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Prévia do material em texto

Economia Internacional
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Bruno Leonardo Silva
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
• Os Níveis de Integração Econômica;
• O Sistema de Bretton Woods;
• O SME (1979-1998) e as Válvulas de Segurança;
• A Crise do Euro;
• Considerações Finais.
 · Apresentar o processo de migração da União Europeia da condição 
de um mercado comum para uma União Econômica e Monetária e 
a crise da zona do euro.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Integração Econômica e a 
Formação da Zona do Euro
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
Os Níveis de Integração Econômica
A estratégia de formação do acordo conhecido como General Agreement 
on Tariffs and Trade (Gatt), em 1947, tinha como objetivo básico a criação de 
acordos multilaterais de comércio para elevar o bem-estar social na economia 
em nível global. Entretanto, em função das dificuldades da formação de acordos 
mais amplos entre os países, acabou-se por gerar o conformismo de que qualquer 
acordo firmado entre grupos de países já era um passo considerado relevante. Nas 
palavras de Carvalho e Silva (2007, p. 253),
[...] certa frustração com o ritmo de liberalização resultante dos acordos 
sob os auspícios do Gatt, somada à ideia de que alguma liberdade de co-
mércio, mesmo que seletiva, seria melhor que nenhuma, passou a fazer 
parte do discurso sobre a formação de blocos regionais. Argumentava-se 
que, ao menos entre os participantes do acordo comercial, haveria maior 
eficiência na alocação de recursos e aumento de bem-estar. Nessa conjun-
tura, algumas nações da Europa Ocidental deram os primeiros passos em 
seu processo de integração, que resultaria na atual União Europeia (UE).
Os níveis de integração econômica atingidos em cada acordo podem ser assim 
classificados: zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum, união 
econômica e integração econômica total. Respectivamente, representam graus 
ascendentes de interdependência econômica, vejamos:
Quadro 1 – Classificação da integração econômica e os principais acordos associados
Classificação da 
integração 
econômica
Principais características 
Principais acordos 
preferenciais de comércio
Zona de livre 
comércio
Países-sócios concordam em eliminar as barreiras sobre 
o comércio recíproco, mas mantêm políticas comerciais 
independentes em relação aos demais.
Acordo de Livre Com
ércio da 
Am
érica do Norte (Nafta)*
M
ercado Com
um
 do Sul (M
ercosul)
União Europeia: países fora da zona do euro
União Europeia: zona do euro
União aduaneira
Além da eliminação recíproca das barreiras sobre o comércio, os 
sócios passam a adotar uma política comercial uniforme em relação 
aos demais países.
 
Mercado comum
A liberdade de deslocamento não se restringe aos produtos, 
abrangendo também os fatores de produção – capital e mão de obra 
–; a política comercial é uniforme em relação a países não membros.
União econômica
Os acordos não se limitam aos movimentos de bens, serviços e 
fatores de produção, buscam harmonizar políticas econômicas para 
que os agentes possam operar sob condições semelhantes nos países 
constituintes do bloco econômico.
Integração 
econômica total
Implica livre deslocamento de bens, serviços e fatores de produção, 
além de completa igualdade de condições para os agentes 
econômicos, pois o acordo prevê idênticas políticas econômicas e 
sociais, administradas por autoridades supranacionais.
 
* Estabelece o livre comércio entre Canadá, Estados Unidos e México.
Fonte: Carvalho e Silva (2007, p. 254-255)
8
9
De acordo com Carvalho e Silva (2007, p. 256), a integração mais abrangente 
realizada até hoje é a União Europeia, que passou por todas as etapas iniciais 
e atualmente constitui uma união econômica – é sobre esta integração, ou seja, 
traçando acontecimentos históricos acerca da formação da Zona do Euro, que esta 
Unidade repousa.
O Sistema de Bretton Woods
Após anos de guerras mundiais e tendo passado pela Crise de 1929 no período 
entre grandes guerras, 44 países se reuniram em Bretton Woods no ano de 1944 
para poderem definir, entre outros assuntos, ajustes necessários para a geração do 
progresso econômico global.
Os anos de guerra e a crise subsequente promoveram o afunilamento dos mer-
cados internacionais de bens, o que, segundo a concepção liberal, precisaria ser 
corrigido. Entretanto, apesar de ter sido identificada a necessidade de um padrão 
de coordenação global nos aspectos monetário e comercial, o equilíbrio interno 
também deveria ser alcançado. Quando se diz equilíbrio interno, leia-se pleno em-
prego dos fatores e estabilização de preços, sobre os quais os governos teriam 
responsabilidade.
Assim, o acordo de Bretton Woods sela a formação de um sistema monetário 
internacional regido pelos Estados Unidos em um padrão ouro-dólar e a criação do 
Fundo Monetário Internacional (FMI).
O funcionamento básico do sistema monetário internacional era o de um regime 
de taxas fixas de câmbio, no qual cada país atrelava a sua moeda ao dólar em taxa 
fixa; enquanto o dólar, por sua vez, alinhava a sua taxa de câmbio em relação ao 
ouro em uma proporção de US$ 35 por cada onça de ouro (Figura 1).
Figura 1 – O esquema de taxas fi xas de câmbio no sistema Bretton Woods
Fonte: Acervo do Conteudista
9
UNIDADE Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
O mecanismo de taxas fixas de câmbio deu previsibilidade nas transações comer-
ciais e inibiu a geração de políticas monetárias expansionistas no mundo pelo fato 
de a oferta de moeda de cada país ter de respeitar o mercado de câmbio. Ou seja, 
a política monetária de cada nação estava absolutamente sujeita às necessidades de 
expansão e enxugamento de moeda no mercado interno a fim de manter a taxa de 
câmbio fixa com relação ao dólar. Em termos gerais, restaria a cada membro a po-
lítica fiscal como mecanismo de ajuste da economia rumo ao pleno emprego.
A queda do sistema de Bretton Woods passou por al-
guns fatores, entre os quais talvez o mais relevante tenha 
sido a política fiscal expansionista nosEstados Unidos a 
partir de 1965. O governo norte-americano, nessa época, 
elevou demasiadamente os gastos públicos para preparar a 
entrada do País na Guerra do Vietnã, como também para 
promover melhorias em sua educação e estrutura física. A expansão dos gastos 
seria a responsável por uma inflação interna que se expandiu para o mundo todo 
– lembrando que um dos objetivos do sistema de Bretton Woods era a manutenção 
de baixo nível de inflação ao redor do mundo. Entretanto, no momento em que o 
principal pilar do sistema – Estados Unidos – sobrepôs as finalidades desse aparato 
para atingir objetivos individuais, este ruiu.
O Enfraquecimento de Bretton Woods e a 
Concepção de uma União Monetária e Econômica
O fim do sistema de Bretton Woods, em 1973, o qual fixava a taxa de câmbio 
entre Estados Unidos e outros países, ofereceu a possibilidade de liberdade na 
flutuação cambial em relação a esse país. As economias estavam mais livres para 
coordenarem as suas políticas, sem a pressão de se manterem sob a rigidez que o 
sistema pregava.
Entretanto, o desmanche do sistema de Bretton Woods, que derivou, entre outros 
aspectos, da perda de confiança no posicionamento dos Estados Unidos como 
“tutor” da taxa de câmbio fixo, ao final da década de 1960 já estava direcionado. 
Os problemas econômicos gerados na parte final desse sistema auxiliaram no 
fortalecimento da ideia da criação de um acordo que permitisse às economias 
participantes da União Europeia ultrapassarem o nível de integração de mercado 
comum para o de uma União Econômica e Monetária (UEM).
Dentro desse 
contexto histórico, 
em 1947 houve a 
formação do Gatt.
10
11
Ademais, as duas razões iniciais para que o nível de integração estivesse no sen-
tido da UEM são colocadas por Krugman e Obstfeld (2005, p. 450) no Quadro 2:
Quadro 2
Garantir à Europa um papel 
mais destacado no sistema 
monetário mundial
Com as crises monetárias de 1969, a Europa começou a perder a confiança na prontidão 
dos Estados Unidos em colocar as suas responsabilidades monetárias internacionais à 
frente de seus interesses. Ao “falar com uma única voz” sobre as questões monetárias, 
os países da UE esperavam defender mais eficazmente os seus interesses econômicos 
diante dos Estados Unidos, cada vez mais voltados a seus próprios problemas.
Transformar a União 
Europeia em um mercado 
verdadeiramente unificado
Apesar de o Tratado de Roma de 1957 – que criou a UE – ter estabelecido uma união 
alfandegária, barreiras oficiais significativas aos movimentos de produtos e fatores 
na Europa ainda existiam. Um objetivo constante dos membros da UE foi eliminar 
todas as barreiras e transformar a União em um enorme mercado unificado, nos 
moldes dos Estados Unidos. As autoridades europeias acreditavam, no entanto, que 
as incertezas quanto às taxas de câmbio, assim como as barreiras comerciais oficiais, 
eram os principais fatores de redução do comércio na Europa. Sob esse ponto de vista, 
um mercado europeu realmente unificado nunca poderia ser atingido, a não ser que as 
taxas de câmbio mútuas europeias fossem fixas.
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005, p. 450)
As motivações da unificação e a forma com que esta seria realizada foram discu-
tidas preliminarmente na reunião de líderes europeus em Haia, Holanda, em 1969.
Além das questões explicitadas, tem-se que levar em consideração o passado 
recente das duas guerras mundiais. A unificação econômica e monetária na Europa 
representaria um passo importante para consolidar a paz no Continente.
Apesar da intenção da formação de uma UEM no início da década de 1970, 
a criação implicaria o abandono por parte dos países participantes das políticas 
monetária e cambial. Assim, teriam de abdicar dos instrumentos associados a cada 
uma das quais, o que significaria cada governo abrir mão de cumprir os objetivos 
internos de cada país. O fato é que, com as crises do início da década de 1970, 
a maior parte dos países priorizou minimizar os efeitos dessas com o máximo de 
instrumentos próprios possíveis e as ideias da UEM não frutificaram, de fato, nesse 
momento. Mesmo assim, no início da década de 1970, algumas coordenações 
intermitentes de ajuste conjunto das taxas de câmbio ocorreram de modo informal 
em um arranjo denominado, na época, como “cobra”.
Os alinhamentos entre países europeus vieram a se tornar mais sólidos somente 
a partir da formação do Sistema Monetário Europeu (SME), em 1979. As nações 
pioneiras foram França, Alemanha, Itália, Bélgica, Dinamarca, Irlanda, Luxembur-
go e Holanda.
11
UNIDADE Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
O SME (1979-1998) e as 
Válvulas de Segurança
O sistema monetário europeu representou o alinhamento das taxas de câmbio. 
Entretanto, ao contrário do sistema de Bretton Woods – no qual a taxa de câmbio 
era fixa em relação ao dólar –, sob o SME, as economias europeias formaram um 
“clube de taxas fixas de câmbio” com válvulas de segurança para frear crises.
As principais válvulas de segurança foram:
• Taxa de câmbio fixada com a possibilidade de flutuação em banda: assim 
como uma ponte construída necessita de flexibilidade para haver amortecimento 
dos impactos de alterações de temperatura, pressão e velocidade dos ventos, 
os europeus entenderam que um regime de taxa de câmbio fixo somente 
sobreviveria caso houvesse a possibilidade de flutuações em banda – intervalo 
pré-definido para cima e para baixo, em termos percentuais, no qual a taxa de 
câmbio poderia flutuar; de modo que, tal como afirmam Krugman e Obstfeld 
(2005, p. 450),
[...] a maioria das taxas de câmbio “fixadas” [...] podia flutuar para cima 
ou para baixo [...] em relação a um valor ao par. Isto dava liberdade para 
os países poderem ter algum grau de domínio sobre a política monetária 
de seus países, pois em regimes de câmbio fixo, a oferta de moeda está 
sujeita à manutenção da taxa de câmbio e não pelo desejo das autoridades 
monetárias de cada país.
• Crédito entre membros com moeda mais forte para os que possuíam 
moeda mais fraca: afinal, conforme Krugman e Obstfeld (2005, p. 452),
[...] o SME desenvolveu provisões generosas para estender o crédito dos 
membros com moeda forte para os membros com moeda fraca. Se o 
franco francês se depreciasse muito em relação ao DM, por exemplo, o 
banco central da Alemanha, o Bundesbank, emprestaria marcos ao Banco 
da França, que poderia trocá-los por francos no mercado de câmbio.
• Controles cambiais para minimizar a chance de ataques especulativos.
Histórico de Controle Inflacionário 
Alemão e a Reunificação Germânica
O histórico hiperinflacionário vivido pela Alemanha na década de 1920 e após 
a Segunda Guerra Mundial impôs um temor tão elevado em tal país que este foi 
capaz de mover o Bundesbank, no sentido de centralizar o objetivo de controle no 
nível de preços internos.
12
13
A partir das medidas realizadas, o Marco Alemão (DM) tornou-se até mesmo 
um modelo de moeda forte para os países da União Europeia. Isto é tão verdadei-
ro que ao longo de boa parte da década de 1980, as nações se espelhavam no DM 
para manterem-se com as taxas de câmbio alinhadas em relação aos integrantes 
do bloco. Assim, ao invés de se preocuparem no alinhamento simultâneo em re-
lação a todos os membros, cada um destes observava o comportamento da taxa 
de câmbio concernente à moeda alemã como forma de manter tal índice entre 
todos os outros.
Entretanto, a reunificação alemã após a queda do muro de Berlim inseriu novos 
capítulos na história do SME. A partir da reunificação, em 1990, a Alemanha 
Ocidental observou o atraso em desenvolvimento na Alemanha Oriental; de modo 
que o governo alemão estabeleceu uma política fiscal expansionista como forma de 
minimizar as diferenças estruturais entre as duas regiões – o problema é que esse 
movimento foi capaz de gerar uma elevação acentuada no nível de preços internos.
Os problemas inflacionários evidenciados por volta de 1992 acabaram influen-
ciando os demais participantes doSME. Isto porque, com o aumento na taxa de 
inflação na Alemanha, este país elevou as taxas de juros para tentar controlar o 
nível de preços. Por consequência, tal instrumento motivou a movimentação de ca-
pitais rumo à Alemanha e acabou por forçar os demais países do bloco a elevarem 
a taxa de juros – a fim de se evitar desajustes no regime de bandas cambiais. Por 
esta medida ter potencial de redução no ritmo da atividade econômica, obviamente 
os países-membros não ficaram muito contentes com a política econômica alemã.
É importante ressaltar que os ataques especulativos somente foram possíveis 
devido à remoção gradual dos controles cambiais a partir de 1987.
Iniciativa 1992: A Busca pela Finalização do 
Processo de Integração de Mercados na UE
Muitas barreiras ao comércio ainda perduravam dentro da União Europeia, 
apesar da assinatura do Tratado de Roma, em 1957. Rumo à completude do 
processo de liberalismo econômico internacional, foi lançado o plano conhecido 
como iniciativa 1992, o qual almejava atingir objetivos para selar alguns aspectos 
do tratado de 1957 – este ainda em aberto até primeiro de janeiro de 1993. Nesse 
sentido, Krugman e Obstfeld (2005) citam exemplos de problemas ainda existentes:
Em algumas indústrias, como a automobilística e a de telecomunicações, 
o comércio era limitado por padrões impostos pelo governo e pela neces-
sidade de registros burocráticos – assim, as autorizações do governo ou as 
práticas de compra quase sempre transformavam os produtos domésticos 
praticamente em monopolistas no mercado interno. As estruturas tribu-
tárias nacionais, diferentes entre si, e as regulamentações de segurança e 
saúde também inibiam o comércio.
13
UNIDADE Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
Diversos avanços foram atingidos na iniciativa 1992; entretanto, muitos ainda 
precisam ser finalizados.
Plano Delors e o Tratado de Maastricht (1991)
A manutenção do sistema monetário europeu da forma originalmente estrutura-
da oferecia muitas possibilidades para ajustes de política monetária por cada país. 
Assim, para sanar as dificuldades de coordenação de políticas macroeconômicas, 
em 1989, um comitê liderado pelo presidente da Comissão Europeia, Jacques 
Delors, criou um plano para alcançar o objetivo de unificação monetária dentro da 
União Europeia. Tal plano contava com três estágios, os quais aqui comentados 
por Krugman e Obstfeld (2005, p. 455):
No primeiro estágio do Plano Delors, todos os membros da UE deve-
riam ingressar no Mecanismo de Taxas de Câmbio (MTC). No segundo 
estágio, as margens de taxas de câmbio seriam reduzidas e certas deci-
sões de política macroeconômica seriam colocadas sob controle mais 
centralizado da UE. Finalmente, o terceiro estágio do Plano Delors 
envolvia a substituição de moedas nacionais por uma única moeda eu-
ropeia e a atribuição de todas as decisões de política monetária a um 
Sistema Europeu de Bancos Centrais.
Em 1991, um acordo foi formalizado para tornar possível o desejo de criação 
de uma única moeda e, assim, garantir a unificação da política monetária entre os 
membros da UE. O acordo ficou conhecido como Tratado de Maastricht e definia 
prazo para a execução dos estágios do plano Delors, sendo que a última etapa 
deveria ser alcançada até 1 de janeiro de 1999. 
Do SME para uma Moeda Única: Motivações
As motivações da migração do SME para a construção de uma moeda única 
entre os países da UE, de acordo com Krugman e Obstfeld (2005), poderiam ser 
explicadas a partir de quatro pontos:
1. A criação de uma única moeda teria potencial de elevar o grau de integração 
na Europa em função da ausência de desconfiança sobre a taxa de câmbio 
e inexistência de custos de transação da moeda;
2. A experiência alemã revelou aos membros do sistema monetário europeu 
que interesses individuais continuariam a sobrepor aos objetivos do próprio 
SME quando algum país entendesse como sendo necessário efetuar alguma 
medida interna; 
3. Em função da liberdade do movimento de capitais de forma ampla na 
União Europeia, a continuidade do regime de câmbio fixo em bandas teria 
dificuldade de manutenção, em função da elevada possibilidade de ata- 
ques especulativos;
14
15
4. A moeda única consolidaria a cooperação entre os países europeus, isto 
após profundos atritos em anos de guerra.
O Tratado de Maastricht criou regras para a entrada de novos membros na for-
mação da UEM. Assim, Krugman e Obstfeld (2005, p. 456) levantam os critérios-
-chave a serem seguidos:
1 Taxa de inflação no ano anterior à admissão pode ser, no máximo, 
1,5% maior do que a média dos 3 Estados-Membros da UE com in-
flação baixa;
2 País deve ter mantido taxa de câmbio estável dentro do MTC, sem ter 
desvalorizado sua moeda por incentivo próprio;
3 O déficit do país no setor público deve ser de no máximo, 3% do PIB 
(exceto em circunstâncias especiais);
4 País deve ter dívida pública inferior ou próxima de um nível de refe-
rência de 60% do PIB.
Apesar de os requisitos serem para a admissão na UEM, os critérios três e quatro 
são de acompanhamento contínuo pela Comissão Europeia, ou seja, a política 
fiscal também se torna alvo de controle no Tratado de Maastricht.
A fim de garantir a estabilidade fiscal e afastar o receio de enfraquecimento 
da moeda comum, em 1997 um pacto suplementar foi firmado entre os países, 
criando-se objetivos orçamentários. Por meio desse pacto, haveria a possibilidade 
de impor penalidades financeiras às nações que não reagissem de forma ágil no 
ajuste de déficits e dívidas em excesso. Tal acordo ficou conhecido como Pacto de 
Estabilidade e Crescimento (PEC).
A Crise do Euro
De forma simples, o que se convencionou chamar de “crise do euro” nasceu do 
crescimento dos ativos globais rumo a bancos da zona do euro e bancos europeus 
instalados fora dessa zona até o ano de 2007. O elevado volume de recursos e as 
baixas taxas de juros estimularam o crescimento do volume de créditos direcionados 
a devedores de maior risco. Teve destaque o financiamento de gastos com consumo, 
investimento e habitação. Muitos recursos foram direcionados a países de maior 
risco, tais como Grécia e Portugal. A crença dos bancos europeus era de que, em 
caso de inadimplência, os governos europeus se reuniriam para evitar a quebra de 
cada banco, dado o potencial gerador de uma crise sistêmica. 
O excessivo de recursos para países com maior risco de crédito acabou forçando 
demasiadamente a demanda agregada, o que provocou um aumento significativo 
na taxa de inflação e, portanto, uma valorização real de suas moedas.
15
UNIDADE Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
Importante!
Lembre-se de que a taxa real de câmbio é determinada pela seguinte equação:
e = E
P
P
*
Onde:
e = taxa de câmbio real.
E = taxa de câmbio nominal.
P* = nível de preços do estrangeiro.
P = nível de preços domésticos.
Ademais, para compreender o movimento dessa equação, supondo um aumento no 
nível de preços domésticos, isto faria com que os produtos locais fossem considerados 
mais caros e estimularia a importação de produtos e serviços. Ou seja, os produtos locais 
perderiam a sua competitividade.
Importante!
De acordo com Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 512),
[...] com uma inflação mais elevada do que a da Alemanha, mas com taxas 
de títulos essencialmente iguais, esses países tinham menores taxas de 
juros reais durante meados da década de 2000, um fator que os estimulou 
a gastar e a aumentar a inflação ainda mais [...]. As dívidas externas 
então cresceram, suscitando a pergunta de como estes países gerariam 
excedentes de exportação líquidos necessários para pagar os credores 
estrangeiros. O dilema tornou-se mais agudo, à media que o crescimento 
desacelerava em consequência da crise global de 2007-2009.
O “estouro” da crise na zona do euro partiu do anúncio do novo governo grego, 
em 2009, de que as estatísticas corretas sobre a dívida pública bruta/Produto Interno 
Bruto (PIB) superavam a faixados 100%. Os termos sobre a incapacidade de 
honrar os compromissos com os possuidores de títulos gregos levaram as agências 
de rating a rebaixarem a classificação da dívida do governo grego. Como forma 
de tentar minimizar as turbulências nas “terras mitológicas”, em 2010, o governo 
local promoveu uma política fiscal fortemente contracionista, partindo de cortes de 
gastos e aumento de impostos, o que acabou gerando desemprego e queda do PIB.
Apesar da aprovação de um pacote de empréstimo para a Grécia em 2010, o 
temor de que os credores de títulos gregos pudessem “levar um calote” e importar 
a crise era um “terreno aberto” para a efetivação de uma “profecia autorrealizável”, 
assim como o “corpo de um defunto que clama pelos seus vermes”. Conforme 
Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 516),
[...] se os mercados esperam uma inadimplência, eles cobrarão do go-
verno que empréstimos a taxas de juros muito elevadas, e se for incapaz 
de aumentar os impostos ou cortar gastos suficientes, ele será forçado 
a perder reembolsos da dívida e, portanto, haverá inadimplência. Isso é 
exatamente o que aconteceu na área do euro.
16
17
A fim de atenuar o problema, os líderes da zona do euro aprovaram uma linha 
de financiamento para comprar os títulos dos países da zona do euro com dívidas 
alarmantes, como a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália.
Assim, a partir do susto gerado e da incapacidade dos países problemáticos em 
sanar as suas dívidas públicas, uma série de debates em torno de uma maior firmeza 
sobre o comprometimento fiscal e até mesmo a formação de um federalismo fiscal 
já estiveram em diferentes pautas; de modo que o Tratado de Estabilidade Fiscal, 
assinado em 2013, é visto como uma versão mais rígida do PEC e representa uma 
das respostas políticas aos problemas enfrentados na zona do euro.
Considerações Finais
Esta Unidade apresentou a migração da União Europeia da condição de um 
mercado comum para uma união econômica e monetária. As páginas sobre o 
futuro desta UEM continuam sendo escritas, com certo temor de seu colapso. 
Entretanto, até mesmo a existência da União Europeia torna-se uma incógnita de-
vido a movimentos recentes, tais como a negociação de saída do Reino Unido – o 
chamado “Brexit” – e o apoio parcial da população francesa pela saída da França, 
processo este evidenciado nos debates da última corrida presidencial desse país.
Assim, aguardaremos as “cenas dos próximos capítulos”.
17
UNIDADE Integração Econômica e a Formação da Zona do Euro
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Introdução às Finanças Internacionais
CARVALHO, G de. Introdução às finanças internacionais. São Paulo: Pearson 
Prentice Hall, 2007.
Economia Internacional: Teoria e Prática
COSTA, A. J. D.; SANTOS, E. R. de S. Economia internacional: teoria e prática. 
Curitiba, PR: Intersaberes, 2012.
Economia Internacional
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Referências
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