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Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 1 CICLO DA INSULINA O gene da insulina codifica a pré-pró-insulina, que sofre clivagem do peptídeo sinal, gerando a pró- insulina. A pró-insulina contém em sua estrutura uma cadeia β-aminoterminal, uma α-carboxiterminal e um peptídeo de conexão, o peptídeo C, que liga as cadeias A e B. A ligação das duas cadeias possibilita o dobramento apropriado da molécula e a formação de pontes de dissulfeto entre as cadeias. No retículo endoplasmático, a pró-insulina é clivada, expondo a extremidade da cadeia da insulina que interage com o receptor (forma ativa) e o peptídeo C. A insulina e o peptídeo C livres são acondicionados em grânulos secretores no aparelho de Golgi. Esses grânulos acumulam-se no citoplasma em dois reservatórios: um de liberação rápida (5%) e um de armazenamento dos grânulos (95%). Quando estimuladas, as células β liberam insulina de acordo com um padrão bifásico: inicialmente do reservatório de liberação rápida, seguido pelo reservatório de armazenamento dos grânulos. Essa liberação de insulina combina com a liberação de quantidades iguais de peptídeo C na circulação porta do fígado. A importância do peptídeo C é que, de modo diferente da insulina, ele não é degradado no fígado. Por conseguinte, a meia-vida relativamente longa do peptídeo (35 minutos) faz sua liberação ser utilizada como índice de capacidade secretora do pâncreas endócrino. Após a alimentação, os níveis de insulina começam a subir dentro de 10 minutos e atingem o pico em 30- 45 min, em resposta a elevações nos níveis plasmáticos de glicose e aminoácidos, fazendo com que a liberação de insulina seja pulsátil e rítmica, havendo duas fases de liberação: o Fase precoce: provavelmente envolve a liberação da insulina pré-formada; o Fase tardia: representa a liberação da insulina recém-formada. A insulina circula em sua forma livre, com meia- vida de 3 a 8 minutos, e é degradada predominantemente pelo fígado, com degradação de mais de 50% durante sua primeira passagem pela ação da insulinase hepática (os tecidos periféricos são expostos a 50% da concentração liberada de insulina). Ocorre degradação adicional nos rins e em tecidos-alvo, por proteases da insulina, após a endocitose do hormônio ligado ao receptor. o Glicose Constitui o principal estímulo. Ela penetra na célula β por meio do GLUT 2 ligado à membrana e sofre fosforilação imediata pela glicoquinase (etapa inicial da glicólise), formando a glicose-6-fosfato (G6P), levando à geração de ATP no ciclo de Krebs. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 2 O metabolismo de G6P pelas células β aumenta a proporção de ATP/ADP e fecha o canal de K+ sensível a ATP, reduzindo o efluxo de K+, que resulta em: ✓ Despolarização da membrana; ✓ Ativação dos canais de Ca2+ dependentes de voltagem; ✓ Aumento do influxo de Ca2+. A elevação nas concentrações intracelulares de Ca2+ desencadeia a exocitose dos grânulos de insulina e sua liberação na circulação. É importante assinalar que a regulação dos canais de K+ pelo ATP é mediada pelo receptor de sulfonilureia, o que constitui a base para o uso terapêutico das sulfonilureias no tratamento do DM. o Incretinas A glicose ingerida tem um maior efeito sobre a secreção de insulina do que a glicose injetada. Este fenômeno, chamado de efeito incretina, é decorrente da estimulação pela glicose se somar à dos hormônios incretinas do trato gastrintestinal. Um hormônio incretina clinicamente relevante é o peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1), que é secretado em resposta à glicose no lúmen ileal. O GLP-1, e em menor grau o GIP, agem por proteína Gs, aumentam AMPc e ativam a PKA, intensificando os efeitos intracelulares do Ca+2 sobre a glicose. As catecolaminas (NA e A) e a somatostatina inibem a secreção de insulina agindo nos receptores α2 adrenérgicos, que são acoplados à proteína Gi, por inibição da adenilato-ciclase e por modificação da regulação dos canais de Ca2+ e de K+. A inibição adrenérgica de insulina serve para proteção contra hipoglicemia, especialmente durante o exercício. Pertence à família dos receptores de tirosinaquinases, que inclui o receptor dos IGFs. É um receptor de membrana glicoproteico heterotetramérico, composto de 2 subunidades α e 2 subunidades β ligadas por pontes de dissulfeto. A cadeia α extracelular é o local de ligação da insulina. O segmento intracelular da cadeia β possui atividade de tirosina-quinase intrínseca, que, com a ligação da insulina, sofre fosforilação cruzada dos resíduos de tirosina. Esses resíduos recrutam três classes de proteínas adaptadoras: substratos de receptor de insulina (IRSs), proteína Shc (associada à mitogênese) e proteína APS (envolvidas com a formação de vesículas de transporte). O receptor ativado fosforila resíduos de tirosina de IRSs (1 a 4), facilitando a interação do receptor de insulina com substratos intracelulares, ativando vias de sinalização, principalmente as vias de fosfatidilinositol- 3-quinase (PI3K) e da proteína-quinase ativada por mitógeno (MAPK). Envolve a fosforilação dos fosfolipídeos de inositol, convertendo PIP2 em PIP3. O PIP3 recruta a proteína quinase Akt para a membrana celular, onde se torna ativada. Esta via orquestra as diversas ações metabólicas da insulina nos hepatócitos, no músculo esquelético e nos adipócitos. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 3 As cascatas de sinalização nessa via não têm um papel significativo nos efeitos metabólicos da insulina, mas participam na mediação dos efeitos proliferativos e de diferenciação induzidos pela insulina, com participação da proteína Shc, ligada à MAPK, produzindo as ações de crescimento da insulina. O complexo ligante-receptor ativado é internalizado em endossomas. Após a acidificação da luz endossomal, a insulina dissocia-se do receptor, interrompendo os eventos de fosforilação e promovendo sua degradação por endoproteases, como a insulinase ácida. A seguir, o receptor pode ser reciclado na superfície celular, onde se torna novamente disponível para a ligação da insulina. O número de receptores de insulina disponíveis é modulado pelo exercício, pela dieta, pela insulina e por outros hormônios. A exposição crônica a níveis elevados de insulina, a obesidade e o excesso de GH levam a um downregulation dos receptores. Por outro lado, o exercício e a inanição levam ao upregulation do número de receptores, melhorando a responsividade à insulina. o Aumento da captação e utilização de glicose no tecido (translocação aumentada de GLUT 4). o Inibe a lipólise e a cetogênese ao desencadear a desfosforilação da lipase sensível ao hormônio, que inibe a degradação de TG em AGs e glicerol; o Estimula a lipogênese pela ativação da Acetil-CoA carboxilase síntese de AG e TG o Antagoniza a lipólise induzida pelas catecolaminas por meio da ativação da fosfodiesterase (hidrólise de AMPC), resultando em ↓ níveis intracelulares de AMPc e ↓ atividade da PKA. o Estimula a expressão gênica das enzimas envolvidas na glicólise (glicoquinase, piruvato-quinase) e das enzimas lipogênicas. o Inibe a expressão gênica das enzimas gliconeogênicas (PEPCK, fosfoenolpiruvato-carboxiquinase e G-6-Pase, glicose-6-fosfatase). o Estimula a síntese de glicogênio pela desfosforilação da glicogênio-fosforilase e fosforilação da glicogênio-sintase. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 4 o Aumento da captação e utilização de glicose no tecido (translocação aumentada de GLUT 4). o Aumenta estoque de glicogênio no músculo e inibe a degradação desse glicogênio. o Favorece a síntese de proteína por meio da fosforilação da mTOR (alvode rapamicina de mamíferos). o Favorece o armazenamento de lipídeos no músculo. Fontes: Berne, 7ª Ed; Molina, 4ª Ed.
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