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Julia Paris Malaco – UCT15 DHL, FA, Gama-GT (GGT) As causas mais comuns da doença hepática aguda são hepatite viral (particularmente as hepatites A, B e C), lesão hepática induzida por medicamentos, colangite e hepatopatia alcoólica. As causas mais comuns de hepatopatia crônica, na ordem geral de frequência, são hepatite C crônica, hepatopatia alcoólica, esteato-hepatite não alcoólica, hepatite B crônica, hepatite autoimune, colangite esclerosante, cirrose biliar primária, hemocromatose e doença de Wilson. O vírus da hepatite E é uma causa rara de hepatite crônica, e esses casos são observados principalmente em indivíduos imunossuprimidos ou imunodeficientes. O diagnóstico na doença hepática é grandemente facilitado pela disponibilidade de provas confiáveis e sensíveis de lesão e função hepática. Uma bateria típica de exames de sangue usados para a avaliação inicial de doença hepática inclui a determinação dos níveis séricos de alanina e aspartato aminotransferases (AST e ALT), fosfatase alcalina, bilirrubina sérica direta e total e albumina, bem como tempo de protrombina Outros exames de laboratório podem ser úteis, como gama-glutamiltransferase, para definir se as elevações da fosfatase alcalina são decorrentes de doença hepática; sorologia da hepatite para definir o tipo de hepatite viral; e marcadores autoimunes para diagnosticar a cirrose biliar primária (anticorpo antimitocondrial), colangite esclerosante (anticorpo anticitoplasma de neutrófilo perinuclear) e hepatite autoimune (fator antinuclear, antimúsculo liso e microssômico de fígado-rins). Tendo em vista que o hepatócito é a principal célula produtora de proteínas no organismo humano, em especial a albumina, a quantificação laboratorial da proteína sérica total e suas frações, albumina e globulinas, são indicadas para avaliar disfunção da síntese hepática Diagnóstico de hepatopatias Diante da multiplicidade de exames disponíveis para investigação das hepatopatias e visando a facilitar a indicação, a interpretação e a racionalização desses, os mesmos podem ser grupados de acordo com a disfunção hepática por eles detectada: Lesão hepatocelular; Disfunção de síntese hepática; Disfunção de excreção e detoxificação do fígado. Bile Fígado: Produção da bile-Liberada do hepatócito Flui pelos canalículos biliares, ductos biliares, ducto hepático comum, chegando à vesícula biliar, onde é armazenada. Através do ducto colédoco, desemboca no duodeno pela papila de Vater (papila maior). Secreção aquosa composta de pigmentos e sais biliares, fosfolipídios e colesterol ID: Participa do processo de digestão dos lipídios da alimentação A bile é, também, a via de excreção da bilirrubina A bile tem 3 componentes básicos: bilirrubina, sais biliares e colesterol. O desequilíbrio químico dessas substancias gera cálculos Colestase: Pele e escleras amareladas Urina escura Fezes podem se tornar claras e com odor desagradável Esteatorreia Carência de bile pode ocasionar absorção inadequada de cálcio, vitamina D, vitamina K Julia Paris Malaco – UCT15 Testes para avaliação da disfunção da excreção hepática: O conjunto de restes utilizados para avaliar a excreção e detoxificação hepática é a dosagem de: Bilirrubinas: Total (BT), conjugada (ou direta), não conjugada (ou indireta); Pigmentos biliares; Enzimas indicadoras de colestase. Enzimas indicadoras de colestase Algumas enzimas encontram-se muito elevadas nos processos obstrutivos do fígado por aumento de produção hepática ou por dificuldade de excreção através da bile e são utilizadas como indicadoras de colestase. Entre essas, destacam- se a fosfatase alcalina (FA) e gamaglutamil transferase (gama-GT). Outras, como a leuctino- aminopepctidase (LAP) e a 5'- nucleoccidase, são menos utilizadas na prática clínica. Desta forma, as enzimas relacionadas nesse grupo são: Fosfatase alcalina (FA) - uso rotineiro; Gamaglutamil transferase (Gama-GT ou GGTP)- uso rotineiro; Leucino-aminopepctidase (LAP)-utilização restrita; 5' -Nucleotidase- utilização restrita. A fosfatase alcalina e a 5ʹ-nucleotidase são encontradas dentro ou perto da membrana dos canalículos biliares dos hepatócitos, enquanto a Gama-GT fica localizada no retículo endoplasmático e nas células epiteliais dos ductos biliares. Fosfatase alcalina (FA) A FA é uma metalo proteína zinco-dependente que hidrolisa o fosfato terminal de éster orgânico, em pH alcalino. A fosfatase alcalina sérica normal é constituída por muitas isoenzimas distintas encontradas no fígado, osso, placenta e, menos comumente, intestino delgado devido à sua origem hepática (50%), óssea (40%) e intestinal (10%). Em gestantes, há uma pequena produção placentária (endométrio). Sua excreção se faz na bile. Na colestase, sua elevação ocorre principalmente por maior estímulo à sua produção pelas células canaliculares devido ao aumento da pressão intracanalicular, bem como por regurgitamento para o sangue. Os pacientes com mais de 60 anos de idade possuem fosfatase alcalina ligeiramente elevada (1 a 1½ vez o valor normal), enquanto os indivíduos com os tipos sanguíneos O e B podem evidenciar elevação da fosfatase alcalina sérica após a ingestão de refeição gordurosa, devido ao influxo da fosfatase alcalina intestinal para dentro do sangue. Em relação à presença de patologias, a FA encontra-se muito elevada nos tumores hepáticos, nas metástases hepáticas, granulomas, nódulos e cistos hepáticos e pode ser a única alteração laboratorial observada. Além do diagnóstico das hepatopatias, a FA é também utilizada nas suspeitas de doenças ósseas, tais como raquitismo, osteomalácia, osteossarcomas e fraturas. O quadro clínico do paciente e suspeita diagnóstica permitem, na maioria das vezes, orientar se a elevação de FA é de origem óssea ou hepática. A interpretação conjunta com outras enzimas indicadoras de colestase, como a GGT e outros testes, também colabora na interpretação. Principais causas de aumento: amostra estocada inadequadamente sob temperatura ambiente, drogas hepatotóxicas, crescimento rápido, doenças ósseas, terceiro trimestre da gravidez. A elevação da fosfatase alcalina proveniente do fígado não é totalmente específica da colestase, podendo uma elevação de menos de 3 vezes ser observada em quase qualquer tipo de doença hepática. As elevações da fosfatase alcalina superiores a 4 vezes o valor normal ocorrem principalmente em pacientes com distúrbios hepáticos colestáticos, doenças hepáticas infiltrativas, como câncer e amiloidose, bem como afecções dos ossos caracterizadas por uma rápida renovação óssea (p. ex., doença de Paget). Nas doenças dos ossos, a elevação é causada por maiores quantidades das isoenzimas ósseas. Nas doenças hepáticas, a elevação deve-se, quase sempre, a quantidades aumentadas da isoenzima hepática. Se a fosfatase alcalina sérica elevada constitui o único achado anormal em uma pessoa Julia Paris Malaco – UCT15 aparentemente sadia, ou se o grau de elevação é mais alto do que o que poderia ser esperado diante da situação clínica, torna-se útil identificar a fonte das isoenzimas elevadas. Esse problema pode ser abordado de duas maneiras. A primeira delas, consiste no fracionamento da fosfatase alcalina por eletroforese. A segunda abordagem, mais bem substanciada e mais amplamente disponível, envolve a mensuração de 5ʹ-nucleotidase ou Gama-GT séricas. Essas enzimas raramente estão elevadas em outras condições além da doença hepática. Na ausência de icterícia ou aminotransferaseselevadas, a fosfatase alcalina elevada de origem hepática sugere com frequência, porém nem sempre, colestase em fase inicial e, ainda menos comumente, infiltração hepática por tumor ou granulomas. Outras condições que causam elevações isoladas da fosfatase alcalina incluem doença de Hodgkin, diabetes melito, hipertireoidismo, insuficiência cardíaca congestiva, amiloidose e doença inflamatória intestinal. O nível de elevação da fosfatase alcalina sérica não ajuda a diferenciar a colestase intrahepática da extra-hepática. Praticamente, não existem diferenças entre os valores encontrados na icterícia obstrutiva provocada por câncer, cálculo coledociano, colangite esclerosante ou estreitamento dos ductos biliares. Os valores mostram aumentos semelhantes nos pacientes com colestase intra-hepática causada por hepatite induzida por medicamentos; cirrose biliar primária; rejeição de fígado transplantado; e, raramente, esteato-hepatite induzida por álcool. Os valores também estão acentuadamente elevados nos distúrbios hepatobiliares observados em pacientes com Aids (p. ex., colangiopatia da Aids devido à infecção por citomegalovírus ou criptosporídios e tuberculose com comprometimento hepático). Principais causas de diminuição: amostra colhida em tubo contendo EDTA, citrato ou fluoreto, hipotireoidismo, escorbuto, deficiência de vitamina B12 (anemia perniciosa), deficiência nutricional (Kwashiorkor); uso de estrógeno, anticoncepcional oral Gamaglutamil transferase (GGT, y-GT ou gama-GT) Também conhecida como gamaglutamil transpeptidase, é uma enzima de excreção biliar com meia-vida de 7-10 dias. O Gama GT, também chamado de GGT (gamaglutamiltransferase), é uma enzima hepática presente em diversos órgãos do corpo humano, incluindo os rins, fígado, vesícula biliar, baço e pâncreas Exame de Gama GT tem como principal objetivo medir a quantidade da enzima no sangue e, assim, avaliar a função hepática do organismo Localiza-se no retículo endoplasmático das células epiteliais dos ductos biliares. Refletindo sua localização mais difusa no fígado, a elevação da Gama-GT no soro é menos específica para a colestase do que as elevações da fosfatase alcalina ou da 5ʹnucleotidase. Assim, semelhante a FA, a GGT é utilizada como um indicador de colestase, com a vantagem de não se alterar em doenças ósseas e na gravidez. Valor elevado de FA associado à GGT dentro dos valores de referência indica causa extra-hepática do aumento da FA. Nas colestases intra ou extra- hepática, a GGT sérica aumenta cinco a 30 vezes o maior valor de referência. Na hepatite alcoólica, devido à ingestão crônica de álcool, observam-se também níveis elevados de GGT. O álcool induz à maior síntese da GGT no fígado, por isso ela é utilizada no monitoramento de pacientes com abuso de ingestão de álcool. Alguns pesquisadores aconselharam utilizar a Gama-GT para identificar os pacientes que não informam ter usado álcool. Em razão de sua falta de especificidade, o seu uso é questionável nessa situação. Elevações moderadas (em torno de três vezes o maior valor de referência) são encontradas em outras hepatopatias que não cursam com colestase, como hepatites agudas e crônicas, esteatose hepática, uso contínuo de alguns medicamentos e utilização de drogas hepatotóxicas. Principais causas de aumento: jejum prolongado, desidratação, tabagismo, etilismo, neoplasias (fígado, pâncreas e próstata), uso de acetaminofeno, barbitúricos, cefalosporinas, cimetidina, estrógeno, anticoncepcional oral e anticonvulsivantes. Principais causas de diminuição: hemólise e dosagem em amostra colhida imediatamente após a dieta, hipotireoidismo, uso de vitamina C estrógenos conjugados. Julia Paris Malaco – UCT15 Testes para a avaliação de lesão hepatocelular Os testes mais indicados com esse objetivo são as dosagens das enzimas hepáticas. Por sua localização no citoplasma e nas mitocôndrias, sua elevação no sangue ocorre quando há extravasamento celular devido à lesão ou necrose do hepatócito. As enzimasrelacionadas nesse grupo são: Alanina aminouansferase (ALT); Aspartato aminotransferase (AST); Desidrogenase lática (LDH) Desidrogenase lática ou lactato desidrogenase (DHL ou LDH) A desidrogenase lática (LDH) é uma enzima citoplasmática envolvida na via glicolítica e liberada quando há lesão celular. LDH é uma enzima tetramérica composta por subunidades H e M. Suas isoenzimas são: LD1 (H4), LD2 (H3M1), LD3 (H2M2), LD4 (HM3) e LD5 (M4). A especificidade das isoenzimas se deve à síntese tecido-específica das subunidades em proporções bem definidas. As células musculares cardíacas, por exemplo, sintetizam preferencialmente subunidades H, enquanto os hepatócitos sintetizam quase exclusivamente subunidades M, assim como as células musculares esqueléticas. No fígado, essa enzina participa na gliconeogênese e na síntese de glicogênio a partir do lactato. Assim, a LDH total dosada é resultante da combinação das cinco isoenzimas: LD1, LD2, LD3, LD4 e LD5. Praticamente todos os órgãos do corpo humano, incluindo o fígado, apresentam essa enzima, entretanto, a distribuição e a produção dessas isoenzimas variam para cada órgão individualmente Conversão de piruvato em lactato, que ocorre no músculo em anaerobiose. Essa reação, chamada de fermentação homolática, é mediada pela lactato desidrogenase. A lactato-desidrogenase é ativada pelo aumento dos níveis de piruvato e de NADH e converte piruvato em lactato com a concomitante regeneração de NAD+ O fígado é o órgão que apresenta o maior predomínio de LD5 e, portanto, nas lesões hepáticas, a LDH irá se elevar principalmente à custa dessa isoenzima. Elevações de LDH podem ser medidas tanto como LDH total ou como isoenzimas de LDH. Para a dosagem de LDH total o método normalmente utilizado é o fotométrico - ultravioleta (cinética), que tem por princípio a atividade da lactato desidrogenase presente na amostra, avaliada pela medida da velocidade de transformação do piruvato em lactato utilizando- se a co-enzima NAD+ e NADH em 340 nm. As reações podem proceder do lactato a piruvato ou, de modo inverso, do piruvato a lactato. Devido às suas vantagens, os ensaios que procedem do lactato a piruvato são os mais utilizados pelos laboratórios clínicos atualmente. Principais causas de aumento: hemólise, exercício físico intenso previamente à coleta, linfomas, leucemias, hipóxia, doenças respiratórias, infarto agudo do miocárdio, anemia hemolítica, etilismo, uso de amiodarona, esteroides, anabolizantes, gentamicina, nitrofurantoína,ácido valpróico. O exame de lactato desidrogenase também pode ser solicitado na forma de “isoenzimas”, que permite a separação por eletroforese das frações LDH1, LDH2, LDH3, LDH4, LDH5, sendo mais útil para interpretação. A forma de solicitação deste exame são (a depender da nomenclatura adotada pelo laboratório): Eletroforese de lactato dehidrogenase Isoenzimas de lactato dehidrogenase Dehidrogenase lática - isoenzimas Isoenzimas de Lactato Desidrogenase Testes para avaliação da disfunção de síntese hepática A avaliação da síntese hepática é realizada na prática clínica pela dosagem de: Proteínas séricas: proteína total, albumina e globulinas; Tempo de protrombina
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