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O Sistema de Informações Ambulatoriais como Instrumento para a Regionalização em Saúde

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ 
CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES 
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 
Especialização em Saúde Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alexsandra Gomes de Andrade 
 
 
 
 
 
 
O SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS COMO 
INSTRUMENTO PARA A REGIONALIZAÇÃO EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2011 
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Alexsandra Gomes de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS COMO INSTRUMENTO PARA 
A REGIONALIZAÇÃO EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Luiz Claudio Souza de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2011 
Monografia de conclusão da Especialização 
em Saúde Pública, apresentada ao 
Departamento de Saúde Coletiva, Centro 
de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação 
Oswaldo Cruz, como requisito parcial para 
obtenção do título de especialista em 
Saúde Pública. 
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Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães 
 
 
A553s 
 
Andrade, Alexsandra Gomes. 
O sistema de informações ambulatoriais como instrumento para 
a regionalização em saúde / Alexsandra Gomes de Andrade. — 
Recife: A. G. Andrade, 2011. 
49 p.: il. 
 
Monografia (Especialização em Saúde Pública) – Departamento 
de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, 
Fundação Oswaldo Cruz. 
Orientador: Luiz Cláudio Souza de Oliveira. 
 
1. Sistemas de informação em saúde. 2. Serviços de saúde. 3. 
Administração de serviços de saúde. I. Oliveira, Luiz Cláudio de. II. 
Título. 
 
CDU 614 
 
 
 
 
 
3 
 
Alexsandra Gomes de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS COMO INSTRUMENTO PARA 
A REGIONALIZAÇÃO EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em: 29/04/2011 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
________________________________ 
Ms. Luiz Claudio Souza de Oliveira 
Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco 
 
 
_________________________________ 
Prof º. Ms. Domício Aurélio de Sá 
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães- FIOCRUZ 
 
Monografia de conclusão da Especialização 
em Saúde Pública, apresentada ao 
Departamento de Saúde Coletiva, Centro 
de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação 
Oswaldo Cruz, como requisito parcial para 
obtenção do título de especialista em 
Saúde Pública. 
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ANDRADE, Alexsandra Gomes. O Sistema de Informações Ambulatoriais como 
instrumento para a regionalização em saúde. 2011. Monografia (Especialização 
em Saúde Pública) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu 
Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz. Recife, 2011. 
 
RESUMO 
 
 
A regionalização objetiva garantir o direito à saúde, reduzindo as desigualdades 
sociais e territoriais de acesso aos serviços de saúde por meio da identificação das 
Regiões de Saúde. Para isso, é necessária a utilização dos dados disponíveis nos 
Sistemas de Informação. Este estudo teve como objetivo descrever as contribuições 
do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) para o processo de 
regionalização em Pernambuco no ano de 2009, por meio de um estudo descritivo 
de corte transversal. Os dados mostraram uma concentração da oferta de serviços 
na Microrregião Recife, ocasionando uma forte polarização dos fluxos para a capital, 
além da existência de demandas interestaduais e elevado número de 
deslocamentos dos residentes de algumas microrregiões, que evidenciaram a 
necessidade de reestruturação e planejamento da rede de atenção à saúde 
interestadual e nas Macrorregiões de Caruaru e Petrolina. A ausência de regras 
explícitas quanto aos atributos dos procedimentos e ao preenchimento dos 
instrumentos que alimentam o sistema, associada ao baixo registro das variáveis 
relacionadas ao usuário, comprometeram a descrição do perfil das demandas 
ambulatoriais. As mudanças ocorridas no SIA/SUS ampliaram o seu potencial de 
subsídio para o processo de planejamento e conformação de redes regionalizadas, 
principalmente no que diz respeito à regulação dos fluxos assistenciais, mas não foi 
suficiente para promover sua utilização pelos gestores. Dessa forma, faz-se 
necessária a exploração rotineira dos seus bancos de dados, a fim de identificar 
quais suas limitações e corrigi-las, juntamente com o desenvolvimento de métodos 
adequados de apropriação dos dados, baseados nas peculiaridades do sistema, 
para que contribua efetivamente para a regionalização em saúde. 
 
 
Palavras-chave: Sistemas de informação em saúde, Serviços de saúde, 
Administração de serviços em saúde, Regionalização. 
 
5 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1- Regionalização da saúde em Pernambuco, segundo PDR 2006...............24 
 
Figura 2 - Proporção dos registros ambulatoriais segundo sexo. PE, 2009..............31 
 
Figura 3 - Proporção dos registros ambulatoriais segundo faixa etária. PE, 2009....31 
 
Figura 4 - Proporção dos registros ambulatoriais segundo a variável Raça/Cor. PE, 
2009............................................................................................................................32 
 
Figura 5 - Proporção dos registros ambulatoriais (Apac), segundo capítulo do CID10. 
PE, 2009.....................................................................................................................33 
 
Figura 6 - Fluxo dos procedimentos principais de média complexidade. PE, 2009...35 
 
Figura 7 - Fluxo dos procedimentos secundários de média complexidade. PE, 
2009............................................................................................................................36 
 
 
6 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Resumo da distribuição de municípios e módulos por microrregião........23 
 
Quadro 2 - Definição/ categorização das variáveis de estudo...................................25 
 
Quadro 3 - Procedimentos registrados por nível de agregação da tabela unificada e 
segundo instrumento de registro................................................................................30 
 
Quadro 4 - Fluxo ambulatorial – procedimentos “Não se aplica”. PE, 2009..............34 
 
Quadro 5 - Fluxo ambulatorial de média complexidade. PE, 2009............................35 
 
Quadro 6 - Fluxo ambulatorial da alta complexidade. PE, 2009................................37 
 
7 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 
2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 12 
3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13 
3.1 Regionalização em Saúde ................................................................................ 13 
3.1.1 A construção de redes de atenção regionalizadas no SUS.............................. 15 
3.2 O Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS ..................................... 17 
4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 22 
4.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 22 
4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 22 
5 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 23 
5.1 Área de estudo .................................................................................................. 23 
5.2 Tipo de estudo ................................................................................................... 24 
5.3 Universo de estudo ........................................................................................... 25 
5.4 Definição das variáveis de estudo ................................................................... 25 
5.5 Fonte dos dados ................................................................................................26 
5.6 Análise dos dados ............................................................................................. 26 
5.7 Aspectos éticos ................................................................................................. 26 
6 RESULTADOS ....................................................................................................... 27 
7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 38 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 43 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44 
 
 
 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A regionalização é uma diretriz constitucional do Sistema Único de Saúde 
(SUS), que tem por objetivo orientar a descentralização dos serviços de saúde e a 
pactuação entre gestores de forma a garantir a universalidade, integralidade e 
equidade (BRASIL, 1988, 2006a). É um processo dinâmico que não pode ser visto 
separadamente da territorialidade, devendo representar acordos políticos 
embasados em informações coerentes com a realidade (VIANA et al., 2010). 
A descentralização alcançou significativos avanços na década de 90 
principalmente após a edição das Normas Operacionais Básicas (SOUZA, 2001). 
Segundo Lucchese (1996), o processo desencadeado, assumiu um caráter 
municipalista que provocou conformação de sistemas municipais atomizados, 
fragmentados, aprofundando as desigualdades na oferta e acesso aos serviços de 
saúde. 
Nesse contexto, a Norma Operacional de Assistência (NOAS SUS 01/02) 
trouxe para discussão a necessidade de estratégias que assegurassem a 
organização de redes regionalizadas, hierarquizadas e resolutivas, retomando a 
regionalização dos serviços e estabelecendo diretrizes operacionais que 
impulsionassem o processo no Brasil (SOUZA, 2001). 
No entanto, para Guimarães (2005), a NOAS restringiu a regionalização à 
divisão espacial subordinada aos limites jurídicos- administrativos “ibegeanos” dos 
estados e municípios. O conceito de divisão regional proposta não conseguiu ser a 
expressão da pactuação e solidariedade entre gestores, baseada na diversidade de 
situações, arranjos, e alternativas construídos pela sociedade para fortalecer a 
gestão do SUS. 
Semelhante às normas operacionais anteriores, permaneceu com o foco na 
gestão da oferta, quando vincula habilitação dos municípios a existência física de 
equipamentos de saúde, orientando a demanda em função da oferta disponível e 
não vice- versa, o que não necessariamente coincide com as necessidades da 
população (MENDES, 2004). 
Com a publicação do Pacto pela Saúde (2006), a regionalização assume 
caráter mais abrangente, para além da assistência, expressa o compromisso e 
cooperação entre os gestores com base nos princípios constitucionais e ênfase nas 
9 
 
necessidades de saúde. Novas diretrizes são preconizadas, baseadas no 
fortalecimento da pactuação política, dos instrumentos de planejamento e 
redefinição das regiões de saúde (VIANA et al., 2010). 
A regionalização é uma delimitação do território usado (VIANA et al., 2008), e 
este por sua vez, é o cenário estabelecido por atores sociais no desenrolar de um 
processo em que os problemas de saúde se confrontam com os serviços prestados. 
Assim, o território representa um perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, 
tecnológico, político e social em permanente construção e a sua apropriação requer 
informações sobre estes aspectos (UNGLERT, 1999). 
Segundo Arantes et al. (1981) e Oliveira et al. (2004), o conhecimento dos 
fluxos assistenciais, ou seja, o padrão natural de deslocamento das pessoas em 
busca de atendimento, é importante para a definição das regiões de saúde e 
organização da rede hierarquizada dos serviços, a partir da identificação de pólos de 
atração assistencial e estrangulamentos na distribuição dos serviços. 
Lapa et al.(2006), considera que os padrões de utilização dos serviços de 
saúde ainda são expressão da demanda espontânea, embora já possam refletir os 
efeitos da municipalização enquanto tentativa de organizar essa demanda, em 
consonância com necessidade da população. O conhecimento desses padrões 
torna-se essencial para processo de alocação e geração de recursos na perspectiva 
de alcançar economias de escalas, sistemas eficientes e equânimes (ROESE; 
GERHARDT, 2008; SAWYER et al., 2002). 
No Brasil, os diversos estados se encontram em momentos diferentes no 
processo de regionalização, onde ainda persistem modelos de baixa 
descentralização e são poucos os municípios que efetivamente avançaram na 
articulação e organização de redes regionalizadas (SOUZA, 2001). Beltrammi (2008) 
identifica que um dos entraves para o avanço da regionalização no país é a falta de 
refinamento dos pactos regionais, que carecem de diagnóstico da rede de saúde, 
que conheça seu potencial, saturação, ociosidade e demanda. Essas informações 
são necessárias para a realização de Programações Pactuadas e Integradas (PPI) 
da assistência que reflitam a realidade da rede de serviços, evitando-se baixa 
eficiência e eficácia. 
 
A programação deve procurar integrar as várias áreas de atenção à saúde, 
em coerência com o processo global de planejamento, considerando as 
definições anteriores expressas nos planos de saúde e as possibilidades 
10 
 
técnicas dos diversos estados e municípios. Essa integração deve se dar no 
que diz respeito à análise da situação de saúde e estimativa de 
necessidades da população e definição das prioridades da política de saúde 
em cada esfera, como orientadores dos diversos eixos programáticos 
(BRASIL, 2006b. p.8). 
Para a análise de situações de saúde, os Sistemas de Informação em Saúde 
são ferramentas importantes (MEDEIROS et al., 2005). Nas últimas décadas, com o 
processo de descentralização e crescente responsabilização dos municípios, têm 
ampliado a necessidade dos gestores em utilizar os Sistemas de Informação como 
ferramenta no planejamento e tomada de decisões (BITTENCOURT et al., 2006). 
Entretanto, tem sido escasso o aproveitamento das informações existentes 
para processos de tomada de decisão e gestão (BRANCO, 2001). Segundo Branco 
(1998), essa subutilização dos dados pelos gestores é reportada a sua baixa 
qualidade. No entanto, só haverá ganho na qualidade dos dados se eles forem 
efetivamente utilizados, analisados e difundidos, para que os problemas sejam 
identificados e corrigidos (CARVALHO, 1997). 
O Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), é um exemplo 
dessa subutilização. O Sistema representa um banco de dados com cerca de 80% 
de todos os atendimentos cobrados e pagos que ocorrem no SUS (BRASIL, 2003), 
de muitas variáveis a serem exploradas, que é apenas utilizado para controle e 
pagamento de produção (CARVALHO, 1997). 
Apesar das alterações promovidas pelo Ministério da Saúde nos sistemas de 
informações assistenciais demonstrando uma política de qualificação das 
informações, não foram suficientes para promover a utilização do SIA/SUS para 
outros fins (CARVALHO, 1997; MELIONE, 2002). Diferentemente do Sistema de 
Informações Hospitalares (SIH/SUS) que, entre os Sistemas de Informações em 
Saúde disponíveis, é o mais utilizado nos diversos níveis de gestão 
(BITTENCOURT, 2006). 
Embora ainda exista uma significativa proporção de procedimentos 
ambulatoriais sem informações individualizadas, o SIA/SUS já permite identificar os 
fluxos de demanda para os procedimentos de alta complexidade e alguns 
procedimentos de média complexidade. Muitas variáveis podem ser exploradas, e a 
extração de outros tipos de informações é possível por meio de adaptações na 
exploração dos dados (CARVALHO, 1997). 
Além disso, diante do contexto da regionalização, onde preconiza-se a 
organização do sistema de saúde em uma redehorizontal integrada a partir da 
11 
 
atenção básica, priorizando as ações de caráter preventivo em nível ambulatorial, e 
a racionalização de custos, o conhecimento da assistência hospitalar é insuficiente, 
sendo necessária a obtenção de informações sobre as ações básicas de saúde (SÁ, 
2002). 
Alguns autores já propõem a utilização do SIA/SUS na análise da 
descentralização de serviços, na caracterização da rede em sua disponibilidade de 
recursos humanos e tecnológicos, no controle e avaliação de políticas específicas 
(BARROS; CHAVES, 2003; MEDEIROS et al., 2005; SÁ, 2001, 2002; SCATENA; 
TANAKA, 2001; VOLPATO; SCATENA, 2006). 
Conforme Branco (2001), somente a partir do conhecimento do acervo de 
dados disponíveis, da compreensão de como se originam e podem ser manipulados, 
é que os gestores podem entender quanto o desperdício das informações sobre a 
realidade, limitam suas ações de planejamento e tomada de ações. Nesse sentido, a 
utilização dos dados sobre a assistência ambulatorial, disponíveis no SIA/SUS, pode 
contribuir para o processo de regionalização da atenção à saúde. 
 
12 
 
2 JUSTIFICATIVA 
 
 
Considerando que a regionalização é uma estratégia de descentralização 
capaz de promover a universalidade e integralidade no SUS, e que o conhecimento 
dos padrões de utilização dos serviços de saúde pela população é necessário para a 
conformação de um sistema eficiente e equânime, esse estudo poderá contribuir: 
 
a) Com melhoria das informações ambulatoriais devido à utilização destas 
no processo de planejamento da atenção à saúde em todas as esferas 
de governo; 
 
b) Na construção de redes de serviços regionais que possibilitem atenção 
integral a saúde da população; 
 
c) Com o conhecimento mais preciso do acesso da população aos 
serviços de saúde subsidiando a gestão do SUS e o controle social. 
 
 
13 
 
3 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
3.1 Regionalização em Saúde 
 
 
A Regionalização em saúde é um esquema de implantação racional dos 
recursos de saúde, organizados segundo uma disposição hierárquica e geográfica, 
na qual é possível uma máxima atenção nos centros primários enquanto os demais 
serviços vão sendo apropriadamente utilizados de acordo com as necessidades da 
população (NOVAES; MIR, 1990 apud ARTMANN; RIVERA 2003). 
A Constituição de 1998 traz a regionalização como diretriz organizativa do 
Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1988). Reforçada na Lei Orgânica de Saúde, a 
regionalização é adotada como estratégia orientadora do processo de 
descentralização dos serviços de saúde para os municípios (BRASIL, 1990). 
Durante os anos 90, várias portarias e normas vieram nortear o processo de 
descentralização e organização do SUS. A Norma Operacional Básica (NOB) de 
1991 manteve a gestão centralizada e colocava os municípios na condição de 
gerentes, ou seja, como prestadores de serviços, responsáveis apenas pela 
administração das unidades de saúde em seu território. Com a NOB 93, iniciou-se o 
processo de municipalização e habilitação dos municípios em níveis de gestão 
denominada: incipiente, parcial e semiplena. Nesse momento, os municípios 
passaram à condição de gestores do sistema de saúde municipal, responsáveis, por 
comandar o sistema de saúde, alimentar seus banco de dados e exercer funções de 
coordenação, planejamento e implantação de políticas (BRASIL, 2006c). 
Com a NOB 96 os municípios passaram a ter duas formas de gestão: Plena 
da Atenção Básica e Plena do Sistema Municipal. O impacto dessa norma para o 
SUS foi significativo à medida promoveu a reorganização do modelo de atenção, a 
partir da criação de incentivos para ampliação da cobertura do Programa Saúde da 
Família e aprimorou o planejamento definindo a elaboração da Programação 
Pactuada e Integrada (BRASIL, 2006b). 
Em 2001, a Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS/SUS 01/02) 
desencadeou nos estados o processo de elaboração e institucionalização dos 
Planos Diretores de Regionalização (PDR), instrumentos de ordenamento do 
processo de regionalização da assistência, onde deve está o desenho da rede 
14 
 
regionalizada e fluxos de referência e contra - referências municipais, na perspectiva 
de garantir o acesso aos cidadãos o mais próximo de sua residência; e o Plano 
Diretor de Investimentos (PDI), para identificar prioridades e estratégias de 
investimentos a fim de equalizar a oferta de serviços na rede assistencial (BRASIL, 
2001; CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2003). 
Atualmente, a portaria nº 4279 de 30/12/2010 considera a atualização do 
Plano Diretor de Regionalização e Investimentos (PDRI) como uma estratégia e 
diretriz para implementação das Redes de Atenção a Saúde (RAS). Essa 
atualização deve incorporar a ampliação do acesso, integralidade e equidade de 
organização da estrutura de atenção à saúde (BRASIL, 2010a). 
A Noas propôs uma forma de regionalização organizando os municípios em 
Módulos Assistenciais e Microrregiões/Regiões de saúde, cada qual ofertando um 
conjunto mínimo de serviços com determinado nível de complexidade, de maneira a 
facilitar o acesso da população à rede de serviços (CONSELHO NACIONAL DE 
SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2003). 
No Pacto pela Saúde 2006, a regionalização é o eixo estruturante de uma de 
suas três dimensões – o Pacto de Gestão do SUS – devendo, portanto, orientar o 
processo de identificação e construção de Regiões de Saúde e potencializar os 
processos de planejamento, negociação e pactuação entre os gestores (BRASIL, 
2006d). 
Com a premissa de aprofundar a descentralização, diminuindo competências 
concorrentes e fortalecer a gestão, o Pacto pela Saúde consolida novas diretrizes e 
redefine instrumentos de planejamento para a regionalização: o Plano Diretor de 
Regionalização, o Plano Diretor de Investimentos, a Programação Pactuada e 
Integrada e a criação dos Colegiados de Gestão Regional (CGR) (BRASIL, 2006a). 
A PPI, prevista desde a Noas, é um processo que tem como objetivo 
organizar a rede de serviços, dando transparência aos fluxos estabelecidos pelos 
usuários e definir, a partir de critérios e parâmetros pactuados, os limites financeiros 
destinados à assistência da população própria e das referências recebidas de outros 
municípios, devendo ser coerente com o PDR, garantindo o acesso da população 
aos serviços de saúde (BRASIL, 2006b). 
Os CGR constituem espaços permanentes de pactuação e co-gestão 
composto por todos os gestores municipais que integram a região de saúde. Esses 
15 
 
colegiados permitem a identificação de problemas e definição de prioridades e 
soluções para a organização da rede assistencial (BRASIL, 2006a). 
As regiões de saúde são recortes territoriais inseridos em um espaço 
geográfico contínuo, identificadas pelos gestores a partir de identidades culturais 
econômicas e sociais. Elas devem propiciar resolutividade àquele território na 
atenção básica e parte da média complexidade. Os arranjos territoriais que agregam 
mais de uma Região de Saúde configuram as Macrorregiões de Saúde e suas 
relações podem ser intra-municipais, intra-estaduais, inter-estaduais e fronteiriças, 
de forma a garantir a atenção na alta complexidade e parte da média (BRASIL, 
2006a). 
Dessa forma, a identificação das regiões de saúde depende do conhecimento 
dos desenhos regionais que respeitem as identidades culturais, econômicas e 
sociais, assim como de redes estabelecidas nas áreas de comunicação, infra-
estrutura, transportes e saúde (BRASIL, 2006d). 
 
 
3.1.1 A construção de redes de atenção regionalizadas no SUS 
 
 
Uma rede de atenção à saúde constitui-se de um conjunto de unidades, de 
diferentes funções e perfis de atendimento, que operam de forma ordenada e 
articulada no território, de modo a atender às necessidades de saúde de uma 
população (KUSCHNIR et al., 2009). Os distintos pontos de atenção à saúde 
constituem os nós da rede e o seu centro de comunicaçãointegrador está na 
atenção básica (MENDES, 2002). 
É necessário a cooperação entre gestores para que haja uma definição clara 
das ações e serviços que a rede de atenção à saúde naquele território ofertará a 
população adscrita. Consequentemente a organização da rede de atenção a saúde 
exige a definição da região de saúde (BRASIL, 2010a). 
A construção de uma rede regionalizada baseia-se na constatação de que os 
problemas de saúde não se distribuem uniformemente na população, no espaço e 
no tempo, envolvem tecnologias de diferentes complexidades e custos (KUSCHNIR 
et al., 2009). 
16 
 
Assim, os serviços de saúde estruturam-se em pontos de atenção à saúde, 
composta por equipamentos que devem ser distribuídos espacialmente de forma 
ótima, pautados nos fundamentos da economia de escala, qualidade, suficiência e 
acesso (BRASIL, 2010a). Os serviços para os quais há recursos suficientes e a 
distância interfere o acesso, devem ser ofertados de forma dispersa. Já os serviços 
que se beneficiam da economia de escala e escopo, cujos recursos são escassos e 
a distância tem pouco impacto no acesso, devem ser concentrados (MENDES, 
2007). 
Ocorre economia de escala quando os custos a médio e a longo prazo 
diminuem com o aumento do volume e concentração de serviços. Quando uma 
mesma unidade se beneficia da produção vários tipos de serviços, é chamado de 
economia de escopo (FERGUNSON; SHELDON; POSNETT, 1997 apud MENDES, 
2007). 
Essa lógica de concentração e dispersão dos serviços, determina a 
categorização em níveis de atenção no processo de territorialização. Portanto deve 
haver uma correspondência entre o território sanitário e o leque de serviços 
disponíveis, sendo que em todos os territórios deve ser ofertada a atenção primária, 
e a atenção especializada concentrada em territórios meso e macrorregional 
(MENDES, 2007). 
Deve ser ressaltado que, o desenho de uma rede única não dá conta de todos 
os problemas de saúde, sendo fundamental a determinação de redes temáticas que 
ordenem previamente os fluxos das pessoas em todos os pontos de atenção da 
rede, desde a atenção primária à terciária, denominadas de linhas guias (MENDES, 
2007). 
Desta forma, a construção de redes de saúde baseia-se na distribuição 
geográfica (regionalização) das unidades, por níveis de atenção (hierarquização), 
integradas e organizadas horizontalmente, orientadas por protocolos clínicos e 
linhas de cuidado, mantendo demanda adequada e otimização de recursos, 
beneficiando-se da economia de escala e escopo (KUSCHNIR et al., 2009). 
Outras variáveis também devem ser consideradas na organização das redes 
regionalizadas em saúde entre eles: área total; localização dos serviços, distâncias 
geográficas a serem percorridas pelos usuários; características viárias que 
repercutem nas condições de acesso às unidades de saúde; tamanho, perfil 
demográfico e epidemiológico; infra-estrutura de bens e serviços existentes; fluxos 
17 
 
assistenciais e relações de dependência e complementaridade entre os lugares 
(KUSCHNIR et al., 2009). 
Entende-se por fluxos assistenciais os caminhos percorridos pela população 
para garantir seu acesso a determinada ação terapêutica (ROESE; GERHARDT, 
2008). O acesso, em termos gerais, refere-se à possibilidade de utilizar os serviços 
de saúde. Por sua vez, a utilização de serviços, é compreendida pela conjugação 
das necessidades de saúde da população, características demográfica, geográficas, 
sócio - econômicas, culturais e da organização e oferta dos serviços (TRAVASSOS; 
MARTINS, 2004). 
Todos esses aspectos mencionados são desafios que se colocam para o 
planejamento e programação da regionalização e que exigem a utilização de 
informações e conhecimentos específicos dos gestores (KUSCHNIR et al., 2009). 
 
 
3.2 O Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS 
 
 
O Sistema de Informações Ambulatoriais foi Implantado em 1991 com o 
objetivo de substituir as chamadas GAPS- Guias de autorização de pagamento, 
instrumentos de ordenação de pagamento do Instituto Nacional de Assistência 
Médica da Previdência Social - o INAMPS. O sistema tomou como base o Sicaps 
(Sistema de informações e controle ambulatorial da Previdência Social), concebido 
exclusivamente para o pagamento de serviços e controle dos gastos da Previdência 
Social (CARVALHO, 1997). 
Frente à necessidade de dispor de um sistema de informação de 
atendimentos ambulatoriais, padronizado em nível nacional, que possibilitasse a 
geração de informações e facilitasse o processo de planejamento, controle e 
avaliação, os dados do SIA/SUS passaram a ser enviados pelos municípios em 
gestão plena e estados em meio magnético para o Datasus, cabendo a esse realizar 
a validação dos dados e sua disseminação para todo território nacional, pela internet 
ou CD-ROM, à partir 1994 (BRASIL, 2008; CARVALHO, 1997). 
O sistema é alimentado através do preenchimento de cinco documentos ou 
aplicativos: a Ficha de Cadastro Ambulatorial (FCA), documento de cadastro e 
caracterização das unidades de saúde que foi substituída pelo Sistema Nacional de 
18 
 
Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (CNES); a Ficha de Programação Físico – 
Orçamentária (FPO), que informa a quantidade de procedimentos e valor máximo a 
ser executado por cada unidade de serviço; o Boletim de Produção Ambulatorial 
(BPA), formulários que se destina ao registro dos procedimentos realizados pelos 
estabelecimentos de saúde; a Autorização de Procedimentos de Alta 
Complexidade/Custo (Apac) documento responsável pelo registro de procedimentos 
especializados e de alta complexidade que necessitam de autorização e o Boletim 
de Diferença de Pagamento (BDP) que registra o débito a ser descontado ou o 
crédito a ser realizado em conta em razão de diferenças verificadas (BRASIL, 2008). 
A partir do elenco de variáveis registradas, o sistema é utilizado como 
instrumento para repasses do nível federal, permite o gerenciamento da capacidade 
instalada, o controle orçamentário e cálculo da produção (FERREIRA, 2001). 
Assim como os demais sistemas de informações o SIA/SUS apresenta 
vantagens e desvantagens. Carvalho (1997) aponta como as principais vantagens 
do sistema a rapidez e agilidade na disponibilização dos dados, e a possibilidade de 
analisar o perfil da oferta dos serviços ambulatoriais de um determinado grupo 
populacional-geográfico, através de indicadores de cobertura e concentração de 
serviços. 
Entre as desvantagens apontadas pela autora, estão as possíveis distorções 
decorrentes da busca por procedimentos que remunerem melhor e a ausência de 
registro individual do paciente, impedindo a realização de estudos de procedência e 
a visualização dos fluxos de demanda, bem como características da clientela. 
Porém, é ressaltado que a ausência do registro individual do paciente não prejudica 
a programação para procedimentos cuja demanda é essencialmente local 
(CARVALHO, 1997) 
No entanto, desde sua implantação o Sistema vem sofrendo alterações que 
contribuíram para a sua melhoria e confiabilidade, entre elas, a introdução do 
sistema Apac em 1996, a evolução das tabelas de procedimentos, e a implantação 
de sistemas auxiliares e programas como o VERSIA, aplicativo responsável por 
fazer críticas dos dados, evitando fraudes e erros (SÁ, 2002). 
O Sistema de Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta 
Complexidade/Custo, conhecido como Apac, integra o SIA/SUS, sendo de caráter 
relevante para operacionalização dos procedimentos ambulatoriais que necessitam 
de autorização. Além de ser um sistema de autorização de procedimentos é um 
19 
 
instrumento de registro individualizado dos atendimentos/ procedimentos de alta 
complexidade/custo e de alguns procedimentos de média complexidade que são 
considerados estratégicos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2008). 
Os procedimentos estratégicos são aqueles para os quais o Ministérioda 
Saúde tem políticas de indução para ampliação da oferta de serviços, tais como 
transplantes – incluindo os medicamentos –, cirurgias eletivas, prevenção do câncer 
do colo de útero, entre outros, bem como os procedimentos que não apresentam 
série histórica definida para dimensionar o seu impacto financeiro nos Estados e 
municípios (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2003); sendo 
portanto, necessário que traga informações sobre a identificação do paciente, sexo, 
idade, raça/cor, local de residência e diagnóstico (BRASIL, 2008). 
A tabela de procedimentos ambulatoriais passou por várias mudanças, sendo 
que a última, após revisões e estudos realizados pelo Ministério da Saúde no 
período de 2003 a 2007, mudou totalmente sua estrutura e seus procedimentos 
foram unificados em uma única tabela, denominada Tabela de Procedimentos, 
Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPM) do SUS. Dessa 
forma a partir de 2008, o SIA e o SIH passam a utilizar uma única tabela de 
procedimentos do SUS (BRASIL, 2010b). 
A nova tabela está estruturada em quatro níveis de agregação. O primeiro 
nível denominado de Grupo, no qual os procedimentos estão agregados em 08 
áreas de acordo com a finalidade ações: 01-Ações de promoção e prevenção em 
Saúde, 02-Procedimentos com Finalidade Diagnóstica, 03-Procedimentos clínicos, 
04-Procedimentos Cirúrgicos, 05-Transplantes de órgãos, tecidos e células, 06-
Medicamentos, 07- Órteses, Próteses e Materiais Especiais e 08-Ações 
Complementares da atenção à saúde. O Subgrupo é o segundo nível, cujos 
procedimentos são agregados por tipo de área de atuação e o terceiro nível é a 
Forma de Organização, que agrega os procedimentos por critérios diversos como 
área anatômica, especialidade, sistemas do corpo humano (BRASIL, 2007a). 
O Procedimento é o menor nível de agregação. Este apresenta um código de 
identificação com 10 dígitos e atributos específicos. Os atributos constantes na 
tabela de procedimentos são características relacionadas à própria natureza do 
procedimento, ao seu financiamento, à infra-estrutura do estabelecimento 
executante e ao usuário, os quais são necessários para a operacionalização dos 
sistemas de informações (BRASIL, 2007a). 
20 
 
A implantação da tabela unificada também trouxe várias alterações para o 
SIA/SUS e seus aplicativos. O BPA passa a ser constituído por duas formas de 
entrada de dados, o BPA consolidado (BPA-C) com informações agregadas, e o 
BPA individualizado (BPA-I) com informações individualizadas, ou seja, com 
identificação do usuário, bem como sua procedência, idade, sexo e CID. Os 
procedimentos que devem ser registrados em BPA-I estão descritos na Portaria SAS 
nº 709 de 2007 e recentemente, mais procedimentos foram acrescidos nesta lista, 
conforme publicação da portaria SAS nº 380 em agosto de 2010 (BRASIL, 2007b, 
2007c, 2010c). 
A sigla Apac passa a ser denominada de Autorização de Procedimentos 
Ambulatoriais, e somente serão registrados e incluídos neste tipo de instrumento, os 
procedimentos de atenção especializada, com tratamento contínuo, que tenham 
associação de procedimentos principal e secundários definidos na tabela e que 
necessitam da autorização do gestor. O Procedimento Principal é o instrumento que 
permite o registro de procedimento que precisa de autorização e gera uma 
numeração Apac. O Procedimento Secundário não gera uma Apac, porém seu 
registro só pode ser efetuado junto ao procedimento principal compatível (BRASIL, 
2007c, 2010b). 
Atualmente vários sistemas e aplicativos estão envolvidos na captação e 
processamento da produção ambulatorial, classificados esquematicamente como: 
sistema de processamento, sistemas bases, aplicativos de captação da produção e 
aplicativos intermediários. O SIA/SUS é o sistema de processamento, alimentado 
pelos aplicativos de captação da produção ambulatorial BPA e Apac, que necessita 
dos sistemas bases: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), que 
contêm a relação de todos os estabelecimentos e profissionais de saúde, e o 
Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos do SUS (Sigtap), sistema 
que gerencia a tabela de procedimentos, com todos os seus atributos e regras que 
regem a captação (BRASIL, 2010b). 
Os aplicativos intermediários são: A Ficha de Programação Orçamentária 
Magnética (FPO-MAG), que possibilita ao gestor registrar a programação física 
orçamentária de cada estabelecimento que será utilizada para validação e 
consistência da produção importada do BPA e Apac; O aplicativo DE-PARA, que 
efetua a comunicação do CNES com o SIA; o programa VERSIA, que gera a 
remessa da produção aprovada para o Datasus; o BDSIA, o qual importa as 
21 
 
atualizações mensais do Sigtap e o TRANSMISSOR que permite o envio dos 
arquivos de bancos de dados para alimentar o Banco de Dados Nacional (BRASIL, 
2010b). 
Levando em consideração que essas mudanças ocorridas no SIA/SUS 
ampliaram seu subsídio para atividades de planejamento, programação e regulação; 
principalmente a implantação de registros individualizados dos procedimentos que 
permitem identificar os fluxos de demanda e o perfil dos usuários, o presente estudo 
pretende descrever como o SIA/SUS pode contribuir para o processo de 
regionalização, destacando suas limitações e potencialidades para tal finalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
4 OBJETIVOS 
 
4.1 Objetivo Geral 
 
 
Descrever as contribuições do SIA/SUS para o processo de regionalização no 
estado de Pernambuco, no ano de 2009. 
 
 
4.2 Objetivos Específicos 
 
 
a) Descrever a produção ambulatorial registrada no BPA e Apac segundo as 
variáveis: nível de complexidade, instrumento de registro, sexo, idade, 
raça/cor, CID principal e local de residência; 
 
b) Descrever o fluxo ambulatorial segundo nível de complexidade do 
procedimento e microrregiões de Pernambuco no ano de 2009; 
 
c) Identificar as limitações e potencialidades do SIA/SUS como instrumento no 
processo de regionalização. 
 
 
23 
 
5 MATERIAL E MÉTODO 
 
5.1 Área de estudo 
 
 
O Estado de Pernambuco que é composto por 184 municípios e o distrito de 
Fernando de Noronha. Segundo o Plano Diretor de Regionalização (PDR) elaborado 
em 2002 e revisado em 2006, os municípios do estado estão agregados em três 
Macrorregiões, 11 Regiões/Microrregiões e 56 Módulos Assistenciais 
(PERNAMBUCO, 2006). 
Dentro da Macrorregião de Recife estão as microrregiões de Recife, Limoeiro 
e Palmares. Na Macrorregião de Caruaru estão as microrregiões de Caruaru, 
Garanhuns, Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada. A Macrorregião de 
Petrolina, por sua vez, é formada pelas microrregiões de Petrolina, Salgueiro e 
Ouricuri (PERNAMBUCO, 2006). 
Constituídas por um conjunto de módulos assistenciais, ou seja, municípios 
com perfil assistencial de atenção básica e parte da média complexidade, as 
Microrregiões de saúde em Pernambuco apresentam a seguinte distribuição: 
Microrregiões Número de Municípios Número de Módulos 
Recife 21 11 
Limoeiro 30 06 
Palmares 19 03 
Caruaru 33 11 
Garanhuns 22 10 
Arcoverde 13 03 
Afogados da Ingazeira 12 03 
Serra Talhada 10 02 
Petrolina 07 03 
Salgueiro 08 01 
Ouricuri 10 03 
Quadro 1: Resumo da distribuição de municípios e módulos por microrregião. 
Fonte: Pernambuco (2006). 
24 
 
I
II
III
IV
V
VI
XI
X
VII
VIII
IX
Recife
Palmares
LimoeiroCaruaru
GaranhunsArcoverde
Afogados da 
IngazeiraSerra 
Talhada
Petrolina
Ouricuri Salgueiro
Fernando de 
Noronha
Macrorregiões:
Recife
Caruaru
Petrolina
 
Figura 1: Regionalização da saúde em Pernambuco, segundo PDR 2006. 
Fonte:SIA/SUS/Tabwin. 
 
 
5.2 Tipo de estudo 
 
 
Foi realizado um estudo observacional, descritivo, do tipo corte transversal. 
Nos estudos epidemiológicos observacionais, o posicionamento do investigador é 
passivo, com o mínimode interferência no objeto investigado (ALMEIDA FILHO; 
ROUQUAYROL, 2003). Na sua abordagem descritiva “estuda a distribuição das 
freqüências das doenças e dos agravos da saúde coletiva em funções de variáveis 
ligadas ao tempo, ao espaço [...] e às pessoas, possibilitando o detalhamento do 
perfil epidemiológico [...]”.O corte transversal designa o caráter instantâneo de um 
estudo na produção de dados que se realiza em um único momento no tempo, 
possibilitando observar fator e efeito simultaneamente (ROUQUAYROL; BARRETO, 
2003). 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
5.3 Universo de estudo 
 
 
A população de estudo foi de 120.158.189 procedimentos ambulatoriais 
aprovados e produzidos no estado de Pernambuco que processados no ano de 
2009. 
 
 
5.4 Definição das variáveis de estudo 
 
 
Variáveis Definição/Categorização 
Local de residência Unidade federativa e/ou município e microrregião de residência do paciente atendido no estado de PE 
 
Instrumentos de coleta 
Formulários de registro da produção ambulatorial que alimentam 
SIA/SUS, denominados de: Boletins de Produção Ambulatorial (BPA) e 
Autorização de Procedimentos Ambulatoriais (Apac) com suas duas 
formas de entradas respectivamente: 
BPA Consolidado - instrumento que permite o registro do procedimento 
de forma agregada, e que dispensa o processo de autorização; 
BPA-I individualizado - que permite o registro do procedimento de forma 
individual, com identificação do usuário, CID, procedência; 
Apac Principal - instrumento que permite o registro de 
procedimentos que precisam de autorização e gera uma numeração 
APAC; 
Apac Secundário - Não precisa de autorização, mas seu registro na 
Apac depende de um procedimento principal compatível. 
Procedimentos executados 
Total de procedimentos ambulatoriais realizados que foram aprovados 
pelas críticas do sistema de informação 
Sexo 
É o sexo do paciente para o qual é possível para a realização do 
procedimento: Feminino ou Masculino. 
Idade 
É a idade do paciente em anos para que o mesmo seja submetido ao 
procedimento, sendo idade mínima de 00 meses e a máxima de 110 
anos. 
Raça/cor 
Raça/cor do paciente submetido ao procedimento. Classificada em: 
Branca,Preta, Parda, Amarela, Indígena e Sem informação. 
CID - principal 
Código da Classificação Estatística Internacional de Doenças 
correspondente a doença ou lesão que motivou o atendimento 
ambulatorial. 
Complexidade do 
procedimento 
Atributo do procedimento que relaciona o grau de infra-estrutura, 
especialização, elaboração ou sofisticação que envolve a realização do 
mesmo. Categorias: Atenção básica, Média complexidade, alta 
complexidade e não se aplica. 
Microrregiões 
Base territorial de planejamento da atenção à saúde definidas no Plano 
Diretor de Regionalização do estado de Pernambuco de 2006 
(PERNAMBUCO, 2006) 
Quadro 2: Definição/ categorização das variáveis de estudo. 
 
26 
 
5.5 Fonte dos dados 
 
 
 Foram utilizados os dados ambulatoriais de utilidade pública registrados no 
SIA/SUS em 2009 e disponibilizados pelo Datasus no sítio: 
<http://www.datasus.gov.br>. 
 
 
5.6 Análise dos dados 
 
 
O banco de dados (PAPE09mm.dbc) foi explorado por meio do programa Tab 
para Windows (Tabwin) versão 3.6 e planilhas eletrônicas. Por se tratar do universo 
da produção ambulatorial a análise dos valores foi realizada por meio da 
comparação direta, utilizando-se freqüências absolutas e relativas, apresentadas em 
tabelas, gráficos e mapas. Inicialmente foi investigada a relação instrumento de 
registro e procedimentos. Em seguida a análise das variáveis relacionadas ao 
usuário e por último a descrição do fluxo ambulatorial. 
 
 
5.7 Aspectos éticos 
 
 
O estudo foi realizado dentro dos padrões éticos. Os dados secundários 
utilizados são de caráter público e estão disponíveis na Internet pelo sítio 
http://www.datasus.gov.br, e não permitem a identificação dos indivíduos. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
6 RESULTADOS 
 
 
No ano de 2009 foram aprovados 120.158.189 procedimentos ambulatoriais 
em Pernambuco, cuja distribuição segundo atributo de complexidade e instrumento 
de registro é descrita na Tabela 1(p.28). 
Na distribuição da produção ambulatorial segundo níveis de complexidade, 
observa-se que a maior parte dos procedimentos executados foram de atenção 
básica (53,97%), seguido da média complexidade (32,93%) e alta complexidade 
(11,67%). Os 1,43% restantes se referem a procedimentos que não apresentam 
atributo de complexidade, sendo categorizados como “Não se Aplica”. 
Verificou-se que 87,65% (105.322.426) da produção ambulatorial foi 
registrada em BPA, dos quais 2,55% (3.068.246) apresentam informações 
individualizadas, e outros 12,35% da produção foi coletada em Apac. Isso significa 
que somente 14,9% do banco de dados possibilitam a identificação do perfil dos 
usuários atendidos a nível ambulatorial, bem como os fluxos assistenciais. 
A discriminação dos tipos de procedimentos coletados em cada instrumento 
de registro (Ilustração 4), mostra que 63,42% dos registros BPA-C foram de 
procedimentos de atenção básica, sendo que para este nível de complexidade, 
somente os procedimentos de atenção domiciliar executados pelo Psicólogo clínico 
(30) e pelo Assistente social (22), nos municípios de Bezerros (46) e Bodocó (6), 
foram registrados na versão individualizada (BPA-I). Dos procedimentos de média 
complexidade registrados no Boletim Consolidado, 63,43% (23.185.674) pertencem 
ao grupo de procedimentos com finalidade diagnóstica e 35,36% (12.925.599) ao 
grupo de procedimentos clínicos. Destes procedimentos clínicos, 94,86% 
(12.261.214) foram de consultas e 5,14% (664.385) correspondem, de maneira 
geral, os tratamentos/terapias. 
Os procedimentos de alta complexidade registrados em BPA-C (0,01%), 
refere-se a procedimentos de Hemoterapia (1399), Diagnóstico em Vigilância 
Ambiental-Epidemiológica (242) e Endoscopia (1). Já os 847.942 (49,40%) 
procedimentos sem atributo de complexidade correspondem às ações de Vigilância 
(700.160) e ao Atendimento pré-hospitalar de urgência (147.782). 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1- Produção ambulatorial aprovada segundo nível de complexidade e instrumento de registro. PE, 2009. 
Consolidado % % Individualizado % % Principal Secundário
Atenção Básica 64.853.240 63,42 100,00 52 0,00 0,00 - - - - - 64.853.292 53,97
Média Complexidade 36.551.356 35,75 92,37 1.969.531 64,19 4,98 484.128 563.666 1.047.794 7,06 2,65 39.568.681 32,93
Alta Complexidade 1.642 0,00 0,01 248.030 8,08 1,77 8.455.989 5.313.989 13.769.978 92,82 98,22 14.019.650 11,67
Não se Aplica 847.942 0,83 49,40 850.633 27,72 49,55 6.102 11.889 17.991 0,12 1,05 1.716.566 1,43
Total 102.254.180 100,00 85,10 3.068.246 100,00 2,55 8.946.219 5.889.544 14.835.763 100,00 12,35 120.158.189 100,00
Nível de Complexidade Instrumento de registro
Subtotal
BPA
%
% %
Apac
Total
Procedimento
 
Fonte:SIA/SUS
28 
29 
 
Quanto aos registros em BPA-I, os atendimentos de Fisioterapia, Consultas 
de especialidades, principalmente da Fonoaudiologia, Psicologia e Terapia 
Ocupacional, bem como os Procedimentos de Finalidade Diagnóstica, 
predominantemente, o Diagnóstico por Anatomia Patológica-Citopatológica e o 
Diagnóstico por Radiologia, representaram o grupo de procedimentos de média 
complexidade (4,98%). 
No nível de alta complexidade dos registros BPA-I, predominaram os 
Procedimentos de Finalidade Diagnóstica (tomografia, ressonância, medicina 
nuclear, ultrassom, radiologia); os Procedimentos Clínicos executados, 
principalmente, pelo médico fisiatra e médico em medicina nuclear; Coleta/exames 
para transplantes; e Procedimentos Cirúrgicos do Aparelho geniturinário e do 
Aparelho Digestivo. Enquanto para os procedimentos sem atributo de complexidade 
foram registrados os Deslocamentos/ajuda de custo e as Órteses, Próteses e 
Materiais (OPM). 
Com relação a Apac, os 2,65% dos procedimentos demédia complexidade 
registrados neste instrumento correspondem a procedimentos de Diagnóstico 
Clínico, como os exames bioquímicos, hematológicos, sorológicos - imunológicos, 
hormonais, toxicológicos ou de monitorização, e o Atendimento Psicossocial. Nos 
procedimentos de alta complexidade registrados como principal ou secundário 
houve a maior ocorrência do subgrupo de procedimentos de Dispensação de 
Medicamentos Excepcionais, Tratamento em Nefrologia e Tratamento em Oncologia. 
A pequena quantidade de procedimentos referidos com o termo “Não se 
Aplica”, coletados em Apac, correspondem às OPM auditivas registradas como 
Procedimento Principal, e as OPM de nefrologia, de transplante e de anomalias 
buco-maxilo-faciais registradas como Procedimentos Secundários. 
 
30 
 
Nível de 
Complexidade
Grupo Subgrupo Forma de Organização
BPA-C
Atenção básica
01-Ações de promoção e 
prevenção em saúde 0101 Ações coletivas/individuais em saúde ****
03-Procedimentos clínicos
0301 Consultas / Atendimentos / 
Acompanhamentos; 0307- Tratamentos 
odontológicos ****
Média 
complexidade
02-Procedimentos com f inalidade 
diagnóstica 0202- Diagnóstico em laboratório clínico ****
03- Procedimentos clínicos
0301- Consultas / Atendimentos / 
Acompanhamentos
030101- Consultas médicas/ outros de nível 
superior
Alta complexidade
03- Procedimentos clínicos 0306-Hemoterapia
030601- Obtenção do sangue para f ins de 
assistência hemoterapica; 030602- Medicina 
transfusional
02-Procedimentos com f inalidade 
diagnóstica
0213- Diagnóstico em vigilância epidemiológica e 
ambiental
021301- Exames relacionados a doenças e 
agravos de notif icação compulsória
Não se aplica
01-Ações de promoção e 
prevenção em saúde 0102-Vigilância em Saúde 010201- Vigilancia sanitária
03-Procedimentos clínicos 0301- Consultas / Atendimentos / 
Acompanhamentos 030103- Atendimento pré-hospitalar de urgência
BPA-I
Atenção básica 03- Procedimentos clínicos
0301- Consultas / Atendimentos / 
Acompanhamentos
030105- Atenção domiciliar
Média 
complexidade
03- Procedimentos clínicos 0302- Fisioterapia ****
02-Procedimentos com f inalidade 
diagnóstica
0203- Diagnóstico por anatomia patológica e 
citopatologia; 0204- Diagnóstico por radiologia; 
0205- Diagnóstico por ultra-sonograf ia; 0202-
Diagnóstico em laboratório clínico; 0201- Coleta 
de material ****
Alta complexidade
02-Procedimentos com f inalidade 
diagnóstica
0206- Diagnóstico por tomograf ia; 0202-
Diagnóstico em laboratório clínico; 0207-
Diagnóstico por ressonância magnética; 0208-
Diagnóstico por medicina nuclear in vivo ****
03- Procedimentos clínicos
0301- Consultas / Atendimentos / 
Acompanhamentos
030107- atendimento/ acompanhamento em 
reabilitação f ísica, mental, visual, e múltiplas 
def iciências
05- Transplantes de orgãos, 
tecidos e células 0501- Coleta e exames para f ins de doação ****
Não se aplica
08- Ações complementares da 
atenção à saúde 0803- Autorização / Regulação 080301-Deslocamento/ajuda de custo
07- Órteses, próteses e materiais 
especiais
0701- Órteses, próteses e materiais especiais 
não relacionados ao ato cirúrgico ****
APAC-
principal
Média 
complexidade
03- Procedimentos clínicos
0301- Consultas / Atendimentos / 
Acompanhamentos
030108- Atendimento/Acompanhamento 
psicossocial
Alta complexidade 06- Medicamentos
0601- Medicamentos de dispensação 
excepcional ****
03- Procedimentos clínicos
0305- Tratamento em nef rologia; 0304
Tratamento em oncologia
030501-Tratamento dialítico, 030401-
Radioterapia; 030405- Quimioterapia paliativa
Não se aplica
07- Órteses, próteses e materiais 
especiais
0701- Órteses, próteses e materiais especiais 
não relacionados ao ato cirúrgico
070103- OPM auditivas
APAC-
secundário
Média 
complexidade
02- Procedimentos com f inalidade 
diagnóstica 0202- Diagnóstico em laboratório clínico ****
Alta complexidade
06- Medicamentos
0601- Medicamentos de dispensação 
excepcional ****
Não se aplica
07- Órteses, próteses e materiais 
especiais
0702- Órteses, próteses e materiais especiais 
relacionados ao ato cirúrgico
070210- OPM em nef rologia; 070212- OPM para 
transplantes
Quadro 3 – Procedimentos registrados por nível de agregação da tabela unificada e segundo 
instrumento de registro. 
Fonte: SIA/SUS 
Nota:*** Vários procedimentos, não permitindo a escolha de uma finalidade predominante. 
 
Quanto aos atributos relacionados ao usuário, observou-se bons resultados 
quanto ao preenchimento das variáveis sexo e idade do usuário, mostrando a 
predominância do sexo feminino na faixa etária entre 40 e 59 anos nos atendimentos 
ambulatoriais. 
Destaca-se que somente em 0,11% (3.316) dos registros BPA-I ocorreu erro 
ou não preenchimento do sexo do paciente, enquanto para variável idade do 
paciente, chama atenção que em 80,65% dos procedimentos com registros em BPA-
C, o preenchimento da idade não é exigida, ficando portanto, a maior parte da 
produção ambulatorial sem este tipo de informação (Figuras 2 e 3). 
 
31 
 
APAC
Masculino 
Feminino
BPA-I 
Masculino 
Feminino 
 
Figura 2 - Proporção dos registros ambulatoriais segundo sexo - PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
 
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
BPA-C
BPA-I
APAC
< de 1 ano
1 a 10
11 a 20
21 a 39
40 a 59
60 e +
Não exigido
 
Figura 3 – Proporção dos registros ambulatoriais segundo faixa etária – PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
32 
 
BPA-I APAC
Branca
Preta
Parda
Outros
SEM 
INFORMAÇÃO
 
Figura 4 - Proporção dos registros ambulatoriais segundo a variável Raça/Cor – PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
 
O diagnóstico principal descrito nos instrumentos de registro segundo códigos 
do CID10, bem como a Raça/Cor do paciente mostraram baixo percentual de 
preenchimento: aproximadamente 90 % dos registros Apac e 49,66% dos BPA-I não 
há informação da Raça/Cor, enquanto o CID10 só foi informado nos registros Apac 
(Figuras 4 e 5). 
O grande percentual dos procedimentos coletados em Apac e sem a 
indicação da Raça/Cor do usuário são referentes a procedimentos de dispensação 
de medicamentos excepcionais, que equivalem a 86,63% da produção registrada 
neste tipo de instrumento. Para os registros em BPA-I não ficou evidente nenhuma 
relação quanto ao tipo procedimento coletado e a não informação da variável. 
Os registros que trouxeram informações dessas variáveis, mostraram maior 
proporção de atendimentos para as pessoas de cor parda, e como principais causas 
envolvidas no atendimento ambulatorial: as doenças do aparelho geniturinário, 
seguidas das doenças do sistema nervoso e os fatores que influenciam no estado a 
saúde e levam ao contato com os serviços de saúde. 
Ressalta-se que esses resultados mostram principalmente o perfil dos 
usuários dos serviços de alta complexidade, já que os formulários BPA-I 
apresentaram baixo percentual de preenchimento. 
33 
 
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00
V-Transtornos mentais
XXI-Contato com os serviços de saúde
VI-Doenças do sistema nervoso
XIV-Doenças do aparelho geniturinário
Outros 
 
Figura 5 - Proporção dos registros ambulatoriais (Apac), segundo capítulo do CID10. PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
 
No tocante ao fluxo assistencial, dos 17.904.009 procedimentos com 
informações individualizadas, 0,47% corresponderam a atendimentos realizados em 
residentes de outros estados: 84.821 deslocamentos inter-estaduais em busca de 
atendimento ambulatorial, principalmente, da Paraíba (52,53%), Bahia (15,76%) e 
Alagoas (8,51%). 
Dos atendimentos ambulatoriais realizados em residentes do estado, 
4.620.592 registraram deslocamentos entre as regiões/microrregiões de saúde. Ou 
seja, um quarto (25,8%) dos procedimentos com informação individualizada 
registraram deslocamento de usuários entre as microrregiões de Pernambuco. 
No fluxo ambulatorial segundo nível de complexidade dos procedimentos, 
verifica-se que 1,98% dos procedimentos “Não se Aplica” foram realizados fora da 
microrregião de residênciado paciente. A maioria dos atendimentos ocorreram na 
própria microrregião de residência, ficando como segunda referência a Microrregião 
de Recife e maior deslocamento proveniente da Microrregião de Caruaru (IV) e 
Microrregião II (Quadro 4). 
34 
 
I II III IV V VI X XI VII VIII IX
I 598.578 84 63 52 598.777
II 7.709 152.780 73 5 1 10 208 160.786
III 4.935 22 51.866 15 3 3 196 25 57.065
IV 8.071 55 463.145 112 138 56 89 62 471.728
V 3.296 4 3 84 69.565 19 1 72.972
VI 1.831 15 3 41 15 76.677 25 318 26 78.951
X 1.372 13 24 113 61.023 1 1 62.547
XI 1.587 2 22 6 120 3 46.049 31 47.820
VII 361 10 3 10 52.236 152 52.772
VIII 1.274 54 69 48.491 49.888
IX 1.041 3 5 10 20 80 61.249 62.408
Total 630.055 152.963 51.874 463.471 69.725 77.085 61.051 46.174 52.990 49.050 61.276 1.715.714
Microrregião de residência Microrregião do Estabelecimento Total
 
Quadro 4 - Fluxo ambulatorial – procedimentos “Não se aplica”. PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
Legenda: 1ª referência 2ª referência 3ª referência 
 
No caso dos procedimentos de média complexidade, 0,68% da produção 
executada representou deslocamentos entre as microrregiões de saúde. Em todas 
as microrregiões, mais de 90% dos atendimentos referentes a procedimentos de 
média complexidade ocorreram na própria microrregião de residência (Quadro 5). 
Em números absolutos, a maiores fluxos são provenientes das microrregiões 
IV e II. A principal Microrregião de destino foi Recife, com a capital recebendo 
aproximadamente 79,5% dos atendimentos ocorridos fora da microrregião de 
residência, o que representou 0,8% do total de sua produção. 
 
 
 
35 
 
I II III IV V VI X XI VII VIII IX
I 26.366.305 3.827 58 315 30 1 7 1 26.370.544
II 57.422 2.744.602 1.777 102 10 1 3 2.803.917
III 43.453 821 1.216.704 1.165 432 83 12 1.262.670
IV 71.134 1.569 83 3.529.804 3.208 3.678 1 1 97 5 10 3.609.590
V 11.546 23 48 1.015 1.401.051 80 1 2 1 1 1.413.768
VI 16.021 20 14 256 1.610 864.987 3 182 38 883.131
X 3.516 1 199 367 5.537 569.958 111 579.689
XI 9.179 1 462 111 3.414 28 433.297 51 86 446.629
VII 8.791 131 472.879 2.820 78 484.699
VIII 5.548 6 123 82 14 1.019.573 1.025.346
IX 7.423 8 152 1 125 1 152 1.914 665.967 675.743
Total 26.600.338 2.750.878 1.216.907 3.535.399 1.406.882 878.026 569.993 433.410 473.384 1.024.452 666.057 39.555.726
Microrregião de residência Microrregião do Estabelecimento Total
 
Quadro 5 - Fluxo ambulatorial de média complexidade. PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
Legenda: 1ª referência 2ª referência 3ª referência 
 
Com a espacialização dos dados, foi possível observar que para a média 
complexidade, os procedimentos principais e secundários não foram realizados, 
necessariamente, no mesmo local. Para os procedimentos principais o fluxo 
predominante foi para o município de Recife, já para os procedimentos secundários 
os fluxos são distribuídos entre os municípios de Petrolina, Arcoverde, Garanhuns, 
Caruaru, Palmares, Limoeiro e Recife (Figuras 6 e 7). 
 
 
Figura 6- Fluxo dos procedimentos principais de média complexidade. PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
 
36 
 
 
Figura 7 - Fluxo dos procedimentos secundários de média complexidade. PE, 2009. 
Fonte: SIA/SUS 
 
Observa-se que 15,5% dos procedimentos de alta complexidade ocorreram 
fora da microrregião de residência do paciente, dos quais a maior parte (70,3 %) 
também ocorreu fora dos limites da macrorregião (Quadro 6). Apenas Macrorregião 
de Recife atendeu quase 100 % de seus pacientes com pólos de assistência nos 
municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Vitória de Santo 
Antão, além de servir como referência para todo o estado (Quadro 6). 
As Macrorregiões de Caruaru e Petrolina apresentaram baixos percentuais de 
atendimentos de alta complexidade de seus pacientes, atendendo respectivamente 
5% e 6,8 % de sua população, com pólos de atendimento nos municípios de 
Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Petrolina, Salgueiro e Araripina. A Microrregião de 
Afogados de Ingazeira não registrou assistência de alta complexidade e a 
Microrregião de Serra Talhada registrou apenas 23 procedimentos (Quadro 6). 
 
37 
 
I II III IV V VI X XI VII VIII IX
I 9.441.948 1.450 9 360 16 21 12 1 1 9.443.818
II 889.381 41.086 1.464 7 931.938
III 355.914 2 12.617 1.698 506 1 370.738
IV 1.645.947 171 16 65.331 3.491 4.405 124 1 11 1.719.497
V 379.216 1 5.022 27.008 85 9 411.341
VI 261.949 2.034 1.794 11.431 414 12 277.634
X 121.799 3 1.055 325 6.495 1 3 129.681
XI 93.441 641 149 3.924 22 189 99 98.465
VII 102.616 579 3 5 745 2.965 38 106.951
VIII 378.438 145 57 31.455 410.095
IX 44.872 1 229 123 21 2.177 1.055 48.478
Total 13.715.521 42.714 12.642 78.558 33.299 26.546 0 23 1.509 36.719 1.105 13.948.636
Microrregião de residência Microrregião do Estabelecimento Total
 
Quadro 6 - Fluxo ambulatorial da alta complexidade. PE, 2009 
Fonte: SIA/SUS 
Legenda: 1ª referência 2ª referência 3ª referência 
 
 
 
38 
 
7 DISCUSSÃO 
 
 
Neste estudo evidenciou-se a importância de se conhecer bem a estrutura da 
tabela de procedimentos do SUS e seus atributos, bem como os procedimentos a 
serem coletados em cada formulário para utilização adequada dos bancos de dados 
do SIA/SUS. 
No entanto, a ausência de critérios que explicitem melhor o registro de 
procedimentos com nível de complexidade e agregação semelhantes em formulários 
distintos, dificulta a utilização dos dados para o processo de regionalização. 
Dificuldade semelhante já foi apontada por Schramm & Szwarcwald (2000), quando 
estudaram a possibilidade de se utilizar o SIH como fonte de informações para 
estimar a natimortalidade e mortalidade neonatal. As autoras encontraram limitações 
quanto as análises comparativas dos dados de diferentes regiões do Brasil, as quais 
atribuíram à falta de regras claras quanto a emissão e preenchimento das 
Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) acarretando a falta de padronização das 
informações geradas pelo sistema. 
Outra dificuldade encontrada é que a maioria dos procedimentos 
especializados continua sendo registrada de forma consolidada com o objetivo de 
pagar os serviços prestados aos usuários do SUS, comprometendo a utilização dos 
dados para fins de regulação dos serviços de atenção especializada. 
O fortalecimento dessa regulação é necessário para implementação de 
sistemas microrregionais de serviço de saúde, principalmente dos serviços 
secundários e terciários que estão relativamente centralizados, a fim de garantir o 
acesso a serviços eficientes (MENDES, 2007). A recente publicação da Portaria 
SAS - nº 380, que amplia o número de procedimentos que devem ser coletados em 
BPA-I, demonstra a identificação, por parte do Ministério da Saúde, da necessidade 
de informações focadas no usuário e não apenas no procedimento executado, 
permitindo o planejamento e racionalização da oferta de serviços. 
Uma estratégia de utilização destes dados agregados (BPA-C) seria a análise 
por grupo de procedimentos segundo sua disponibilidade em relação ao espaço-
população de abrangência. Sabe-se que para a organização de redes de atenção, 
deve haver uma escala ótima dos equipamentos de saúde e população em relação 
39 
 
aos serviços, categorizados em níveis de atenção (BRASIL, 2010). A comparação 
do grau de oferta dos serviços de atenção básica e de média complexidade entre 
municípios e microrregiões, pode apontar lacunas na distribuição dos serviços de 
saúde. 
Quanto às variáveis demográficas somente a variável sexo obteve resultado 
satisfatório, talvez em função da quantidade de categorias para esta variável. Os 
achados mostraram uma baixa qualidade e confiabilidade em relação as variáveis 
Raça/Cor e CID Principal, devido ao não preenchimento, informação incompleta ou 
códigos errados. Destaca-se a variável idade, que apesar de ser informada no BPA-I 
e Apac, no BPA-C só é exigido o seu preenchimento para os procedimentoslistados 
no anexo III da Portaria SAS/MS nº 709, de 27/12/2007, que representam menos de 
20% da produção. 
Branco (1996) já afirmava que uma grande quantidade de dados dá a ilusória 
sensação de que se têm tudo para conhecer um problema, devendo portanto, ficar 
claro qual informação se faz necessária para evitar a coleta de dados que não terão 
qualquer utilidade, sobrecarregando os sistemas e as rotinas de trabalho. Entretanto, 
os manuais e portarias não deixam claro porque para certos procedimentos são 
obrigatórios o preenchimento das variáveis demográficas e outros não. 
A utilização destas variáveis permitiria conhecer o perfil sociodemográfico de 
seus usuários, além entender o processo de utilização dos serviços e organizá-los 
em redes de atenção que respondam as demandas populacionais (ROESE; 
GERHARDT, 2008). 
Outra limitação identificada, decorre da impossibilidade de visualizar os 
procedimentos principais e seus respectivos procedimentos secundários, registrados 
na Apac. Desta forma, a análise do fluxo assistencial segundo atributo de 
complexidade do procedimento, por meio dos registros Apac, poderá mostrar um 
cenário distorcido, visto que, os procedimentos principais e secundários não são 
apresentados de forma pareada, ou seja, por usuário. 
O não conhecimento de quais procedimentos secundários foram executados 
junto ao procedimento principal, dificulta a identificação das necessidades e 
demandas de saúde, bem como prever os recursos necessários para determinada 
área de abrangência. Na regionalização e hierarquização dos serviços é desejável 
que o usuário utilize todo leque assistencial disponível o mais próximo de sua 
40 
 
residência, de modo a favorecer seu acesso e não sobrecarregar 
desnecessariamente unidades de maior complexidade (COELHO et al., 2010). 
Neste caso, sugere-se para cada nível de complexidade, analisar 
procedimento principal e secundário separadamente a fim de verificar se estes são 
realizados no mesmo local. 
A análise espacial mostrou que para os procedimentos secundários de média 
complexidade existem redes bem definidas com pólos de assistência em Petrolina, 
Arcoverde, Garanhuns, Caruaru, Palmares, Limoeiro e Recife, ao contrário dos 
procedimentos principais de média ou alta complexidade, cujo fluxo dominante foi 
para Recife. Estes achados são positivos, indicativos de que procedimentos 
secundários menos complexos estão sendo executados em locais diversos ao do 
procedimento principal, evitando sobrecarregar unidades de maior complexidade, 
além de facilitar a implantação de protocolos clínicos para este rol de procedimentos. 
Outro aspecto observado é que o pequeno número de procedimentos de 
atenção básica coletados em BPA-I, realizados somente por dois municípios do 
interior, pode ser atribuído a erro de registro. Melione (2002) afirma que o 
preenchimento dos formulários nos serviços, geralmente fica a cargo de médicos 
que atenderam o paciente ou do pessoal administrativo, ambos não preparados para 
a função, comprometendo a confiabilidade dos dados registrados. 
Além da inabilidade dos técnicos em manusear os sistemas, por 
desconhecimento de suas variáveis e potencialidades, a deficiência de infra-
estrutura, a falta de critérios claros de captação da produção ambulatorial e o 
insuficiente grau de utilização dos dados para a análise do próprio sistema e dos 
serviços de saúde (BRANCO, 1996; MENDES et al., 2000), são problemas a serem 
enfrentados para melhoria da qualidade e confiabilidade dos dados. 
No que diz respeito ao fluxo ambulatorial, análise por procedimentos parece 
ser a mais adequada para se trabalhar, dado que a remuneração dos serviços 
médicos é com base nesta variável e o comportamento da utilização dos serviços de 
saúde depende do grau de complexidade dos procedimentos (BOTEGA, 2005). 
O recurso de mapeamento, a exceção da peculiaridade dos procedimentos 
principais e secundários já mencionada, não permitiu a adequada análise do fluxo 
ambulatorial, haja vista que o fluxo dominante em todos os casos estava direcionado 
a Recife, dificultando a visualização de fluxos menores entre outros locais. 
41 
 
Por outro lado, é neste ponto que o sistema revela um cenário onde os 
serviços são planejados com base na oferta e não pelas necessidades da 
população. O foco na gestão da oferta, acaba estabelecendo fluxos complicados das 
pessoas e dos recursos financeiros e dificultando o acesso equânime a serviços 
eficientes e de qualidade (MENDES, 2004). 
Conforme já apontado por Carvalho (1997), uma das dificuldades em se 
trabalhar com o SIA/SUS, deve-se ao elenco dos procedimentos ambulatoriais que 
além de serem mais numerosos, se referem a diversos tipos de ação, distintos tanto 
em relação aos processos de trabalho, como aos agentes executores. Talvez, este 
seja o motivo pelo qual o mapeamento de fluxo com o SIA/SUS não servir tão bem 
quanto o SIH, refere-se à dificuldade de trabalhar com linhas de cuidado. 
No entanto, a análise direta da matriz de fluxo, sintetizada nos Quadros 4, 5 e 
6, trouxe maior riqueza de dados e possibilidades de análises. Dessa forma, foi 
possível verificar que Pernambuco atende usuários de outros estados, 
principalmente, para os que fazem fronteira. Vale ressaltar que um pequeno 
percentual de procedimentos registrados em Apac e BPA-I apresentam a informação 
sobre o local de residência. Portanto, a quantidade de atendimentos para pacientes 
de outros estados provavelmente está subestimada. A disponibilidade de mais 
informações individualizadas poderia subsidiar mais efetivamente a organização 
rede interestadual. 
Grande parte dos atendimentos relativos aos procedimentos de média 
complexidade foram realizados na própria microrregião de residência dos pacientes, 
porém os deslocamentos ocorreram para fora da Macrorregião, dominantemente 
para o município de Recife, caracterizando uma demasiada centralização na Capital. 
É esperado que os deslocamentos ocorram em direção aos municípios-pólo 
de uma mesma área de abrangência, a não ser nos casos de intervenções de maior 
complexidade e custo, que são oferecidas apenas em algum pólo a nível 
macrorregional ou estadual. A cultura de centralização da oferta e investimentos na 
Capital, associada à falta de responsabilização dos demais gestores que lançam 
mão da prática da “ambulancioterapia”, ocasionam essas distorções (ROESE; 
GERHARDT, 2008). 
Apesar das Macrorregiões Petrolina e Caruaru serem contíguas 
geograficamente, mostraram baixa interação tanto para o fluxo de média quanto de 
alta complexidade, direcionando suas demandas massivamente para Recife. 
42 
 
Segundo Mendes (2007) quando não é possível conciliar escala, escopo e 
acesso, o acesso sempre prevalecerá, o qual é influenciado tanto pela oportunidade 
de utilização de serviço, como pela distância dos serviços. 
Em função da demasiada centralização da oferta de serviços na Macrorregião 
Recife, residentes das outras Macrorregiões acabam percorrendo longas distâncias 
para ter acesso aos serviços, sugerindo uma demanda reprimida de quem não pode 
realizar esse deslocamento, assim como sinaliza que os investimentos, 
principalmente em serviços de alta complexidade, precisam ser maiores nas 
Macrorregiões de Petrolina e Caruaru, para que de fato façam seu papel de Regiões 
de Saúde. 
 
43 
 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
As mudanças ocorridas no SIA/SUS ao longo dos anos, como a criação do 
módulo Apac e a introdução do BPA-I permitiram ampliar o potencial de subsidio 
deste sistema para o processo de planejamento e conformação das redes de 
atenção regionalizada e hierarquizada. Os resultados evidenciam essa 
potencialidade do SIA/SUS como fonte informações para o processo de 
regionalização, principalmente no que diz respeito à caracterização e regulação dos 
fluxos assistenciais para o qual mostrou boa capacidade. 
No entanto, o sistema aindaé pouco utilizado pelos gestores para atividades 
diferentes do pagamento dos serviços, o que associado a ausência de regras 
explícitas quanto aos atributos dos procedimentos, ao preenchimento dos 
instrumentos que alimentam o sistema, dificultam o entendimento dos dados 
disponibilizados, sua adequada exploração e utilização. 
Dessa forma, faz-se necessário a exploração rotineira dos bancos de dados 
ambulatoriais, a fim identificar quais suas limitações e assim corrigi-las, juntamente 
com o desenvolvimento de métodos adequados de exploração e apropriação dos 
dados, baseados nas peculiaridades do sistema, para que contribua efetivamente 
para a regionalização em saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
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Regulação, Avaliação e Controle/Coordenação Geral de Sistemas de Informação. 
Manual Técnico Operacional SIA/SUS – Sistema de informações ambulatoriais 
– aplicativos de captação ambulatorial APAC Magnético – BPA Magnético – 
VERSIA – DE-PARA –FPO Magnético. Brasília, 2010b. 
 
 
BRASIL. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de Descentralização da 
Gestão da Assistência. Regionalização da assistência à saúde: aprofundando a 
descentralização com eqüidade no acesso – Norma Operacional de 
Assistência à Saúde 01/2002. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. Disponível em: 
<ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/novo_site/biblioteca/legislacao_saude/catalogo_vir
tual/noas/U_PT-MS-GM-373_280202.pdf> .Acesso em : 7 jun. 2010. 
 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
regulação, controle, avaliação. Sistema de informações Ambulatoriais do SUS- 
SIA/ SUS. Manual de orientações técnicas. Brasília, 2007c. 
 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
regulação, controle, avaliação. Sistema de informações Ambulatoriais do SUS- 
SIA/ SUS. Manual de orientações técnicas. Brasília, 2008. 
 
 
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria SAS nº 380 de 13 de agosto 
de 2010. Estabelece que os procedimentos da Tabela de Procedimentos, 
Medicamentos e OPM do SUS, descritos nos anexos I, II, III e IV, desta portaria, 
atualmente com instrumento de registro em BPA consolidado (BPA-C), passem a ser 
registrados no SIA/SUS, por meio do BPA-I, conforme cronograma disposto neste 
ato. Brasília, 2010c. 
 
 
BRASIL. Secretaria de Assistência à Saúde. Regionalização da assistência à 
saúde: aprofundando a descentralização com eqüidade no acesso – Norma 
Operacional de Assistência à Saúde 01/2001. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. 
Disponível em:<http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/Noas%2001%20de% 
47 
 
202001.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2010. 
 
 
BRASIL. Secretaria de Atenção à saúde. Sistema de Informações Ambulatoriais 
do Sistema Único de Saúde - SIA/SUS. Bases técnicas para autorização de 
procedimentos de alta complexidade. APAC – oncologia. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2003.

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