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TRABALHO DE SAUDE PUBLICA

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE 
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA 
O Impacto de Pandemia Covid-19 Como uma Emergência Internacional de Saúde Pública: Caso de Moçambique no período 2019-2020 
Nome do estudante
Nampula, Junho de 2020
i
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE 
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA 
O Impacto de Pandemia Covid-19 Como uma Emergência Internacional de Saúde Pública: Caso de Moçambique no período 2019-2020 
Nome
Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Saúde Pública e Ambiente a ser apresentada ao Instituto de Educação à Distância, da Universidade Católica de Moçambique, centro de recursos de Cuamba.
Docente: Dr. Ribeiro Samuel.
Nampula, Junho de 2020
Índice
Introdução	3
1. Abordagem conceitual	4
2. Origem do COVID-19	9
3. Sintomatologia clinica do COVID19 (sinais e sintomas)	10
4. Vias de transmissão do COVID-19	10
5 Princípios ambientais orientadores do processo de gestão de risco da pandemia de COVID-19	10
6. Quadro legal regulatório de gestão de risco da pandemia Covid-19 em Moçambique	12
7. Prioridades na actuação da vigilância ambiental	13
8. O Direito à Saúde no Contexto Político Moçambicano	14
8.1. Direito à Saúde	14
8.2. O Direito à Saúde e Segurança no Meio Ambiente do Trabalho	15
9. Medidas ou estratégias mitigadoras da Pandemia COVID19 com vista o controle da	16
Conclusão	19
Referencia Bibliográfica	20
2
Introdução
O presente trabalho tem como tema: “O Impacto de Pandemia Covid-19 Como uma Emergência Internacional de Saúde Pública: Caso de Moçambique no período 2019-2020”. Esta abordagem surge num momento em que o mundo está enfrentando um grande desafio em termos de gestão dos efeitos nefastos da pandemia do Covid-19, doença que até então é a mais fatal por não ter cura e por ter um nível elevado de contaminação. 
O trabalho tem como objectivo geral avaliar o impacto causado pelo Covid 19 em Moçambique no período compreendido entre 2019 à 2020. Para a concretização deste objectivo levantam-se os seguintes objectivos específicos: Identificar os factores de risco que contribuem na propagação de Convid19 em Moçambique no período 2019-2020; Identificar os impactos causados pelo Covid19 em Moçambique no período de 2019-2020 e Propor medidas de mitigação sob ponto de vista sanitária e ambiental com vista no controlo da pandemia.
O trabalho foi concretizado mercê do uso do método qualitativo por meio da análise bibliográfica que foi usada como principal técnica de estudo. 
1. Abordagem conceitual 
a) Emergência sanitária 
O conceito emergência sanitária foi definido pelo Regulamento Sanitário Internacional no contexto da Assembleia Mundial da Saúde, em 2005 como sendo: 
Um evento que apresente risco de propagação ou disseminação de doenças para mais de um país (Estado ou Distrito), com priorização das doenças de notificação imediata e outros eventos de saúde pública (independentemente da natureza ou origem), depois de avaliação de risco, e que possa necessitar de resposta nacional imediata, (WHA, 2005, p.6). 
Ainda mais de acordo com essa fonte essa definição é legitimada:
· Por constituir um risco de saúde pública para outro Estado por meio da propagação internacional de doenças;
· Por potencialmente requerer uma resposta internacional coordenada.
Assim, os ministérios de Saúde, uma vez que evidenciam condições que coloquem em risco a saúde pública, podem realizar declarações de emergência sanitária que podem ser independentes da declaração nacional de emergência.
As declarações de emergência variam segundo o país e as regiões sanitárias, mas em geral têm características de cobertura por área geográfica ou por áreas sanitárias que não necessariamente correspondem exactamente à divisão política. As medidas que forem adoptadas mediante a declaração de emergência devem ser acatadas e difundidas pelos organismos executores nas suas redes para seu cumprimento.
b) Impacto
Do latim tardio impactus, o impacto é o choque de um objecto contra algo. Dessa forma, o impacto é uma colisão ou choque de um objecto sobre algo. 
Fazendo uma ligação com a pandemia do Covid-19, o impacto seriam as consequências resultantes de seu surgimento, medidas de prevenção assim como da sua propagação no país assim como no mundo. 
c) Vigilância epidemiológica 
Na óptica de Pereira (2005), “vigilância epidemiológica é o registo e observação sistemática e activa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contactos” (p.450). 
O conceito de vigilância como um instrumento de saúde pública surgiu no final do século XIX e ao longo do século XX, houve uma contínua ampliação deste, para dados de outros agravos relevantes para a saúde pública, cabendo à então vigilância à saúde (VS) disseminar regularmente as informações a todas as instituições a quem fossem necessárias para realização de acções intersectoriais.
d) Pandemia 
Uma pandemia (do grego παν [pan = tudo/ todo(s)] + δήμος [demos = povo]) é uma epidemia de doença infecciosa que se espalha entre a população localizada numa grande região geográfica como, por exemplo, um continente, ou mesmo o Planeta Terra, (John, 2005, p.18).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma pandemia pode começar quando se reúnem estas três condições:
· O aparecimento de uma nova doença na população;
· O agente infecta humanos, causando uma doença séria;
· O agente espalha-se fácil e sustentavelmente entre humanos.
Uma doença ou condição, não pode ser considerada uma pandemia somente por estar difundida ou matar um grande número de pessoas; deve também ser infecciosa. Por exemplo, câncer é responsável por um número grande de mortes, mas não é considerada uma pandemia porque a doença não é contagiosa (embora certas causas de alguns tipos de câncer possam ser).
e) Covid 19
COVID-19 é a doença infecciosa causada pelo coronavírus descoberto muito recentemente. Este novo vírus e doença eram desconhecidos até o começo de surto em Wuhan, China, em Dezembro de 2019.
Os coronavírus por sua vez, são uma grande família de vírus que podem causar doenças em animais ou seres humanos.  Vários coronavírus são conhecidos por causarem infecções respiratórias em seres humanos, que variam de constipação normal a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). O coronavírus descoberto muito recentemente causa uma doença chamada de coronavírus COVID-19.
f) Factor de risco
Rouquyrol (1994), refere que factor de risco é qualquer situação que aumente a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde, a exemplo dos múltiplos factores causais das doenças cardiovasculares. O termo risco popularmente, além do sentido de possibilidade ou chance (oportunidade), tem o sentido de perigo, (p.47).
Aliás risco, em epidemiologia é a probabilidade de ocorrência de um resultado desfavorável, de um dano ou de um fenómeno indesejado. Desta forma estima-se o risco ou probabilidade de que uma doença exista através dos coeficientes de incidência e prevalência. Para OMS o factor de risco de um dano são todas as características ou circunstâncias que acompanham um aumento de probabilidade de ocorrência do fato indesejado sem que o dito factor tenha intervindo necessariamente em sua causalidade. 
g) Saúde 
A definição de saúde possui implicações legais, sociais e económica dos estados de saúde e doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. A definição adoptada pela OMS tem sido alvo de inúmeras críticas desde então. Definir a saúde como um estado de completo bem-estar faz com que a saúde seja algo ideal, inatingível, e assim a definição não pode ser usada como meta pelos serviços de saúde. Alguns afirmam ainda que a definição teria possibilitado uma medicalização da existência humana, assim como abusos por parte do Estado a título de promoção de saúde.
Boorse definiu em 1977a saúde como a simples ausência de doença; pretendia apresentar uma definição "naturalista". Em 1981, Leon Kass questionou que o bem-estar mental fosse parte do campo da saúde; sua definição de saúde foi: "o bem-funcionar de um organismo como um todo", ou ainda "uma actividade do organismo vivo de acordo com suas excelências específicas." Lennart Nordenfelt definiu em 2001 a saúde como um estado físico e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias.
As definições acima têm seus méritos, mas, provavelmente, a segunda definição mais citada também é da OMS, mais especificamente do Escritório Regional Europeu: 
A medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objectivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo.
Essa visão funcional da saúde (a ultima) interessa muito aos profissionais de saúde pública, incluindo-se aí os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e os engenheiros sanitaristas, e de atenção primária à saúde, pois pode ser usada de forma a melhorar a equidade dos serviços de saúde e de saneamento básico, ou seja, prover cuidados de acordo com as necessidades de cada indivíduo ou grupo.
h) Doença 
Uma doença é uma condição particular anormal que afecta negativamente o organismo e a estrutura ou função de parte de ou de todo um organismo, e que não é causada por um trauma físico externo. Doenças são frequentemente interpretadas como condições médicas que são associadas a sintomas e sinais específicos. Uma doença pode ser causada por factores externos tais como agentes patogénicos ou por disfunções internas, (OMS apud Myers, 2008).
Em humanos, doença é frequentemente usada amplamente para se referir a qualquer condição que causa dor, disfunção, desconforto, sentimento de incapacidade, anormalidades negativas e problemas sociais ou morte à pessoa afligida, ou problemas similares àqueles em contacto com a pessoa. 
O estudo de doença e chamado patologia, que inclui o estudo de etiologia, ou causa.
Por ter tantos usos e significados diferentes faz-se necessária uma definição pelo uso científico do termo. O conceito de doença compõem-se, segundo Häfner apud Myers (2008), de dois componentes:
i. o distúrbio de funções, grupos de funções ou de sistemas interpessoais;
ii. o estado não é proposital – “doença” implica incapacidade. Além disso ele é formado em diferentes níveis:
· a manifestação;
· o desenvolvimento da doença, que caracteriza o "estar doente" (Kranksein);
· o conhecimento dos órgãos afetados e do contexto patológico, de forma a se compreender como os primeiros níveis se influenciam mutuamente;
· o conhecimento das causas do contexto patológico.
i) Participação social
Conceito genérico usado na Sociologia com o sentido de: 
a. integração, para indicar a natureza e o grau da incorporação do indivíduo ao grupo, e 
b. norma ou valor pelo qual se avaliam tipos de organização de natureza social, económica, política, etc. (Rios, 1987).
O primeiro é o sentido amplo do termo e assinala a importância da adesão dos indivíduos na organização da sociedade. A participação implica comportamentos e atitudes passivos e activos, estimulados ou não. Na medida em que a acção mobiliza o sujeito do ponto de vista emocional, intuitivo e racional, a participação pode ser entendida como um princípio director do conhecimento, variável segundo os tipos de sociedade em cada época histórica.
No segundo sentido, mais estrito e de carácter político, participação significa democratização ou participação ampla dos cidadãos nos processos decisórios em uma dada sociedade. Representa a consolidação, no pensamento social, de um longo processo histórico. 
j) Salubridade ambiental 
Salubridade é o conceito relacionado a uma situação ou condição (notoriamente ambiental) que não afecta, ao menos de forma potencial, a saúde das pessoas ali presentes.
Salubridade ambiental por sua vez é conhecida como a capacidade de prevenir a ocorrência de doenças ocasionadas pelo meio ambiente e promover o melhoramento da saúde pública e ecossistema, (Piza, 2000, p. 84).
Contudo, Saneamento Ambiental pode ser definido como um conjunto de acções socioeconómicas que tem por objectivo alcançar Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água potável; colecta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos; promoção da disciplina sanitária de uso de solo; drenagem urbana; controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializados, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural.
Essa salubridade ambiental está em risco, pois, a partir da Revolução Industrial até os dias atuais, a ampliação dos níveis de poluentes produzidos pelo homem promoveu o aumento da poluição atmosférica, como também a contaminação das águas e do solo, influenciando directamente no equilíbrio dos ecossistemas e na qualidade de vida da sociedade.
k) Vigilância ambiental em saúde  
A Vigilância Ambiental em Saúde é um conjunto de acções que proporciona o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos factores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos factores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde.
2. Origem do COVID-19 
Os primeiros casos do coronavírus (Covid-19) tiveram origem no mercado de frutos do mar da cidade de Wuhan localizada na China, as primeiras ocorrências foram relatadas na virada do ano 31/12/2020 e a incidência aumentou de maneira exponencial nas primeiras semanas.
Acredita-se que o vírus Sars-CoV-2 possua como hospedeiros determinadas espécies de morcegos e o pangolim, um animal consumido como alimento exótico em algumas regiões da China.
O período de incubação varia entre 4-14 dias, sendo que ainda é cedo para afirmarmos que o vírus só é transmitido por indivíduos sintomáticos. 
3. Sintomatologia clinica do COVID19 (sinais e sintomas) 
Os relatos iniciais da infecção caracterizaram o quadro como uma pneumonia de origem desconhecida, sendo que no início muitos pacientes foram tratados para pneumonia, porém não houve sucesso com a implementação da terapia antibiótica usual.
Os pacientes acometidos pelo Covid-19 apresentam os seguintes sintomas:
· Tosse: 65-80% 
· Febre: 45-85% 
· Dispneia: 30-40% 
· Sintomas gastrointestinais: 10%
4. Vias de transmissão do COVID-19 
O COVID-19 transmite-se principalmente:
· por contacto próximo com pessoas infectadas pelo vírus
· pelo contacto com superfícies ou objectos contaminados
Assim, as principais vias de transmissão são:
· de pessoa a pessoa, através de gotículas que se emitem, por exemplo, quando se tosse ou espirra
· através do contacto de mãos contaminadas que, posteriormente, contactam os olhos, nariz ou a boca (as mãos contaminam-se facilmente em contacto com objectos ou superfícies por sua vez contaminadas com gotículas de pessoa infectada).
5. Princípios ambientais orientadores do processo de gestão de risco da pandemia de COVID-19 
Os problemas ambientais não apenas são o resultado de processos naturais alheios à acção humana, seja na sua origem ou no seu resultado. São problemas do ser humano, de sua história, de suas condições de vida, de sua relação com o mundo e com a realidade, de sua constituição económica, social e política (Beck, 2010, p. 99). 
Muito dos problemas que hoje se apresentam como incontroláveis ou de difícil controle, como as mudanças climáticas, por exemplo, são resultados directos das escolhas processadas pelos indivíduos nas suas mais diversas microesferas de relação. Um exemplo claro do impacto da acção humana na natureza é o crescimento substancial das epidemias com potencial pandémico como é o caso do Covid-19. 
Um elemento que deve ser considerado para análise do crescimento de doenças com elevada mortalidadee potencial pandémico é a sua relação directa com o modelo de desenvolvimento e a destruição da natureza. Até meados de 1900, mais da metade das doenças que afectavam a humanidade eram originadas em doenças infeccionais, quadro que mudou com a implementação de programas de saúde pública e a introdução das vacinas, dentre outros medicamentos de uso clínico desenvolvidos pela ciência. 
Ocorre que uma mistura complexa de factores ambientais permitiu a migração de doenças cujos patógenas eram “hospedados” em animais que sofreram mutações e passaram a contaminar em outras espécies animais, inclusive humanos. 
Isso abriu caminho para a disseminação sem precedentes de infecções em humanos e animais, com consequências dramáticas para a saúde pública e animal, bem-estar animal, suprimento de alimentos, economias e biodiversidade (Osterhaus pud Beck, 2010, p.41).
De acordo com o Relatório da FAO “World Livestock 2013 – Changing disease landscapes”, cerca de 70% das novas doenças que infectaram a humanidade nas últimas décadas têm origem animal, assim como se observa nos casos de Covid-19. As doenças se espalham por meio das cadeias de produção e comercialização de produtos e insumos da agricultura e de abastecimento de alimentos.
O biólogo e fisiologista estadunidense Jared Diamond (2012) destaca que a humanidade passou a conviver com patógenos com maior intensidade desde o momento em que os seres humanos abandonaram a condição de caçadores e colectores convertendo-se em agricultores e pecuaristas. As doenças virais, especialmente, são o resultado do processo de criação em escala de animais em ambientes confinados, o que permitiu a mutação e a migração de doenças dos seus antigos hospedeiros animais para os humanos. 
Actualmente, embora exista uma maior produção de medicamentos, sistemas de saúde pública em diversos países e sistemas de compilação científica de dados, os mecanismos de transmissão de doenças são muito mais céleres. O vírus da varíola levou milhares de anos para migrar da Eurásia para as Américas, o que só ocorreu em virtude das grandes navegações. A sua disseminação foi rápida para os parâmetros dos séculos XV e XVI, ou seja, alguns anos ou décadas. No momento actual, China e Estados Unidos, com grande distância geográfica, manifestaram registos do vírus SARS-Cov-2, responsável pela doença COVID-19, praticamente na mesma época, com diferença de alguns dias entre os meses de Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020. Isto ocorreu por quais motivos? Maior tráfego de pessoas em viagens intercontinentais, circulação mais constante de mercadorias, ou a simples troca de dinheiro em moeda ou papel. Lembrar que o SARS-Cov-2 pode sobreviver, conforme divulgado pela OMS, até 9 dias no ambiente atmosférico em contacto com o papel. É por esta razão que as medidas de controle para a disseminação de doenças devem garantir regras de prevenção mais eficientes, sendo a observância do princípio da precaução uma medida imperativa.
6. Quadro legal regulatório de gestão de risco da pandemia Covid-19 em Moçambique 
Em Moçambique, como noutros países, foi definido o quadro legal regulatório de gestão de risco da pandemia Covid-19 , para o efeito, a assembleia da república aprovou a lei que ratifica o decreto sobre Estado de emergência.
Para tal, o Presidente da República, ouvidos o Conselho de Estado e o Conselho Nacional de Defesa e Segurança, ao abrigo do disposto na alínea a) do artigo 160, conjugado com a alínea b) do artigo 165 e alínea b) do artigo 265 da Constituição da República, decidiu decretar o Estado de Emergência em todo o território nacional, (PORTAL DO GOVERNO DE Moçambique, acessado no dia 13.05.2020). 
Entre as novas medidas tomadas para prevenir a transmissão do novo coronavírus está a proibição de todos os eventos públicos e privados, incluindo cultos religiosos.
A lei que regula o estado de emergência foi aprovada na noite desta terça-feira (31.03), poucas horas antes de entrar em vigor, por todos os 208 deputados presentes no Parlamento moçambicano. 
Além do fecho de escolas, suspensão de vistos e desaconselhamento à aglomeração de pessoas, medidas já aplicadas desde 23 de Março, deverão ser encerrados estabelecimentos de diversão ou reduzida a sua actividade.
O estado de emergência permite a limitação de circulação, mas esta restrição só será accionada “desde que se verifique um aumento exponencial de casos de contaminação”, como havia anunciado o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi. 
O estado de emergência primeiramente foi determinado para durar 30 dias (mês de Abril) e mais tarde prolongou-se para mais 30 dias (mês de Maio) esse período permite às forças de defesa e segurança intervir em caso de desrespeito pelas medidas aprovadas. Os critérios para a quarentena obrigatória também foram reforçados. Todas as pessoas que tenham viajado recentemente para fora do país ou que tenham tido contacto com casos confirmados de infecção devem cumprir o confinamento domiciliário.
Com as novas restrições, passa igualmente a ser possível limitar as entradas nas fronteiras, que continuarão abertas a mercadorias e para casos de saúde e assuntos de Estado.
7. Prioridades na actuação da vigilância ambiental 
A Vigilância em Saúde Ambiental é um conjunto de acções que proporciona o conhecimento e detecção de qualquer mudança nos factores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos factores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde.
Assim, essa vigilância acompanha a interacção do indivíduo com o meio ambiente, enfocando o espaço urbano e colectivo e as diversas formas de intervenção sobre este meio entendendo que essa relação possa se dar de maneira harmónica e resultados positivos ou de maneira nociva, resultando em doenças e agravos à saúde. Nesse sentido, a qualidade da água para consumo humano, contaminantes ambientais, qualidade do ar, qualidade do solo, notadamente em relação ao manejo dos resíduos tóxicos e perigosos, os desastres naturais e acidentes com produtos perigosos, são objectos de monitoramento dessa vigilância seja de forma directa e contínua ou por meio de acções em parceria com outros órgãos.
Já para a pandemia do Covid-19 a actuação na vigilância ambiental consistiu em disponibilização da água potável sem restrições a todos cidadãos com acesso a esse recurso vitalício como forma de garantir o processo de higienização ambiental. 
8. O Direito à Saúde no Contexto Político Moçambicano 
O Direito a Saúde corresponde a um conjunto de normas de direito, privado e público, com objectivo principal de promoção da saúde humana, quer considerada na perspectiva da prestação de cuidados individuais, quer enquanto bem de uma comunidade, (Moraes, 2002, p. 91). 
A Constituição da República de Moçambique (CRM 2004), no capítulo V referente aos direitos sociais garante, no artigo 89, a todo cidadão o direito a saúde. 
Para a nossa a reflexão, julgamos ser relevante fazer referencia a classificação tripartida do direito da saúde, posto que a nossa abordagem irá incidir numa delas, o acesso aos serviços de saúde. Com base nesta classificação direito da saúde divide-se em três partes, nomeadamente: 
· Direito da Saúde Pública que regula a intervenção do Estado na protecção e promoção da saúde pública; 
· Direito da Medicina que regula a relação médica paciente e por último;
· Direito das Prestações de Saúde que regula o acesso do cidadão às prestações de saúde. 
8.1. Direito à Saúde
O Direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais considerados como um dos direitos mais difíceis de proteger pois para a sua consecução implica acções efectivas e proactivas dos Estados para a realização do direito. Os direitos sociais foram instituídos para que as condições razoáveis de vida em sociedade pudessem ser gozadas por todos. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a saúde “é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenasna ausência de doença ou de enfermidade.” O direito à saúde engloba o conjunto de normas jurídicas que estabelecem os direitos e obrigações do Estado, colectividades e que regulam as relações entre o Estado e as colectividades .
O direito à saúde, nos termos do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (PIDESC), consiste no direito ao tratamento médico e serviços preventivos de saúde para que os cidadãos possam alcançar o mais alto nível de saúde física e mental. Ė ponto assente, que o direito à saúde deve ser entendido como o direito de beneficiar ou gozar de um conjunto de facilidades, bens, serviços e condições necessárias para a realização ao mais alto nível possível de atingir, estando aqui realçado a questão da disponibilidade e acesso aos serviços de saúde, (Moraes, 2002). 
O mesmo acontece com o acesso a medicamentos essenciais que constitui um elemento fundamental do direito à saúde. O direito à saúde, inclui também o acesso ao tratamento médico em caso de doença, bem como a prevenção, tratamento e controle de enfermidades são atributos centrais do direito a desfrutar do mais elevado nível possível de saúde, atributos que dependem do acesso a medicamentos e da cobertura universal dos serviços de saúde. Falar de direito à saúde é também referir-se ao acesso e cobertura universal dos serviços de saúde, em qualidade e quantidade para toda a população.
8.2. O Direito à Saúde e Segurança no Meio Ambiente do Trabalho 
O meio ambiente do trabalho engloba tudo que envolve e condiciona, directa e indirectamente, o local onde o homem obtém os meios necessários para prover a sua subsistência, devendo ser protegido em função da sua capacidade de causar danos à saúde do trabalhador, (Moraes, 2002, p.83). 
Assim, caracteriza-se o habitat laboral como sendo tudo o que envolve e condiciona, directa e indirectamente, o local onde o homem obtém os meios para prover o necessário à sua sobrevivência e desenvolvimento, em equilíbrio com o ecossistema. Portanto, a contrário sensu, quando este “habitat” revela-se inidóneo para assegurar as condições mínimas a uma razoável qualidade de vida do trabalhador, ter-se-á uma lesão ao meio ambiente do trabalho.
Conquanto, ainda que paradoxalmente, sobreleve-se a mundial preocupação com a preservação e recuperação do meio ambiente, numa visão equivocada, a busca pelo lucro material parece mais intensa nesta era de globalização económica, em que se integram os mercados e libera-se o comércio internacional. De fato, essa nova ordem mundial vem impondo profundas mudanças na organização dos processos de trabalho, visando ao aumento da produtividade e à redução dos custos, em um contexto no qual ganha nova dimensão a relação entre trabalho e as condições de vida dos trabalhadores. E isso, efectivamente, tem implicado a degradação do ambiente em que se desenvolvem as actividades laborativas.
9. Medidas ou estratégias mitigadoras da Pandemia COVID19 com vista o controle da propagação da pandemia ao nível nacional 
Com vista a mitigar os efeitos da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) em nosso país foram decretadas as seguintes medidas ou estratégias:
i. O Presidente da República de Moçambique, decretou a 30 de Março o estado de emergência, à vigorar em Moçambique de 01 a 30 de Abril do ano em curso e prolongou-se para todo mês de Maio. 
ii. Todos os cidadãos que cheguem a Moçambique provenientes de estrangeiro são submetidos a quarentena por 48 horas.  Entendem as autoridades moçambicanas que esta é uma das várias formas encontradas para tentar travar a entrada da pandemia no país.
iii. O governo decretou o alerta vermelho.
iv. As autoridades moçambicanas, da saúde e da migração estão igualmente a reforçar medidas de vigilância e o rastreio de cidadãos nacionais e estrangeiros que entrem para o país através das fronteiras terrestres e pela via aérea provenientes sobretudo da vizinha África do Sul com vários casos confirmados e a todos suspeitos são submetidos ao teste.
Ainda mais são divulgadas algumas medidas de prevenção do contágio do Covid-19 que são:
· O isolamento social é a melhor medida que podemos adoptar nesse momento, como foi supracitado, o vírus possui uma alta taxa de transmissão e grande parte dos portadores são assintomáticos. Embora a taxa de mortalidade seja relativamente baixa entre os jovens e jovens adultos (0,2%), a infecção pode ser fatal nas populações de risco.
· O uso de máscaras somente está indicado para pacientes infectados, sintomáticos, seus cuidadores e profissionais de saúde, sendo que máscaras que protejam contra gotículas são eficazes na maioria dos casos, excepto durante procedimentos que promovam aerossolização. Actualmente não há indicação para o uso de máscaras por pessoas saudáveis.
· A lavagem constante das mãos com água e sabão e/ou uso do álcool gel/líquido a 70% é uma medida que possui grande eficácia na prevenção contra o coronavírus.
10. Estratégia de Saneamento Ambiental e Saúde Ambiental
A transmissão do coronavírus e a velocidade com que a Covid-19 se espalha faz com que as pessoas se preocupem bastante em relação às boas práticas de higiene e, principalmente, com a mudança de hábitos — necessária para ajudar a conter a pandemia.
Para conter a transmissão, o Ministério da Saúde recomenda, fortemente, as medidas não farmacológicas, dentre estas: isolamento de sintomático por até 14 dias; equipamento de protecção individual (EPI) para doentes e profissionais da saúde; lavar bem as mãos; uso de toalhas descartáveis; ampliação na frequência de limpeza de piso, corrimão, maçaneta e banheiros; restrição de contacto social; evitar aglomeração; redução de fluxo urbano e outras (MS, 2020). Uma preocupação, então, aparece nesse cenário de possibilidade de transmissão, se considerarmos as infecções intestinais e a possibilidade de contaminação feco-oral do novo Coronavírus. Os serviços de saneamento (manejo adequado de resíduos sólidos, abastecimento de água potável e esgotamento sanitário) são importantes elementos para minimizar a possibilidade de transmissão.
a Organização Mundial da Saúde indica que locais sem acesso a saneamento básico adequado precisam de atenção extra, já que tendem a ter mais dificuldade para combater o vírus. É preciso redobrar os cuidados especialmente naqueles locais que não têm acesso à água tratada para beber e realizar a higienização pessoal e do ambiente adequadas.
Igualmente, o Ministério da Saúde tem orientado sobre os cuidados básicos que devem ser tomados para reduzir os riscos de contágio e transmissão de doenças respiratórias agudas, como a causada pelo novo coronavírus. Essas medidas incluem:
· lavar frequentemente as mãos com água e sabão por, no mínimo, 20 segundos. Em último caso, quando não tiver acesso à água é sabão, utilize álcool em gel 70% para higienizar as mãos;
· evitar contacto com os olhos, boca e nariz sem antes lavar as mãos;
· evitar proximidade com pessoas doentes ou com sintomas da doença;
· manter-se em casa para evitar o contágio (tanto ser contaminado quanto contaminar os outros caso esteja doente sem apresentar sintomas);
· cobrir nariz e boca com o antebraço ou utilizar lenços de papel (descartando-os adequadamente logo em seguida) quando for tossir ou espirrar;
· higienizar bem os alimentos adquiridos, principalmente os de hortifrúti, já que eles podem ter sido tocados por uma pessoa infectada, além das embalagens plásticas;
· manter os ambientes sempre limpos, arejados e desinfectados, além dos objectos e superfícies que são tocados com frequência.
Conclusão 
O Impacto de Pandemia do Covid-19 em Moçambique até então é negativo uma vez que apresenta um nível elevado de contágios a nível doméstico e exige que varias medidas continuem a ser observadas como forma de controlo e contenção da sua propagação. 
Com efeito várias são estratégias ou medidas a serem levadas à cabo principalmente pelo governo com vista a controlar a pandemia num momento em que o país já atingiu uma centena de pessoas infectadas com resultado positivo e com vários sectores detrabalhos encerados ou restringidos em cumprimento das medidas dessas medidas. 
Por isso, importa salientar que o Covid-19 deve ser visto como um problema não só social mas também individual e que as medidas de prevenção como a higienização constante das mãos, o uso da mascara, o distanciamento social, a permanência da pessoa em casa devem ser tomadas a sério por todos no dia-a-dia. 
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