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ROC - RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
 
 
 
Mandado de Segurança nº … 
 
HUMBERTO, já devidamente qualificado , nos autos do Mandado de Segurança nº …, 
movido em face do Ministro do Trabalho e Emprego, vem, mui respeitosamente, por intermédio 
de seu advogado, que essa subscreve, conforme procuração em anexo, à presença de Vossa 
Excelência, não se conformando com a decisão de folhas nº …, com fulcro no artigo 102, inciso 
II, alínea “a” da CRFB/88, interpor o presente 
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 
cujas razões seguem em anexo. 
Requer, se digne Vossa Excelência a determinar a intimação da parte recorrida, 
facultando-lhe a apresentação de contrarrazões no prazo de 15 dias, sob pena de preclusão, 
conforme preceitua o artigo 1.030 do CPC. 
Por fim, requer seja recebido, processado e encaminhado o presente recurso, com as 
inclusas razões, ao colendo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
 
Termos em que, 
pede deferimento. 
 
Local e Data 
Nome do Advogado 
OAB/UF nº … 
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 
 
EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
RECORRENTE: HUMBERTO 
RECORRIDA: MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO 
MANDADO DE SEGURANÇA Nº: … 
JUÍZO … 
DOUTO TRIBUNAL 
ILUSTRES JULGADORES 
Em que pese o indiscutível saber jurídico do Colendo Superior Tribunal Justiça ao julgar 
o mandado de segurança em comento, a veneranda decisão merece reforma, pelas razões a 
seguir expostas. 
 
 
1- DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO 
 
Cumpre destacar que o presente recurso é tempestivo, vez que a publicação da decisão 
atacada foi publicada na data de 13 de fevereiro de 2017, uma segunda-feira, sendo justa 
apresentação da presente peça no prazo de 15 dias, conforme disciplina o artigo 33, da lei nº 
8.038/90. 
Do mesmo modo, o recurso encontra-se, conforme guia de pagamento anexa, com o 
devido preparo recolhido, nos termos do artigo 1.007 do CPC. 
 
 
2- DO CABIMENTO E DA COMPETÊNCIA 
 
Inicialmente, vale ressaltar que a impetração de Mandado de Segurança em face de ato 
de Ministro de Estado deve ser dirigido ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, nos moldes 
do artigo 105, inciso I, alínea “b” da CRFB/88. 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato 
de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 
Pelo exposto, o artigo 102, inciso II, alínea “a”, estabelece que o Supremo Tribunal 
Federal possui competência para o julgamento do presente Recurso Ordinário Constitucional, 
tendo em vista decisão denegatória proferida pelo Tribunal Superior acima exposto, nos autos 
do Mandado de Segurança. 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) o habeas corpus , o mandado de segurança, o habeas 
data e o mandado de injunção decididos em única instância 
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 
 
 
3- DOS FATOS 
 
O recorrente, servidor público estável, foi demitido do cargo público de administrador, 
através da Portaria n. 123, de 09 de março de 2016, publicada no DOU de 10 de abril de 2016, 
por ato do Ministro do Trabalho e Emprego. 
 
Ressalta-se que a motivação desta demissão decorreu do fato de que o recorrente teria, 
de forma ilegal, favorecido várias prefeituras que, embora em desacordo com as disposições da 
Lei de Responsabilidade Fiscal, teriam voltado à situação de aparente legalidade para 
receberem verbas públicas. 
Ato contínuo, o recorrente impetrou Mandado de Segurança com pedido liminar, no 
prazo legal, junto ao Superior Tribunal de Justiça, alegando, com a devida fundamentação, que 
o ato de demissão seria inválido, tendo em vista irregularidade na formação da comissão 
processante, o que afronta a lei nº 8.112/90. 
O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, denegou o remédio constitucional 
impetrado. 
 
 
4- DOS FUNDAMENTOS 
 
Inicialmente, é importante salientar que o processo administrativo disciplinar que 
resultou a demissão do recorrente, conforme Portaria de nº 123, de 09 de março de 2016, 
publicada no DOU de 10 de abril de 2016, por ato do Ministro do Trabalho e Emprego, está 
maculado de ilegalidade. 
Tendo em vista o processo administrativo disciplinar instaurado em 20 de janeiro de 
2016, fora designada pela autoridade competente, a comissão encarregada pelo processo em 
comento, composta pelos seguintes servidores de nível superior hierárquico ao cargo do 
recorrente: 
a) Ana Maria, admitida por concurso público, em 20 de agosto de 2013; 
b) Geraldo, admitido por concurso público, em 12 de fevereiro de 2004; e 
c) Cássio, não concursado, que exerce, desde 20 de junho de 2000, cargo 
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, isto é, não estável. 
Observa-se que a comissão para apreciação do processo administrativo disciplinar para 
apuração da conduta exposta pelo recorrente, servidor público estável, foi composta por 2 
servidores concursados e 1 servidor não concursado e consequentemente não estável. 
Nesse sentido, faz-se necessário mencionar o entendimento da ilustre doutrinadora 
Maria Di Pietro: 
O processo é realizado por comissões disciplinares 
(comissões processantes), sistema que tem a vantagem de 
assegurar maior imparcialidade na instrução do processo, 
pois a comissão é órgão estranho ao relacionamento entre o 
funcionário e o superior hierárquico. Para garantir essa 
imparcialidade, tem-se entendido, inclusive na 
jurisprudência, que os integrantes da comissão devem ser 
funcionários estáveis e não interinos ou exoneráveis ad 
nutum. (Pietro, Maria Sylvia Zanella Di Direito 
administrativo – 31. ed. rev. atual e ampl. – Rio de Janeiro: 
Forense, 2018, fls.880) 
Conforme preceitua o artigo 149 da lei nº 8.112/90, o processo disciplinar deverá ser 
conduzido por comissão composta de três servidores estáveis. Sendo assim, é evidente o vício 
de regularidade formal no procedimento disciplinar, uma vez que a comissão foi composta em 
desrespeito à legislação pertinente. 
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por 
comissão composta de três servidores estáveis designados 
pela autoridade competente, observado o disposto no 
§ 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, 
que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de 
mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior 
ao do indiciado. 
O artigo 5º, inciso LV, da CRFB/88, preceitua que aos litigantes, em processo 
administrativo, são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes. Tal dispositivo garante que o processo administrativo deve obedecer os mandamentos 
legais inerentes ao caso em concreto, bem como os princípios do contraditório e da ampla 
defesa. 
Acertadamente, a jurisprudência do STJ é pacífica ao se alinhar com o entendimento ora 
externado, conforme observado no julgado do Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 
nº 24.123/ES: 
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA - ADMINISTRATIVO - PROCESSO 
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - COMISSÃO DE 
PROCESSO ADMINISTRATIVO COMPOSTA POR 
SERVIDOR NÃO-ESTÁVEL - NULIDADE.O Estatuto 
dos Servidores Públicos do Estado do Espírito Santo faz 
exigência das qualidades de efetivos e estáveis dos 
membros das Comissões de Processo Administrativo 
Disciplinar, impondo-se afirmar, em consequência, a 
nulidade do processo administrativo disciplinar que não 
tenha observado a norma em referência. Recurso ordinário 
parcialmente provido. (RMS 24.123/ES, Rel. Ministro 
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado 
em 07/05/2009, DJe 25/05/2009) 
Também, é interessante destacar a transgressão aos princípios da legalidade, da 
impessoalidade e da imparcialidade, promovido pelo processo disciplinarcolidido, posto que o 
procedimento não obedeceu o ordenamento jurídico vinculado aos atos concernentes ao caso, 
bem como a ilegalidade e o tratamento detrimentoso em face do servidor, uma vez que o 
processo administrativo disciplinar está em desencontro com a legislação vigente. 
No mesmo sentido, é oportuno citar o entendimento do julgado de relatoria da 
desembargadora Heloísa Martins Mimessi, no julgamento da apelação Cível de nº 0002346-
45.2015.8.26.0115: 
APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE 
DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. 
PROFESSORA. MUNICÍPIO DE CAMPO LIMPO 1. 
Comissão Processante integrada por servidor em estágio 
probatório. Inadmissibilidade, a despeito do silêncio da 
legislação municipal. Comissão processante a ser 
constituída por funcionários efetivos, de categoria igual ou 
superior à do acusado. Nulidade absoluta verificada. 
Prejuízo à defesa do investigado. 2. Cerceamento de defesa 
configurado. Suspensão preventiva decretada no limiar da 
sindicância, sem a devida fundamentação e com prejuízo 
dos vencimentos do servidor. Inclusão de fatos não 
descritos na portaria inaugural. Ação de parcial procedência 
reformada. Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 
0002346-45.2015.8.26.0115; Relator (a): Heloísa Martins 
Mimessi; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; 
Foro de Campo Limpo Paulista - 2ª Vara; Data do 
Julgamento: 27/11/2017; Data de Registro: 29/11/2017) 
Portanto, é de se concluir que o presente recurso é medida que se impõe para reformar 
a respeitável decisão denegatória, possibilitando, assim, que o Recorrente faça jus ao benefício 
que lhe é de direito. 
 
 
5- DO PEDIDO 
 
Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso interposto, para 
reformar a decisão recorrida, concedendo-se a segurança para a anulação da Portaria nº 123, de 
09 de março de 2016, do processo administrativo disciplinar que lhe deu origem e que seja 
determinada a imediata reintegração do recorrente ao cargo anteriormente ocupado, como 
medida de mais lídima justiça. 
 
 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
 
Local e Data 
Nome do Advogado 
OAB/UF nº ...

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