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6 EPIDEMIOLOGIA HIGIENE E PROFILAXIA Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 165 - Ora! Ora! Que falta de educação a minha. Comecei a falar e esqueci-me de me mostrar. - Bem aqui estou. Eu sou o “Zé saúde”. INTRODUÇÃO Ao longo dessa disciplina iremos contar com a ajuda do nosso mascote chamado “Zé saúde”. Ele irá nos ensinar o que é a epidemiologia, o que ela faz e a sua importância para o processo saúde-doença, através de dicas e perguntas. - E aí “Zé saúde”? O que é mesmo Epidemiologia? - Bem..., de acordo com Daisy Leslie Steagall Gomes, a epidemiologia é o estudo de todas as condições que afetam ou se relacionam com a situação de saúde de uma população. Incluindo-se aí, entre outras: a ocorrência de doenças de um modo geral (morbidade, mortalidade, incapacidade); o estudo de relações causais; a distribuição, a qualidade e adequação dos serviços de saúde; a vigilância do processo saúde-doença; pesquisas clínicas, testes terapêuticos e outros. Quero continuar relatando segundo Rouquayrol, que é a ciência que estuda o processo saúde- doença na comunidade, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades e dos agravos à saúde coletiva, sugerindo medidas específicas de prevenção, controle e erradicação. Esse é o conceito que eu mais gosto. Em nossos estudos trataremos a epidemiologia como o nosso eixo de ligação com a saúde pública que intervém buscando evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental. Ela persegue a observação exata, a interpretação correta, a explicação racional e a sistematização dos eventos de saúde-doença em nível coletivo, orientando, portanto, as ações de intervenção. Essas ações de intervenção abrangem o trabalho dos diversos profissionais de saúde no âmbito das prevenções que são: primária, secundária e terciária. Chegamos à conclusão de que não se faz saúde sem prevenção e qual o melhor modo de nos prevenirmos do que mantermos tudo limpinho? Então vamos logo começar a falar de prevenção. 1- PREVENÇÃO PRIMÁRIA É o conjunto de ações que visam evitar a doença na população, removendo os fatores causais, ou seja, visam à diminuição da incidência da doença. Tem por objetivo a promoção de saúde e proteção específica. São exemplos: a vacinação, o tratamento de água para o consumo humano, medidas de desinfecção e desinfestação, ou de ações para prevenir a infecção por HIV como distribuição de preservativos e palestras. http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/images/Gilparc.jpg&imgrefurl=http://eealipiodebarros.blogspot.com/2009/10/blog-post.html&usg=__pqGa6iRoM1VXTRRnPTF5yz_qAQI=&h=1162&w=1387&sz=132&hl=pt-br&start=21&zoom=1&tbnid=-7KI-AogpO3chM:&tbnh=126&tbnw=150&ei=uLBITbj_BIHegQfh18nzBQ&prev=/images?q=mascotes+da+saude&start=20&hl=pt-br&sa=N&gbv=2&tbs=isch:1&itbs=1 Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 166 SAÚDE: bem- estar físico, social e mental de cada indivíduo. Então vamos c Prevenção é o mesmo que falarmos de medidas profiláticas e não há mais nada profilático do que a higiene. Hoje em dia se fala muito, mas ainda se pratica pouco esse hábito. Higiene exige ações de educação que começam em casa e devem se expandir até os nossos governantes. Hábitos se tornam rotinas que devemos passar para as gerações futuras, assim como, aprendermos a exigir saneamento básico e aterros sanitários. No século XVIII não se usava o termo higiene que vem do grego hygeinos, que significa o que é saudável, usavam os termos cuidado ou conservação. A partir do início do séc XIX o termo higiene começou a ser difundido e até hoje ele está agregado à saúde, como parte imprescindível da prevenção. Sem higiene sem saúde. Dentro da prevenção primária abordaremos formas de higiene como profilaxia. ENTENDENDO DE HIGIENE E PROFILAXIA Higiene são todas as ações que praticamos para manter nossa saúde física e mental. Profilaxia é a prática dessas ações. 1.2- OBJETIVOS DA HIGIENE Prevenção. Melhorar as condições de vida aumentando a saúde e vitalidade de cada indivíduo, através dos hábitos de limpeza. Promover conforto e bem-estar físico e mental. Eliminar odores. Eliminar microorganismos. 1.3- TIPOS DE HIGIENE Individual. Coletiva. Mental. Trabalho. http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/images/Gilparc.jpg&imgrefurl=http://eealipiodebarros.blogspot.com/2009/10/blog-post.html&usg=__pqGa6iRoM1VXTRRnPTF5yz_qAQI=&h=1162&w=1387&sz=132&hl=pt-br&start=21&zoom=1&tbnid=-7KI-AogpO3chM:&tbnh=126&tbnw=150&ei=uLBITbj_BIHegQfh18nzBQ&prev=/images?q=mascotes+da+saude&start=20&hl=pt-br&sa=N&gbv=2&tbs=isch:1&itbs=1 Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 167 1.4- PRATICANDO A PROFILAXIA A higiene pessoal faz parte da auto-estima, trazendo benefícios para o corpo e a mente. Em um paciente internado ou acamado essa auto-estima deve ser mantida e é o profissional de enfermagem que deverá executá-la, transpondo ao paciente a sensação de conforto e bem-estar. É durante a prestação de cuidados simples como o de higiene, que se forma a relação de um binômio difícil de ser dissociado, “gente cuidando de gente”. É o surgimento de uma enfermagem humanizada que tem como ponto chave de comunicação o toque. Passando a transmitir sentimentos de carinho e mudando uma prática cultural de convivência no relacionamento enfermagem X paciente. Além da higiene pessoal que será abordada mais na frente devemos destacar a higiene do trabalhador. Higiene essa que não é só pessoal, mas coletiva, devido ao trabalho de equipe; mental, precisamos estar com a mente sã para desenvolvermos trabalho de qualidade e a higiene do trabalho, que deve apresentar condições seguras para executarmos os procedimentos. 1.4.1- HIGIENE INDIVIDUAL Inicialmente, discorreremos sobre os principais meios de que dispomos para ter ou manter uma saúde adequada, tanto individual como coletivamente, segundo uma perspectiva que privilegia a saúde da coletividade. Muitas pessoas acreditam que para se ter saúde basta manter uma boa alimentação e evitar vícios que afetam o organismo. Outras, que a saúde depende de acesso a bons serviços de prestação de assistência pública ou privada. Apesar desses fatores - e muitos outros, em conjunto – serem indispensáveis para alcançarmos condições ideais de vida com saúde, faz-se necessário ressaltar que a higiene é um dos mais importantes para assegurar tais condições. No nível das ações individuais, para que as pessoas optem por adotá-las, faz-se necessário que saibam de sua importância e tenham condições de utilizá-las. Daí a relevância da educação e orientação para a saúde transmitidas nas esferas familiar, cultural e das ações governamentais. Considerando-se o permanente inter-relacionamento do homem com os seus semelhantes e o meio ambiente, amplia-se sua responsabilidade no campo da higiene. Assim, ao nos referimos à higiene e sua relação com as condições de saúde da população não podemos pensar apenas na dimensão da responsabilidade individual. Conseqüentemente, o conceito de higiene deve incorporar a dimensão social, que abrange os fatores econômicos e políticos, redundando na responsabilidade governamental. Abaixo descreveremos algumas medidas de higiene individual bem como, a participação da enfermagem com suas técnicas em algumas delas. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante SantaJuliana. ..........................................................Epidemiologia 168 Ações de higiene pessoal são aquelas que estão ao alcance do indivíduo. Dependem de seu próprio conhecimento e ou interesse em agir. 1.4.1.1 – Banho O banho deve ser realizado diariamente quantas vezes forem necessárias. Deve se incluir a higiene do couro cabeludo e das partes íntimas. O banho realizado pela enfermagem é chamado de banho no leito e só é realizado quando o paciente é acamado. Realizando a higienização do nosso corpo, estamos fazendo uma profilaxia que evita, micoses, piolhos, sarnas, etc. 1.4.1.2- Higiene dental O técnico de enfermagem deve incentivar a escovação após as refeições, mas quando o paciente esta impossibilitado de realizá-la o profissional de enfermagem é que deve fazê-la seguindo as seguintes orientações que serão estudadas em fundamentos de enfermagem. 1.4.1.3- Cortando as unhas As unhas funcionam como proteção ao nosso corpo, mas também acumulam sujidades, manter a sua higiene é fundamental. http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/_YpCGeWGXBKA/SsNPnb6ctgI/AAAAAAAABxU/_V60r65B2uA/s320/71897702.jpg&imgrefurl=http://folhaestudantilcom.blogspot.com/2009/08/educacao-e-higiene-uma-combinacao.html&usg=__0Umt3JiopO9FhuJRzaO468VWS7c=&h=320&w=293&sz=30&hl=pt-br&start=2&zoom=1&tbnid=mctno-nxfHBq6M:&tbnh=118&tbnw=108&ei=u8w1TfeGGc_qgQfJ1IyoCw&prev=/images?q=higiene+do+couro+cabeludo&hl=pt-br&gbv=2&tbs=isch:1&itbs=1 http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/images/Gilparc.jpg&imgrefurl=http://eealipiodebarros.blogspot.com/2009/10/blog-post.html&usg=__pqGa6iRoM1VXTRRnPTF5yz_qAQI=&h=1162&w=1387&sz=132&hl=pt-br&start=21&zoom=1&tbnid=-7KI-AogpO3chM:&tbnh=126&tbnw=150&ei=uLBITbj_BIHegQfh18nzBQ&prev=/images?q=mascotes+da+saude&start=20&hl=pt-br&sa=N&gbv=2&tbs=isch:1&itbs=1 Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 169 1.4.1.4- lavagem das mãos As mãos são as maiores fontes de abrigo de microorganismos como as bactérias. É necessário que se adquira o hábito de sua lavagem com freqüência evitando assim a disseminação de doenças. O técnico de enfermagem deve aprender a lavar as mãos na técnica que será descrita abaixo, dessa forma se evita a infecção cruzada. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 170 Mas a quem, afinal, compete à responsabilidade pela saúde? 1.4.2- HIGIENE COLETIVA Podemos tratar a higiene coletiva como a higiene de todos, ou seja, todos somos elementos ativos na manutenção do bem-estar social. Para que esse bem-estar social seja promovido o governo deve estar atento as necessidades da coletividade, povo e meio ambiente. A crescente urbanização desordenada que traz como lema o progresso a qualquer custo, traz consigo conseqüências para a população e o meio. A falta de educação e da concretização de políticas de saúde mais sérias causa um mal-estar social só vai passar quando o homem, enquanto indivíduo desejar mudar. Então vamos começar a pensar em cobrar as políticas públicas já existentes, para uma higiene coletiva eficaz. Dentre as políticas públicas de ação para a coletividade, destacaremos o saneamento básico e a ação da vigilância sanitária. 1.4.2.1 – Saneamento básico O conceito de saneamento utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o controle de todos os fatores do meio físico que exercem ou possam exercer efeito nocivo sobre o bem-estar físico, mental ou social das pessoas. Muitas doenças ocorrem pelo desconhecimento da forma ideal de cuidar do meio ambiente e do destino dado aos dejetos (lixo, fezes). Por outro lado, apesar de várias pessoas possuírem esse conhecimento, não lhe dão o devido valor e continuam a agir como se seu comportamento não provocasse sérias conseqüências para sua saúde, a de sua família e a da coletividade. Dizemos que essa responsabilidade envolve a parceria governo/sociedade. Ou seja, o governo deve garantir o serviço de coleta de lixo; e o cidadão, embalar o lixo que produz e colocá-lo em local adequado para coleta. Assim, as atividades relacionadas ao saneamento exigem responsabilidades tanto governamentais como individuais. Vejamos um exemplo bastante comum que exemplifica este raciocínio: alguém que desconheça a importância do uso da água limpa e do vaso sanitário pode utilizar a água de rio para beber e tomar banho. Nesses atos, pode vir a contrair, por exemplo, diarréia. Ao defecar perto do rio, permitirá que o ciclo da doença continue, pois a chuva fará com que as fezes, portadoras do agente causador, também contaminem a água. Assim, a próxima pessoa a usar a água desse rio também se contaminará. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 171 Portanto, é responsabilidade de cada um conhecer o ambiente em que vive. Por outro lado, é responsabilidade do governo prover os meios de formação das pessoas, garantindo-lhes acesso a escolas e centros comunitários, além de investir na construção de estações de tratamento de água e esgoto. Essas responsabilidades governamentais estão claramente contidas na Constituição de 1988, que faz referência ao saneamento básico. Agora que você sabe a importância do saneamento para a saúde, faz-se necessário conhecer suas principais atividades: - abastecimento de água; - afastamento de dejetos (sistemas de esgoto); - coleta, remoção e destinação final do lixo; - drenagem de águas pluviais; - controle de insetos e roedores; - higiene dos alimentos; - controle da poluição ambiental; - saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recreação; - saneamento aplicado ao planejamento territorial. Sistemas de abastecimento de água O abastecimento de água pode ocorrer por alternativas individuais ou coletivas. No nível individual, utiliza-se mais comumente a coleta direta de água em rios, represas, lagoas, fontes naturais, etc.; reserva de água da chuva e construção de poços. Coletivamente, a forma ideal é o sistema público de abastecimento de água, desenvolvido em algumas etapas: a primeira, de grande importância, é a captação da água, em rios, lagos, represas, lagoas, etc. Em seguida, necessita ser transportada até uma estação de tratamento, geralmente por tubulações, para que seja adequadamente limpa (retirada de impurezas) para utilização. Devidamente tratada, precisa ser armazenada em reservatórios. Destes, pelas chamadas redes de distribuição, chega à população, suprindo suas necessidades. Em nosso estado cada município tem o órgão responsável pelo sistema de abastecimento de água. Em Maceió é a CASAL e no interior o SAAE. Será que esse abastecimento esta satisfazendo à nossa população? E será que a população tem cuidado bem da água? Cada um precisa começar a fazer a sua parte. Conscientize-se de que a água é o maior bem da humanidade, sem ela a vida se torna impossível. Cada um de nós tem responsabilidade pela conservação de nossas riquezas hídricas. Esgotamento sanitário A construção do sistema público de esgotamento sanitário tem como objetivos: a coleta do esgoto individual ou coletivo; o transporte e afastamento rápido e seguro do esgoto, seja através de fossas ou de sistemas de redes coletoras; e o tratamento e disposição final, isto é, o destino a ser dado ao esgoto tratado. Na sua inexistência, pode-se utilizar a construção de fossa séptica, que recebe os dejetos transportados através da água, ou seca, que recebe os dejetos diretamente, sem água. Você parou para pensar que ao lavarseus pratos, tomar banho ou utilizar o banheiro gera certa quantidade de dejetos? E que estes devem ser processados no sistema de esgoto? A partir de agora, ao realizar essas atividades, lembre-se do quanto estão relacionadas com o uso da água, ou seja, com o sistema de abastecimento de sua cidade. Na falta de um sistema coletivo de abastecimento de água ou incerteza de que a água esteja qualificada para consumo humano, podem-se adotar medidas caseiras como a filtração, fervura (por 10/15 minutos) e utilização de produtos à base de cloro. Lembre-se: apenas 1% da água em todo o mundo é potável. Saneamento: conjunto de medidas que tem por objetivo alcançar níveis de saúde no mínimo satisfatórios, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição de esgotos e lixo e de educação da população para a saúde, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida, tanto nos centros urbanos como nas comunidades rurais. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 172 O lixo e o controle de vetores O lixo, também chamado resíduo sólido, é todo o resto de qualquer produto produzido e jogado fora – tanto de residências como de atividades sociais ou industriais. Na saúde pública, representa fator indireto de transmissão de doenças, pois polui o meio ambiente e gera conseqüências adversas. Seu acúmulo em locais não apropriados propicia a proliferação de vetores que nele encontram alimento, abrigo e condições favoráveis, ocasionando doenças ao homem. Mas como podemos livrar-nos dos vetores associados ao lixo? A resposta parece simples: devemos acondicionar e desprezar, de maneira adequada, o lixo produzido em nossa casa ou trabalho. Nessa fase, mais uma vez deparamo-nos com algo que envolve não apenas a responsabilidade individual, mas também a governamental. E aí a coisa deixa de ser simples - por exemplo, se colocarmos o lixo em sacolas resistentes e adequadamente fechadas, mas a Prefeitura não o recolher, nosso problema persiste. Assim, para que a limpeza pública seja considerada eficaz, faz-se necessário cumprir quatro etapas: adequado acondicionamento do lixo, limpeza das ruas, coleta e transporte e seu tratamento ou disposição final. Destino do lixo O aterro sanitário consiste em enterrar o lixo após sua compactação, cobrindo-o com camadas de terra. Para funcionar, exige cuidados e técnicas específicas, realizados por engenheiros autorizados, e o respeito a determinadas recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A incineração consiste na queima do lixo, com o intuito de reduzir seu peso e volume. É boa alternativa quando: da inviabilidade de se fazer o aterro sanitário; há expressiva quantidade de resíduos não-infectados; há uma distância significativa entre o local de coleta e o de sua disposição. Os depósitos coletivos são grandes vasilhames destinados ao depósito de lixo, para utilização comunitária. Um de seus inconvenientes é a necessidade regular de sua coleta, e sua destinação final. A compostagem é a transformação de resíduos orgânicos presentes no lixo, mediante processos físicos, químicos e biológicos - o que resulta em excelente adubo. Reciclagem do lixo A técnica de reciclagem representa, hoje, uma tentativa de diminuição do desperdício e acúmulo de poluentes que podem ser recuperados. Dentre suas principais vantagens, destacam-se: - redução do custo da coleta; - aumento da vida útil dos aterros sanitários, tendo em vista a diminuição da quantidade de lixo para eles encaminhado; - reutilização de produtos descartados; - redução do consumo de energia das fábricas; - diminuição dos custos de produção, decorrente do reaproveitamento dos produtos. Agora, ao presenciar alguém despejando lixo nas ruas, certamente você terá conhecimento dos problemas que tal ato pode causar à comunidade. De posse desse saber, cabe-lhe agora o papel de multiplicador dessas informações em sua comunidade, afinal o Zé saúde tem certeza de que você como estudante de enfermagem não é um dos que contribui com a sujeira jogando lixo na rua. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 173 Conjunto de ações que visam identificar e corrigir o mais precocemente possível qualquer desvio da normalidade de forma a colocar o indivíduo de imediato na situação saudável, ou seja, tem como objetivo a diminuição da prevalência da doença. Visam ao diagnóstico, ao tratamento e à eliminação do dano. 1.4.2.2 – Vigilância Sanitária Processo social e político de reorientação e reorganização das práticas de saúde para transformação da atual situação sanitária. Objetivo: proteger a saúde e evitar a ocorrência de agravos através do acompanhamento do cumprimento dos padrões adequados aos grupos de fatores de risco. Ações: Normatização e controle da prestação de serviços e atividades que direta ou indiretamente se relacionam com a saúde; Normatização e controle da industrialização, transporte, comercialização e uso de produtos de interesse sanitário; Normatização e controle sobre o meio ambiente e as condições de trabalho. 1.4.3 HIGIENE MENTAL E DO TRABALHADOR Devemos partir do ponto de que a higiene do trabalhador se faz na mente e no corpo. Na mente proporcionando educação em saúde para a formação da consciência crítica à respeito de saber identificar os problemas de saúde que possam atingir o corpo e estimular a busca de soluções para a ação individual e coletiva. Atualmente muitos locais de trabalho higienizam a mente com atividades diversificadas da rotina diária do trabalhador, como a ginástica e a música. A higiene do trabalhador é adquirida através do uso correto das EPIs e do seu conhecimento sobre o risco que determinadas técnicas e procedimentos podem oferecer, prevendo sempre e não achando que nunca irá acontecer um acidente de trabalho consigo. O Zé Saúde nos mostra quais os riscos que mais acomete o auxiliar e o técnico de enfermagem. 2-PREVENÇÃO SECUNDÁRIA As ações secundárias ocorrem quando as primárias não funcionaram. Podemos citar como exemplo a realização de citologia para identificar o câncer de colo uterino, as internações hospitalares para curar uma doença, etc. Para se aprofundar na prevenção secundária é necessário conhecimento do que são doença, seus modos de transmissão e os fatores que podem influenciar na sua ocorrência. Lombalgia, acidentes com material perfuro cortante, contato com produtos químicos, contato com secreções e eliminações, estresse, irritação, cansaço e desânimo. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 174 DOENÇA – é a ausência do bem-estar físico, social e mental de um indivíduo. 2.1. – DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E MODO DE TRANSMISSÃO As doenças podem ser infecciosas e não-infecciosas. As infecciosas são assim chamadas porque resultam de uma infecção, causada por um agente infeccioso, transmitida ou não por um vetor. As não-infecciosas serão todas aquelas que não resultam de uma infecção. Para discutirmos melhor o processo saúde x doença é necessário entendermos alguns conceitos dos indicadores de saúde. Epidemia: ocorre quando os surtos de uma doença, por um curto período de tempo, acometem uma população. Endemia: quando uma doença ocorre com freqüência em uma determinada região acometendo sempre um grande número de habitantes. Pandemia: caracterizam-se quando uma epidemia surge numa determinada zona e se espalha globalmente num período de seis a nove meses. Mortalidade: determina o número geral de óbitos de um determinado período de tempo em relaçãoà população. Morbidade ou morbilidade: taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. Letalidade: expressa o número de óbitos em relação à determinada doença ou fato e em relação à população. Infestação: é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou vestes. Infecção: penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no homem ou animal. Infecção inaparente: presença de infecção num hospedeiro (homem ou animal), sem o aparecimento de sinais e sintomas clínicos. Incidência: freqüência com que uma doença ou fato ocorre num período de tempo definido e em relação à população (apenas casos novos). Contaminação: presença de um agente infeccioso na superfície do corpo, roupas, brinquedos, água, leite, alimentos, etc. Agente infeccioso: ser vivo pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário ou helminto, causando um estado patológico no hospedeiro. Prevalência: número de casos que existe num determinado momento em uma população. Letalidade: é a razão entre o número de óbitos cuja causa foi uma determinada doença e o número total de casos dessa doença durante o mesmo período. Surto: ocorrência de uma doença num espaço delimitado, como colégio. Período de incubação: intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença respectiva. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 175 Período de transmissibilidade: período durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra. Infectividade: capacidade que alguns têm de causar infecção. Patogenicidade: qualidade que o agente infeccioso tem, nos hospedeiros infectados de produzir sintomas numa maior ou menor quantidade. Virulência: capacidade de um agente infeccioso produzir casos graves ou fatais. Doença contagiosa: doenças infecciosas cujos agentes etiológicos atingem os sadios pelo contato direto com os indivíduos infectados. Doença quarentenável: doenças que levam o indivíduo ao isolamento de suas atividades diárias durante o período de incubação da doença. MODOS DE TRANSMISSÃO TRANSMISSÃO DIRETA: o contágio direto acontece quando o patógeno é transmitido diretamente de pessoa a pessoa, como nos casos de gripe, quando tosse e espirros propagam o vírus para pessoas mais próximas, ou através de beijos e relações sexuais. TRANSMISSÃO INDIRETA: ocorrem através da água, alimentos, sangue, secreções ou objetos contaminados (fômites) com microorganismos patogênicos. Patógenos causadores de diarréia, hepatite A e poliomielite podem ser transmitidas via água ou alimento contaminado com matéria fecal de pessoas doentes e também quando o vírus da imunodeficiência humana (HIV) é transmitido através de transfusão de sangue. TRANSMISSÃO VIA VETORES: são denominados “vetores” os animais que transportam microorganismos e que potencialmente podem transmiti-los a indivíduos sadios. Os vetores são classificados em mecânicos e biológicos. Os vetores mecânicos são aqueles que simplesmente transportam microorganismos adquiridos do ambiente nas superfícies de seus corpos ou aparelhos bucais e que, tendo entrado em contato casual com outro animal ou humano podem contaminá-los com microorganismos que transportam. Esses microorganismos podem ou não causar doenças. Os vetores biológicos são aqueles que transportam em seus órgãos internos algum tipo de microorganismo patogênico que se vale do vetor para realizar o seu ciclo vital, utilizando-o como hospedeiro intermediário e que são transmitidos a outros animais ou humanos, então denominados de hospedeiros definitivos. TRANSMISSÃO MATERNAL: microorganismos presentes na circulação sanguínea de mulheres grávidas podem atingir o feto via placenta como acontece com o vírus da rubéola, do sarampo e do HIV, ou através do aleitamento materno, no caso do HIV. Nestes casos a doença é dita ter causas congênitas e não deve ser confundida com causas hereditárias. CICLO DE TRANSMISSÃO Meio ambiente vetor (hospedeiro intermediário) Doença Hospedeiro definitivo (indivíduo suscetível) Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 176 De acordo com o ciclo de transmissão, podemos observar que o que se transmite é o agente infeccioso, encontrado normalmente no meio ambiente. Este agente infeccioso vai à procura de uma espécie suscetível onde ele possa se multiplicar e desenvolver a doença, podendo essa transmissão se dar diretamente do meio ambiente para a espécie suscetível ou utilizar-se de um veículo, nesse caso, chamado de vetor. RESISTÊNCIA: sistema de defesa com o qual o organismo impede a multiplicação de agentes infecciosos que o invadiram. Capacidade de resistir à doença. IMUNIDADE: produção de anticorpos pelo organismo pode ser natural ou artificial. IMUNIDADE PASSIVA ATIVA NATURAL Adquirida por via transplacentária. Adquirida em conseqüência da doença. ARTIFICIAL Adquirida por aplicação de anticorpos específicos. Adquirida por aplicação de frações ou produtos do agente infeccioso. SUSCETIBILIDADE: termo aplicado ao indivíduo que não possui resistência ao agente patogênico. 2.2- FATORES QUE INFLUENCIAM A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS Alimentação; Educação; Condições de trabalho; Condições de vida; Violência; Meio ambiente; Baixa imunidade. 2.3- AGRAVOS A SAÚDE DA POPULAÇÃO Delinqüências; Prostituição; Doenças ocupacionais; 3-PREVENÇÃO TERCIÁRIA Como exemplo, podem-se citar ações de formação a nível de escolas e ou locais de trabalho que visem anular atitudes fóbicas em relação a um indivíduo infectado pelo HIV. Outro exemplo, a nível da saúde ocupacional, seria a reintegração daquele trabalhador na empresa, caso não pudesse continuar a exercer, por razões médicas, o mesmo tipo de atividades. Para entendermos as formas de profilaxia é necessário sabermos de nossos direitos e deveres e conhecermos a nossa política nacional de saúde – O SUS. é o conjunto de acções que visam reduzir a incapacidade de forma a permitir uma rápida e melhor reintegração do indivíduo na sociedade, aproveitando as capacidades remanescentes. Poderia ser encarada como reabilitação do indivíduo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola http://pt.wikipedia.org/wiki/Fobia http://pt.wikipedia.org/wiki/VIH http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_ocupacional http://pt.wikipedia.org/wiki/Incapacidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Indiv%C3%ADduo http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 177 4- CONHECENDO O SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Discutirmos o sistema único de saúde atual é trazermos a tona uma problemática nacional do uso irracional desse sistema, é falarmos que os princípios ao qual ele – SUS – foi gerado está corrompido pela massa e por todos os que compõem o sistema. Na teoria o SUS é o melhor planejamento de saúde ofertado do mundo, mas em sua prática, manter a ineficácia do sistema gera dinheiro, muito dinheiro. Para discutirmos essa política nacional é necessário sabermos como ela surgiu e em cima de quais ideologias foi criada. Essa política reflete-se na organização das ações e práticas de saúde, cujo princípio é a assistência individual, em lugar da coletiva. Sua lógica é garantir o corpo sadio em condições de produzir. O movimento da ReformaSanitária, concebido durante os anos 70, contrapõe-se a essa forma de pensar e agir sobre as questões da saúde. A estratégia de romper com o modelo assistencial – que prioriza o atendimento ao indivíduo, desvinculado do meio em que este está inserido – e encontrar um sistema de saúde que atendesse às necessidades da população sem distinção de raça, gênero, faixa etária e renda era o grande desafio do movimento. Enfatizar que a Reforma Sanitária é um processo significa compreendê-la como algo em ebulição, criado e recriado a cada momento, dependendo da organização, disponibilidade coletiva e da situação apresentada, por correlação de forças políticas, econômicas, sociais e institucionais. Assim pensando, não há condições de se imaginar que de um dia para outro se pudesse afirmar: “Aqui começa a Reforma Sanitária”. No caminho, houve lutas, transformações, perdas, ganhos. Participação de movimentos de trabalhadores, políticos, estudantes, servidores públicos, empresários e outros atores sociais, compreendendo o poder dessa participação nas definições das políticas públicas de educação, habitação, renda e lazer de uma nação. O que fundamentalmente caracteriza as mudanças na política de saúde no período 1980/90 é que elas ocorreram durante profunda crise econômica. O país via-se mergulhado na inflação, recessão e desemprego, o que coincidia com seu processo de redemocratização. A partir de 1987, com a criação, por decreto federal, dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde – SUDS, que deram origem a convênios específicos firmados entre a União e os estados, a saúde passou a gozar de maior relevância no cenário nacional, culminando com a Carta Constitucional de 1988, que criou um sistema de seguridade social com três áreas solidárias, mas distintas entre si: a saúde, a previdência social e a assistência social. “O direito à saúde – definida como direito de todos e dever do Estado no artigo 196 da Constituição Federal de 1988 - foi regulamentado no ato da publicação das Leis nº 8.080 e 8.142, ambas de 1990 e que passaram a denominar-se, em conjunto, Lei Orgânica da Saúde – LOS. Leis de caráter geral que traçam diretrizes e garantem: a) políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença; b) o acesso a serviços de saúde que visem a promoção, proteção e recuperação da saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS), legalmente instituído no conjunto de leis referidas, ampliou o conceito de saúde articulando-a fortemente à questão ambiental, à democratização nas tomadas de decisão com participação popular e à reafirmação do poder municipal. Essa ampliação limitou a expansão da assistência médico-hospitalar e a cultura da medicalização, invertendo a idéia de que saúde é a ausência de doença. A saúde passa, então, a ter como fatores determinantes e condicionantes, dentre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento, o ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Assim, não é mais o caso de se pensar em garantir saúde, exclusivamente, pela ausência de doença. A sociedade exige ações interativas, solidárias e integrais que associem as realidades locais, na área econômica e político-institucional, assegurando direitos e deveres, liberdade e participação. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 178 Esse Sistema estabeleceu de forma inovadora três conceitos basilares: a unificação das instituições que atuam na área de saúde – como meio de integrar ações e serviços; a democratização – como garantia a todo cidadão do acesso igualitário aos serviços e a atenção à saúde; a descentralização – como possibilidade de direção única em cada esfera de governo, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios, colocando-os mais próximos do usuário. Desse modo, definiram-se as atribuições e competências de cada esfera de governo: Esfera federal – a ela compete: “formulações de políticas nacionais de planejamento, normatização, avaliação e controle do sistema em seu âmbito; apoio ao desenvolvimento científico, tecnológico e de recursos humanos; coordenação das ações de educação para a saúde; regulação do SUS de abrangência nacional; cooperação técnica e financeira; regulação das relações entre órgãos públicos e privados; regulação da atividade privada; acompanhamento e análise de tendências do quadro sanitário nacional, dentre outros”. Esfera estadual – a ela cabe “a formulação da política estadual de saúde; a coordenação e o planejamento; a formulação e a coordenação da política de investimentos setoriais em seu âmbito; a coordenação da rede de referência estadual e a gestão do sistema de alta complexidade; a coordenação estadual das ações de vigilância sanitária, epidemiológica, de educação para à saúde, dos hemocentros e da rede de laboratórios de saúde pública; o estabelecimento de padrões de atenção à saúde no seu âmbito, dentre outras”. Esfera municipal – a ela compete “a provisão das ações e serviços de saúde, envolvendo a formulação de políticas de âmbito local e o planejamento, execução, avaliação e controle das ações e serviços de saúde, quer sejam voltadas aos indivíduos, ao coletivo ou ao ambiente, inclusive a educação para a saúde e os processos de produção, distribuição e consumo de produtos de interesse para a saúde”. Esse grau de união entre as três esferas determina um modelo de atenção à saúde para o SUS que tem por objetivo estruturar as práticas de saúde propostas para a sociedade brasileira. Em termos práticos, o modelo de atenção contém as orientações básicas para o desenvolvimento das práticas de saúde em nível local, regional e nacional. Nessa dinâmica, a construção do SUS sustenta-se nos princípios de eqüidade, integralidade, universalidade, descentralização e controle social da atenção à saúde. O princípio da eqüidade dispõe sobre a igualdade no direito a assistência à saúde, definida com base nas situações de risco, condições de vida e estado de saúde da população. O princípio da integralidade orienta as práticas de saúde pela visão integral do homem, de tal forma que o estado dos indivíduos e da coletividade seja considerado como resultantes das condições de vida expressas em aspectos como educação, lazer, renda, alimentação, liberdade, condições de trabalho, relação com o meio ambiente, habitação, etc. O princípio da universalidade garante o acesso de todo cidadão aos bens e serviços produzidos na rede de atenção à saúde, independente de vínculo empregatício ou de contribuição previdenciária, sem preconceitos ou privilégios. Pelo processo de descentralização promove-se a redistribuição do poder, nas suas vertentes técnica, política e administrativa no âmbito das práticas de atenção à saúde, entre os três níveis político- administrativos do SUS – federal, estadual e municipal, cujas atribuições foram anteriormente detalhadas. Portanto, compreende-se a descentralização como um processo de transferência de responsabilidade e recursos da União para os estados e destes, principalmente, para os municípios, onde deve constituir-se a maior parte da estrutura assistencial em saúde. Segundo as diretrizes do SUS, a redistribuição de poder entre as esferas de governo complementa- se pela participação popular e o controle social. Escola de Enfermagem e Centro de Ensino Profissionalizante Santa Juliana. ..........................................................Epidemiologia 179 Entende-se controle social como um conjunto de práticas que visam ao exercício da cidadania e à garantia do acesso do cidadão a informações sobre saúde. Imaginemos que cada cidadão, nesse novo contexto, possa formular propostas de reestruturação para o sistema de saúde, do planejamento à execução, intervindo na definição das políticas Nacional, Estadual e Municipal legalmentelegitimado nas Conferências de Saúde, que devem ser realizadas a cada dois anos. Nos municípios, além do Conselho Municipal podem-se encontrar dois outros fóruns de participação: o Conselho Distrital - que representa determinada região local - e o Conselho Gestor - que controla o funcionamento das unidades de saúde. Desde a criação do SUS, dois pontos polêmicos marcam as discussões: o financiamento do Sistema e a composição paritária dos Conselhos. O art. 35, vetado na lei nº 8.080/90 e reeditado na 8.142, dispõe sobre o financiamento para a saúde no orçamento fiscal de cada esfera de governo, atrelando a liberação de recursos à criação de plano de cargos, carreiras e salários; à existência de fundos e de Conselhos; ao plano de saúde e à elaboração anual de um relatório de gestão. As dificuldades de adequação do poder municipal para cumprir as exigências acima descritas levaram os gestores de saúde a idealizar normas operacionais redefinindo toda a lógica do financiamento e, conseqüentemente, da organização do SUS, consolidando um sistema de pagamento por produção de serviços ao setor público. Atualmente, o financiamento do sistema de saúde é regulado através de critérios que levam em consideração o número de habitantes por região, os tipos de doenças que mais acometem a população, o quantitativo de unidades de saúde, e o desempenho técnico, econômico e financeiro do município no período anterior. Os valores hoje pagos por procedimentos - vacinas, curativos, inspeção sanitária, visita domiciliar, consultas em especialidades médicas básicas (clínica médica, pediatria, gineco-obstetrícia e pequena cirurgia ambulatorial) - e os procedimentos preventivos de odontologia seriam repassados a todos os municípios habilitados na “gestão plena do básico”, a partir de um valor por pessoa residente em um determinado município. Desse modo, os municípios teriam condições de articular o conjunto das propostas, programas e estratégias que vêm sendo definidos no nível federal e em vários estados, tomando como referenciais instrumentos financeiros como o PAB (Piso de Atenção Básica); gerenciais e técnico-operacionais, a exemplo da Programação Pactuada Integrada (PPI), do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), do Programa Saúde da Família (PSF) e do Programa de Vigilância à Saúde (VIGISUS), que possibilitam a construção de um modelo fundamentado na promoção da qualidade de vida. Uma das formas mais atuais de reorganização do sistema de saúde local é a estratégia de Saúde da Família, que tem como objetivo deslocar o enfoque da assistência hospitalar individualizada para uma assistência coletiva, nos diversos níveis de atenção à saúde. Uma condição básica para o sucesso dessa estratégia é a mudança na política de formação de recursos humanos na área de saúde e outras afins. Enfim, toda a reorientação e os princípios legais estabelecidos na Política Nacional de Saúde no Brasil são instigantes e provocam reflexões, tais como: o que é desejável e necessário no sistema de saúde de seu município? Quais os grandes obstáculos na implantação do SUS e como superá-los? “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de examinar com atenção a vida real, de confrontar nossa observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias.” Lênin – Sonhos acreditem neles.
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