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Autora: Carolina Villela God Good DIREITO DO TRABALHO Coordenação: Lucas Andrade Organizadora: Bárbara Bela Belo Horizonte 1ª edição 2020 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Autores Carolina Villela Good God Graduada em direito em 2010; Pós graduação em advocacia trabalhista em 2014; Pós graduada em docência com ênfase em disciplina jurídica em 2018; Professora e membro do Direito na escola desde 2016; Advogada desde 2010; Professora auxiliar em direto do trabalho no curso Pró-labore desde 2017. Lucas Andrade Presidente nacional do Instituto Direito na Escola; Coordenador do curso de pós-graduação em docência com ênfase em educação jurídica da Faculdade Arnaldo; Professor da PUC Minas e do Pro Labore Cursos Jurídicos; Advogado; Graduado, mestre e pós graduado em Direito; Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais. • 4 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados SUMÁRIO Prefácio AULA 1 – Introdução ao Direito do Trabalho AULA 2 – Criação das leis trabalhistas AULA 3 – Relação de trabalho x relação de em prego e seus sujeitos AULA 4 - Direitos trabalhistas básicos AULA 5 - Contrato de trabalho AULA 6 - Contrato de trabalho do menor AULA 7 - Garantias de emprego e seus requisitos AULA 8 - Serviço Militar e órgãos do judiciário trabalhista Bibliografia Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 5 PREFÁCIO O Programa Direito na Escola, iniciativa de professores de Direito e advogados voluntários de Minas Gerais, vem promovendo há muitos anos o ensino da ciência do Direito na educação básica, com o objetivo de promover a justiça, a cidadania, a educação ambiental, os direitos humanos e a prevenção da violência. Com o intuito de promover a uniformidade dos conteúdos abordados por membros e professores do programa de todo país, desenvolvemos a série de livros de Direito: “para o ensino básico”. O conteúdo está disposto em formato de aulas para facilitar a atuação dos profissionais e enriquecer as discussões em sala. A seguir estão apresentadas oito aulas contendo noções de Direito do Trbalho. Além do material de estudo, foram propostos também, questionamentos e curiosidades pertinentes sobre tema, a fim de proporcionar ao professor ferramentas que contribuam para debates interessantes com os alunos. O objetivo é desenvolver aulas mais participativas, em uma linguagem fácil e acessível, desburocratizando o aprendizado de um assunto que possui importante valor para o desenvolvimento da cidadania. • 6 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Aula 1 Direito do trabalho O objetivo dessa aula é levar ao aluno o conceito e a origem do Direito do Trabalho e de alguns institutos que decorreram dele, objetivando levar ao aluno o conhecimento histórico desse ramo do direito, além de explicar o trabalho escravo, os sindicatos e a greve através de exemplos práticos a fim de facilitar sua compreensão. 1 - Direito do Trabalho O direito do trabalho é o instrumento que regula, principalmente através das regras e leis, as relações havidas entre empregados e empregadores e ainda, entre esses e o Estado, visando proteger e assegurar condições mínimas de trabalho. 1.1- Conceito Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 7 2 - Origem do Direito do Trabalho O trabalho sempre existiu pois é inerente ao homem, que sempre buscou meios de satisfazer suas necessidades. Porém, ao contrário do trabalho, o direito do trabalho surgiu a partir da necessidade de se proteger e regulamentar todas as formas de prestação de serviços. Isso porque, na antiguidade, quando o homem descobriu que viver em grupos facilitava sua sobrevivência, começou uma disputa pelo poder e, como não havia uma regra, prevalecia a vontade do mais forte onde, os mais fracos se submetiam sem qualquer restrição. Foi quando surgiu então a escravidão, onde, durante muitos anos, alguns determinados homens eram vistos como objeto / mercadoria e, portanto eram comercializados como tal, não havendo que se falar em direito do trabalho. Da mesma forma aconteceu no período feudal, porém os senhores feudais ofereciam aos seus servos ao menos proteção política e militar em troca dos serviços que lhe eram prestados. Com a extinção da escravidão e das relações de servidão foi que surgiu o direito do trabalho sendo resultado da combinação de 3 fatores: econômicos (empregos nas indústrias), sociais (a concentração da população em torno das cidades industriais) e políticos (formas de gerenciar o trabalho que foi criado). • 8 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Os escravos eram pessoas consideradas “coisas” / mercadoria porque eram comprados, vendidos (quanto mais saudável, bonito e forte, mais valor aquele(a) escravo valia) e torturados, trabalhavam sem receber, não podiam opinar e deveriam obedecer às ordens de seus donos. Os primeiros negros escravizados vindos do continente africano chegaram em 1550 no Brasil e alguns índios também foram utilizados como mão de obra escrava. O nosso país foi um dos últimos a “abolir” a escravidão com a assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888. 2.1 - Trabalho escravo Com a Revolução Industrial a relação de emprego livre começa a ser construída e o trabalho assalariado passa a ser o centro do processo produtivo da sociedade, porém ainda era preciso muitas alterações, pois os trabalhadores eram explorados, trabalhando muito e recebendo pouco, com péssimas condições de trabalho. De onde vem a palavra trabalho? A palavra trabalho tem sua origem do vocábulo latim “tripallium”, nome dado a um instrumento utilizado para torturar escravos, formado por três paus, semelhante a uma cruz. Assim, na antiguidade o trabalho era tido como sinônimo de tortura e castigo. VOCÊ SABIA? Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 9 Porém, com a assinatura da Lei Áurea vieram vários outros problemas porque, como a partir de então era obrigatório pagar pela prestação de serviços e esses trabalhadores não podiam mais ser comercializados como mercadoria, as pessoas que antes eram escravizadas e que se encontravam doentes ou em condições limitadas para o trabalho foram postas nas ruas sujeitas a própria sorte. 2.2 - Trabalho escravo contemporâneo Apesar da abolição da escravidão esse é um assunto que persiste nos dias atuais. Ainda existe a exploração do trabalho humano com restrição da liberdade e sob ameaças, onde o trabalho é forçado, os dias de trabalho exaustivos, as condições desumanas e com restrição de movimento devido às dívidas dos trabalhadores. No Brasil o trabalho escravo con- temporâneo concentra-se nas áreas rurais, nas regiões de serra- do e na Amazônia, em atividades como a pecuária, a produção de café, laranjas e carvão que criam uma demanda por mão-de-obra barata. • 10 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Há também a escravidão em indústrias, por exemplo na fabricação têxtil, as pessoas são exploradas por fornecedores que produzem roupas inclusive para grandes empresas multinacionais de vestuário. Os trabalhadores explorados geralmente possuem baixo nível de escolaridade, em sua maioria tem entre 15 e 39 anos, são brasileiros ou migrantes atraídos pelo crescimento econômico do Brasil, vindos de países como a Bolívia, Equador, Paraguai,Peru e de todo o mundo. Para saber se o trabalhador está sendo submetido as condições de trabalho escravo as principais características são: a restrição da liberdade e o desrespeito aos direitos Vamos Viajar! mínimos do trabalhador (exemplos: carteira de trabalho assinada, ambiente de trabalho limpo e seguro, recebimento de salário, folgas semanais, horas de trabalholimitadas) de conflito que estamos buscando? VOCÊ SABE IDENTIFICAR O TRABALHO ESCRAVO? Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 11 Os empregados foram explorados durante longos anos, após a mão de obra escrava é adotado o trabalho assalariado, mas com péssimas condições para as pessoas como, por exemplo: muitas horas de trabalho sem descanso, baixos salários e ambientes sujos, nada saudáveis. Então, os trabalhadores começaram a se organizar e criaram algumas associações, buscando melhorias nas condições de trabalho. Mas o que são os sindicatos afinal? Os sindicatos são associações de trabalhadores unidos por laços profissionais comuns, visando tratar de problemas coletivos ou individuais, defendendo seus interesses trabalhistas para alcançar melhores condições de trabalho. Existem também os sindicatos dos empregadores, conhecidos como sindicatos patronais, que se associam para defender seus interesses econômicos. 3 - Sindicato 3.1 - Origem dos sindicatos • 12 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Os sindicatos existem para defender os direitos e interesses de uma categoria profissional, que é definida por um trabalho em comum ou uma atividade similar (existem sindicatos de professores, médicos carteiros, metalúrgicos dentre outros). Assim, o seu principal objetivo é a defesa de interesses sociais, econômicos, profissionais e políticos dos seus associados. 3.2 - O que faz um sindicato A greve surgiu na França, no final do século XVIII, quando os trabalhadores das indústrias começaram a ficar insatisfeitos com as condições de trabalho, então saiam das fábricas e iam para uma praça, onde faziam reuniões para discutir as condições em que trabalhavam. No início as greves não eram regulamentadas, eram resolvidas quando vencia a parte mais forte. O trabalho ficava parado até 4 - Greve Além dos sindicatos a greve também foi resultado da união dos trabalhadores para conquistar melhorias nas condições de trabalho. Greve, segundo a Lei de que dispõe sobre o seu exercício (Lei nº 7.783 de 1989, art. 2º), é a “suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços ao empregador”. Os trabalhadores resolvem parar total ou parcialmente seus serviços com o objetivo de pressionar os empregadores para solucionar conflitos e conquistar interesses coletivos.As características da greve são: movimento coletivo, suspensão do trabalho,exercício de pressão no empregador. 4.1 - Surgimento do direito de greve Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 13 os trabalhadores retornarem, nas mesmas ou em piores condições, por medo de perderem seu emprego ou o empregador atendia as reivindicações para evitar maiores prejuízos. Marcha das mulheres na invasão de Versalhes em 5 de Outubro de 1789 Qual a origem da palavra greve? A palavra greve surgiu no vocábulo francês com o significado de graveto e deu origem ao nome de uma praça muito famosa por lá: “Place de Grève”, em referência ao fato de ter existido uma pequena praia arenosa no local, onde se acumulavam inúmeros gravetos. VOCÊ SABIA? • 14 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados O empregador, em regra, fica proibido de dispensar os trabalhadores grevistas e de contratar substitutos. O contrato de trabalho ficará suspenso, pois não há prestação de serviços nem pagamento de salários. 4.2 - Impactos no contrato de trabalho O empregador não pode fazer greve, ou seja, não pode parar as atividades empresariais para frustrar negociações com os em- pregados. Essa conduta é chama- da de lockout e é proibida pela Lei de Greve. !ATENÇÃO! Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 15 DINÂMICA - QUESTÕES DE FIXAÇÃO Instruções: Os alunos deverão responder sim ou não levantando as mãos. Podem completar a resposta caso desejarem. A. Uma pessoa veio do Paraguai para o Brasil, ouviu falar das belezas naturais, da cordialidade da população e de grandes oportunidades de emprego. Um fazendeiro lhe ofereceu emprego, disse que iria fornecer apenas o alojamento e a alimentação, o empregado não poderia ir até a cidade porque ficava muito longe e seus empregados nunca saiam da fazenda. Esse trabalho pode ser considerado escravo? B. Uma costureira muito habilidosa foi contratada para trabalhar em uma fábrica de roupas, ela ficou muito feliz porque era o que mais amava fazer, ficava trabalhando dia e noite, mais de 12 horas todos os dias, nunca tinha folga, mas era o que sabia fazer, então continuou a trabalhar. Esse trabalho pode ser considerado escravo? C. Um fazendeiro ofereceu emprego a uma pessoa que havia acabado de conhecer, para ser caseiro em sua fazenda. Ofereceu moradia, alimentação e salário. O local era muito distante da cidade, era preciso percorrer grande distância, mas apesar disso a pessoa aceitou o emprego. Esse trabalho pode ser considerado escravo? • 16 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados D. Os donos de uma grande fábrica perceberam que seus empregados estavam chegando atrasados, fazendo suas obrigações muito devagar, não batiam as metas da empresa. Eles estavam ficando desesperados! Então, para resolver a situação e pressionar os empregados a trabalharem melhor, com mais produtividade os empregadores fizeram uma reunião e decidiram que o melhor a fazer seria uma greve. A decisão dos donos da fábrica está correta? Porque? RESUMO DIREITO DO TRABALHO LUTAS SOCIAIS DIREITO DE ASSOCIAÇÕES (SINDICATOS) E DE GREVE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO PROTEÇÃO DO TRABALHO Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 17 RESPOSTAS A. Sim! Pode ser considerado trabalho escravo porque o fazendeiro irá privar a liberdade do empregado e não irá pagar salário. B. Sim! Apesar da costureira amar seu trabalho ninguém pode ser submetido a longas e exaustivas jornadas de trabalho, sem descanso e com privação do sono e da qualidade de vida. C. Não! Nesse caso o fazendeiro ofereceu salário, alimentação e moradia, apesar da distância da cidade o empregado não foi privado de sua liberdade. D. A decisão está errada porque somente os empregados podem fazer greve, os empregadores não, o nome que se dá a essa conduta é lockout e é proibida pela Lei de Greve. REQUISITOS DA ORIENTAÇÃO PARA APLICAÇÃO: Nome da dinâmica: Questões de fixação Questões de Direito material abordadas: direito trabalhista. Objetivos: resumir o conteúdo por meio de práticas que possam fixar o conhecimento. Instruções para os professores: coordenar de forma participativa e organizada o questionário de perguntas e repostas. Tópicos para diagnóstico, debate em sala e avaliação: fica a critério do professor acrescentar perguntas, brindes e curiosidades. • 18 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Aula 2 Criação das leis trabalhistas Objetivo: Mostrar ao aluno como se deu o surgimento das leis trabalhistas, a sua importância e os princípios que integram esse sistema, através de exemplos práticos para uma melhor compreensão dos conceitos no dia a dia. Ao final do período de Império, com a abolição da escravidão, o Brasil teve um aumento na mão de obra livre e assalariada, o país estava se desenvolvendo com o avanço da indústria e do comércio. Porém, a partir das novas relações de trabalho começaram a surgir conflitos que até então não existiam, sem soluções nas leis da época, porque não havia a preocupação com os direitos dos trabalhadores. Entre 1917 e 1919 começaram a surgir as primeiras grandes manifestações sociais no Brasil com os movimentos de greve, especialmente nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. O país era em sua maior parte rural, a população passava pela transformação da mão de obra escrava pela livre, e a partir de então nascemos Tribunais Rurais do Estado de São Paulo, que não funcionaram muito bem na prática, mas foi o primeiro esforço no sentido de resolução dos conflitos trabalhistas. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 19 1.1 - Criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT Com isso, aos poucos, o Estado foi abraçando a questão social do trabalho e procurou meios para solucionar os principais problemas que vinham surgindo. O presidente Getúlio Vargas foi quem deu início a construção de uma legislação trabalhista para solucionar os conflitos entre patrões e empregados. A partir de 1930 começou o reconhecimento dos direitos trabalhistas para impulsionar o desenvolvimento social e industrial do país. No dia 1º de maio de 1943 (dia do trabalhador) o presidente Getúlio Vargas sancionou a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT que foi um marco por inserir, de forma definitiva, os direitos trabalhistas na legislação brasileira, colocando um equilíbrio entre empregado e empregador através da pacificação dos conflitos sociais. O presidente Getúlio Vargas assinou a CLT no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, que estava lotado para a comemoração. Todos vibraram com o começo das Leis trabalhistas no Brasil! VOCÊ SABIA? • 20 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.2 - Previsão do Direito do Trabalho na Constituição Federal de 1988 Além da CLT que cuida dos direitos dos trabalhadores a nossa Constituição Federal de 1988 também acrescentou direitos sociais aos empregados urbanos e rurais, visando melhoria nas condições sociais e de emprego. Alguns direitos garantidos pela Constituição Federal são: Proteção contra despedida arbitraria, seguro-desemprego, FGTS – fundo de garantia por tempo de serviço, salário mínimo, irredutibilidade do salário, décimo terceiro salário, remuneração do trabalho noturno superior à do diurno, proteção do salário constituindo crime a sua retenção dolosa, salário-família, duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, férias anuais, licença maternidade, licença paternidade, adicional de periculosidade, insalubridade, aviso prévio, proibição de diferença de salários e admissão por motivo de sexo, cor, idade ou estado civil, proibição de qualquer discriminação do salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência, aposentadoria. São inúmeros os direitos trazidos pela Constituição, resultado de muitas reivindicações dos trabalhadores ao longo da história, que buscaram proteção, através das leis, para que pudessem ter melhores condições de vida, saúde e trabalho. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 21 2 - Princípios básicos de direito do trabalho Os princípios podem ser identificados como um alicerce do sistema jurídico, são eles quem orientam na aplicação do direito quando existe omissão nas leis ou conflito entre elas. O empregado é subordinado ao empregador, ou seja, ele depende do empregador para receber o seu salário no início do mês, como pagamento pelos serviços prestados. Ele é a parte mais fraca na relação de emprego. Já o empregador pode demitir o empregado e colocar outro em seu lugar. Dessa forma, as leis trabalhistas vêm para estabelecer um equilíbrio na relação de emprego. 2.1 - Princípio da proteção ao trabalhador Por exemplo, em um contrato de aluguel, se um dos lados não concorda com o preço eles não fecham negócio, diferente da relação de emprego que o empregado não tem liberdade de recusar as ordens do empregador por medo de ser mandado embora. O princípio de proteção ao trabalhador surge quando o empregador ultrapassa seus limites de direção, por exemplo, ordenando que o empregado trabalhe até mais tarde todos os dias, nos finais de semana, alertando que muitas pessoas querem aquele emprego, então o empregado aceita essas condições por medo de ser demitido. Em casos assim, há a necessidade do princípio protetor. • 22 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados O princípio da irrenunciabilidade dos direitos faz com que os empregados não possam renunciar “abrir mão”, dos seus direitos assegurados por lei. Como os empregados são subordinados ao empregador, não pode haver prejuízo tirando direitos que lhes são garantidos. Por exemplo, o empregado não pode renunciar ao direito de receber seu décimo terceiro salário, de usufruir suas férias, de receber o aviso prévio. 2.2 - Princípio da irrenunciabilidade dos direitos O contrato de trabalho geralmente é feito sem tempo determinado, ou seja, não tem prazo para o seu término. Assim, o empregado pode trabalhar durante longos anos em um mesmo emprego sem que ele tenha fim. Esse princípio pressupõe que quando um contrato de trabalho encerra não foi por culpa do empregado porque enquanto ele está trabalhando está garantindo seu sustento, assim, o empregador precisa provar os motivos do término do contrato de trabalho. 2.3 - Princípio da continuidade da relação de emprego Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 23 A realidade tem preferência ao que está escrito nos documentos ou contratos da relação de emprego. O que isso significa? Significa dizer que deve ser analisado se os documentos coincidem com os fatos, com os acontecimentos do dia a dia do trabalhador, porque muitas vezes o que acontece no emprego é diferente do que está escrito no contrato. Por exemplo, no contrato de trabalho está escrito que o empregado vai trabalhar oito horas por dia, mas na verdade ele trabalha dez horas diariamente, os seus colegas de trabalho veem o horário que ele entra e sai da empresa. Então, vale mais a realidade, que no caso são às dez horas trabalhadas, do que a forma que está escrita no contrato de trabalho, oito horas. 2.4 - Princípio da primazia da realidade sobre a forma • 24 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados O salário do empregado deve ser protegido porque é a sua fonte de sobrevivência, com ele é possível se alimentar, vestir, manter a família proporcionando saúde, moradia, educação, lazer. Assim, o empregador não pode fazer descontos no salário do empregado, que é o meio de viver uma vida digna, existem algumas exceções como o desconto de pensão alimentícia na folha de pagamento, mas o que esse princípio visa é a proteção do salário do trabalhador contra credores. 2.5 - Princípio da intangibilidade do salário Por exemplo, um empregado gastou mais do que deveria e acabou ficando devendo o banco. Para quitar essa dívida o banco não pode pegar do salário que o empregado recebe para não prejudicar a sua sobrevivência Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 25 DINÂMICA - QUESTÕES COTIDIANAS E OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Instruções: Os alunos deverão responder sim ou não levantando as mãos. Podem completar a resposta caso desejarem. A. Um empregado estava trabalhando e recebeu um telefonema, era do hospital avisando que seu filho estava nascendo. Ele ficou muito feliz, mas abriu mão da licença paternidade porque tinha muito serviço a fazer Pergunta: O empregado pode renunciar ao seu direito de licença paternidade? A qual princípio estamos nos referindo? B. Um empregado foi contratado para trabalhar com um salário de mil reais, então o empregador assinou sua carteira colocando aquele valor. No início do mês o empregado recebeu três mil reais de salário, mas na carteira de trabalho estava escrito apenas o valor de mil reais. Pergunta: Qual princípio pode solucionar esse problema? C. Um empregado decidiu reformar sua casa, mas acabou tendo gastos excessivos na reforma e como consequência ficou devendo a loja de material de construção. O dono da loja precisava do pagamento da mercadoria entãosolicitou o bloqueio do salário daquele empregado que havia comprado em sua loja. Pergunta:Pode ser efetuado o bloqueio do salário do empregado? A qual princípio estamos nos referindo? • 26 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados RESUMO CLT D. Um empregado foi contratado para trabalhar de segunda a sexta-feira, em uma padaria perto de sua casa, a padaria estava tendo muitos fregueses então o empregador exigia que o empregado trabalhasse aos sábados e em alguns domingos também. Pergunta: Qual princípio foi desrespeitado? E. Certo dia um empregado chegando ao seu local de trabalho foi mandado embora. Mas ninguém sabe se foi ele quem pediu para sair do emprego ou o empregador que resolveu dispensá- lo. Pergunta: Qual princípio pode solucionar esse problema? Quem deve provar o que realmente aconteceu? escravo? CONSTITUIÇÃO FEDERAL PRINCÍPIOS INTANGIBILIDADE DO SALÁRIO PROTEÇÃO AO TRABALHADOR IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 27 RESPOSTAS A. Não. Princípio da irrenunciabilidade dos direitos B. Princípio da primazia da realidade sobre a forma C. Não. Princípio da intangibilidade do salário D. Princípio da proteção ao trabalhador E. Princípio da continuidade da relação de emprego cabe ao empregador provar. REQUISITOS DA ORIENTAÇÃO PARA APLICAÇÃO: Nome da dinâmica: Questões cotidianas e os princípios do direito do trabalho Questões de Direito material abordadas: direito trabalhista. Objetivos: resumir o conteúdo por meio de práticas que possam fixar o conhecimento. Instruções para os professores: Anotar os cinco princípios no quadro, narrar os casos e perguntar aos alunos a qual princípio se refere. Tópicos para diagnóstico, debate em sala e avaliação: fica a critério do professor acrescentar perguntas, brindes e curiosidades sobre o assunto. • 28 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Aula 3 Relação de trabalho x relação de emprego e seus sujeitos Objetivo: O objetivo desta aula é apresentar ao aluno as diferenças entre uma relaçãode trabalho e uma relação de emprego e quem são as pessoas que podem contratar e serem contratadas em uma prestação de serviços. A relação de trabalho é gênero que determina que todo aquele que presta serviços tem configurada uma relação de trabalho. Mas atenção, mesmo os prestadores de serviços que não sejam considerados empregados têm igualdade de direitos por força do que determina a nossa Constituição Federal, que é nossa lei maior, senão vejamos: 1- Diferenças entre relação de emprego e relação de trabalho 1.1- Relação de trabalho Art. 7, CF - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 29 A relação de emprego é uma espécie do gênero da relação de trabalho regulamentada pelo direito do trabalho. Na relação de emprego temos de um lado o empregado e do outro o empregador em uma relação contraprestativa, onde o empregado presta serviços ao empregador, que por sua vez fica obrigado principalmente, a pagar por esta prestação de serviços. 1.2 - Relação de emprego O direito do trabalho regulamenta todas as relações de trabalho? Não! O direito do trabalho não regulamenta todas as relações de trabalho, apenas a relação de emprego. As demais são protegidas, principalmente, pelo direito civil, principalmente na parte de contratos. VOCÊ SABIA? • 30 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Atenção, essas características são básicas e, portanto, presentes em qualquer relação de emprego, mas principalmente na relação de emprego tida entre empregador e empregado urbano e se faltar uma, já não se trata mais de relação de emprego, são elas: a) Pessoa Física b) Pessoalidade c) Onerosidade d) Subordinação/subordinação jurídica/dependência e) Não eventualidade/habitualidade 2 - Sujeitos da relação de emprego 2.1- Empregado O artigo 3º da CLT traz as cinco características que determinam quem é a pessoa do empregado. Artigo 3º, da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. S - Subordinação H - Habitualidade O - Onerosidade P - Pessoalidade P - Pessoa Física SHOPP. Vamos Viajar! Uma dica para lembrar todas as características: Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 31 Já as características do empregador estão previstas no artigo 2º da CLT. 2.2 - Empregador Artigo 2º da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. a) Pessoa física ou jurídica (seja a empresa individual ou coletiva) b) Assume os riscos da atividade econômica sem transmiti-los a seus empregados c) Contratante que se obriga as prestações acordadas com o empregado d) Dirige a prestação de serviços. 3 - Tipos de empregados 3.1 - Urbano O empregado urbano é exatamente aquele descrito no artigo 3º da CLT, portanto é preciso preencher os cinco requisitos que serão explicados, um por um, abaixo. 3.1.1. Pessoa física No caso do empregado, este deve ser pessoa física, ou seja, não configurará vínculo empregatício aquele estabelecido entre duas pessoas jurídicas (empresas). 3.1.2. Pessoalidade A pessoalidade está diretamente ligada à figura do empregado, que não poderá se fazer substituir por outro. Mas atenção, porque o empregador poderá designar outro empregado para substituir aquele que se ausentar. • 32 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 3.1.3. Não eventualidade O empregado tem que prestar serviços de forma habitual/com regularidade (inclusive 1 vez por semana todas as semanas – toda segunda por exemplo). 3.1.4. Subordinação O empregador determinará as ordens às quais o empregado deverá seguir enquanto lhe prestar seus serviços. O empregado só é obrigado a cumprir as ordens do que estiver disposto em seu contrato de trabalho, tudo o que for extra, ele pode se recusar. 3.1.5. Onerosidade A onerosidade está diretamente ligada a contraprestação, ou seja, o que é fornecido pelo empregador ao empregado troca pela sua prestação de serviços, representada, principalmente, pelo salário. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 33 3.2 - Rural A regra da prestação de serviços rural encontra sua previsão legal na Lei 5.889/73, que determina em seu artigo 2º quem será o empregado rural conforme vemos abaixo: Art. 2º - Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Já o empregador rural tem previsão legal no artigo 3º da Lei 5.889/73, que determina o seguinte: Art. 3º - Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. Assim sendo, podemos concluir que no caso do vínculo empregatício do empregado rural, além dos cinco requisitos previstos para o empregado urbano, que são os requisitos básicos dentro de qualquer relação de emprego, acrescentamos ainda outros dois requisitos. 3.2.1. Atividade agroeconômica Por atividade agroeconômica entendemos: a) Agro – Agricultura, pecuária ou turismo rural (em regra/ tecnicamente ocorre em área rural); b) Econômico – Com fins lucrativos. 3.2.2– Área rural ou urbana (prédio rustico) A atividade agroeconômica poderá ser exercida tanto em área rural ou urbana, nos chamados prédios rústicos, que são imóveis que têm atividade agroeconômica. • 34 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados A regra da prestação de serviços do doméstico encontra sua previsão legal na Lei Complementar 150/15, que determina em seu artigo 1º quem será o empregado doméstico conforme vemos abaixo: 3.3 - Domésticot Assim sendo, podemos concluir que no caso do vínculo empregatício do empregado doméstico, além dos cinco requisitos previstos para o empregado urbano, que são os requisitos básicos dentro de qualquer relação de emprego, acrescentamos ainda outros três requisitos. Art. 1º - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. 3.3.1. Empregador Pessoa Física/ natural ou uma família O empregador deve ser pessoa física ou uma família, portanto não se admite a contratação de doméstico por pessoa jurídica / empresa. 3.3.2.Âmbito residencial O empregado doméstico tem que trabalhar vinculado a residência (pode ser casa de campo ou casa de praia, etc, mas não pode ser em empresa) daquela pessoa ou família. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 35 3.3.3. Finalidade não lucrativa A atividade exercida pelo empregado doméstico deve estar necessariamente, vinculada à família, sem fins lucrativos. 3.4.1. Conceito O texto base da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) tem origem em uma lei criada no ano de 1943 que vem sendo alterada com o passar dos anos para se adequar as mudanças sociais. A última grande alteração da CLT foi feita no ano de 2017, através da Lei 13.467/17 que criou a figura do empregado hipersuficiente. O empregado hipersuficiente é aquele que tem curso superior completo e ganha, pelo menos, 02 (duas) vezes o teto máximo do benefício de previdência social (valor este que hoje é de aproximadamente R$12.000,00 – doze mil reais) e, portanto, é considerado pela legislação mais “esclarecido” quanto aos seus direitos e deveres na sociedade. Assim, esse empregado se diferencia dos demais porque ele pode negociar diretamente com o seu empregador as suas condições de trabalho através do que chamamos de acordo individual. Antes da alteração na CLT trazida pela Lei 13.467/17, essas negociações só poderiam ser feitas através dos sindicatos dos empregados e dos empregadores. 3.4 - Empregado Hipersuficiente • 36 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Esse acordo se limita a alguns temas como, jornada de trabalho, intervalo para descanso e refeição, teletrabalho, prêmios entre outros e desde que seja respeitado o limite constitucional, se houver! !ATENÇÃO! Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 37 DINÂMICA - OS REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO Instruções: Os alunos deverão responder em um papel uma das opções de múltipla escolha. A. De acordo com as definições relacione os requisitos da relação de emprego: 1. A pessoa que trabalha para o empregador não pode se fazer substituir por outra. 2. O empregado não pode trabalhar na hora que quiser, ele tem dia certo e hora certa na prestação do seu serviço com permanência. 3. O empregado depende do seu empregador que tem o poder de direção podendo dar ordens aos seus funcionários. 4. A relação de emprego é composta pelo empregado que é uma pessoa e pelo empregador que pode ser uma pessoa ou empresa. 5. O empregado que presta seus serviços deve receber pagamento. ( ) Pessoa física ( ) Pessoalidade ( ) Não-eventualidade/ Habitualidade ( ) Onerosidade ( ) Subordinação • 38 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados RESUMO VÍNCULO DE EMPREGO (URBANO) PESSOA FÍSICA PESSOALIDADE HABITUALIDADESUBORDINAÇÃO ONEROSIDADE Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 39 VÍNCULO DE EMPREGO (RURAL) PESSOA FÍSICA PESSOALIDADE HABITUALIDADE SUBORDINACÇÃO ÁREA RURAL/ PREDIO RUSTICO EMPREGADOR RURAL (ATIVIDADE AGROECONÔMICA) ÁREA RURAL/ PREDIO RUSTICO ONEROSIDADE • 40 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados VÍNCULO DE EMPREGO (DOMÉSTICO) PESSOA FÍSICA PESSOALIDADE HABITUALIDADE SUBORDINACÇÃO FINALIDADE NÃO LUCRATIVA ÂMBITO RESIDENCIAL EMPREGADOR PESSOA FÍSICA OU FAMÍLIA ONEROSIDADE Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 41 RESPOSTAS (4); (1); (2); (5); (3) REQUISITOS DA ORIENTAÇÃO PARA APLICAÇÃO: Nome da dinâmica: Perguntas para fixar o conhecimento Questões de Direito material abordadas: direito trabalhista. Objetivos: resumir o conteúdo por meio de práticas que possam fixar o conhecimento. Instruções para os professores: de preferência transcrever no quadro as perguntas para os alunos responderem. Tópicos para diagnóstico, debate em sala e avaliação: fica a critério do professor acrescentar perguntas, brindes e curiosidades. • 42 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Aula 4 Direitos trabalhistas básicos Objetivo: O objetivo dessa aula é apresentar ao aluno quais os direitos trabalhistas básicos que decorrem de uma relação de emprego e a consequência de seu descumprimento por parte do empregador. Uma vez reconhecido o vínculo empregatício entre empregado e empregador, são garantidos aos empregados alguns direitos trabalhistas básicos que estão previstos principalmente, na Constituição Federal, que são o registro do vínculo empregatício na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado, o pagamento de salário, 13º salário, Férias + 1/3, recolhimento mensal de FGTS, jornada de trabalho máxima, intervalo intrajornada, intervalo interjornada, descanso semanal remunerado, recolhimento de INSS. 1- Direitos trabalhistas básicos 1.1- Relação de trabalho O art. 29 da CLT determina que, uma vez atendidos os requisitos para se ter reconhecido o vínculo empregatício, o empregador deverá anotar a Carteira de Trabalho e Previdência Social de seu empregado as condições de sua contratação, no prazo máximo de 48 horas após o início da prestação de serviços, sob pena de ser aberto processo junto ao Ministério do Trabalho para suprir a falta da anotação. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 43 Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. No decorrer do contrato de emprego também deverão ser anotadas as alterações salariais, as contribuições sindicais e de FGTS e, ainda, o período de férias que o empregado tiver cumprido. Da mesma forma quando a relação de emprego acabar, seja por vontade do empregado, do empregador ou mesmo de ambos, deverá ser registrado o fim da prestação de serviços. É com base na Carteira de Trabalho do empregado que será contabilizado o período de prestação de serviços para fins de aposentadoria do empregado e caso o empregador não faça as devidas anotações, estará sujeito ao pagamento de multa. !ATENÇÃO! • 44 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.2 - Remuneração e salário 1.2.1. Salário O salário é o valor combinado entre o empregado e o empregador quando de sua contratação e representa uma retribuição pelos serviços que o empregadolhe prestar. O salário pode ser pago de forma diária, semanal, quinzenal ou mensal, sendo este último o mais comum e nunca poderá ser inferior ao mínimo legal que, inclusive é reajustado anualmente! Existem alguns empregados chamados de comissionistas que podem receber salário fixo mais comissão (que é uma porcentagem das vendas que fizer) ou até mesmo apenas comissão. Portanto, nada impede que esse empregado ganhe um salário variável, chegando até mesmo a ganhar muito mais do que o salário mínimo, porém mesmo nos meses que esse empregado não vender nada, o empregador deverá pagar a esse empregado pelo menos o salário mínimo. VOCÊ SABIA? 1.2.2. Remuneração A remuneração é um conjunto de parcelas que o empregado recebe mensalmente e representa a soma do salário, que como vimos acima é pago exclusivamente pelo empregador e outras parcelas, como por exemplo, as gorjetas, que são pagas por terceiros que não fazem parte da relação entre empregado e empregador. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 45 Na remuneração do empre- gado, podem haver algu- mas parcelas que serão pagas pelo empregador, mas que não farão parte do salário deste empregado, como por exemplo: !ATENÇÃO! a) Ajuda de custo, desde que não ultrapasse o percentual de cinquenta por cento da remuneração mensal do empregado; b) Auxílio-alimentação, desde que não seja pago em dinheiro; c) As diárias para viagem e os prêmios. • 46 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.3 13º salário / gratificação natalina O 13º salário ou gratificação natalina, é o pagamento adicional de um mês de salário ao empregado que tenha trabalho durante os 12 (doze) meses completos de um determinado ano ou, proporcionalmente, caso o empregado não tenha trabalhado durante todos os meses do ano. Por mês, para fins de pagamento de 13º salário, considera-se aqueles meses que foram integralmente trabalhados ou meses em que o empregado tenha trabalhado, no mínimo, 15 (quinze) dias. Normalmente o 13º salário é pago em até 2 parcelas sendo a 1ª parcela de fevereiro a novembro e a 2ª parcela paga até o dia 20 de dezembro, sob pena de multa. Para os comissionistas (vendedores), há um pagamento em janeiro referente a diferença da remuneração do final do ano, quando normalmente eles recebem mais. 1.4 - Férias + 1/3 A cada mês ou fração igual ou maior a 15 dias trabalhados, o empregado adquire o direito a indenização correspondente a 1/12 de férias a cada ano contratual + 1/3, assim como, ao fim de cada 12 meses de vigência do contrato de trabalho o empregado adquire o direito a 30 dias corridos de férias. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 47 As férias nem sempre serão de 30 dias dependendo do número de faltas do empre- gado, conforme determina o art. 130, CLT, senão vejamos: !ATENÇÃO! Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. As férias serão concedidas por ato do empregador nos 12 meses seguintes ao ano que contou como período da aquisição e caso não seja usufruídas ou pagas no prazo correto, seu valor deverá ser pago em dobro. Ainda, as férias não podem começar dois dias antes de sábado, domingo e/ou feriados e deverão ser pagas em até dois dias antes de seu início. • 48 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.5 - Recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) Quando da criação do FGTS, existia apenas uma garantia de emprego ao trabalhador: a estabilidade decenal; que ocorria quando o empregado completava 10 anos de trabalho em uma mesma empresa e passava a não poder ser dispensado de seu serviço imotivadamente. Nesta época, os empregados com mais de um ano de tempo de serviço que fossem dispensados antes de completarem 10 anos de empresa recebiam uma indenização correspondente ao valor de um mês de salário para cada ano trabalhado. Caso fosse preciso dispensar os serviços do empregado que tinha mais de 10 anos na mesma empresa, essa indenização era dobrada, por isso, as empresas passaram a “guardar” o valor da indenização para o caso de precisarem efetuar seu pagamento, por se tratar de um valor alto e, quase sempre os empregados eram dispensados de suas funções pouco tempo antes de completarem os 10 anos. Surgiu então um fundo de recursos/poupança, para ajudar o empregado, aonde o empregador ficava obrigado a depositar, mês a mês, um percentual, calculado sobre a remuneração do empregado, valores estes que são, inclusive, atualizados com juros e correção monetária e que, poderão, em determinadas situações, ser disponibilizados aos empregados. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 49 1.5.1. Recolhimento mensal de 8% de FGTS De acordo com o que dispõem o art. 7º, III, CR/88 e Lei 8.036/90 (esta lei se aplica para todos, inclusive para o doméstico), todo empregado faz jus a um recolhimento correspondente a 8% de sua remuneração mensal em conta vinculada do FGTS (durante os doze meses do ano + 13º salário). Já os jovens aprendizes fazem jus ao recolhimento de FGTS no percentual 2% de sua remuneração mensal e por fim, no caso de trabalhador doméstico, o recolhimento é correspondente a 11,2 %, sendo 8% a título de depósito mensal e 3,2% a título de antecipação do recolhimento rescisório. 1.5.2. Multa de 40% do FGTS Caso o empregado seja dispensado imotivadamente, fará jus a uma indenização correspondente a 40% sobre todos os recolhimentos que foram feitos em relação aquele contrato de emprego. Caso a extinção do contrato de trabalho se dê por culpa recíproca, distrato ou força maior, o empregado ainda assim fará jus a uma indenização, porém ela corresponderá ao percentual de 20% sobre todos os recolhimentos que foram feitos em relação aquele contrato de emprego. • 50 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.6 - Recolhimento de INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) Mensalmente, o empregador deverá depositar, em nome do empregado, o recolhimento do INSS para que o período em que o empregado lhe prestar serviços seja contabilizado para fins de aposentadoria. Esse depósito é feito pelo empregador, mas é composto de uma quota parte do empregador (que não poderá descontá-la do salário de seu empregado) e uma quota parte do empregado (que poderá ser descontada do salário do empregado). Para todos os empregados e, ainda, mesmo para os prestadores de serviços, o recolhimento do INSS é obrigatório. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 51 1.7 - Jornada de Trabalho A jornada de trabalho é o tempo efetivamente gasto pelo empregado na prestação de serviços ou a disposição de seu empregador. De acordo com a Constituição Federal e a CLT, a jornada de trabalho não poderá ser superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais, autorizado banco de horas, para compensação em outro dia, ou horas extras em, no máximo 02 horas por dia. 1.7.1. Intervalo intrajornada O intervalo intrajornada é aquele que fica dentro da jornada (horário de almoço). A CLT determina que nas jornadas de trabalho de até 4 horas por dia, não é necessário o empregador conceder ao empregado o intervalo intrajornada. Nas jornadas de trabalho entre 4 e 6 horas por dia, o empregador deverá conceder ao empregadointervalo intrajornada mínimo de 15 minutos para descanso e refeição. Nas jornadas de trabalho que ultrapassem as 6 horas por dia, o empregador deverá conceder ao empregado intervalo intrajornada mínimo de 01 hora para descanso e refeição. Caso não seja concedido o intervalo nos moldes legais, o período suprimido será pago como hora extra acrescido do adicional de, no mínimo, 50%, com natureza indenizatória. • 52 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.7.2. Intervalo interjornada O intervalo interjornada é aquele que fica entre o final de uma jornada e o começo de outra e a CLT determina que o mínimo será SEMPRE de 11 horas. Caso não seja concedido o intervalo nos moldes legais, o período suprimido será pago como hora extra acrescido do adicional de, no mínimo, 50%, com natureza indenizatória. Com a aprovação da Lei 13.467/17, foi acrescido ao texto da CLT o artigo 611-A, que autori- za a redução do intervalo intra- jornada mínimo de 01 hora para no mínimo 30 minutos, desde que tal acordo aconteça com a intervenção do sindicato da cate- goria através de acordo ou con- venção coletiva de trabalho! !ATENÇÃO! Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 53 Existem algumas hipóteses em que, mesmo que o empregado permaneça na empresa antes, durante ou após seu horário de serviço, quando deveria estar usufruindo de seu intervalo, seja ele o intrajornada ou o interjornada, este período não será considerado tempo à disposição? VOCÊ SABIA? Art. 4º, §2º, CLT - Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: I - práticas religiosas; II – descanso; III – lazer; IV – estudo; V – alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. São as seguintes hipóteses, trazidas pelo artigo 4º, §2º da CLT: • 54 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.7.3. Descanso semanal remunerado O descanso semanal remunerado ou repouso semanal remunerado, como o próprio nome diz, é a pausa semanal do empregado para que ele possa descansar completamente, e deve ser, necessariamente de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) horas. Quando coincidir com o intervalo interjornada, o descanso semanal será somado a ele e, portanto, deverá haver uma pausa na prestação de serviços de no mínimo 35 (trinta e cinco) horas consecutivas, sob pena de as horas que forem subtraídas do empregado serem pagas como horas extras com o adicional de 50% do valor da hora normal, com natureza indenizatória. 1.8 - Aviso Prévio O contrato de trabalho será acordado entre empregado e empregador por prazo determinado ou por prazo indeterminado. Caso o contrato de trabalho se dê por prazo indeterminado, ou mesmo por prazo determinado quando uma das partes decidir rescindir o contrato antes de o prazo previsto para o seu fim, deverá ser avisado a parte contrária a intenção desta rescisão contratual através do chamado aviso prévio. O aviso prévio poderá ser trabalhado, quando o empregado deverá permanecer trabalhando por alguns dias determinados após o aviso, ou indenizado, quando o empregado não se dispuser a cumprir o aviso trabalhado ou o empregador dispensar o cumprimento do aviso prévio trabalhado, indenizando-o para tanto. Porém, o aviso prévio não será devido quando ocorrer justa causa ou rescisão indireta e, no caso do distrato ou culpa recíproca, será devido pela metade caso indenizado. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 55 1.8.1. Do empregado O aviso prévio do empregado é quando o empregador tem a intenção de rescindir o contrato de trabalho e, para que o empregado tenha tempo de conseguir outro emprego, o empregador lhe notifica, antecipadamente da rescisão, através do aviso prévio. Neste caso, o aviso prévio poderá ser indenizado ou trabalhado. Se o aviso prévio for trabalhado, haverá a redução da carga horária, podendo o empregado escolher entre a redução de 02 horas por dia ou ausência por 07 dias corridos. Se o aviso prévio for indenizado, o empregador pagará ao empregado, o correspondente a, no mínimo, 30 dias a título de aviso prévio (período este que o empregado não precisará trabalhar, mas receberá como se tivesse trabalhado e que contará, inclusive, como período de trabalho até mesmo para anotação de sua Carteira de Trabalho) mais 3 dias a cada ano completo de trabalho. Com a aprovação da Lei 12.506/2011, o aviso prévio seja do empregado, a cada ano completo ou “aniversário de con- trato de trabalho”, além dos trinta dias mínimos de aviso prévio indenizado, serão acrescidos mais três dias, até o limite de 90 dias, ou seja o empregado receberá, a título de aviso prévio inde- nizado, da seguinte forma, de acordo com o tempo de contrato: !ATENÇÃO! • 56 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados NÚMERO DE ANOS DIAS DE AVISO PRÉVIO -1 30 1 33 2 36 3 39 4 42 5 45 6 48 7 51 8 54 9 57 10 60 11 63 12 66 13 69 14 72 15 75 16 78 17 81 18 85 19 87 20 90 21 90 22 90 23 90 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 57 1.8.2. Do empregador O aviso prévio do empregador é quando o empregado tem a intenção de rescindir o contrato de trabalho / se demitir e, para que o empregador tenha tempo de contratar outro empregado e treiná-lo, o empregador lhe notifica, antecipadamente da rescisão, através do aviso prévio. Nesta hipótese, mesmo o empregado tendo dado causa a rescisão do contrato de trabalho, se o empregador quiser, ele pode dar ou exigir o cumprimento do aviso prévio. Se o empregador exigir o cumprimento do aviso prévio, este será sempre de 30 dias (entendimento majoritário) e, se o empregado se recusar a cumprir, o empregador poderá descontar das verbas rescisórias o valor correspondente ao aviso prévio O empregado também pode dar causa a rescisão? Ambos, empregado e empregador podem dar causa a rescisão do contrato de trabalho e, quando acontecer, o aviso prévio, caso seja indenizado, deverá ser pago pela metade! VOCÊ SABIA? • 58 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados DINÂMICA - PERGUNTAS PARA FIXAR O CONHECIMENTO Instruções: Os alunos deverão responder sim ou não levantando as mãos. Podem completar a resposta caso desejarem. A)João trabalha em uma fábrica mas tem faltado muito ultimamente, então seu empregador resolveu anotar em sua carteira de trabalho todas as suas faltas. O empregador pode fazer isso? B) Joana trabalha em uma loja de calçados e todo mês recebe comissão (uma porcentagem das vendas) pelos sapatos que vende, mas em janeiro as vendas foram baixas e Joana só recebeu R$200,00 de salário. Ela pode receber esse valor como salário? C)Ricardo estava todo feliz porque ia tirar férias, programou o mês inteiro de viagens com a família, mas seu empregador disse que ele não ia ter os 30 dias de folga, apenas 12 dias porque Ricardo tinha faltado do serviço 25 dias durante o ano. O empregador agiu corretamente ao não deixar que Ricardo tirasse os 30 dias de férias? D) Classifique as definições em intervalo intrajornada ou intervalo interjornada: I - Esse intervalo é o tempo de descanso do empregado entre um dia e outro de trabalho e tem a duração de 11 horas; II - Já esse intervalo fica dentro da jornada do empregado e serve para o horário de almoço. Copyright © 2020 Direito na Escola ProduçõesTodos direitos reservados • 59 RESUMO DIREITOS TRABALHISTAS “BÁSICOS” CTPS FGTS Salário Férias + 1/3 13º Salário INSS Jornada de Trabalho Aviso Prévio • 60 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados RESPOSTAS A) Não! Porque o empregador não pode fazer anotações na carteira que prejudiquem o empregado. B) Não! Porque mesmo que Joana seja comissionista (receba comissão) e que tenha feito poucas vendas não pode receber menos que o salário mínimo. C) Sim! Porque segundo a norma da CLT, quem falta mais de 24 dias no ano tem direito a apenas 12 dias de férias (para ficar mais claro anotar o art. 130 da CLT no quadro). D) I- intervalo interjornada /II- intervalo intrajornada. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 61 Aula 5 Contrato de trabalho Objetivo: Demonstrar como se rege a relação de trabalho em seu aspecto contratual, com suas particularidades, desde o início até a sua extinção. Contrato é um pacto, um acordo, entre duas ou mais pessoas, que se obrigam a cumprir o que foi combinado por elas, com o estabelecimento de algumas condições. O contrato de trabalho pode ser feito de forma verbal (acordo entre as partes ajustado verbalmente) ou escrita (quando os termos do acordo vêm expressos em um documento). A maior parte dos contratos trabalhistas é realizada por prazo indeterminado, ou seja, sem prazo para o seu término. Porém, pode haver também o contrato por prazo determinado, que é chamado de contrato a termo, realizado conforme autorização da lei. Alguns exemplos de contrato por prazo determinado são: Contrato de experiência, que não pode ultrapassar 90 dias; contrato de safra, quando tem alguma plantação e o contrato é estabelecido pelos períodos de preparo do solo e de colheita; contrato de obra certa, que permite uma construtora contratar o empregado para um serviço certo e com tempo estipulado. 1- Contrato de trabalho • 62 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.1 - Requisitos do contrato A CLT não fala sobre os requisitos do contrato de trabalho, mas fala que se houver alguma omissão na norma trabalhista pode ser usado o Código Civil para complementar o que for necessário e compatível com a sua estrutura. Então, utilizamos o Código Civil de forma subsidiária. Assim, para a celebração do contrato são necessários os seguintes elementos, conforme o art. 104 do Código Civil: I - Agente capaz; II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - Forma prescrita ou não defesa em lei. Agente capaz: está relacionado a capacidade do empregado para o exercício do direitos e deveres que decorrem do contrato de trabalho. A capacidade plena do empregado ocorre aos 18 anos, pois nessa idade o empregado poderá trabalhar em todas as atividades. Os adolescentes maiores de 16 e menores de 18 anos possuem capacidade relativa, porque apesar de estarem autorizados a trabalhar existem algumas exceções, como por exemplo, não podem trabalhar em locais insalubres, perigosos, em horário noturno. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 63 Agente capaz: O contrato de trabalho somente será válido se os serviços não envolverem nenhum ilícito penal (condutas proibidas pela lei penal). Forma prescrita ou não defesa em lei (que não é proibida pela lei): A realização do contrato de trabalho deve ocorrer na forma definida pela lei para que tenha validade. Como já vimos anteriormente o contrato de trabalho não exige muitas formalidades, podendo ser verbal ou escrito. Agente capaz: O contrato de trabalho somente será válido se os serviços não envolverem nenhum ilícito penal (condutas proibidas pela lei penal). Forma prescrita ou não defesa em lei (que não é proibida pela lei): A realização do contrato de trabalho deve ocorrer na forma definida pela lei para que tenha validade. Como já vimos anteriormente o contrato de trabalho não exige muitas formalidades, podendo ser verbal ou escrito. • 64 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Forma prescrita ou não defesa em lei (que não é proibida pela lei): A realização do contrato de trabalho deve ocorrer na forma definida pela lei para que tenha validade. Como já vimos anteriormente o contrato de trabalho não exige muitas formalidades, podendo ser verbal ou escrito. 1.2 - Nulidades Para que o contrato de trabalho seja válido ele precisa atender os requisitos que acabamos de ver, se não atendidas essas exigências o contrato pode se tornar nulo. No Direito do Trabalho, tornam-se nulos os trabalhos classificados como ilícitos e proibidos. Existe alguma diferença entre trabalho proibido e trabalho ilícito? Sim! Trabalho proibido é o trabalho prestado de forma irregular e contrária ao que está previsto na CLT e na Constituição Federal; é prestado em condições que agridem a saúde e a segurança do trabalhador; a atividade exercida é contrária a lei, mas não configura crime, então os efeitos do contrato de trabalho são resguardados, como o recebimento dos salários e das verbas trabalhistas. Exemplo: trabalho da criança de 13 anos de idade em VOCÊ SABIA? carvoarias, oficinas, plantações. O contrato será nulo porque possui agente incapaz. O trabalho ilícito é prestado através de alguma conduta criminosa em relação ao contrato de trabalho; afronta a lei penal; a atividade exercida configura crime e não possui proteção trabalhista. Exemplo: jogo de bicho, tráfico de armas, de drogas, matador de aluguel. O contrato de trabalho será nulo porque possui objeto ilícito Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 65 Existem algumas situações em que o trabalhador não está prestando serviço e o seu contrato de trabalho continua mantido, pelo princípio da continuidade da relação de emprego. Essas situações são a interrupção e a suspensão do contrato de trabalho. Tanto na hipótese de interrupção quanto na de suspensão o empregador não poderá colocar fim ao contrato de trabalho. 2 - Interrupção e suspensão do contrato de trabalho VOCÊ SABIA? Suspensão e interrupção não são sinônimos? No Direito do trabalho, suspensão e interrupção não são sinônimos! A interrupção do contrato de trabalho é a ausência provisória do empregado na prestação de serviço, com o pagamento do salário do empregado e esse tempo vai contar como tempo de serviço. Já a suspensão do contrato de trabalho é a ausência provisória do empregado na prestação de serviço, sem que haja o pagamento de salário, nem a contagem do tempo de serviço. Assim, a principal diferença entre interrupção e suspensão é o pagamento ou não dos salários quando o empregado fica ausente do seu trabalho. • 66 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 2.1 - Hipóteses de interrupção do contrato de trabalho Os principais casos de interrupção do contrato de trabalho em que o empregado poderá faltar ao serviço e ainda receber o seu salário são: - Em caso de luto por morte do cônjuge (marido/esposa), o empregado poderá faltar por 2 dias; - Quando for casar, o empregado poderá faltar por 3 dias; - Para doação voluntária de sangue, o empregado poderá faltar 1 dia a cada 12 meses; - Para o alistamento eleitoral, poderá faltar 2 dias; - No período de gravidez da esposa ou companheira gestante, poderá faltar 2 dias; - Para acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica, tanto o empregado quanto a empregada, poderão faltar 1 dia por ano; - Pelo período que for necessário nos casos de cumprimento do serviço militar, para provas de vestibular, para comparecer em juízo (como jurado, testemunha...), para o representante de entidade sindical que estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil é membro; - Quando a empresa tiver paralisada; - Por afastamento, sejam por doença ou acidente,nos primeiros 15 dias; - Quando o trabalhador tiver cumprindo o aviso-prévio, ele terá o tempo de serviço reduzido em 2 horas ou terá 7 dias de folga; - Quando o empregado estiver de férias, no seu descanso semanal e em feriados; - Nos intervalos para amamentação; - Licença paternidade de 05 dias; - A empregada gestante possui o tempo necessário para realizar consultas (no mínimo 6) e exames médicos; DENTRE OUTRAS HIPÓTESES. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 67 2.2 - Hipóteses de suspensão do contrato de trabalho Os principais casos de suspensão do contrato de trabalho em que o empregado poderá faltar ao serviço, mas não receberá o seu salário são: Por motivo de encargo público: quando o empregado se candidatar a prefeito da cidade, por exemplo; - Mandato sindical: quando, por exemplo o empregado é eleito diretor de sindicato; - Por suspensão disciplinar: quando, por exemplo o empregado cometer faltas na empresa ele poderá ser suspenso; - Em caso de greve; - Quando o empregado estiver recebendo benefícios previdenciários, por exemplo, invalidez, auxílio-doença. - Quando o empregado for eleito para ocupar cargo de Diretor de Sociedade Anônima; - No tempo de refeição e de descanso entre uma jornada e outra de trabalho; - Ausência do empregado por motivo de prisão; - Em caso de violência doméstica, para preservar a integridade física e psicológica da mulher; - Quando houver inquérito para apuração de falta grave cometida pelo empregado; - Afastamento para qualificação profissional do trabalhador em curso oferecido/custeado pelo empregador, mediante previsão em negociação coletiva; DENTRE OUTROS. • 68 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 3 - Modalidades de extinção do contrato de trabalho A CLT fala do encerramento do contrato de trabalho usando a palavra rescisão. A rescisão (extinção) do contrato de trabalho pode decorrer: 1. DA INICIATIVA DO EMPREGADOR – DISPENSA COM OU SEM JUSTA CAUSA 2. DA INICIATIVA DO EMPREGADO – PEDIDO DE DEMISSÃO 3. DA INICIATIVA DE AMBAS AS PARTES, EMPREGADO E EMPREGADOR – ACORDO 4. PELO DESAPARECIMENTO DE UMA DAS PARTES – MORTE DO EMPREGADO OU DO EMPREGADOR 5. PELA EXPIRAÇÃO DO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO 6. POR FORÇA MAIOR – DECORRE DA NATUREZA, DESASTRES NATURAIS Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 69 3.1 - Verbas rescisórias Quando acontece o encerramento do contrato de trabalho são devidas ao empregado as verbas rescisórias, que são direitos trabalhistas garantidos por lei no término da prestação de serviço. As verbas rescisórias variam de acordo com a forma que se deu o fim do contrato, mas as principais são: Saldo de salário: pagamento pelos dias trabalhados; Férias vencidas: se o contrato foi encerrado antes do empregado usufruir suas férias ele recebe o pagamento correspondente; 13º salário: é uma gratificação anual que o empregado recebe também chamada de gratificação de natal; Aviso prévio: é uma comunicação que o empregado ou o empregador faz para avisar que pretende romper com o contrato de trabalho; Fundo de garantia por tempo de serviço – FGTS: é uma conta feita na Caixa em nome do empregado e o empregador deposita 8% do salário pago mensalmente, para que o empregado não fique desamparado em caso de desemprego. • 70 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados DINÂMICA - QUESTÕES DE FIXAÇÃO Instruções: Os alunos deverão responder sim ou não levantando as mãos. Podem completar a resposta caso desejarem. 1. Um empregado foi contratado para trabalhar em um galpão que vendia armas, o seu empregador estava atrasando para pagar seus salários então, se vendo sem condições de realizar o pagamento, o empregador o dispensou. O empregado procurou a justiça do trabalho para receber seus salários atrasados e a verbas rescisórias. A justiça do trabalho irá fazer com que o empregador pague as parcelas devidas ao empregado? Por quê? 2. O pai e o filho foram contratados para trabalhar em uma plantação de laranjas, o pai já tinha 45 anos e o filho 13 anos, os dois estavam recebendo salário todo mês e satisfeitos com o emprego. Esses contratos de trabalho são válidos? Por quê? 3. Um adolescente de 17 anos foi contratado para trabalhar em uma boate em horário noturno, esse contrato de trabalho é válido? Por quê? 4. Classifique as definições como interrupção ou suspensão do contrato de trabalho: A) Ausência provisória do empregado na prestação de serviço, com o pagamento do salário do empregado e o cômputo do tempo de serviço. B) Ausência provisória do empregado na prestação de serviço, sem que haja o pagamento de salário, nem a contagem do tempo de serviço. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 71 5. Em um dia de chuva uma fábrica foi inundada, árvores caíram, a fiação foi prejudicada, todos os materiais que estavam lá dentro foram perdidos. O dono da fábrica ficou sem nada. O contrato de trabalho do dono da fábrica com os seus empregados pode ser extinto? Por quê? RESUMO CONTRATO DE TRABALHO Requisitos: Agente capaz; Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; Forma prescrita ou não defesa em lei. Extinção do contrato de trabalho: verbas rescisórias Interrupção do contrato: recebe o salário Suspensão: não recebe Nulidades: trabalho proibido e ilícito • 72 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados RESPOSTAS 1. Não. Porque o contrato de trabalho estabelecido entre as partes é nulo, contendo objeto ilícito, no caso a venda de armas. 2. O contrato de trabalho do pai é válido, do filho é nulo porque possui agente incapaz. (13 anos) 3. Não. Porque apesar do adolescente de 17 anos possuir capacidade para o trabalho essa capacidade é relativa a lei veda que o adolescente trabalhe em horário noturno. 4. A) Interrupção; B) Suspensão. 5. Sim. Por motivo de força maior decorrente da natureza, desastre natural. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 73 Aula 6 Contrato de trabalho do menor Objetivo: O objetivo dessa aula é levar ao aluno o conhecimento sobre a proteção, profissionalização e prerrogativas do trabalho dos adolescentes, além de esclarecer sobre o contrato de trabalho do menor aprendiz e a proibição do trabalho infantil. São muitas as dúvidas acerca do trabalho do menor. No Brasil, a proibição do trabalho infantil depende da faixa etária e do tipo de atividades ou condições em que o trabalho é exercido. A maioridade é atingida, na esfera trabalhista, aos 18 (dezoito) anos de idade, porém, antes mesmo de completar 18 anos, é permitida a prestação de serviços para o adolescente, em determinadas situações. 1- Trabalho do menor 1.1 - Trabalho infantil Atualmente muitas crianças abandonam as escolas ou nem chegam a frequentá-las, se distanciando da educação, para trabalhar. Na maior parte dos casos são forçadas pela própria família para ajudarem no sustento de casa, ou então por exploradores, que as obrigam aos mais diversos tipos de trabalho como na agricultura (colheitas de cana de açúcar, café, laranja), nos serviços domésticos, na indústria, pecuária e até mesmo em atividades ilícitas de exploração sexual e tráfico de drogas. No Brasil o trabalho infantil não é permitido porque as crianças ficam expostas a abusos físicos, psicológicos e até mesmo sexuais, além de perderem a sua infância que deveria ser uma fase de muito convívio familiar, educação e lazer. Portanto, é inadmissível a prestação de serviços pelo menor de • 74 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 16 anos, exceto se na condição de jovem aprendiz (a partir dos 14 anos) porque o entendimento legal é que, o trabalho com tão pouca idade prejudica a infância,a educação e o desenvolvimento social de uma criança. Assim, toda pessoa que tenha menos de 14 anos de idade fica impedida de prestar serviços de qualquer natureza e em qualquer condição, sob pena de caracterizar trabalho infantil, que é crime em todo o território brasileiro. Neste sentido é o que dispõe o art. 60, do Estatuto da Criança e do Adolescente, senão vejamos: Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. Mas atenção porque esta regra encontra uma flexibilização no art. 8º da Convenção 138 da OIT, ratificada pelo Brasil, que admite que crianças e adolescentes participem em apresentações artísticas, mediante autorização judicial. Tal autorização é concedida através de alvará que estabelecerá o número de horas e as condições nas quais a atividade pode ser exercida pelo menor. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 75 O trabalho infantil é uma realidade para milhões de meninos e meninas no Brasil, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnadc), em 2016, havia 2.400.000 (dois milhões e quatrocentas mil) crianças e adolescentes de 5 (cinco) a 17 (dezessete) anos em situação de trabalho infantil, sendo que 1.700.000 (um milhão e setecentas mil) exerciam também afazeres domésticos. VOCÊ SABIA? MAPA DO TRABALHO INFANTIL Mapa extraído do site: https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/mapa-do-trabalho-infantil/. Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015. • 76 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.2 - Jovem aprendiz O jovem aprendiz é o adolescente que conta com mais de 14 anos e menos de 24 anos de idade, matriculado e frequentando a escola, caso não tenha concluído o Ensino Médio, inscrito no programa de aprendizagem e que presta serviços técnico- profissional. A Lei 10.097/00 que incluiu a figura do jovem aprendiz na CLT e determina em seu artigo 428 que: Art. 428 - Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. 1.2.1. Contrato de aprendizagem O contrato de trabalho do aprendiz é especial (art. 428 da CLT), ou seja, diferente dos demais contratos. O primeiro requisito é que seja escrito, com anotação na carteira de trabalho, mencionando a aprendizagem. É um contrato com prazo determinado, não pode ser firmado por mais de 2 (dois) anos com o mesmo empregador. O aprendiz precisa estar matriculado na escola e com frequência regular, se ainda não tiver concluído o ensino médio. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 77 Outro requisito é a inscrição do aprendiz em programa de aprendizagem, com formação técnico-profissional, como cursos oferecidos pelo SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Alguns cursos oferecidos pelo SENAC são: Assistente administrativo, Assistente de Logística, Técnico em Administração, Assistente Pessoal, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade, Técnico em Segurança do Trabalho, Vendedor, Assistente de Recursos Humanos, Técnico em Guia de Turismo, Técnico em Design de Interiores e outros tantos. Dentre os cursos oferecidos pelo SENAI estão: Auxiliar Logística, Confecção e Moda, Confeitaria, Desenho Mecânico, Impressão Digital, Instalação Elétrica Predial, Instalação Elétrica Industrial, Instalação Hidráulica, Instalação e Reparação de Rede de Computadores etc. • 78 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Os demais cursos podem ser conhecidos por meio do acesso às escolas profissionalizantes. Como forma de incentivo aos novos profissionais no mercado de trabalho as empresas são obrigadas a contratar aprendizes (art. 429 da CLT), sendo no mínimo 5% e no máximo 15% do quadro de trabalhadores. A limitação de idade (24 anos) não se aplica aos jovens portadores de deficiência, para fins do contrato de aprendizagem nem o limite máximo de 2 anos de duração do contrato de aprendizagem. O contrato de aprendizagem poderá ser rescindido nas seguintes hipóteses: VOCÊ SABIA? 1) Fim do prazo de contratação; 2) Ao atingir a idade de 24 (vinte e quatro) anos, exceto para a pessoa com deficiência; 3) Por desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz referentes às atividades do programa de aprendizado constatado por meio de laudo de avaliação elaborado pela instituição de aprendizagem; 4) Falta disciplinar grave; 5) Ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; 6) A pedido do aprendiz; 7) Hipóteses de encerramento das atividades da empresa, falência da empresa ou morte do empregador constituído em empresa individual. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 79 1.2.2. Direitos e deveres A jornada de trabalho do aprendiz será de 6 (seis) horas diárias (art. 432 da CLT), sendo proibida sua prorrogação (horas extras) e a compensação de jornada (estender a jornada em alguns dias e reduzir em outros). No caso do aprendiz que já tiver completado o ensino fundamental, excepcionalmente, a jornada poderá ser de até 8 (oito) horas por dia. Quando o menor de 18 (dezoito) anos for empregado em mais de um estabelecimento, as horas de trabalho em cada um serão totalizadas. Em relação aos demais direitos nós temos o seguinte: - Ao aprendiz é garantido o salário mínimo hora que é calculado de acordo com as horas trabalhadas; - O empregador que contratar o aprendiz deve fazer a matrícula do curso de aprendizagem; - O pagamento do FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - será feito pelo empregador no valor de 2% da remuneração do aprendiz, enquanto o percentual dos demais empregados é de 8%; A aprendizagem é uma formação profissional, garantida ao aprendiz que tiver concluído o curso com aproveitamento, com certificação de qualificação profissional. Em contrapartida o aprendiz deverá se comprometer a executar as tarefas com zelo e dedicação. • 80 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados 1.2.3. Proibições É proibido o trabalho do menor aprendiz em locais prejudiciais a sua formação, desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários, locais que não permitam a frequência à escola (exemplos: trabalho noturno, perigoso, insalubre) e em serviços domésticos. Como o jovem se encontra em fase de formação, a necessidade de trabalhar não pode prejudicar seu crescimento, o convívio familiar e a educação, que lhe possibilitará as condições necessárias para se integrar futuramente à sociedade ativa. Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 81 • 82 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 83 • 84 Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados Copyright © 2020 Direito na Escola Produções Todos direitos reservados • 85 Imagens extraídas do site: https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/piores-formas/ 1.3.1 Contrato de trabalho No caso do jovem empregado, seu contrato de trabalho é assinado entre o empregador, empregado e seus responsáveis e não há que se falar em limite de idade ou mesmo em prazo determinado, podendo ser rescindido a qualquer tempo, resguardados os direitos trabalhistas e previdenciários, por força do que dispõe o art. 65 da CLT. 1.1 - Trabalho infantil O jovem empregado é o maior de 16 anos e, como o próprio nome diz, é empregado,
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