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1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 INTRODUÇAO ................................................................................................. 3 O CONCEITO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL ............................ 4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE SOCIAL .. 10 EM BUSCA DE UM NOVO PARADIGMA DE 13 DESENVOLVIMENTO ................................................................................... 13 A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ....................................... 16 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA......................................... 18 A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO UMA 21 OPORTUNIDADE .......................................................................................... 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 24 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇAO A miséria que assola grande parte da população mundial e os danos causados ao meio ambiente pela atividade humana não tem remetido a civilização a um desenvolvimento social, econômico, cultural, espacial e ambientalmente sustentável. O que se evidencia é uma distribuição de renda extremamente desigual, além de uma alarmante diferença de oportunidades, acentuando ainda mais a distância entre povos ricos e pobres (GUIMARÃES, 1997). Destarte, em decorrência da crescente problemática que vem cercando a humanidade, no final da década de 1980 difundiu-se o conceito do desenvolvimento sustentável centrado na satisfação das necessidades humanas presentes, sem comprometer a das próximas gerações. Propagou-se também a necessidade de conquistar, simultaneamente, a eficiência econômica, a justiça social e a qualidade ambiental. Tal conceito foi proveniente do Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, divulgado na sua primeira edição em 1987. No Brasil, o conceito de sustentabilidade ou responsabilidade social corporativa começou a surgir com força na década de 1990. O impeachment do presidente Fernando Collor em 1992 foi imposto por um movimento nacional contra a corrupção. A conferência Rio 92, que destacou a questão ambiental como aspecto preponderante da agenda mundial de discussões e, também, a Campanha contra a Fome (Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida), conduzida pelo sociólogo Herbert de Souza, impulsionaram o envolvimento popular e de organizações da sociedade civil durante os anos de 1990. Essa onda de reivindicações referentes a questões ambientais e sociais gerou profundas mudanças no comportamento do cidadão brasileiro. A mobilização de movimentos nacionais e internacionais criou, em 2001, o Fórum Social Mundial, que é realizado anualmente no Brasil. Esses acontecimentos provocaram uma série de transformações na comunidade empresarial, que vem se consolidando nos últimos dez anos, em torno de investimentos sociais. 4 Entretanto, apesar de muitas empresas estarem buscando práticas socialmente responsáveis em suas gestões, o maior desafio reside em encontrar uma fórmula equilibrada de gerenciar seus negócios, não apenas buscando a competitividade, como baixo custo e elevado padrão de qualidade, mas também considerando aspectos do desenvolvimento sustentável e atendendo às reivindicações da sociedade (GRAJEW, 2002). O papel do setor empresarial é de vital importância, considerando-se que as empresas têm uma responsabilidade frente à sociedade. Somente a responsabilidade sócio fundamentada no conceito do desenvolvimento sustentável pode criar novas perspectivas de um mundo melhor. O CONCEITO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL Na década de 1080 surge o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu durante a Comissão de Brundtland, onde foi elaborado o relatório Our Commom Future, onde a primeira-ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland, apresentou a seguinte definição para o conceito: “É a forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade de gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (Brundtland apud Scharf, 2004, p.19). 5 Segundo Camargo (2003, p. 43) quando cita outra definição para o termo também apresentado na Comissão de Brundtland: Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. De acordo Elkington (2001), mesmo com o conceito formulado, inicialmente, a ideia de desenvolvimento sustentável era entendida como a harmonia entre a questão financeira e ambiental. Muitas empresas aderiram a esse conceito, pois acreditavam que esse era um desafio de “esverdeamento” dos negócios, tornando-os mais eficientes e reduzindo custos. De forma crescente, os flagelos do final dos anos 20 – terras assoladas, pesca predatória e florestas devastadas, poluição urbana, pobreza, doenças infecciosas e migração – estão indo além das fronteiras geopolíticas. O fato é que, ao atendermos às nossas necessidades, estamos destruindo a capacidade das gerações futuras atenderem às delas (HART apud ELKINGTON, p. 74, 2001). Segundo Almeida (2002), durante a Conferência da ONU em Estocolmo, em 1972, a crescente discussão foi buscar conciliar a atividade econômica com a preservação do meio ambiente. Como relata os autores, Nobre & Amazonas (2002), o pensamento que se ressaltou durante a Comissão de Brundtland foi abordado pelo secretário Jim MacNiell, que destacou que a capacidade de regeneração dos recursos naturais se tornava comprometida, em função do seu consumo de forma desenfreada. Para Elkington (2001:74),” dez anos após a Comissão, viu-se que somente a resolução de questões ambientais – que tanto afligiam a sociedade e o meio organizacional – não resolveria os problemas de uma economia global sustentável. Seria necessário atingir outros meios para se conseguir a sustentabilidade. Aqueles que pensam ser a sustentabilidade somente uma questão de controle de poluição não estão vendo o quadro completo” (HART apud ELKINGTON, p.74, 2001). 6 Segundo a apresentação do plano de sustentabilidade da Agenda 21, na ECO- 92, fixava três áreas de desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental. Scharf também defende que o desenvolvimento sustentável estaria apoiado no tripé formadopelas dimensões ambientais, econômicas e sociais, ou seja, a sustentabilidade estaria condicionada ao desenvolvimento simultâneo dos três pilares. Como apresenta Colombo apud Instituto Ethos, (p.78, 2006), durante conferência realizada em Chapel Hill, EUA, em 1999, fazendo alusão ao conceito de desenvolvimento sustentável, quando menciona que a ele teriam sido adicionadas às questões econômicas e sociais, além da questão ambiental que já estava envolvida no conceito anterior, o que resulta na visão do Triple Botton Line. Neste contexto, o conceito de desenvolvimento sustentável evoluiu até que se chegasse à composição de três pilares: social, econômico e ambiental. 7 OS TRÊS PILARES Pilar econômico- Para Elkington (2001, p. 77), na visão convencional, o pilar econômico se resume ao lucro da empresa, portanto para calculá-lo os contadores utilizam apenas dados numéricos. A abordagem que será feita desse pilar, entretanto, requer uma busca de sustentabilidade econômica da empresa a longo prazo. É preciso entender como as empresas avaliam se suas atividades são economicamente sustentáveis, e isso passa necessariamente pela compreensão do significado de capital econômico. Em uma visão simplista, ainda segundo o autor, o capital de uma empresa é a diferença entre seus ativos e suas obrigações e pode ser encontrado de duas formas principais: capital físico e capital financeiro. Ao avaliar esse pilar, levando-se em consideração o conceito de DS – desenvolvimento sustentável –, será preciso incutir na ideia de capital econômico, os conceitos de capital humano e intelectual, de acordo Elkington (2001), foram incorporados gradativamente ao entendimento de capital econômico, sem mencionar os conceitos de capital natural e social, que a longo prazo passam a ser fundamentais para a avaliação desse pilar. O Pilar Social- Para muitos teóricos, questões como a da desigualdade social e da educação, entre outras, não fazem parte do conceito de sustentabilidade, assim como a questão econômica e ambiental. 8 Para esses autores o que realmente importa é que, se o sistema social não estiver equalizado, isto é, estiver progredindo como um todo, a questão ambiental e também a economia não irão progredir da maneira desejada. John Elkington (2001) trata dessa questão como “em parte ela (capital social) considera o capital humano, na forma de saúde, habilidades e educação, mas também deve abranger medidas mais amplas de saúde da sociedade e do potencial de criação de riqueza”. Segundo Francis Fukuyama, o autor do livro Trust: the social virtues and the criation of prosperity, ao afirmar que “o capital social é uma capacidade que surge da prevalência da confiança em uma sociedade ou em partes dela”. E, “capacidade de as pessoas trabalharem juntas, em grupos ou organizações, para um objetivo comum”. Essa união da sociedade visando o desenvolvimento pode ser benéfica para que o objetivo das ações seja atingido. Menciona o autor, que, se a sociedade trabalhar junta, em contato com as normas e regras, o objetivo resultado será atingido de maneira mais facilitada. Sendo assim, a relação de transparência gera mais resultados para a organização, pois a consciência adquirida pela sociedade atual faz com que a relação entre ambos seja estreita e ainda aumente o anseio de as empresas participarem cada vez mais de ações em prol social e assim aumentar a capacidade de dissipar a desigualdade social. O pilar ambiental, próximo a ser tratado, será o que se relaciona com a questão social e também com a econômica. 9 Pilar Ambiental Segundo Elkington (2001, p. 81), quando se pensa na pobreza, na escravidão e no trabalho infantil, pode-se considerar que as iniciativas sociais tenham uma história mais ampla que as iniciativas ambientais. No entanto, o autor afirma que, apesar de uma série de interesses sobre a questão social e a auditoria na década de 1970, a agenda ambiental deve ganhar destaque na atualidade. Segundo Elkington (2001, p. 83) afirma que as empresas precisam saber avaliar se são ambientalmente sustentáveis e, para isso, é preciso compreender primeiramente o significado da expressão capital natural. Na opinião do autor, não basta contar o número de árvores para se avaliar seu capital natural, é preciso avaliar, entre outros aspectos, a “riqueza natural que sustenta o ecossistema da floresta”, os benefícios por ela gerados, a flora, a fauna e os produtos dela extraídos, que podem ser comercializados. Elkington (2001, p. 83) “defende a existência de duas formas principais de capital natural: O „capital natural crítico‟, que seria aquele fundamental para a perpetuidade do ecossistema, e o capital natural renovável ou substituível, sendo este, no entendimento do autor, os recursos naturais renováveis, recuperáveis ou substituíveis.” Para Almeida (2002, p. 64), a maior dificuldade não está em elaborar o conceito de desenvolvimento sustentável, mas sim em colocá-lo em prática. As empresas devem gerir o desenvolvimento sempre considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos. De acordo o autor, para que o conceito seja colocado em prática é preciso que se estabeleçam como critérios: 10 Democracia e estabilidade política; Paz; Respeito à lei e à propriedade; Respeito aos instrumentos de mercado; Ausência de corrupção; Transparência e previsibilidade de governos; Reversão “do atual quadro de concentração da renda em esferas local e global”. O autor menciona Scharf menciona a dificuldade de se colocar em prática o conceito de desenvolvimento sustentável por envolver uma mudança na cultura da organização e de seus funcionários, além de demandar tempo e recursos financeiros. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE SOCIAL Na visão de Capra (1996), ao relatar, que, os principais problemas de nosso tempo não podem ser compreendidos isoladamente, mas sim têm que ser vistos de forma interconectada, de maneira a identificar formas de pensar que são holísticas, vendo o mundo como um todo integrado, onde o novo paradigma apresenta uma visão de mundo que reconhece a interdependência de todos os fenômenos. 11 Com isso, ao observar que novas formas de pensar estão intimamente ligadas aos novos valores, e que é urgente preparar novas gerações para um equilíbrio entre formas antigas de pensar (auto afirmativas) e formas novas (integrativas). Assim, os valores éticos e as regras de convivência que deverão pautar os comportamentos dos agentes econômicos – sejam eles indivíduos, empresas ou governo – estão em permanente processo de discussão, refinamento, assimilação, transformação. Eis porque é preciso dedicar atenção especial às condições e oportunidades que vêm sendo efetivamente criadas com vistas a favorecer a compreensão bem informada e a discussão pública dessas questões. Somente uma sociedade consciente, livre e democrática pode decidir qual a extensão do papel e das responsabilidades que deve caber às suas instituições. Contudo surge um novo sistema de ética, radicalmente diferente do pensamento individualista auto-afirmativo, embasado na responsabilidade social dos agentes e em princípios básicos de: ecologia, interdependência, parcerias, flexibilidade, diversidade e sustentabilidade. Nos dias atuais a visão ambientalista da sustentabilidade, tão forte no início dos anos 90 do século passado, pode ser visto como a infância do 12 desenvolvimento sustentável, integrado e harmônico, que se deve buscar sob todas as condições. Não por acaso, também emergiu de lá para cá a consciência sobre as novas fontes de geração de riquezas – todas elas relacionadascom o capital social e o capital humano de um povo. Informação e conhecimento são as condições básicas para o ciclo de prosperidade que o século XXI prenuncia. Desenvolvimento sustentável nada mais é do que a política de defesa e acumulação desse capital que constitui a nova Riqueza das Nações (Andrade, 2003). Portanto, a importância ao se tratar da estratégia sobre a responsabilidade social como premissa no embasamento da construção de um futuro em que o desenvolvimento sustentável não é apenas referente à preservação da natureza, mas que dentro de uma ótica holística refere-se ao avanço econômico, social e político, uma vez que, somente através do envolvimento de todas estas questões, pode realmente haver um crescimento qualitativo de longo prazo. Apoiado no desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não são suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicação transparente, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou consumidores. 13 O novo milênio traz consigo fatos preocupantes como a crescente concentração econômica, a desigualdade social e o desequilíbrio ambiental, ao mesmo tempo em que apresenta a alternativa proposta pelo emergente fenômeno da Responsabilidade Social. Ou seja, o bem-estar comum depende, cada vez mais, de uma ação cooperativa e integrada de todos os setores da economia, num processo de desenvolvimento que coloque como metas a preservação do meio ambiente e a promoção dos direitos humanos. EM BUSCA DE UM NOVO PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO De acordo a análise de Gorz (1991), a ultrapassagem da perversidade da sociedade industrial capitalista implica a necessidade de submeter o desenvolvimento econômico e técnico a uma modelização e a orientações refletidas, democraticamente; pois se trata de religar as finalidades da economia à livre expressão pública das necessidades sentidas, em lugar de criar necessidades com o fim único de permitir o aumento do capital e o desenvolvimento do comércio. Com efeito, como fundamento da ideia-mestra de desenvolvimento, encontra- se o grande paradigma tautológico ocidental do progresso, segundo o qual o desenvolvimento deve desenvolvimento. assegurar o progresso, e este deve assegurar o Refere se uma crença arraigada, segundo a qual “o desenvolvimento sócio-econômico, mantido pelo avanço da ciência e da tecnologia, é capaz de garantir por si mesmo o desabrochamento e progresso das potencialidades humanas, da liberdade e dos poderes do homem” (Morin, 1994: 41). Sendo assim, a crença que é abalada, na medida em que se reconhece que a identificação tácita entre 14 crescimento econômico e desenvolvimento é indevida, já que podem existir formas de desenvolvimento perversas. Com certa perplexidade, percebe-se que foi a estreiteza do economicismo, em sua tentativa de tudo reduzir ao econômico e de invadir as esferas do social pelos critérios da racionalidade econômica, que provocou o empobrecimento dessa noção. Ou seja, concepções do desenvolvimento tornaram-se pobres e insatisfatórias. Portanto após os abalos impostos pela questão ecológico-ambiental e pela crise social à ideia corrente de desenvolvimento, já não há mais como postergar o trabalho de reconversão desse conceito, não obstante, também não se pode negar que nunca antes do capitalismo o mundo se desenvolveu tanto em termos de qualidade de vida da população, em termos de riqueza e até mesmo em termos de preservação da natureza. Com isso, o trabalho de reconceitualização da prática de desenvolvimento faz- se como prioridade fundamental tanto no que diz respeito ao entendimento da crise referida quanto para a identificação de possíveis saídas. O tradicional conceito de desenvolvimento econômico passa então a ser crescentemente submetido ao crivo de revisões, iniciadas por movimentos surgidos no mundo todo, em especial a partir da década de 1980. Dessa forma, passaram a compor o cenário das discussões novos termos como desenvolvimento sustentável, que está inserido nos mais variados contextos sócio-econômicos e ambientais. Com efeito, as sociedades e os indivíduos não podem abdicar da decisão de moldar seu futuro. Ora, o desenvolvimento, até hoje, constitui a mais poderosa alavanca de que dispõem para organizar o futuro como projeto social. É essa capacidade de reestruturar o real de forma inédita, fazendo emergir novas formas de relação, que constitui um dado basilar da práxis humana no intercâmbio responsável das sociedades com o seu meio sócio-ambiental. Na atualidade o mundo enfrenta grandes variedades de ameaças críticas ao meio ambiente, ao mesmo tempo que a pobreza e a miséria humana persistem, 15 apesar do crescimento dirigido a muitos e um enfoque econômico, que aumenta em vez de reduzir tais disparidades. Assim, não se pode dizer que o mundo atual está direcionado ao desenvolvimento sustentável, mas, ao contrário, está submetido a uma variedade de potenciais desastres humanos e ambientais. No Brasil a excessiva rigidez da tradicional estrutura centralizada do Estado e a trágica inadequação do setor privado na gestão do social e do ambiente tem levado a uma situação cada vez mais caótica. Com isso o desenvolvimento sustentável não será concretizado apenas com a adoção de slogans, a ocorrência no mundo prático deverá estar envolta nos projetos, programas e políticas de desenvolvimento dos governos federal, estaduais, municipais e da iniciativa privada, de modo a abranger toda a sociedade em torno dos mesmos objetivos. Em termos amplos, o desenvolvimento sustentável somente será alcançado pela integração do gerenciamento ambiental com o processo econômico e social. O complexo empresarial, em especial, como setor produtivo inserido e baseado no meio ambiente, precisa ser compreendido a partir de um enfoque sistêmico, que valorize o entendimento entre os diversos componentes, onde façam parte novos conceitos como sustentabilidade, qualidade total, gerência ambiental e planejamento estratégico. 16 A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Segundo Bowen, a teoria sobre Responsabilidade Social a surgiu na década de 1950 sendo um de seus precursores Bowen (1957, p.03). O autor baseou-se na ideia de que os negócios são centros vitais de poder e decisão e que as ações das empresas atingem a vida dos cidadãos em muitos pontos, questionou quais as responsabilidades com a sociedade que se espera dos “homens de negócios”, e defendeu a ideia de que as empresas devem compreender melhor seu impacto social, e que o desempenho social e ético deve ser avaliado por meio de auditorias e devem ainda ser incorporados à gestão de negócios. Nos anos 70, a Responsabilidade Social das empresas passou a fazer parte do debate público dos problemas sociais como a pobreza, desemprego, diversidade, desenvolvimento, crescimento econômico, distribuição de renda, poluição, entre outros. Em consequência disso, houve nova mudança no contrato social entre os negócios e a sociedade, o que gerou o envolvimento das organizações com os movimentos ambientais, preocupação com a segurança do trabalho e regulamentação governamental. De acordo com Carrol (1999, p.282), “essa alteração no contrato estava presente no relatório Social Responsabilities of Business Corporation Report, formulado pelo Comitee for Economic Development, entidade formada pelos administradores de empresas e educadores, como segue: “Os negócios estão sendo chamados para assumir responsabilidades amplas para a sociedade como nunca antes e para servira ampla variação de valores humanos (qualidade de vida além de quantidade de produtos e serviços)”. Os 17 negócios existem para servir a sociedade; seu futuro dependerá da qualidade da gestão em responder as mudanças de expectativas do público”. Um significado mais amplo da responsabilidade social surgiu em 1979 quando o mesmo autor Carrol (1999, p.282), propõe um modelo conceitual onde inclui uma variedade de responsabilidades das empresas junto à sociedade, e esclarece os componentes de responsabilidade social empresarial que estão além de gerar lucros e obedecer à lei. O conceito de responsabilidade social empresarial é complexo e dinâmico, com significados diferentes em contextos diversos e está relacionado a diferentes ideias. Para alguns ele está associado à ideia de responsabilidade legal; para outros pode significar um comportamento socialmente responsável no sentido ético; e, para outros ainda pode transpor, incluindo os impactos diretos assim como os que afetam terceiros, o que envolve toda a cadeia produtiva e o ciclo de vida dos produtos. Evidenciando o exposto um guia para futuros estudos sobre a importância da Responsabilidade Social Empresarial e sua relação com diferenciais competitivos sustentáveis, fontes de vantagem competitiva. Estes diferenciais podem se der por imagem, associações com produtos ou serviços, atendimento, relação de satisfação do público interno e externo, assim como o favorecimento da organização com outros públicos interessados (stakeholders). 18 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA Os anos de 1990 foram um marco para a responsabilidade social no Brasil por causa da redemocratização, do fortalecimento da sociedade civil e da percepção de que o Estado não é o único responsável pelos problemas sociais (PELIANO, 2002). Desta forma, o papel das empresas vem sofrendo grandes mudanças. Não se concebe mais organizações centradas apenas em gerar lucros e satisfazer seus clientes. Nos dias de hoje, espera-se que as empresas sejam socialmente responsáveis, isto é, que além de produzir bens e serviços realizem atividades que contribuam para uma sociedade melhor (DONAIRE, 1999). A redefinição do papel das empresas deve-se ao fato de não existir prosperidade numa sociedade ameaçada. Dessa forma, a falta de estabilidade política e social atinge também o mundo dos negócios (ANTÓNIO, 2002). Algumas décadas atrás os acionistas das empresas faziam filantropia de forma individual, dependendo de seu comprometimento particular com questões sociais e de seus recursos. Posteriormente, passaram a atender a comunidade por meio de ações sociais. Nos dias de hoje, a visão da responsabilidade social da empresa é diferente; segundo Grajew (2001, p. 20), “a responsabilidade social empresarial se incorpora à gestão e abrange toda a cadeia de relacionamentos: funcionários, clientes, fornecedores, investidores, governo, 19 concorrentes, acionistas, meio ambiente e a comunidade em geral”. Em outras palavras, são pressupostos da responsabilidade social empresarial o adequado cumprimento de toda legislação (trabalhista, fiscal, ambiental e do consumidor) e a postura ética em todas as relações (governo e comunidade), não sendo possível ser socialmente responsável burlando a lei ou usando artifícios para escapar aos valores morais e éticos (GIFE/ANDI apud MILANO, 2002). Para Carrol (apud DONAIRE, 1999, p.22), o conceito “de responsabilidade social das organizações diz respeito às expectativas econômicas, legais, éticas e sociais que a sociedade espera que as empresas atendam, num determinado período de tempo”. Da mesma forma, para Stoner e Freeman (1999) a questão ética no mundo dos negócios é fundamental e deve ser enfrentada em todos os níveis da atividade empresarial, tais como: da sociedade, dos stakeholders, das políticas internas e no nível pessoal. A linguagem ética deve utilizar termos como valores, direitos e deveres, regras morais e relacionamentos. Além disso, princípios básicos da moralidade comum, como o cumprimento de promessas, não prejudicar os outros, ajuda mútua, respeito pelas pessoas e pela propriedade são regras indispensáveis na organização. Clarkson (apud COUTINHO; MACEDO-SOARES, 2002) apresenta um conceito para stakeholders que é aqui incorporado. Para ele os stakeholders são as partes interessadas no processo global da organização como empregados, fornecedores, consumidores e clientes, acionistas, entre outros. Em definição são pessoas ou grupos que possuem propriedade, direitos ou interesses passados, presentes ou futuros na organização e em suas atividades. Segundo os resultados da pesquisa do Instituto ADVB, Pesquisa Nacional sobre Responsabilidade Social nas Empresas/2002, cresce o número de empresas envolvidas em projetos sociais. Da mesma forma, a Pesquisa de Ação Social das Empresas, do Instituto de 20 Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2002), revela que os investimentos de empresas brasileiras em áreas sociais estão crescendo. Constatou-se também, conforme a pesquisa do IPEA (2002), que a preocupação na área de educação é grande entre o empresariado, em face da necessidade de qualificação da mão- deobra e de aumentos nos investimentos à medida que a empresa cresce. O que se percebe é que as organizações focadas apenas no crescimento econômico acabam gerando um custo social para todos, provocando danos ao meio ambiente, condições impróprias para o trabalho, exposição dos trabalhadores a substâncias tóxicas, discriminação de alguns grupos sociais, deterioração urbana e outros problemas de caráter social (DONAIRE, 1999). Portanto, o papel da empresa em relação à sociedade deve englobar tanto o desenvolvimento econômico quanto a participação no contexto social e ambiental, buscando melhorias nas condições de vida da população; ou, nas palavras de Frederick (apud COUTINHO, MACEDO-SOARES, 2002) a responsabilidade social corporativa está pautada na obrigação das organizações trabalharem para a melhoria do bem-estar social. 21 A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO UMA OPORTUNIDADE No atual mundo dos negócios, preço e qualidade são condições que já se tornaram obrigatórias para o desempenho de qualquer bem ou serviço no mercado. As empresas que desejam diferenciar-se no mercado global vêm adicionando à sua gestão aspectos que estiveram muito distantes ao longo da história do capitalismo, isto é, a união entre o fator econômico e o fator social. Na busca dessa diferenciação algumas empresas têm inserido práticas e princípios éticos com transparência e responsabilidade de forma que vêm alterando significativamente as relações da organização com funcionários, consumidores, comunidade e meio ambiente (TORRES, 2001). Assim, o paradigma do capitalismo excludente que só justificava as escolhas que maximizavam o lucro, ao estilo do economista Milton Friedman (1988), nos anos de 1960, dá lugar ao paradigma do capitalismo social, que justifica as ações que maximizam a satisfação das contrapartes. Para Grajew (2002, p.3), “empresas que trabalham com a perspectiva socialmente responsável, que atuam no sentido de estabelecer uma agenda inclusiva, que prevejam benefícios para a comunidade, levam vantagem na disputa de mercado”. Sendo assim, as características que sempre definiram uma marca, como os benefícios, o preço, a distribuição e a individualidade, agora devem agregar outros fatores que os gerentes de marca têm dificuldade em administrar. Entre esses fatores encontram-se a origem e as condições de produção e o impacto causado no meio ambiente. 22 A imagem da marca pode ter um reflexo positivo ou negativo de acordo com o que aconteça durante qualqueretapa do processo produtivo de um bem ou serviço (GRAYSON; HODGES, 2002). A preocupação com lucratividade e posição competitiva no mercado são dois aspectos que têm levado as organizações a melhorarem sua performance ambiental. O sucesso competitivo está diretamente ligado à imagem que a empresa transmite no mercado (KINLAW, 1998). Maimon (1996) afirma que a responsabilidade ambiental traz vantagem competitiva e novas oportunidades de negócios. Desde a grande depressão dos anos de 1930, o mundo dos negócios vem sendo cada vez mais observado e cobrado pelos consumidores. Atualmente, a maioria das pessoas acredita que a responsabilidade dos administradores diz respeito tanto aos trabalhadores como a toda sociedade (STONER; FREEMAN, 1999). Nas décadas finais do século XX, como relatam Grayson e Hodges (2002), alguns empresários perceberam a importância de relacionar sua empresa e seus produtos com os temas emergentes de gestão (ecologia e meio ambiente; saúde e bem-estar; diversidade e direitos humanos; comunidades), criando nichos de mercado para suas marcas, associando-as a causas específicas. A companhia britânica de cosméticos, The Body Shop International, é um exemplo de empresa que construiu sua marca e reputação proibindo experiências com animais para produção de seus cosméticos, criando um programa de comércio comunitário e preocupando-se com o meio ambiente. Atualmente os consumidores querem saber muito mais das empresas, enquanto há pouco tempo atrás apenas a qualidade do produto definia o perfil de uma organização. O consumidor interessa-se por questões como o tratamento dado aos funcionários, se a empresa já tomou parte de algum processo de suborno e corrupção, se faz alguma ação social, se polui o meio ambiente, se usa materiais recicláveis, enfim, já existe um grande número de questionamentos por parte do consumidor. Dessa forma, o público deseja que a empresa saia do papel de simples fornecedora de bens e serviços e se torne atuante, beneficiando a comunidade, tratando os clientes como pessoas inteligentes e adotando um comportamento ético que suplante a legislação vigente. Assim, se a organização quer estar no mercado e 23 que o seu produto tenha um diferencial, deve promover melhorias para a sociedade (MILANO, 2002). Segundo a pesquisa de Responsabilidade Social das Empresas – Percepção e Tendências do Consumidor Brasileiro/2000 – realizada pelo Instituto Ethos/ Jornal Valor Econômico, no Brasil, 57% dos consumidores consideram se uma empresa é boa ou ruim em função da sua responsabilidade social. Trinta e cinco por cento dos consumidores, não só do Brasil mais em todo o mundo, esperam que a empresa melhore a sociedade. Ainda, os consumidores recompensam e punem as empresas pela sua responsabilidade social. Recompensam ao comprar os produtos e recomendar a empresa a seus conhecidos. Punem ao não comprar os produtos e não recomendar a empresa. Trinta e um por cento dos consumidores brasileiros e 49% dos consumidores dos Estados Unidos agem dessa forma. Destarte, ao inserir a gestão da responsabilidade social como estratégia nos negócios, as empresas estarão atendendo às expectativas de uma parcela significativa de seus consumidores e dando um passo à frente no que deve vir a ser uma preocupação da sociedade como um todo. Milano (2002) adverte que é necessário ser coerente em todo esse processo. A sociedade sempre ganha quando a empresa resolve fazer algum tipo de investimento social. Entretanto, muitas empresas o fazem sem o correto direcionamento de suas ações, porque é moda ou até mesmo porque não querem perder sua fatia de mercado. Porém, assim como o ganho é fácil ao se fazer merchandising de ações sem consistência, a perda pode ser muito maior quando o consumidor nota que foi enganado. “Por isso, a responsabilidade social deve vir de dentro para fora, ou seja, primeiro arruma-se a casa e depois abrem-se suas portas” (MILANO, 2002, p. 28). 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS A riqueza em dados e informações por tratar-se de um tema de extremo destaque e interesse na atualidade. As diferentes abordagens conceituais, tanto dentro da empresa como as encontradas na teoria, decorreram da abrangência do tema e por tratar-se de um assunto relativamente novo, acerca do qual há muito para ser refletido, discutido e implementado. Percebeu-se também que o enfoque principal do conceito do desenvolvimento sustentável, isto é, o desejo de busca por uma sociedade mais justa, com menos miséria e com um ecossistema preservado, corresponde aos anseios da empresa estudada. A forma de impulsionar a sustentabilidade consiste em saber gerenciar adequadamente o desenvolvimento, promovendo uma gestão que proteja o meio ambiente integrado aos interesses sociais e econômicos (SCHMIDHLEINY, 2002). Destarte, o futuro da humanidade depende de uma visão holística, em que Estado, corporações e sociedade compreendam a necessidade de deixar de lado interesses individuais para buscar o bem comum. Também é preciso considerar a importância de medidas que vislumbrem o longo prazo, pois as atitudes de hoje serão reflexo do mundo futuro. A responsabilidade social das organizações deve ser primordialmente um compromisso com seu público interno e com a comunidade na qual está inserida. A possibilidade de vantagens competitivas deve ser uma consequência de suas atividades, não o objetivo fim. Portanto, os valores de uma empresa devem estar fundamentados na ética e na seriedade de suas ações. Grande parte dos consumidores ainda não valoriza adequadamente as organizações socialmente responsáveis. Todavia, o envolvimento empresarial com tais questões está gradativamente sendo reconhecido pela sociedade, impulsionando o movimento de responsabilidade social. 25 26 REFERÊNCIAS: GORZ, A. Capitalisme Socialisme Écologie Désorientations Orientations. Paris: Galilée, 1991. ANDRADE, F. “Desenvolvimento Sustentável”. Revista Leader, no 41, setembro, 2003. Disponível em . CAPRA, F. The Web of Life: A New Scientific Understanding of Living Systems. New York: Anchor books, 1996. ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. 1. ed., Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2002. ELKINGTON, J. Canibais com Garfo e Faca. São Paulo: Makron Books, 2001. BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2a. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991. SCHARF, Regina. Manual de Negócios Sustentáveis. São Paulo, Amigos da Terra, 2004. BOWEN, Howard R. 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