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ECA22020_ Unidade 1 - Conteúdo Interativo

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12/17/2020 ECA22020: Unidade 1 - Conteúdo Interativo
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O Estatuto da Criança e do Adolescente como Marco Legal dos
Direitos da Criança e do Adolescente
Unidade 1
Curso: Estatuto da Criança e do Adolescente
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Advogada inscrita na OAB-BA, Especialista em Direito da Criança e do Adolescente pela
Fundação Escola Superior do Ministério Público, Autora do Livro Guia Prático Conhecendo
o ECA (ISBN 978-65-901859-0-7). Membro da Comissão de Proteção à Criança e ao
Adolescente da OAB-BA.
ALINE PESTANA
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- Conhecer as bases e os fundamentos do
Estatuto da Criança e do Adolescente,
seus princípios norteadores, com
destaque para os artigos 1º ao 6º, e
compreender a sua importância como
instrumento normativo de promoção, de
defesa e de controle da efetivação dos
direitos fundamentais da criança e do
adolescente.
Olá pessoal,
Esperamos que tenha gostado do vídeo: para início de conversa, ele foi preparado
para você!
Vamos começar a leitura do material?
Ao terminar as atividades previstas nessa unidade, você deverá ser capaz de:
- Conhecer a evolução
histórica dos direitos da
criança e do adolescente,
etapa fundamental para a
compreensão do tratamento
jurídico que atualmente é
dispensado às crianças e aos
adolescentes no Brasil;
- Entender em que consiste a
Doutrina da Proteção Integral,
como ela ganhou destaque no
cenário nacional e como
substituiu a Doutrina da
Situação Irregular, que reinou
durante a vigência do Código de
Menores de 1979; e,
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Um longo caminho foi percorrido para que se alcançasse o estágio atual de
tutela dos direitos da criança e do adolescente, consolidado sob o prisma da
proteção integral.  Três etapas do tratamento jurídico dispensado à infância
podem ser destacadas, a saber:
a) etapa da tutela indiferenciada: quando não havia tratamento
jurídico diferenciado para as crianças e os adolescentes;
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c) etapa da Proteção Integral: o momento atual, que
considera a criança e o adolescente como sujeitos de
direitos, pessoas em condição peculiar de desenvolvimento
e com garantia de prioridade absoluta.
A evolução histórica dos direitos da criança e do adolescente, no cenário internacional e no
ordenamento jurídico brasileiro, será estudada ao longo desta unidade, até alcançarmos o marco
legal desses direitos, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio da Lei nº
8.069/90.
b) etapa do tratamento tutelar: momento em que
apenas os “menores em situação de risco” (expostos,
abandonados ou delinquentes) eram objetos de
intervenção do Estado; e
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1. O CAMINHO PERCORRIDO ATÉ A CHEGADA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Conheça a linha do tempo desse percurso:
1797
Thomas Spence publica
“Rights of Infants”
(Direito das Crianças)
Fundada a Sociedade
Nova Iorquina para a
Prevenção da
Crueldade Contra a
Criança
Primeira marcha de
crianças registrada no
Estados Unidos contra
a escravidão infantil
Eglantyne Jebb publica
a 1ª Declaração
Internacional do
Direito da Criança
1874/1875 1909 1924
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1927
Sancionado o
Código de
Menores no Brasil
1946 1948 1959
1979 1989
Criação da UNICEF
Publicação da
Declaração Universal
dos Direitos Humanos
Versão ampliada da
Declaração é
publicada
Ano Internacional da Criança.
A Polônia propõe a criação
da Convenção dos Direitos
da Criança. No Brasil é
publicado no Novo Código do
Menor, Lei nº 6.697
Publicação da Convenção dos
Direitos da Criança, ratificada
por todos os países membros
da ONU, exceto os Estados
Unidos
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1990
Publicado o Estatuto da
Criança e do
Adolescente no Brasil,
fundamentado na
Convenção ratificada na
ONU, Lei nº 8.069/90.
1991
2000
Criação do Comitê
dos Direitos da
Criança na ONU
Publicação do Protocolo
Opcional do Direito da Criança
Envolvida em Conflito Armado
e do Protocolo Opcional do
Direito da Criança envolvida
em Tráfico Humano,
Prostituição e Pornografia
Infantil na ONU - ratificados
pelo Brasil
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Um longo caminho foi percorrido até que a infância fosse vista
como um momento especial na vida do ser humano. Crianças e
adolescentes não eram reconhecidos como sujeitos de direitos e
pessoas em desenvolvimento, sobre as quais seria necessário
um tratamento diferenciado.
Um dos efeitos da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra
após a segunda metade do Século XVIII, foi a exploração do
trabalho operário, em especial o trabalho infantil, que não era
visto como exploração, mas como uma atividade permitida para
composição da renda familiar.
Por outro lado, as crianças que eram consideras “ilegítimas”
(concebidas fora do casamento) ou portadoras de deficiências
eram jogadas em precipícios ou abandonadas nas portas de
casas ou nas ruas, a mercê de serem atacadas por animais,
mortas de fome ou de frio.
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No Brasil, por volta de 1726-1738, algumas
crianças eram colocadas na “Roda dos
Expostos”, uma espécie de cilindro de madeira
nos conventos e nas Santas Casas de
Misericórdia, criadas para o acolhimento de
crianças indesejadas e abandonadas pelos seus
pais, resultados da pobreza e de preconceitos
morais da época.
No cenário internacional, a Declaração de
Genebra, de 1924, foi o primeiro documento
que tratou do direito das crianças, trazendo em
seu contexto diversos fatores de proteção.
Confira o trecho:
"A criança deve ser concedido os meios
necessários para o seu desenvolvimento normal,
tanto material como espiritual. A criança que tem
fome deve ser alimentada, a criança que está
doente deve receber os cuidados de saúde
necessários, a criança que está atrasada deve ser
ajudada, a criança delinquente deve ser
recuperada, e o órfão e a criança abandonada
deve ser protegida e abrigada. A criança deve ser a
primeira a receber o socorro em tempos de crise
ou emergência (...)."
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Em 1948, por meio da Declaração Universal
dos Direitos Humanos das Nações Unidas,
reconheceu-se, pela primeira vez, que a infância
tinha direito a cuidados e a assistências especiais
e ainda que todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do casamento, seriam beneficiadas com a
mesma proteção social.
Artigo 25, item 2: "A maternidade e a infância
têm direito a cuidados e assistência especial.
Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimônio, gozarão da mesma proteção social".
Em 1959, a Declaração Universal dos Direitos
das Crianças, proclamada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas, deu espaço de destaque para
as crianças e aos adolescentes por considerá-los
uma população com direitos e peculiaridades.
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Ela instituiu 10 princípios que devem ser respeitados por todos, dentre os quais se destacam:
 
a) O Princípio da Não Discriminação: todas as crianças serão beneficiadas pelos direitos previstos
na Declaração, sem nenhuma discriminação;
 
b) OPrincípio do Pleno Desenvolvimento: toda criança tem direito a proteção especial e a todas as
facilidades e oportunidades para se desenvolver, com liberdade e dignidade; e
 
c) O Princípio da Prioridade de Atendimento: reconhece a primazia da criança em receber socorro
em quaisquer circunstâncias.
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Em 1969, a Convenção Americana sobre os
Direitos Humanos, também conhecida como
Pacto San José da Costa Rica, já disciplinava a
responsabilidade compartilhada entre família,
sociedade e Estado na proteção de crianças e de
adolescentes:
Artigo 19: “Toda Criança tem direito as medidas
de proteção que na condução de menor requer,
por parte da família, da sociedade e do Estado”. 
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Em 1989, foi aprovada na ONU (Organização das
Nações Unidas) a Convenção Internacional
sobre os Direitos da Criança, constituindo o
instrumento jurídico internacional mais
importante para a defesa e a proteção dos
Direitos da Criança.
O art. 3º, item 1 da Convenção, consagra o
Princípio do Melhor Interesse da Criança, ao
estabelecer que todas as ações relativas à
criança, sejam elas levadas a efeito por
instituições públicas ou privadas de assistência
social, tribunais, autoridades administrativas ou
órgãos legislativos devem considerar
primordialmente o melhor interesse da criança.
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O art. 19 obriga a todos os Estados Partes (aqueles
que assinaram a Convenção), a adotarem medidas
legislativas, administrativas, sociais e educacionais
apropriadas a proteger as crianças contra todas as
formas de violência. Cento e noventa e seis (196)
países ratificaram a Convenção, inclusive o Brasil,
em 24 de setembro de 1990, comprometendo-se,
a partir de então, a observar e cumprir seus
princípios e regras, pois, diferente das
Declarações, as Convenções tem força de lei
internacional. É nessa Convenção que se adota o
princípio da proteção integral.
O Brasil participou ativamente da construção
desta Convenção, tendo inclusive adotado seus
princípios antes mesmo da sua aprovação no
cenário internacional, com a inclusão do artigo
227 da Constituição Federal de 1988, além de
ratificá-la em 1990, logo após a sua promulgação.
Todos esses instrumentos internacionais, em
especial, a Convenção Internacional sobre os
Direitos da Criança de 1989, serviram de
inspiração para o Brasil na elaboração do Estatuto
da Criança e do Adolescente. Mas, antes de
adentrarmos nas especificidades do Estatuto,
vamos analisar, brevemente, a evolução do
tratamento jurídico dispensado às crianças e aos
adolescentes, no cenário nacional?
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O Código de Menores, promulgado em 10 de dezembro de 1927, estabeleceu a maioridade penal,
no Brasil, definindo que os menores de 18 anos não poderiam mais ser responsabilizados
penalmente pelos seus atos. No entanto, esse Código ainda não reconhecia crianças e adolescentes
como sujeitos de direitos.
Em 1979, foi editado um novo Código de Menores, Lei nº 6.697/79. Nesse instrumento, o foco era o
menor em situação irregular, ou seja, aquela criança ou adolescente que se encontrava em situação
de abandono, maus tratos, com desvio de condutas ou ainda em conflito com a lei. Esse período é
conhecido pela doutrina como a etapa do tratamento tutelar ou Doutrina da situação irregular.
Durante a vigência deste Código, crianças e adolescentes também
não eram vistas como sujeitos de direitos, muito menos como
pessoas em desenvolvimento, mas como um objeto de proteção do
Estado. Percebeu-se, então, que o Código de Menores estava
distante do entendimento a respeito dos direitos da criança e do
adolescente no contexto mundial, sendo imprescindível uma
mudança de postura.
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2. A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
Finalmente, em 05 de outubro de 1988, foi
promulgada a nova Constituição Federal, também
conhecida como Constituição Cidadã. Ela é a lei
fundamental e suprema do Brasil. Em seu artigo 227,
ela consagrou a Doutrina da Proteção Integral:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
~
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A partir de então, as crianças e os adolescentes deixaram de ser
considerados como objeto de proteção do Estado e passaram a ser
reconhecidos como sujeitos de direitos, a quem são conferidos
todas as garantias fundamentais peculiares a essa condição.
Finalmente, dois anos após a promulgação da Constituição Federal
de 1988, surge no plano infraconstitucional (abaixo da
Constituição), o Estatuto da Criança e do Adolescente, também
conhecido como ECA, instituído pela Lei nº 8.069/90. O ECA
revolucionou o tratamento legal dispensado a pessoas com menos
de 18 anos de idade.  Ele é chamado de Estatuto, porque é um
conjunto de normas e direitos fundamentais indispensáveis à
formação integral de crianças e de adolescentes, sendo o primeiro
e mais importante diploma legal no que se refere à tutela dos
direitos infanto-juvenis.
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Fundamentos da Doutrina da Proteção Integral:
(1) Crianças e
adolescentes são
sujeitos de direitos.
(2) Crianças e
adolescentes são
pessoas em
desenvolvimento, e
devem ser respeitadas
como tal.
(3) Crianças e
adolescentes possuem
prioridade absoluta.
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Muito diferente do antigo Código de Menores,
o ECA não mais se limita a tratar das medidas
repressivas contra os atos infracionais
praticados por menores. Com a visão mais
humana, já em seu artigo 1º, estabelece a
proteção integral à criança e ao adolescente.
Entenda seus fundamentos:
Pela Doutrina da Proteção Integral, as crianças
e os adolescentes são sujeitos de direitos! Ou
seja, são titulares de direitos que devem ser
respeitados e observados por todos (família,
sociedade e Estado), cabendo a qualquer
pessoa buscar o amparo do Poder Judiciário
em caso de descumprimento.
A doutrina da proteção integral também
reconhece que as crianças e os adolescentes
são pessoas em desenvolvimento, ou seja,
entende-se que essa é uma etapa de grandes
transformações na vida do ser humano,
necessitando de atenção e de cuidados
especiais, principalmente, nos seis primeiros
anos de vida, período que é reconhecido como
primeira infância. É por esse motivo, que a Lei
nº 13.257/2016 dá destaque às políticas
públicas voltadas à primeira infância. Ela
também será objeto de nossos estudos nas
próximas unidades.
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O artigo 4° do ECA é a transcrição da primeira
parte do artigo 227 da Constituição Federal,
atribuindo à família, à sociedade e ao poder
público o dever de assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária. Esse artigo também estabelece o
princípio da prioridade absoluta, emseu
parágrafo único.
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Essa garantia compreende:
Prioridade Absoluta
a) A primazia de receber proteção e socorro em
quaisquer circunstâncias; 
b) A precedência de atendimento nos serviços públicos
ou de relevância pública; 
c) A preferência na formulação e na execução das
políticas sociais; e, 
d) A destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude. 
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Vamos testar seus conhecimentos?
Veja se consegue responder a questão a seguir.
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A garantia de prioridade absoluta dos direitos das crianças e dos
adolescentes, fundamento da Doutrina da Proteção Integral, foi
instituída, pela primeira vez no Brasil por meio do art. 227 da
Constituição Federal de 1988.
 A afirmativa está correta.
 A afirmativa está errada.
 Confirmar
Questão 1
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3. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Criança e do Adolescente
regulamentou o artigo 227 da Constituição
Federal, disciplinando um amplo rol de direitos
fundamentais, que estão previstos do art. 7º ao
art. 69. Esses direitos encontram seu
fundamento na dignidade da pessoa humana,
e, por esse motivo, são considerados
indispensáveis à sua proteção integral e à sua
formação como pessoa em desenvolvimento.
É, por isso, que o artigo 3º do ECA dispõe que a
criança e o adolescente, sem qualquer
discriminação, gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana,
assegurando-se lhes, por lei ou por outros
meios, todas as oportunidades e as facilidades,
a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade.
Qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
direitos fundamentais das crianças e dos
adolescentes deverá ser punido na forma da
lei (art. 5º ECA).
Vamos ver como o Estatuto classificou esses
direitos?
12/17/2020 ECA22020: Unidade 1 - Conteúdo Interativo
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Atenção! Este rol de direitos fundamentais não
é taxativo! Isso significa que as crianças e os
adolescentes possuem, além destes, todos os
direitos humanos e fundamentais previstos em
normas Constitucionais e infraconstitucionais.
Direito à Vida e à Saúde (Art. 7º ao 14)
Direito à Liberdade, ao Respeito e à
Dignidade (Art. 15 ao 18)
Direito à Convivência Familiar e
Comunitária (Art. 19 a 52-D)
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e
ao Lazer (Art. 53 a 59)
Direito à Profissionalização e à Proteção No
Trabalho (Art. 60 a 69)
Direitos Fundamentais da Criança
e do Adolescente
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A maioria dos direitos fundamentais previstos
no ECA, possuem um caráter prestacional. E o
que isso quer dizer?  Significa dizer que por
estarem intimamente ligados com o princípio
da dignidade da pessoa, eles contêm deveres
que são impostos ao poder público, aos pais e
aos responsáveis pelas crianças e pelos
adolescentes, sob pena de se buscar o amparo
do Poder Judiciário em caso de
descumprimento.  
Os direitos fundamentais refletem claramente
a proteção integral apregoada na Constituição
Federal e no ECA. Porém, o desafio que atinge a
todos (famílias, sociedade e Estado) é o de dar
efetividade a esses direitos e concretizar os
princípios e as diretrizes da proteção integral, a
fim de que não representem apenas uma
conquista formal, mas uma realidade.
12/17/2020 ECA22020: Unidade 1 - Conteúdo Interativo
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Para alcançar estes objetivos, a formulação e a
execução das políticas públicas, objetivando a
concretização dos direitos fundamentais, deve
se dar por meio de um conjunto articulado de
ações governamentais e não governamentais
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios (confira o art. 86 do ECA).
Essas ações devem ser orientadas pelas
inovadoras diretrizes da política de
atendimento trazidas pelo ECA, em seu art.88.
Merecem destaque as seguintes:
a) a municipalização do atendimento;
b) a criação de conselhos municipais, estaduais
e nacional dos direitos da criança e do
adolescente, órgãos deliberativos e
controladores das ações em todos os níveis;
c) integração operacional de órgãos do
Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
Segurança Pública e Assistência Social; e
d) formação profissional com abrangência dos
diversos direitos da criança e do adolescente
que favoreça a intersetorialidade no
atendimento da criança e do adolescente e seu
desenvolvimento integral.
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Essa nova Política de Atendimento foi adotada
com amparo na Constituição Federal,
rompendo, mais uma vez, todos os vínculos
com o modelo de atendimento centralizado,
vertical e assistencialista do antigo Código de
Menores.
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Vamos testar seus conhecimentos?
Veja se consegue responder a questão a seguir.
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Pela interpretação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o
dever de cuidado e de proteção a toda e qualquer criança e
adolescente passou a ser um dever exclusivo do Estado.
 A afirmativa está correta.
 A afirmativa está errada.
 Confirmar
Questão 2
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Imagine a situação abaixo:
Uma criança diagnosticada com distúrbio da atividade e da atenção (CID 10 - F90.0), dislexia e outros
transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares, necessitava do uso contínuo do medicamento
Ritalina LA 30mg, mas a sua família não tem condições financeiras para custear o seu tratamento. Os
medicamentos fornecidos pelo SUS são ineficazes para o tratamento da patologia.
Agora, tente responder:
A impossibilidade de custear o tratamento médico adequado para esta criança, por parte da sua
família, resultará na privação do seu direito fundamental à saúde?
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Resolução do Caso:
NÃO!
O direito à saúde é um direito fundamental da criança e do
adolescente garantido tanto em âmbito constitucional,
quanto pelo ECA (art. 7º): “ A criança e o adolescente têm
direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação
de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e
o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
dignas de existência.”
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Aliado a isso, conforme o parágrafo 2º, Artigo 11
do ECA, inserido no rol do Capítulo do Direito
Fundamental à Vida e à Saúde: “Incumbe ao
poder público fornecer gratuitamente, àqueles
que necessitarem, medicamentos, órteses,
próteses e outras tecnologias assistivas relativas
ao tratamento, habilitação ou reabilitação para
crianças e adolescentes, de acordo com as linhas
de cuidado voltadas às suas necessidades
específicas”.
Portanto, para que esse direito seja garantido a essa
criança, o poder público deverá fornecer o
medicamento necessário ao seu tratamento, cuja
família não tenha condições de arcar, sob pena de se
buscar o amparo do Poder Judiciário para exigir o
seu cumprimento.
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Conheça o caso da menina Mary Ellen Wilson, considerado como o marco da
luta pelos direitos da criança e do adolescente, no cenário internacional: 
O caso envolvendo Mary Ellen Wilson, nascida em 1864, na cidade de Nova
Iorque, filha de Francis e Thomas Wilson, deu início a um movimento em prol dos
direitos de crianças e adolescente, com a criação da Sociedade de Prevenção da
Crueldade contra Criança, no fim do século XIX.
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Logo após o seu nascimento, o pai biológico de Mary Ellen  faleceu e a sua mãe
precisou trabalhar para o sustento da família. Por não ter condições de cuidar da
criança, Francis Wilson entregou a filha para uma “cuidadora” que, posteriormente
a levou para um “Departamento de Caridades” da cidade. Mary Ellen foi adotada,
de maneira ilegal, pelo casal Mary e Thomas McCormack.
Mary Ellen foi vítima de maus tratos e negligência por parte da sua “mãe adotiva”.
Após denúncias de vizinhos, o caso chegou à justiça.  
Na época já existiam algumas regras protetivas a respeito de crianças
negligenciadas, mas as autoridades fizeram pouco caso da denúncia apresentada.  
Em seu depoimento, a criança confirmou que sofria agressões físicas severas por
parte da sua “mãe adotiva” todos os dias e que era proibida de sair de casa. 
Finalmente o caso foi julgado com base em um argumento utilizado pela
American Society for the Prevention of Cruelty to Animals – ASPCA, de que se não
havia justiça para ela na condição de criança, que fosse então protegida como um
animal que vivia nas ruas.  
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Outras indicações:
Para uma maior compreensão a respeito da evolução do tratamento dado à infância, sugiro a
leitura do livro de ARIÈS sobre a invenção da infância (ARIÈS, Philippe. História Social da
Criança e da Família. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981).
Estudar a respeito da Lei do Ventre Livre, do Movimento de Salvação da Criança e as razões
para o nascimento da Justiça de Menores podem ampliar a compreensão da evolução do
tratamento jurídico conferido às crianças e aos adolescentes. Pesquise, também, a história da
Roda dos Expostos no Brasil, período do tratamento indiferenciado à infância. Um resumo
pode ser encontrado no link: http://ainfanciadobrasil.com.br/seculo-xviii-os-enjeitados/
Se houver interesse em aprofundar os conhecimentos a respeito da substituição da doutrina
da situação irregular pela doutrina da proteção integral, indico a leitura do Artigo:
Fundamentos históricos e principiológicos do direito da criança e do adolescente: bases
conceituais da teoria da proteção integral, disponível para leitura em:  
http://seer.upf.br/index.php/rjd/article/download/7840/4646
http://ainfanciadobrasil.com.br/seculo-xviii-os-enjeitados/
http://seer.upf.br/index.php/rjd/article/download/7840/4646
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Até a Constituição de 1988, vigorava no Brasil a Doutrina da Situação Irregular, que considerava
as crianças e os adolescentes apenas como objetos de proteção do Estado, tutelados pelo antigo
Código de Menores de 1979. O foco era apenas os “menores” que se encontrava em situação de
abandono, de maus tratos, com desvio de condutas ou em conflito com a lei.
A mudança de paradigma fruto de uma construção coletiva e inspirada nos instrumentos internacionais mencionados ao
longo da unidade, deu-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo 227, abraçou a doutrina da
proteção integral no Brasil. As crianças e os adolescentes passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos e pessoas
em desenvolvimento, gozando de absoluta prioridade na consolidação de seus direitos fundamentais, principalmente no
campo das políticas públicas.
Foi então, que no campo infraconstitucional, um novo diploma legal surgiu para tutelar amplamente os direitos da criança e
do adolescente, reafirmando a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado na garantia dos direitos fundamentais e
na proteção contra todas as formas de negligência, de discriminação, de exploração, de violência, de crueldade e de
opressão: O Estatuto da Criança e do Adolescente, marco legal dos direitos da criança e do adolescente no Brasil.
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Para finalizar essa Unidade, assista ao vídeo: Fim de Papo e realize as
atividades avaliativas que estão disponíveis na página do curso.
São duas atividades: a fixação de conteúdo e o vamos colocar em prática?
Parabéns por
ter chegado
até aqui!
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https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=333 40/42
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em: 20 de maio de 2020.
BRASIL. Lei de nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 20 de maio de 2020.
BARROS, Guilherme Freire de Melo Barros. Direito da criança e do adolescente. 8ª edição. Salvador: JusPODIVM, 2019.
RIZZINI, Irene. Justiça e Assistência à Infância no Brasil. In: 
GONÇALVES, Rafael S (Org). O Papel Social da Infância na Imposição da Ordem Urbana na Passagem do Século XIX para o
XX. Pobreza e Desigualdade Social: Ontem e Hoje. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013, p. 33-50.
KONZEN, Afonso Armando. Fundamentos do Sistema de Proteção da Criança e do Adolescente. In: Revista do Ministério
Público do RS. Porto Alegre: nº 71 - 
jan 2012/abr. 2012, p. 85-111.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
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Caso Roda dos Expostos. Disponível em: <https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-
roda-dos-expostos-1825-1961>. Acesso em: 20 de maio de 2020.
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/wp-
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Resolução de nº 139 de 17 de março de 2010 do CONANDA. Disponível em:
<https://www.direitosdacrianca.gov.br/conanda/resolucoes/lista>. Acesso em: 21 de maio de 2020.
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