “ Felicidade é a certeza de que a nossa vida não esta se passando inutilmente “ (Érico Veríssimo) iv Aos meus queridos Pais Welinton e Sueli v Agradecimentos Em especial aos meus pais Welinton e Sueli por todo amor e carinho, pelos inúmeros conselhos, incentivo, pela confiança, pelo ombro amigo cheio de conforto e paz. Por serem simplesmente maravilhosos e estarem presente em todos os momentos da minha vida. A Deus que continue me iluminando e me guiando, dando-me força e paz por toda a minha vida. A toda a minha família, as minhas irmãs Vanessa e Carol, a minha querida vovó e principalmente ao meu sobrinho Victor pelos gestos puros e encantadores dos primeiros aprendizados de uma bela e longa vida que há de ser. Ao Prof. Luiz Landau pela amizade e o constante apoio, dedicação e orientação, a quem me acompanhou desde os primeiros anos do curso de Engenharia Civil, sempre me incentivando à área de pesquisa, desde aos anos de iniciação científica. Ao Prof. Alvaro Coutinho pelas aulas de elementos finitos, pelo incentivo e apoio na área computacional. Por buscar transmitir o sentido de um trabalho científico de mestrado. Ao Prof. José Luis Drummond Alves pela amizade e confiança, pelo apoio e incentivo dado durante os momentos de dificuldade encontrados ao longo do caminho. Pelas aulas de elementos finitos, e por sua dedicação durante todos os anos de iniciação científica e de mestrado. Ao amigo e Professor Denis Araujo Filgueiras de Souza, a quem admiro muito por sua inteligência, competência e dedicação profissional. Pelas aulas de elementos finitos durante a iniciação científica, pelas aulas de Fortran 90, pelas conversas constantes e orientações que contribuíram muito para desencadear este trabalho e meu crescimento profissional. vi Ao Centro de Pesquisas da Petrobras – CENPES, pelo apoio financeiro concedido permitindo realizar esta pesquisa. E pelas valiosas reuniões com Maria Aparecida e Ivonete, que contribuíram para uma visão mais prática e real do estudo de recuperação de campos maduros. A todos os meus amigos por me proporcionarem felicidade, companheirismo e força, dividindo comigo as alegrias e dificuldades. A todos os funcionários do LAMCE, NACAD, aos colegas Célio e Thelmo do LABPEC pelo apoio e atenção que contribuíram para a realização deste trabalho. vii Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.) SIMULAÇÃO DE RESERVATÓRIOS UTILIZANDO O MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS PARA A RECUPERAÇÃO DE CAMPOS MADUROS E MARGINAIS. Lilia Palma Naveira Novembro/2007 Orientadores: Luiz Landau Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho Programa : Engenharia Civil. O crescente aumento da demanda de petróleo e seus derivados, a busca pela auto-suficiência, as constantes instabilidades políticas que norteiam o preço do petróleo e a eterna dúvida de quando chegará o seu fim, são questões que motivam a revitalização de campos maduros e marginais. Nesse trabalho foi realizada uma pesquisa sobre os métodos especiais de recuperação, métodos térmicos, miscíveis, químicos e microbiológicos que são responsáveis por prolongar a vida produtiva destes campos. Foram feitas simulações numéricas através de um programa implementado em Fortran 90 para casos de fluidos bifásicos imiscíveis e miscíveis visando analisar a recuperação através da injeção água, polímero e uma substância miscível, objetivando verificar o método que oferece um maior fator de recuperação e uma melhor varredura dentro de limites econômicos aceitáveis. viii Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc) RESERVATOIR SIMULATION USING THE FINITE ELEMENT METHOD FOR THE RECOVERY OF MATURE AND MARGINAL FIELDS. Lilia Palma Naveira November/2007 Advisors: Luiz Landau Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho Department: Civil Engineering The increasing growth of oil consumption and its derivatives, the seek for self sufficiency, the constant political instability that defines the price of oil and the external doubt regarding its end, are questions that motivate the recovery of mature and marginal fields. A research project about special recovery methods, thermal, miscible, chemical and microbiological methods was created for this work, in order to prolong the life-span of the fields. Numerical simulations were made through a program implemented in Fortran 90 for the flow of miscible and immiscible fluids, when submitted through water injections, polymers and a miscible substance, verifying the method which results in a larger factor of recovery and a better sweeping within acceptable economical limits. ix Índice Capítulo 1 Introdução................................................................................................................... 1 1.1 Considerações Iniciais.......................................................................................................1 1.2 Motivação ......................................................................................................................... 3 1.3 Objetivos............................................................................................................................ 5 1.4 Organização do Texto...................................................................................................... 6 Capítulo 2 Campos Maduros e Campos Marginais..................................................................... 8 2.1. Conceitos e Características............................................................................................. 8 2.2 Campos Maduros e Marginais Brasileiros........................................................................ 11 2.2.1 Exemplos de Recursos Utilizados na Revitalização de Campos Maduros 12 2.3 Principais Métodos de Recuperação................................................................................. 13 2.3.1 Recuperação Primária....................................................................................... 13 2.3.2 Mecanismos de Produção.................................................................................... 13 2.3.2.1 Mecanismo de Gás em Solução................................................................ 13 2.3.2.2 Mecanismo de Capa de Gás.................................................................... 14 2.3.2.3 Mecanismo de Influxo de Água................................................................. 14 2.3.3 Recuperação Secundaria...................................................................................... 15 2.3.4 Recuperação Terciária.......................................................................................... 18 2.4 Técnicas para Melhorar a Recuperação (IOR)................................................................. 19 2.4.1 Fraturamento Hidráulico ....................................................................................... 19 2.4.2 Perfuração de Poços Direcionais e Horizontais.................................................... 20 2.4.3 Reinterpretação da sísmica, sísmicas 3D e novas ferramentas de perfilagem.... 20 Capítulo 3 Métodos Especiais de Recuperação (EOR)............................................................. 21 3.1 Métodos Térmicos............................................................................................................. 22 3.1.1 Injeção Contínua de Vapor..................................................................................... 23 3.1.2 Injeção Cíclica de Vapor......................................................................................... 25 3.1.3 Injeção de Água Quente......................................................................................... 26 3.1.4 Combustão in Situ.................................................................................................. 27 x 3.1.5 Inovações Tecnológicas........................................................................................ 30 3.1.5.1 Otimização do Esquema de Poços para Injeção de Vapor..................... 30 3.1.5.2 Reservatórios Inclinados......................................................................... 32 3.1.5.3 Injeção de Vapor seguida por água........................................................ 33 3.1.5.4 Alternância de Injeção de Vapor e de água ........................................... 33 3.1.5.5 Plantas de cogeração de vapor............................................................... 34 3.2 Métodos Miscíveis............................................................................................................. 35 2 3.2.1 Injeção CO2 .......................................................................................................... 36 3.2.2 Injeção de Hidrocarbonetos Leves........................................................................ 38 3.2.2.1 Injeção de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) ......................................... 38 3.2.2.2 Injeção de Gás Enriquecido..................................................................... 40 3.2.2.3 Injeção de Gás Pobre a Alta Pressão...................................................... 40 3.3 Método Químico ................................................................................................................ 42 3.3.1 Polímeros...................................................................................................... 42 3.3.2 Solução Micelar............................................................................................ 45 3.3.3 Solução ASP................................................................................................ 46 3.4 Método Microbiológico...................................................................................................... 47 4.1 Propriedades das Rochas........................................................................................... 49 4.1.1 Porosidade………………………………………………………………………….. 50 4.1.2 Permeabilidade……………………………………………………………………… 50 4.2 Propriedades dos Fluídos …………………………………………………………................ 51 4.2.1 Saturações dos Fluidos no meio poroso…………………………………………. 51 4.2.2 Pressão Capilar................................................................................................ 52 4.2.3 Mobilidade e Razão de Mobilidade.................................................................. 52 4.3 Escoamento Bifásico Imiscível......................................................................................... 53 4.3.1 Equação Diferencial da Velocidade................................................................. 55 4.3.2 Equação Diferencial da Pressão...................................................................... 55 4.3.3 Equação Diferencial da Saturação................................................................... 56 4.4 Escoamento Miscível...................................................................................................... 59 4.5 Condições de Contorno e Iniciais................................................................................ 60 Capítulo 4 Formulação Matemática............................................................................................ 49 xi 5.1 Discretização por Elementos Finitos………………………………………………............... 62 5.1.1 Equação da Pressão........................................................................................ 63 5.1.2 Equação da Saturação..................................................................................... 64 5.1.3 Equação da Velocidade................................................................................... 65 5.1.4 Sistema Matricial de Equações........................................................................ 66 5.2 Discretização Temporal.................................................................................................. 66 6.1 Exemplos de Verificação ……………………………………………………………………... 68 6.1.1 Problema Clássico de Cinco Poços..................................................................... 68 6.1.1.1 Caso 1: Escoamento Bifásico Imiscível.................................................... 68 6.1.1.2 Caso 2: Escoamento Miscível.................................................................. 71 6.1.2 :Fluxo Confinado Entre Duas Barreiras................................................................ 74 6.1.1.1 Caso 1: Escoamento Bifásico Imiscível.................................................... 74 6.1.1.2 Caso 2: Escoamento Miscível.................................................................. 76 6.2 Características Campo de Petróleo Maduro em Estudo................................................ 78 6.2.1 Alternativa 1: Injeção de Água.................................................................... 78 6.2.2Alternativa 2: Injeção de Polímero (Goma Xantana)................................... 80 6.2.2.1 Caso1 : Volume do Banco de polímero (15%VP)........................... 81 6.2.2.2 Caso 2: Volume do Banco de polímero (30 %VP).......................... 83 6.2.2.2 Caso 2: Volume do Banco de polímero (50%VP)........................... 85 6.2.3 Alternativa 3: Método Miscível de Recuperação......................................... 86 Capítulo 5 Método Numérico.............................................................................................. 62 Capítulo 6 Estudo de Caso......................................................................................................... 68 Capítulo 7 Conclusões................................................................................................................ 90 Referências Bibliográficas.......................................................................................................... 94 xii Índice de Figuras Figura 2.1 – Fases da vida de um campo de petróleo. ----------------------------------------------- 8 Figura 2.2 – Configurações de malha fivespot, sevenspot e ninespot---------------------------- 16 Figura 2.3 – Linhas de Fluxo do Poço Injetor e Poço Produtor.------------------------------------ 16 Figura 2.4 – Curva Volume Óleo Deslocado X Volume de Água Injetado.----------------------- 17 Figura 3.1 – Esquema planta de Injeção de Vapor.---------------------------------------------------- 24 Figura 3.2 – Comparação entre os Métodos Injeção de Vapor, Água Quente e Água Fria. 27 Figura 3.3 – Diferentes zonas de temperaturas causadas pela Combustão in Situ.---------- 28 Figura 3.4 – Poços produtores e injetores horizontais.----------------------------------------------- 31 Figura 3.5 – Poços injetores verticais e poço produtor horizontal.-------------------------------- 31 Figura 3.6 - Formato da chaminé de vapor do método SAGD [1]..-------------------------------- 31 Figura 3.7 – Poço horizontal injetor e produtor.-------------------------------------------------------- 32 Figura 3.8 – Reservatório Plano.---------------------------------------------------------------------------- 32 Figura 3.9 – Reservatório Inclinado.---------------------------------------------------------------------- 33 Figura 3.10 – Esquema de injeção WASP e injeção simples de vapor.-------------------------- 34 Figura 3.11 – Planta de Cogeração de vapor.----------------------------------------------------------- 34 Figura 3.12 – Diagrama ternário de fases.--------------------------------------------------------------- 36 Figura 3.13 - Esquema de injeção de CO2 no reservatório.------------------------------------------ 37 Figura 3.14 – Diagrama Ternário GLP .------------------------------------------------------------------- 39 Figura 3.15 - Esquema de injeção GLP no reservatório.--------------------------------------------- 39 Figura 3.16 – Diagrama Ternário para Gás Enriquecido--------------------------------------------- 40 Figura 3.17 – Diagrama Ternário para injeção de Gás Pobre--------------------------------------- 41 Figura 3.18 – Análise do polímero em contato com agua destilada------------------------------- 45 Figura 3.19 - Análise do polímero em contato com agua do mar----------------------------------- 45 Figura 4.1 – Permeabilidade Relativa x Saturação de Água.---------------------------------------- 51 Figura 4.2 – Curva Pressão capilar x Saturação de água .------------------------------------------ 52 Figura 4.3 – Experimento de Henry Darcy .-------------------------------------------------------------- 54 Figura 4.4 – Curva fluxo fracionário de água x Saturação de Água.------------------------------- 57 Figura 6.1 – Malha de elementos finitosT8.-------------------------------------------------------------- 69 xiii Figura 6.2 – Esquema do problema.----------------------------------------------------------------------- 69 Figura 6.3 – Deslocamento do fluido injetado no reservatório ao longo do tempo.------------ 70 Figura 6.4 – Resultados da injeção de água do problema five spot ------------------------------ 70 Figura 6.5 – Curva Volume Óleo Recuperado X Tempo (PVI).------------------------------------- 71 Figura 6.6 – Configuração de Pressão.------------------------------------------------------------------- 71 Figura 6.7 – Linhas de Fluxo.-------------------------------------------------------------------------------- 71 Figura 6.8 – Resultados escoamento de fluidos miscíveis e imiscíveis.-------------------------- 72 Figura 6.9 – Volume de óleo Recuperado ao injetar fluidos imiscíveis e miscíveis ao óleo.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 73 Figura 6.10 – Malha Elementos Finitos.------------------------------------------------------------------- 74 Figura 6.11 – Geometria do problema.-------------------------------------------------------------------- 74 Figura 6.12 – Configuração de pressão no tempo t=28 dias.---------------------------------------- 75 Figura 6.13 – Configuração do campo de velocidades.----------------------------------------------- 75 Figura 6.14 - Deslocamento do fluido injetado no problema da barreira.------------------------- 75 Figura 6.15 – Configuração de pressão.------------------------------------------------------------------ 76 Figura 6.16 – Configuração vetor velocidades.--------------------------------------------------------- 76 Figura 6.17 – Deslocamento do fluido injetado ao longo do tempo.------------------------------- 77 Figura 6.18 – Malha de Elementos Finitos.-------------------------------------------------------------- 79 Figura 6.19 - Deslocamento da água injetada no reservatório ao longo dos anos.------------ 79 Figura 6.20 - Curvas volume de óleo recuperado e volume de óleo do reservatório.--------- 80 Figura 6.21 - Volume Óleo Recuperado para diferentes tipos de bancos de polímeros.----- 81 Figura 6.22 - Deslocamento dos fluidos no reservatório com banco de Polímero (15%VP).---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 82 Figura 6.23 - Curvas recuperação de óleo devido Inj Água e Inj Polímero (15%VP).--------- 82 Figura 6.24 - Deslocamento dos fluidos no reservatório com injeção de Banco de Pol (30% VP).--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83 Figura 6.25 - Curvas Recup. Óleo: Água x BancoPol 15%VP x BancoPol 30% VP.---------- 84 Figura 6.26 - Deslocamentos dos fluidos no reservatório com injeção Banco de Pol (50%VP).---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 85 Figura 6.27 - Curvas Recup Óleo: Água x Banco Pol (15%VP) x BancoPol (30%VP) e BancoPol (50%VP).-------------------------------------------------------------------------------------------- 85 Figura 6.28 - Comparação métodos de Recuperação desde o inicio vida produtiva.--------- 87 Figura 6.29 - Curva de Recuperação de óleo para diferentes bancos miscíveis.-------------- 88 Figura 6.30 – Comparação total volume de óleo recuperado por diferentes métodos.------- 88 xiv Índice de Tabelas Tabela 2.1 - Campos de petróleo terrestre e marítimos no Brasil------------------------------------------------ 11 Tabela 6.1 - Volume Óleo Recuperado e Fator de Recuperação para Injeção de Água.------------------ 80 Tabela 6.2 - Quadro comparativo do fator de recuperação Inj Água x Polímero.----------------------------- 83 Tabela 6.3 - Quadro comparativo FR: Águax BancoPol (15%VP) e BancoPol (30% VP).----------------- 84 Tabela 6.4 - Quadro comparativo FR: Águax BancoPol (15%VP) x BancoPol (30% VP) x BancoPol (50%VP).------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------86 1. Introdução 1 Capítulo 1 1. Introdução 1.1 Considerações Iniciais A indústria do petróleo é caracterizada por ser uma atividade que exige projetos de grandes investimentos. Nesse sentido, os profissionais da área se deparam com situações em que necessitam realizar difíceis escolhas, isto é, tomar decisões que envolvem milhões de dólares, seja na fase de exploração, perfuração, produção ou completação. Exemplificando, o custo diário do aluguel de uma sonda de perfuração pode variar entre 200 a 800 mil reais e, o custo de um poço de petróleo em uma lâmina d’água de 2500 metros, por exemplo, pode custar entre 35 a 55 milhões de reais. Nos primórdios da exploração e produção de petróleo, os profissionais da área contavam com a intuição, aspectos topográficos, hidrológicos e inúmeras teorias não fundamentadas em base científica. Porém, com o crescimento do setor petrolífero tornou-se necessário o surgimento de ferramentas mais confiáveis, capazes de auxiliar o profissional na tomada de decisões objetivando diminuir a probabilidade de erro. Com a evolução da tecnologia e da ciência, atualmente pode-se contar com a utilização de ferramentas fundamentadas em conceitos magnéticos, elétricos, gravitacionais, sonoros e computacionais. Nesse contexto, a simulação computacional tem grande aplicação na área da engenharia de reservatórios, pois pode auxiliar o entendimento da geologia do reservatório e do fluxo de fluidos, permitindo realizar previsões do comportamento dos fluidos no meio poroso, estimativas de volumes originais, volumes recuperáveis e reservas [59]. A simulação numérica do fluxo de fluidos no reservatório se tornou uma ferramenta fundamental para a indústria petrolífera. Através desta, o engenheiro de reservatório pode simular diversos cenários de explotação, modificando entre outras coisas, a capacidade da plataforma, as locações dos poços de produção e de injeção, etc. E a 1. Introdução 2 partir dos resultados obtidos, busca-se aquele que proporcione a maximização do fator de recuperação do petróleo e os melhores resultados econômicos. Os simuladores em geral podem ser classificados como físicos ou matemáticos. No sistema físico o problema é abordado através da construção de modelos reduzidos ou protótipos. O modelo matemático é constituído por um sistema de equações diferenciais parciais não-lineares, acompanhado de suas condições iniciais e de contorno, capazes de descrever o fenômeno em questão [50]. Porém, as equações diferenciais que governam o escoamento de fluidos no meio poroso geralmente são muito complexas para serem resolvidas analiticamente. Em função disso, faz-se necessário um modelo numérico. A partir deste modelo numérico, uma série de programas são desenvolvidos, objetivando resolver o sistema de equações gerando soluções aproximadas para o fenômeno em questão. Os simuladores de escoamentos no meio poroso podem ser classificados de acordo com o número de fases consideradas (monofásico, bifásico e trifásico), o número de dimensões (1D, 2D e 3D) e a maneira como o problema físico é descrito matematicamente, existindo os modelos, volumétrico, composicional e térmico [50]. No modelo volumétrico também conhecido como blackoil, as três fases, água, óleo e gás podem estar presentes, porém, não são levadas em consideração as mudanças de fase (vaporização e condensação). As condições de pressão e temperatura são abordadas, sendo que o processo é considerado isotérmico. Já o modelo composicional é mais complexo, pois considera a fase óleo separada em pseudo-componentes, que representam as porções diferenciadas do óleo. Como exemplo, pode-se separar o óleo em porções de pesado, intermediário e leve, ou ainda, em metano, etano, propano e outros. Este modelo é normalmente aplicado em reservatórios portadores de óleo volátil [56]. Os modelos térmicos são aqueles que levam em consideração as mudanças de propriedade dos fluidos de acordo com a variação de temperatura. É indicado para este modelo trabalhar com pseudo-componentes, que traduz melhor o efeito diferenciado da 1. Introdução 3 alta temperatura nas diferentes porções do óleo. O modelo térmico é normalmente aplicado em reservatórios de óleo pesado. Um fator relevante com relação à simulação é a necessidade de dispor de dados de boa qualidade a respeito das propriedades das rochas, dos fluidos, informações geológicas, informações sobre o histórico de produção (vazões, produção acumulada, pressões), visando obter previsões mais precisas do desempenho do campo e estabelecer estratégias para atingir as condições ótimas de produção. Para maximizar o fator de recuperação de um campo, são usados métodos de recuperação secundária (injeção de água, injeção de gás) e/ou terciárias (injeção de polímeros, injeção de vapor) e, também são utilizadas tecnologias que aumentam a área exposta do reservatório à produção, tais como poços multilaterais. Atualmente vêm sendo estudados modelos de estruturas geológicas cada vez mais complexas, como reservatórios heterogêneos, falhas e estratificações. Tais estudos estão despertando interesses em todo o mundo, principalmente na ótica dos projetos de recuperação de campos maduros ou marginais. 1.2 Motivação Nos últimos tempos vem se observando uma preocupação mundial a respeito da hipótese do esgotamento das reservas de petróleo, que é uma previsão muito imprecisa. Porém, a única certeza é que chegará o tempo em que a produção mundial chegará a um pico e depois entrará em declínio. A oferta mundial terá dificuldade de atender plenamente a demanda. Quando isso acontecer, a maioria dos campos de petróleo do mundo já estará com alto nível de recuperação, sendo considerados maduros. Pesquisas indicam que a maioria das reservas mundiais corresponde a reservatórios maduros. As grandes descobertas petrolíferas estão cada vez mais escassas, levando a desafios cada vez maiores e mais difíceis, como lâminas de águas profundas e, ultra- profundas, e em ambientes inóspitos, como o continente Antártico [58]. 1. Introdução 4 Somado a essas dificuldades, a crescente demanda do petróleo e seus derivados, seu aumento de preços em todo o mundo, só tende acelerar o quadro geral de busca por este produto, vital para a vida da sociedade moderna. As projeções apontam o petróleo como a principal fonte primária de energia para as próximas duas décadas. Deve-se salientar que a revitalização dos campos maduros e marginais pode gerar grandes benefícios no âmbito social e econômico para as regiões próximas às suas localizações. A reativação desses campos pode contribuir para o desenvolvimento de áreas carentes, através da geração de empregos e oportunidades de serviço, da reativação do comércio e da indústria local. Também devem ser adicionados outros aspectos, como as recentes instabilidades políticas nas principais regiões produtoras de petróleo junto com o crescimento de mercados consumidores, como China e Índia, contribuem para agravar as projeções pessimistas. Neste cenário, em agosto de 1997 houve a chamada flexibilização do monopólio estatal da indústria petrolífera no Brasil com a criação da Lei 9.478, que permitiu que pequenas e médias empresas independentes pudessem atuar na recuperação dos campos que passaram a ser leiloados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). As grandes empresas permaneceram interessadas em grandes projetos, altamente rentáveis. A partir desta data, uma série de campos marginalmente econômicos foi abdicada ficando sob responsabilidade da ANP. Grandes partes desses campos possuem um bom potencial petrolífero, podendo ser reabilitadas, passando a ser geradoras de riquezas para a sociedade [49]. Neste contexto destaca-se o surgimento de novosprojetos de recuperação como, o Recage, Programa de Revitalização de Campos com Alto Grau de Explotação, criado pela Petrobras no fim de 2004, que titula “Vida nova para reservatórios velhos”, que busca aumentar de forma econômica o fator de recuperação dessas áreas, diminuindo o declínio de produção. 1. Introdução 5 O projeto atende a vários campos brasileiros situados nas unidades do Rio Grande do Norte-Ceará, Sergipe-Alagoas, Bahia, Espírito Santo e Bacia de Campos. O programa busca desenvolver e aplicar tecnologias e práticas destinadas a campos maduros, aprimorando as formas de gestão, racionalizando custos e maximizando a produção desses campos que já passaram do pico de produção previsto, porém, ainda guardam muito petróleo para ser extraído [55]. Também o Programa de Recuperação Avançada de Petróleo (Pravap), coordenado pelo centro de pesquisas da Petrobras (CENPES), tem como desafio desenvolver inovações tecnológicas que viabilizem a apropriação de reservas adicionais e o aumento da produção dos campos brasileiros já descobertos, na maioria das vezes considerados sub-comerciais. Além disso, destaca-se também o Projeto Campo Escola realizado em 2003, no qual a ANP alocou 10 campos de petróleo, cinco na Bahia e cinco no Rio Grande do Norte [60], que buscam: • A formação de mão-de-obra técnica e gerencial adequada à operação de campos terrestres; • Realização de testes de tecnologias e de equipamentos nacionais necessários para a pequena empresa. Dessa forma, fica nítido o surgimento dessa crescente preocupação com a revitalização dos campos considerados maduros, tanto a nível mundial como nacional através de companhias prestadoras de serviço e da Petrobras. Consequentemente, retirar o máximo possível de campos cuja curva de produção já passou de seu pico, pode vir a ser uma atividade estratégica e lucrativa dado ao alto valor alcançado. Além do fato de que o petróleo é uma matéria prima estratégica e não-renovável, por isso, quando descoberta, deve ser explorada ao máximo possível [61]. 1.3 Objetivos O presente trabalho visa o estudo e a simulação do escoamento de fluidos em meios porosos com o objetivo de avaliar alguns métodos de recuperação que levem a um 1. Introdução 6 maior fator de recuperação de hidrocarbonetos para que de alguma forma se consiga contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor de O&G e, indiretamente, com seus impactos nos setores sociais, políticos, econômicos e ambientais. Nesse contexto este trabalho teve como meta desenvolver os seguintes estudos: 1. Justificar o interesse da simulação de reservatórios aplicados a campos maduros e marginais; 2. Definir alguns conceitos relativos a campos maduros e marginais; 3. Fazer um estudo referente aos métodos avançados de recuperação (térmicos, químicos, miscíveis e microbiológicos); 4. Definir as equações matemáticas que governam o fenômeno físico de escoamento de fluidos no meio poroso, aproximando essas equações diferenciais parciais pelo Método Numérico de Elementos Finitos. 5. Fazer um estudo sobre um campo maduro real, simulando algumas alternativas de recuperação de hidrocarbonetos objetivando verificar os resultados que produzem um maior fator de recuperação, aliado a alguns aspectos econômicos. 1.4 Organização do Texto Os próximos capítulos se apresentam organizados da seguinte maneira. No capítulo 2, situam-se os conceitos e características dos campos maduros e marginais e os principais métodos de recuperação primária, secundária e terciária. No capítulo 3, consta uma revisão bibliográfica a respeito dos métodos avançados de recuperação, entre eles os métodos térmicos, químicos, miscíveis e microbiológicos, que podem ser aplicados para recuperação dos campos maduros e marginais. 1. Introdução 7 Entre os métodos analisados apenas dois destes métodos foram utilizados para o estudo de caso realizado no capítulo 6, o método químico que consiste no escoamento de fluidos bifásicos (óleo e a água aditivada com polímero) e o método miscível que consiste na análise de escoamento miscível. No capítulo 4, foi apresentada a formulação matemática para o escoamento bifásico de fluidos imiscível e deslocamentos miscíveis no meio poroso. No capítulo 5, foi apresentado o Método Numérico de Elementos Finitos utilizado para obter soluções aproximadas para o sistema de equações não-lineares, acopladas e transientes que governam o escoamento de fluidos no meio poroso. No capítulo 6, foram realizados estudos de casos, para validar o programa utilizado e análises de caso avaliando o fator de recuperação obtido simulando a recuperação de um campo maduro através dos métodos de injeção convencional de água, método químico e método miscível. Finalmente, no capítulo 7, são apresentadas as conclusões obtidas. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 8 Capítulo 2 2. Campos Maduros e Campos Marginais 2.1 Conceitos e Características Os campos de petróleo possuem um ciclo de “vida”, isto é, começam com uma curva ascendente até alcançar o pico de produção, atingem a fase de estabilidade e finalmente decaem. A Figura 2.1 ilustra as fases da vida de um campo desde o momento de sua descoberta até o momento de abandono. Geralmente o pico de produção é atingido nos primeiros cinco anos a partir do início da produção. Durante os primeiros anos, ainda são realizadas operações de instalações dos equipamentos de produção, perfuração de todos os poços e, entrada em operação dos projetos [35]. A fase seguinte, denominada pelo platô de produção, representa a capacidade de produção máxima, para a qual os equipamentos de produção foram dimensionados. Esta fase pode ser maximizada através da implantação de um número mínimo de poços e pela capacidade das instalações de transporte (oleodutos e gasodutos) [35]. Figura 2.1 - Fases da vida de um campo de petróleo [54]. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 9 Após esta fase, como pode ser visto na Figura 2.1, inicia-se o período de declínio em direção ao limite econômico. Entretanto, esta curva de declínio pode ser alterada através de técnicas de recuperação (recuperação secundária ou terciária), sem, no entanto ser interrompida. Neste contexto, a partir da análise das curvas de produção dos campos, é que se inserem os conceitos de campos maduros e campos marginais, que vêm sendo largamente utilizados na indústria petrolífera. Pode-se conceituar como campo maduro, todo campo que se encontra em avançado estágio de explotação, com índices de produção declinante que já ultrapassaram seu pico de produção, necessitando da aplicação de diversas técnicas de recuperação avançada de petróleo. É um conceito técnico operacional, associado apenas ao declínio do perfil de produção pela idade [58], [62]. Entre suas principais características, destacam-se dois tipos de comportamento: um de um longo histórico de produção, com vazões relativamente baixas e estáveis e outro cuja curva de produção se encontra em declínio diminuindo gradativamente sua rentabilidade. Possuem infra-estrutura de produção normalmente antiga devido à falta de investimento, além de inúmeras fases de desenvolvimento com elevado número de poços perfurados [36]. Grande parte dos campos maduros estão situados no mediterrâneo oriental, nas formações soviéticas e na América do Sul. Por exemplo, o gigante Ghawar na Arábia Saudita e o campo de Burgan no Kuwait que foram descobertos em meados de 1930. Os campos da Sibéria na Rússia que foram descobertos em 1950. E a bacia de Maricaibo no campo da Venezuela que foi descoberto em 1920 [5]. Normalmente, casos com grandes saturações de óleo residual se encontram em formações que foram produzidas antes do desenvolvimento das novas tecnologias (pré- 1970). Segundo[65], a expressão “velho” é muito mais função do seu método de produção e das práticas operacionais do que do tempo. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 10 Para recuperação destes campos é necessário primeiramente saber o local e o volume de óleo restante. Uma das grandes dificuldades é quantificar o óleo residual e encontrar as “ferramentas”, isto é, encontrar o método adequado para recuperar este óleo. Testes com traçadores e testes de poço são utilizados para determinar a localização e distribuição do óleo remanescente. Estudos de engenharia de reservatório são utilizados para determinar a saturação de óleo residual, como perfis de resistividade, neutrônicos, magnéticos e radiações gama [4]. Em geral, os campos menos rentáveis acabam sendo abandonados embora contenham um volume razoável de petróleo. Além do fato de serem áreas que já dispõem de toda a infra-estrutura necessária, como estradas de acesso, dutos de escoamento, estações coletoras e de transferência, plantas de processamento, constituindo um grande atrativo para pequenas empresas que dispõem de tecnologia avançada para reativação [62]. Já os campos marginais são campos produtores de petróleo e gás, normalmente de pequeno porte, cuja lucratividade, encontre-se no limiar da inviabilidade econômica, isto é, com baixos índices de retorno, não sendo considerados economicamente interessantes para as grandes empresas torná-los viáveis. Dentre as principais características dos campos maduros destacam-se, os campos com pequenas reservas, normalmente com problemas técnicos associados aos processos de produção, com ausência ou precariedade de infra-estrutura de escoamento, maturidade, baixa prioridade no plano de investimento da empresa, dificuldades de acesso a estruturas de processamento e ao mercado consumidor. Vale destacar que a classificação “campo marginal” pode ser tida como temporária. Pois um campo economicamente viável hoje pode vir a se tornar não econômico ao longo de sua vida produtiva, como também, um campo classificado como marginal hoje, poderá ser futuramente desenvolvido [35]. Para haver a exploração de um campo marginal é necessário que exista capital necessário para remover as barreiras anti-econômicas, de tal modo que, o petróleo produzido consiga o devido retorno dos investimentos realizados. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 11 Uma alternativa não recomendada seria a desativação dos campos, entretanto, para se desativar também requer despesas, e esta opção acaba sendo um fundo perdido. Neste contexto, necessita-se de incentivos governamentais, já que um campo marginal sem desenvolvimento, significa estar abrindo mão de um recurso energético estratégico não renovável, e que pode ser fundamental para tempos de crise. 2.2 Campos Maduros e Marginais Brasileiros O Brasil apesar de outrora já ter sido indevidamente classificado como um país sem petróleo, com a realização de estudos geológicos, geofísicos e geoquímicos foi comprovado ser um país com grande potencial petrolífero. Assim, em seu vasto território, existem vinte e nove bacias sedimentares de interesse. Porém, uma parcela expressiva destes campos brasileiros já se encontram em fase de declínio, com idade média de 25 anos, existindo também campos com mais de meio século situados no Recôncavo Baiano. As bacias maduras brasileiras que já foram bastante exploradas, podem ser encontradas nos estados da Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Nesse contexto, alguns programas de recuperação vêm sendo realizados nesses estados. A Tabela 2.1 relaciona as unidades brasileiras de petróleo e o número de campos terrestres e marítimos existentes [55]. Tabela 2.1- Campos de petróleo terrestre e marítimos no Brasil. Localização Nº de Campos Terrestres Nº de Campos Marítimos Nº total de Campos UN-RNCE 41 7 48 UN-SEAL 16 6 22 UN-BA 62 1 63 UN-ES 35 1 36 UN-BC - 30 30 2. Campos Maduros e Campos Marginais 12 2.2.1 Exemplos de Recursos Utilizados na Revitalização de Campos Maduros Na unidade de exploração e produção de Sergipe-Alagoas (UN-SEAL), foram perfurados poços em linhas paralelas às falhas geológicas, aumentando a área para produção. Foram utilizadas novas tecnologias e iniciativas que envolveram o aumento da injeção de água e de vapor, obtendo significativo acréscimo de produção, em 2005. Na unidade do Rio Grande do Norte e Ceará (UN-RNCE), utilizou-se da injeção de vapor para a recuperação de óleos pesados como nos campos de Estreito, Alto do Rodrigues e Fazenda Belém. A unidade do Espírito Santo (UN-ES) também apresenta áreas de óleo pesado nos campos de Fazenda Alegre, Córrego das Pedras Sul e Córrego Cedro Sul com reservas de óleo de 10º a 11º API. Já o campo de Buracica, na unidade da Bahia (UN-BA) foi revitalizado a custas de melhorias, como a perfuração de novos poços, alguns em linhas paralelas, próximo à falha geológica. Além de injeção de CO2 e água para a recuperação suplementar. Existe uma preocupação especial com a unidade da Bacia de Campos UN-BC responsável por 82% da produção do petróleo brasileiro, que após três décadas de sua descoberta na região de Garoupa em 1974, já possui campos em sua fase madura. Neste cenário, destacam-se os campos localizados na parte central da bacia, responsáveis por uma parcela expressiva da produção e que enfrentam um declínio de 8% ao ano, passando a serem considerados os “primos pobres” da bacia, após o “boom” do descobrimento. Isto é, essas áreas respondem a 890 mil barris/dia de óleo frente a 1,45 milhões de barris/dia extraídos em toda a bacia. Entretanto, a UN-RIO que gerencia Roncador, Marlin Sul, Albacora Leste, Marlim Leste e Barracuda-Caratinga vem alcançando melhores projeções, cabendo destacar o campo de Albacora que estava com sua produção em declínio e recebeu melhorias de gerenciamento, voltando a se inserir nos novos planos de projeto da Petrobras. Entre as iniciativas adotadas neste campo, destacam-se o aumento da injeção de água, perfuração de novos poços produtores e a implantação de novos projetos de injeção de água e vapor [55]. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 13 2.3 Principais Métodos de Recuperação Os reservatórios de petróleo, assim que descobertos, possuem energia natural suficiente para produzir os fluidos até a superfície, denominados como “poços surgentes“. Isto é, possuem pressão suficiente para vencer as perdas no meio poroso, na coluna e linhas de produção. Porém, com o desencadear da produção, esta energia natural é reduzida, e a pressão disponível se torna insuficiente para continuar produzindo uma vazão economicamente viável, devido aos efeitos de descompressão dos fluidos no reservatório, das forças capilares, forças gravitacionais, efeitos da viscosidade e resistências oferecidas pelas tortuosidades e estrangulamentos dos canais porosos [59]. 2.3.1 Recuperação Primária A denominação de recuperação primária está relacionada aos reservatórios que utilizam da energia natural disponível para produzir o petróleo para a superfície. Sendo que em muitos casos, busca-se maximizar o tempo de produção por surgência, já que estes são capazes de produção a menores custos, quando comparados com os poços que utilizam da elevação artificial. O Fator de recuperação médio global está estimado em 35%, denominado como “óleo fácil”. A produção adicional a este valor vai depender da utilização de tecnologias adequadas, viabilidade econômica e estratégias de gerenciamento do reservatório [64]. A produção de fluidos por surgência pode ser explicada devido a dois fatores principais. Um deles, a descompressão, que gera a expansão dos fluídos no reservatório junto com a contração do volume poroso. O outro fator é o deslocamento de um fluido por outro fluido. O conjuntode fatores que causam esses efeitos denominam-se mecanismos de produção [50]. 2.3.2 Mecanismos de Produção 2.3.2.1 Mecanismo de Gás em Solução 2. Campos Maduros e Campos Marginais 14 No mecanismo de gás em solução, a produção ocorre devido à energia que se encontra armazenada na própria zona de óleo. Com a produção, a pressão do reservatório vai diminuindo causando a expansão dos fluidos e a diminuição do volume poroso. Entretanto, devido à baixa compressibilidade dos fluidos e da formação, a pressão cai rapidamente até que se atinge o ponto de bolha, onde as frações mais leves do óleo se vaporizam. A partir daí se inicia propriamente o mecanismo de gás em solução, pois como o gás é muito compressível, ele se expande mais que o óleo, deslocando o líquido para fora do meio poroso. O problema deste método é a constante queda de pressão. As bolhas de gás passam a se tornar uma fase contínua e a energia que impulsionava o óleo para fora do reservatório passa a ser drenada junto a ele, resultando em baixas recuperações, inferiores a 20%. Tem a característica de uma vida de surgência muito curta. 2.3.2.2 Mecanismo de Capa de Gás Este mecanismo ocorre quando existe uma zona de gás na parte superior do reservatório. Com a produção do óleo, a queda de pressão do reservatório é transmitida para a capa de gás, que se expande penetrando na zona de óleo. E como o gás tem alta compressibilidade, este se expande sem haver uma rápida queda de pressão. O desempenho deste mecanismo depende do tamanho relativo da capa de gás [50]. 2.3.2.3 Mecanismo de Influxo de Água O mecanismo de influxo de água ocorre quando o reservatório se encontra em contato direto com uma grande acumulação de água. A queda de pressão causada pela produção dos hidrocarbonetos é transmitida para o aqüífero que se expande reduzindo o volume poroso. Devido a esta falta de espaço suficiente para conter os fluidos, a água invade a zona de óleo deslocando-o para a superfície e contribuindo para a manutenção da pressão. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 15 Existe ainda o mecanismo de segregação gravitacional, quando a força da gravidade beneficia a separação dos fluidos de acordo com a suas massas específicas, propiciando a formação de mecanismos de capa de gás e influxo de água. Além destes mecanismos, outros fatores também influenciam no aumento da produção por surgência, por exemplo, um adequado controle da produção através de testes periódicos para acompanhar a queda de pressão, adequado controle de danos causados à formação durante a etapa de perfuração, controle das propriedades dos fluidos produzidos (viscosidade, razão água-óleo RAO, razão gás-líquido RGL, BSW, grau API) [50], [59]. 2.3.3 Recuperação Secundária Com a necessidade do aumento da produção de óleo e devido à rápida queda de pressão dos poços naturais, surgiu a necessidade de utilizar métodos capazes de suplementar esta energia primária através de métodos artificiais, conhecidos como métodos de recuperação secundária. Injeção de água e injeção de gás, estão entre os métodos de recuperação secundária. Antigamente, os métodos de Recuperação Secundária só eram utilizados quando a produção começava a ser anti-econômica. Atualmente, esses métodos vêm sendo aplicados bem antes do término da Recuperação Primária. A injeção de fluidos no reservatório é baseada em mecanismos puramente mecânicos. Objetivam fornecer pressões necessárias para deslocar o óleo para fora da rocha- reservatório e ocupar o espaço deixado pelo fluido produzido. Porém, existe ainda uma parcela do óleo que permanece retida, chamada de “óleo residual”. O esquema de injeção tem um fator relevante na eficiência do varrido. Nesse sentido existem diferentes formas de injeção. A injeção periférica pode ser no topo ou na base do reservatório. A injeção no topo é mais indicada no caso de gases, devido à diferença de densidade, enquanto que a injeção de água é feita na base, analogamente aos mecanismos de produção. Porém, não existe uma rigidez entre a disposição dos poços. É comum, com o passar do tempo, poços de produção, ser transformados em poços de 2. Campos Maduros e Campos Marginais 16 injeção. No caso de reservatórios que abrangem grandes áreas, pode se utilizar de malhas de injeção. Entre os esquemas utilizados, estão os modelos cinco poços, sete poços e nove poços, ilustrados na Figura 2.2. Figura 2.2 - Configurações de malha cinco poços, sete poços e nove poços. Para avaliar a eficiência da injeção, é usual realizar cálculos para estimar a área do reservatório que foi invadida pelo fluido deslocante, em diferentes tempos. A eficiência de varrido horizontal pode ser obtida pela relação entre a área invadida pelo fluido injetado e a área total do meio poroso [50]. Uma maneira de acompanhar a injeção de fluidos no reservatório pode ser feita a partir das linhas equipotenciais e linhas de fluxo que são criadas após a injeção de água no reservatório. As linhas equipotenciais representam à distribuição de pressão no reservatório, sendo que as linhas de maiores pressões estão próximas ao poço injetor. Já as linhas de fluxo são linhas perpendiculares às linhas equipotenciais e representam trajetória do fluxo. Um exemplo de linhas de fluxo está ilustrado na Figura 2.3, que mostra a trajetória dos fluidos do poço injetor ao poço produtor. Figura 2.3 – Linhas de Fluxo do Poço Injetor e Poço Produtor [50]. Uma curva típica do padrão de recuperação de óleo através da injeção de água no 2. Campos Maduros e Campos Marginais 17 reservatório na Figura 2.4, que relaciona o volume de óleo recuperado pelo volume de água injetado. Note que o trecho linear significa que o volume de água injetado conseguiu deslocar o mesmo volume de óleo do reservatório. O ponto de transição da curva de comportamento linear para não-linear é conhecido como “breakthrough”. A partir deste ponto, o volume de água injetado não é proporcional ao volume de óleo produzido, ficando uma parcela retida no reservatório e, uma certa quantidade de água começa a ser produzida junto com o óleo. Em um projeto de injeção de água, vários aspectos devem ser levados em conta, como o tipo de rocha, sedimentos, salinidade da água de injeção, para saber se são compatíveis ou não, a fim de evitar fenômenos de inchamento das argilas, conhecidos como “choques salinos”. Além da necessidade de se avaliar as características de mobilidade dos fluidos deslocado e deslocante, objetivando evitar a formação de “dedilhamentos”, isto é, caminhos preferenciais da água em direção ao poço produtor que se assemelham ao formato de dedos, cabe também, destacar estudos referentes a geometria do reservatório e valores de profundidades, para obter um controle ideal da pressão máxima de injeção, visando evitar fraturamentos [50]. Entre as desvantagens deste método situam-se os problemas associados à corrosão das colunas de injeção, principalmente em casos de águas com salinidade elevada e com gases dissolvidos, como oxigênio, sulfeto de hidrogênio e dióxido de carbono, Figura 2.4 - Curva Volume Óleo Deslocado x Volume de Água Injetado [51]. 2. Campos Maduros e Campos Marginais 18 necessitando da utilização de equipamentos com materiais adequados [50]. Na maioria dos casos, não se deve esperar o declínio total da produção para iniciar a injeção dos fluidos. A boa engenharia recomenda que estes métodos sejam utilizados bem antes que isto aconteça [59]. 2.3.4 Métodos de Recuperação Terciária Apesar da utilização dos métodos de recuperação secundária, estes só conseguem elevar a recuperação média de 15% a 20% para 30% a 40%, sendo que sua curva de produção continua a declinar. Na maioria dos casos, os campos já estãoem avançado estágio de exploração e, acabam atingindo seu limite econômico, passando a ser tamponados e abandonados, mesmo ainda contendo volumes consideráveis de acumulações de óleo. Os métodos de recuperação terciários são os mais indicados para a recuperação dos campos maduros, pois buscam recuperar reservatórios que apresentam óleos com alta viscosidade e elevadas tensões interfaciais. Neste cenário, a aplicação dos métodos convencionais de recuperação secundária, não é suficiente. Entre os principais métodos de recuperação terciária estão: • Métodos Térmicos • Métodos Miscíveis • Métodos Químicos • Métodos Microbiológicos Nas ultimas décadas, os métodos de recuperação secundária passaram a ser classificados como métodos convencionais de recuperação secundária. Já os métodos terciários passaram a ser denominados como métodos especiais de recuperação secundaria ou métodos de recuperação avançada, que na língua inglesa passou a ser conhecido como EOR (Enhanced Oil Recovery). Porém, recentemente vem sendo utilizado o termo IOR (Improved Oil Recovery) que engloba os antigos métodos especiais de recuperação e qualquer outro método não convencional que aumente a recuperação ou acelere a produção em relação aos métodos de recuperação primária 2. Campos Maduros e Campos Marginais 19 ou secundária [50]. 2.4 Técnicas para melhorar a Recuperação (IOR) Normalmente, durante a vida produtiva do campo, também são utilizados algumas técnicas para melhorar a recuperação, conhecidas como “Improved Oil Recovery”. Entre elas, estão o fraturamento, acidificação, utilização de poços direcionais, otimização da injeção e reinjeção de água, campos inteligentes, reinterpretação sísmica, sísmica 3D e novas ferramentas de perfilagem. Entre essas, destacam-se: 2.4.1 Fraturamento hidráulico O fraturamento hidráulico é uma técnica de estimulação que teve origem em meados de 1949, muito utilizada atualmente para aumentar o índice de produtividade de um poço. A operação de fraturamento, consiste no bombeio de fluidos a altas pressões para dentro do poço, exercendo grandes pressões na formação rochosa. A partir de um determinado estágio de saturação, a formação não consegue mais absorver os fluidos bombeados, aumentando ainda mais a pressão, até que se inicie uma fratura que vai se propagando desde a parede do poço até a zona produtora [52]. Entre as vantagens deste método, são os caminhos preferenciais de alta permeabilidade criados pelas fraturas, modificando o modelo de fluxo dentro da falha, oferecendo menores perdas de carga, maximizando a produção. Em casos de dano no reservatório, a fratura pode ultrapassar a zona com permeabilidade restringida [52]. Uma atenção especial deve ser dada aos fluidos de fraturamento. Eles devem conter agentes de sustentação e substâncias químicas que impeçam que a fratura induzida se feche, ao cessar o diferencial de pressão. O mais comum é a utilização de agentes temporários de sustentação como naftalenos, pedaços de rochas salinas e outros. Esses agentes de sustentação são removidos, devido sua própria dissolução pelos fluidos [46]. Existe hoje no mercado uma grande variedade de fluidos de fraturamento 2. Campos Maduros e Campos Marginais 20 hidráulico, à base de óleo, à base de água, à base de álcool, emulsões, espumas e outros, para que o fluido escolhido seja compatível com a formação [52]. Um aspecto relevante é o necessário monitoramento da geometria da fratura, comprimento, largura e altura, a fim de evitar danos exagerados levando ao colapso da formação. Para tanto, deve ser feito um controle adequado da viscosidade do fluido de fraturamento e sua compressibilidade na formação. 2.4.2 Perfuração de poços Direcionais e Horizontais Outra alternativa para aumentar o fator de recuperação é através de poços horizontais ou de grande inclinação e afastamento, permitindo maior velocidade de drenagem do reservatório. Nesse sentido, muitos estudos vêm sendo desenvolvidos para solucionar o problema da prisão da coluna de perfuração. 2.4.3 Reinterpretação da Sísmica, sísmicas 3D e novas ferramentas de perfilagem A reinterpretação sísmica e a utilização de modelos de sísmica 3D, são alternativas que vêm sendo utilizadas a fim de se descobrir novas reservas nos campos maduros, permitindo fazer alterações nos desenhos das malhas de injeção de água e nas estratégias de recuperação. Deve se destacar também, a utilização de novas tecnologias, como ferramentas de perfilagem de poço revestido para identificação de novos intervalos produtores. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 21 Capítulo 3 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) Os métodos avançados de recuperação, “Enhanced Oil Recovery” (EOR), não estão associados a uma fase da vida produtiva do reservatório. De acordo com [31], EOR é a recuperação através da injeção de qualquer substância artificial no reservatório. Segundo [31], existem quatro formas de se ampliar reservas, entre elas: 1 - Descobrir novos campos; 2 - Descobrir novos reservatórios; 3 - Estender a área do reservatório em um campo já conhecido; 4 – Redefinir as reservas devido a novas tecnologias de recuperação; Assim a eficiência de uma recuperação avançada depende de alguns fatores, tais como: - Características do Reservatório: profundidade média, homogeneidade, inclinação, propriedades petrofísicas [31]. • Reservatórios Rasos: limitações quanto a pressões de injeção. • Reservatórios Profundos: limitações econômicas, custos para perfurar poços extras, a potência necessária de compressão do gás. • Homogeneidade do Reservatório: para o fluido fluir, não deve existir muitos empecilhos como falhas isolantes, fácies com grandes variações de permeabilidade influenciando na comunicação entre poços injetores e produtores. • Propriedades Petrofísicas: permeabilidade, pressão capilar, molhabilidade. - A natureza dos fluidos deslocante e deslocado. Na maioria dos casos, após a produção, deve-se a quantidade de óleo retido: 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 22 - Baixa varredura do reservatório. - Óleo retido devido a forças capilares na zona invadida ou devido a elevadas viscosidade. Para solucionar a eficiência de varrido, o método mais indicado é a injeção de polímeros para controlar a razão de mobilidade entre o óleo e o fluido injetado. Para eliminar as forças capilares e melhorar a eficiência de deslocamento, os métodos mais indicados são: os métodos miscíveis e injeção de surfactante. E para melhorar tanto a eficiência de varrido como a eficiência de deslocamento, tem- se: injeção de solução micelar, injeção alternada de água e gás (WAG), os métodos térmicos e microbiológicos. 3.1 Métodos Térmicos O mecanismo de recuperação térmica foi um dos primeiros métodos a ser desenvolvido para solucionar o problema da recuperação de óleos muito viscosos, devido à simplicidade de seu fenômeno físico. Seu processo é baseado no fato de que o calor transferido ao reservatório aquece o óleo diminuindo sua viscosidade, facilitando o seu escoamento para o poço produtor. Na prática este é um método eficiente, porém, requer investimento pesado e procedimentos especiais de operação quando comparado com os métodos convencionais. Este método também contribui para manter a pressão do reservatório, pois o óleo ao se aquecer se expande servindo de energia para expulsar os fluidos do reservatório. Cabe também destacar que o calor transferido causa a vaporização das frações leves do óleo, que em contato com a formação mais fria se condensa, formando um solvente ou banco miscível à frente da zona de vapor. Existem duas categorias de métodos térmicos: - Com calor é produzido na superfície (Injeção de Fluidos Aquecidos: Vapore Água Quente). 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 23 - Com calor é gerado na formação (Combustão in Situ). No primeiro caso, o fluido injetado carrega o calor produzido. Enquanto que no segundo, o fluido injetado é um dos reagentes envolvidos na reação exotérmica [31]. Uma explicação analítica do princípio da recuperação térmica pode ser observada através da Lei de Darcy, que prova que o fluxo de fluidos no reservatório é inversamente proporcional a viscosidade como pode ser observado na equação (3.1) 3.1.1 Injeção Contínua de Vapor A partir da primeira aplicação de vapor na Venezuela em meados de 1950, percebeu- se um crescimento considerável na produção de óleo pesados. Este crescimento ocorreu devido aos avanços tecnológicos realizados na área, que incluíam pesquisas sobre a geração, distribuição, injeção, facilidades de produção e previsão de desempenho. Atualmente, os métodos de injeção de vapor vêm sendo utilizados em todo o mundo para a recuperação de jazidas de óleos pesados (14º < API <19º). Grau º API é a escala utilizada pelo Instituto Americano de Petróleo (“American Institute of Petroleum) para medir a densidade relativa de líquidos, conforme descrito em (3.2) onde 0d é a densidade da amostra do óleo a ser analisado. No Brasil, o primeiro projeto de injeção de vapor ocorreu no campo de Carmópolis, no estado de Sergipe em 1978. O segundo projeto foi no campo Fazenda Belém no estado do Rio Grande do Norte. O processo de injeção contínua de vapor é similar à injeção contínua de água, sendo que o vapor é injetado dentro dos padrões de temperatura requeridos. O vapor é gerado na superfície e injetado em formação capaz de resistir às altas temperaturas. L PKAq μ Δ = (3.1) 0 141,5 131,5API d ° = − (3.2) 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 24 O deslocamento do óleo através da injeção de vapor ocorre devido a vários fatores, entre eles: a redução da viscosidade, a expansão e destilação do óleo. Com o aumento da temperatura, as frações mais leves do óleo se vaporizam e se deslocam até encontrar frações mais frias, onde se condensam. Neste mecanismo, a condensação do vapor permite formar um banco de água quente situado à frente da zona de vapor. Quando a água condensada atinge a mesma temperatura da formação, atuam na manutenção de pressão e no deslocamento do óleo pela água, efeitos semelhantes ao que se observam na injeção de água. Um esquema de uma planta de injeção de vapor está ilustrado na Figura 3.1. Apesar da eficiência de recuperação, a injeção de vapor também apresenta algumas desvantagens. Entre elas, está a dificuldade de avaliação deste método, pois o vapor, ao se resfriar, se condensa retornando à fase líquida. Para casos em que a salinidade da água de injeção, é semelhante à da água de formação, não se sabe se a água encontrada junto com o óleo recuperado é decorrente da injeção de vapor, ou se é água proveniente da formação. Para solucionar este problema de acordo com [40] vários projetos vêm sendo desenvolvidos para utilizar produtos químicos como géis capazes de resistir a grandes temperaturas e auxiliar na identificação da água produzida. A produção de grandes volumes de água também é uma das características deste método, sendo necessário tomar certos cuidados com o descarte desta água. De acordo com [27] um terço da água produzida pode ser reaproveitada para geração de Figura 3.1 – Esquema planta de Injeção de Vapor [66]. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 25 vapor. A sobra é injetada em aqüíferos profundos ou disposta em pontos de evaporação. Entretanto, essa prática vem se tornando cada vez mais difícil, pois os aqüíferos estão se tornando cheios, além das restrições ambientais, que aumentam cada vez mais o custo destas operações. Neste sentido, esforços de pesquisa resultaram no tratamento desta água, isto é, a retirada do óleo, filtração, tornando-a aceitável para venda comercial ou descarte. Cabe aqui destacar uma série de problemas associados aos aspectos operacionais, como a necessidade da existência de colunas de injeção apropriadas, isto é, tubos com isolamento adequado para resistir as grandes temperaturas. Uma atenção especial deve ser dada com relação aos riscos de acidentes que este método oferece aos operadores. É freqüente o vazamento de vapor nas juntas dos equipamentos, devido à dificuldade de vedação, podendo causar perigosos acidentes, por se tratar de elevadas temperaturas. Em [27] foi observada a utilização de teflon nas juntas para reduzir as perdas de vapor. Outro aspecto importante está associado à deterioração da formação, pois com excesso de calor, parte do cimento da formação se deteriora causando o desmoronamento e a formação das chamadas “cavernas”, dificultando ainda mais a recuperação do óleo. A produção de areia é prejudicial ao funcionamento da bomba, e causa a deterioração de outros equipamentos. 3.1.2 Injeção Cíclica de Vapor O processo de injeção cíclica de vapor, também conhecido como “huff and puff ”, é formado por três etapas. A etapa de injeção de vapor, de propagação de calor e de produção [45], [33]. Podem ser detalhadas como: - Etapa de injeção: o vapor é injetado na máxima vazão possível; - Etapa de propagação de calor: o poço permanece fechado para o calor se difundir e, todo vapor injetado se condensa aquecendo as rochas e os fluidos próximo a região. A duração deste tempo depende da quantidade de vapor injetado. - Etapa de produção: óleo começa a ser produzido a uma vazão maior. Esta técnica requer apenas um poço, usado alternadamente, como produtor e injetor. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 26 Este processo é largamente utilizado como uma técnica de estimulação térmica, pois ela atua nas proximidades do poço. O aumento da temperatura, permite a redução da viscosidade do óleo na vizinhança do poço e limpeza dos canhoneados. Durante o período de injeção e propagação de calor, ocorre uma significativa redução da viscosidade do óleo e a expansão dos fluidos do reservatório. Quando o poço volta a operar, o óleo passa a ser rapidamente produzido, estabilizando numa vazão bem maior do que a anterior ao processo [1], [9]. . 3.1.3 Injeção de Água Quente A estimulação cíclica do reservatório através da injeção de água quente é similar à injeção cíclica de vapor, entretanto, esta possui menor eficiência, pois a temperatura alcançada com a injeção de água quente é bem inferior à temperatura atingida pelo vapor, sendo necessário um volume muito grande de água para elevar a temperatura do reservatório. A água quente tem baixo calor latente, e o calor sensível é rapidamente perdido, fazendo com que a água esfrie quando em contato com o reservatório, enquanto que o vapor só começa a perder temperatura quando a última gota de vapor se condensa. Em contrapartida, a injeção de água quente oferece algumas vantagens quando comparada à injeção de vapor, pois é capaz de fornece maior pressão aos reservatórios, além de oferecer pequenas modificações no sistema de injeção de água convencional, sendo considerada de fácil adaptação. Normalmente a injeção de água quente vem sendo preferencialmente utilizada para os seguintes casos: - Regiões sensíveis à água doce que apresentam problemas de inchamento de argilas. - Formações muito profundas que levariam a condensação do vapor injetado antes deste alcançar o reservatório. - Reservatórios que foram submetidos a um longo tempo de injeção de água convencional, sendo necessário um grande volume de vapor para aquecer e deslocar grandes quantidades de água. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 27 O processo consiste em três passos básicos. Primeiramente a água quente é injetada no poço por um determinadoperíodo de tempo. Como próxima etapa, o poço é fechado para permitir uma maior transferência de calor da água para o reservatório. Esta fase do processo é denominada de período de embebição. No terceiro passo, o poço retorna à operação, tendo como resultado um acréscimo na capacidade produtiva devido à redução da viscosidade e a limpeza da região próxima ao poço [18]. Um gráfico comparativo entre a recuperação através da injeção de vapor, água quente e água fria pode ser observado em [33], de acordo com a Figura 3.2. Outro grande problema, ocorre tanto na injeção de água quente como na injeção de vapor, é a determinação das perdas de calor que ocorrem após um período de tempo de injeção. Nesse sentido, alguns autores apresentaram soluções para o problema de perda de calor, e cálculos para determinar a quantidade suficiente de vapor ou água, necessários para mover a zona de alta temperatura do poço injetor, para o poço produtor. 3.1.4 Combustão “in Situ” O processo de recuperação de óleo através da combustão “in situ” (“ISC - In Situ Combustion”) vem sendo objeto de grandes interesses, esforços, e consideráveis frustrações, por aproximadamente trinta anos. Conceitualmente este método possui uma grande atratividade técnica e econômica e vem estimulando extensos trabalhos de laboratório chegando a 40 estudos em campo-projeto [19]. Figura 3.2 – Comparação entre os Métodos Injeção de Vapor, Água Quente e Água Fria [33]. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 28 Infelizmente, na prática, a combustão “in situ” tem muitas complicações, quando comparada com a injeção de vapor. Entre as razões das dificuldades de aplicação deste método, podem-se citar os problemas operacionais, dificuldades de controle e os altos custos. Este método é normalmente utilizado em casos de óleos excessivamente viscosos e já no final da vida produtiva do reservatório. No método da combustão “in situ”, primeiramente injeta-se ar aquecido no reservatório, que causará a oxidação do óleo e a conseqüente liberação de calor. O calor gerado intensifica cada vez mais a oxidação, elevando a temperatura, até que se alcance o “ponto de ignição”, dando início à combustão. A partir daí, pode-se injetar ar frio que o processo tem continuidade [61]. Uma série de diferentes estratégias de operação vem sendo testadas para iniciar e manter a combustão no reservatório. O processo de combustão funciona como um pistão para deslocar as frações mais leves, recuperando o óleo remanescente. A temperatura da frente de combustão pode atingir até 700°C. Os dois aspectos mais complexos e mais importantes de todo o processo de combustão “in situ” é a formação do “coque” e a combustão. O “coque” é o resíduo formado após a vaporização das frações mais leves do óleo e funciona como combustível que alimenta a frente de queima. As frentes existentes no processo de combustão “in situ” estão ilustradas na Figura 3.3. Figura 3.3 – Diferentes zonas de temperaturas causadas pela Combustão in Situ [66]. - Zona 1: Zona Queimada. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 29 - Zona 2: Frente de Combustão, o oxigênio é consumido pela reação de combustão do hidrocarboneto, restando o coque. Ponto de mais elevada temperatura (podendo alcançar até 700ºC) que pode variar de acordo com a natureza dos sólidos, líquidos e gazes presentes. - Zona 3: Zona de Vaporização onde as frações leves já se vaporizaram, restando o óleo residual. - Zona 4 : Zona de Condensação: neste ponto a temperatura não é tão alta, não gerando significativas mudanças químicas. Esta zona é formada pelos gases da combustão, fluidos deslocados e água. Normalmente, a frente de combustão se move do poço injetor para o poço produtor. Entretanto, de acordo com [19], uma outra alternativa seria a combustão reversa, onde a combustão é iniciada no poço produtor e se desloca em direção ao poço injetor. Este processo térmico pode ser realizado a “seco” ou com injeção de água junto ao gás, conhecido por combustão “molhada”. A adição de água é considerada benéfica, pois esta aumenta a produção de vapor que é capaz de transportar melhor o calor da combustão, além de melhorar a eficiência do deslocamento e reduzir a quantidade de ar necessária para o processo. Uma nova variação é conhecida por combustão “super-molhada”, com uma fração de água ainda maior. Entre as desvantagens deste método, cabe destacar a distribuição ineficiente do calor, causando o aquecimento desnecessário de algumas zonas e danos nos equipamentos de produção. Talvez um dos grandes obstáculos para aperfeiçoar o processo da combustão “in situ” esta na dificuldade em obter modelos numéricos para prever o desempenho do reservatório devido à complexidade do fenômeno da combustão “in situ”. É fato que um bom projeto de campo, normalmente depende de experimentos em laboratório e estudos de simulação numérica. Nesse sentido, os estudos de laboratório se depararam com empecilhos associados à falta de critério de escala para realizar o experimento. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 30 Em [19] foi proposta uma escala de critérios e aproximações, porém estes experimentos são caracterizados por serem muito custosos. A simulação numérica poderia remediar este problema e fazer previsões do comportamento da combustão no campo. Entretanto, a simulação numérica também possui suas restrições e dificuldades, tais como a falta de simulações microscópicas do processo, a necessidade de utilizar malhas adaptativas, além de problemas para controlar as instabilidades. Uma nova geometria de poços vem sendo desenvolvida na tentativa de evitar os problemas originados na combustão convencional. Este novo método integra avanços tecnológicos com poços horizontais, conhecido como THAI (Toe to Heel air Injection), originado no Canadá [41]. Nesse método, o processo ocorre de maneira mais estabilizada, ao restringir o fluxo de fluidos a uma zona móvel estreita a favor da gravidade, em direção a seção exposta do poço produtor horizontal, garantindo um maior controle do gás e a manutenção do calor na temperatura desejada [23], [24], [62]. 3.1.5 Inovações Tecnológicas Em [27] foi feito um estudo das inovações tecnológicas das últimas décadas para incrementar a recuperação térmica, onde foi discutido como cada método contribuiu para o crescimento da produção de óleo pesado. 3.1.5.1 Otimização do Esquema de Poços para Injeção de Vapor A utilização de poços horizontais com injeção de vapor ocorreu devido à necessidade da recuperação de óleos muito pesados definidos como betume. As reservas mundiais nesta forma de hidrocarbonetos são estimadas em quatro trilhões de barris. Como o betume é praticamente imóvel no reservatório, mesmo em reservatórios aquecidos, a injeção vertical de vapor não foi muito eficiente para sua recuperação [27]. A utilização de poços horizontais, conhecidos como “Steam Assited Gravity Drainage - SAGD” vem servindo de alternativa para recuperação dessas grandes reservas de óleos pesados. Este método consiste na utilização de 2 poços horizontais, um no topo e outro na base do reservatório, como ilustrado na Figura 3.4. 3. Métodos Avançados de Recuperação (EOR) 31 Neste processo, o vapor é injetado no poço superior formando uma espécie de “câmara de vapor” que transfere calor ao óleo, e este passa a fluir verticalmente para o poço produtor, a favor da gravidade [9], [27]. Poço Injetor de Vapor Poço Produtor Figura 3.4 - Poços produtores e injetores horizontais. No Brasil, segundo [41], este projeto foi testado nas unidades UN-ES, UN-SEAL, UN- RNCE, não demonstrado um incremento significativo na produção. Outra alternativa, de acordo com [27], é utilizar a disposição mostrada na Figura 3.5. Poço Produtor Poço Injetor de Vapor
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