Prévia do material em texto
Índice 1. Introdução 5 1.1. Objectivos 5 1.1.1. Geral: 5 1.1.2. Específicos: 5 1.2. Metodologia 5 2. Constitucionalismo Moçambicano 6 2.1. Contextualização do constitucionalismo 6 2.2. Caracterização do constitucionalismo 6 2.3. História do constitucionalismo moçambicano 7 3. Conclusão 13 4. Referência bibliográfica 14 1. Introdução O presente trabalho aborda sobre o constitucionalismo moçambicano. Sabendo que o constitucionalismo é um movimento que traduz uma luta ideológica e politica. Trata-se da teorização e prática em torno à limitação da arbitrariedade estatal como instrumento para a proteção e salvaguarda dos direitos do ser humano. Dai que seja um movimento sempre em voga, que requisita e invoca o respeito aos dispositivos constitucionais como elementos ou regras do jogo ao redor da qual gravitam as forças que concorrem para o exercício do poder político, bem como garantia de liberdade das pessoas e condição decisiva da legitimidade dos governos. Moçambique é um dos paises novos na história dos estados no mundo, partiularmente em termos constitucionais. Moçambique torna- se um estado de direito constitucional com a proclamação de independência em 25 de Junho de 1975, nomeadamente passando a designar-se por República Popular de Moçambique, começando assim uma nova era, em termos politico, económicos, define-se assim um novo posicionamento de estado. 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral: · Abordar sobre o Constitucionalismo Moçambicano. 1.1.2. Específicos: · Contextualizar o constitucionalismo; · Apresentar as características do constitucionalismo; · Descrever a história do constitucionalismo moçambicano. 1.2. Metodologia Para a elaboração do presente trabalho, foi adotado a abordagem bibliográfica que consistiu nas leituras de artigos científicos, módulos e livros que abordam questões sobre o tema do trabalho. 2. Constitucionalismo Moçambicano 2.1. Contextualização do constitucionalismo Actuamente a Constituição, passou a significar a construção pelo homem de um projecto racional de organização social, ou melhor, a condensação das idéias básicas deste projeto racional em um pacto fundador. Neste pacto, enquanto ordenação sistemática e racional da comunidade, se garantiram os direitos fundamentais e se organizou, de acordo com a princípio da divisão dos poderes, o poder político. A constituição é a lei fundamental proclamada pela nação na qual baseia-se a organização do direito público do pais. (Lassale, 2001) Segundo Canotilho (1998) assinala que o Constitucionalismo é a teoria ou ideologia que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Para ele, o Constitucionalismo é uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo. Para Carvalho (2010), assinala que o Constitucionalismo “consiste na divisão do poder, para que se evite o arbítrio e a prepotência, e representa o governo das leis e não dos homens, da racionalidade do Direito e não do mero poder. ” 2.2. Caracterização do constitucionalismo Com base nas informações até aqui apresentadas, podemos caracterizar o constitucionalismo. Segundo Baracho (1986), o desenvolvimento deste está ligado ao surgimento de um documento (Constituição) voltado para a racionalização do Estado e para a despersonalização do poder. Nessa perspectiva, o constitucionalismo supõe: a) Uma Constituição normalmente escrita, de forma a ser certa, definitiva e acessível, de modo que todos possam exercer seus direitos e sua dignidade humana; b) Uma Constituição rígida, protegida contra as arbitrariedades do poder, ou seja, cujos procedimentos de reforma sejam especiais e dificultados; c) Uma parte da Constituição dedicada a transcrição de direitos fundamentais básicos de qualquer cidadão contra o arbítrio do Estado; d) Uma parte da Constituição destinada à organização racional do poder, tendo como princípio fundamental a divisão de poderes ou de funções, de modo a limitar a atuação do poder do Estado. (BARACHO, 1986) 2.3. História do constitucionalismo moçambicano A primeira constituição de Moçambique entrou em vigor em simultâneo coma proclamação da independência nacional em 25 de Junho de 1975. Nesta altura, a competência para proceder a revisão constitucional foram atribuidas ao comité central da Frelimo até a criação da assembleia com poderes constituicionais que ocorreu em 1978. Cosaderado a importanc ia da constituição como a "Lei mãe" do estado moçambicano, e dai a necessidade do seu conhecimento dos cidadãos, de seguida é feita uma breve menção sobre a evolução constitucional de Moçambique. Constituição de 1975 Tendo como um dos objectivos fundamentais a eliminação das estruturas de opressão e exploração colonais, a luta contínua contra o colonialismo e o imperialismo", foi instalado na República popular de Moçambique (RPM) o regime político socialista e uma economia marcadamente intervencionista, onde o estado procurava evitar a acumulação do poderio económico e garatir uma melhor redistribuiçāão da riqueza. O sistema político era caracterizado pela existëncia de um partido único e a Frelimo assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas- proclamatórias e de apelo das massas, compressão acentuada das liberdades públicas com moldes autoritários, recusa de separação de poderes a nível da organização politica e o primado formal da assembleia popular nacional. Esta constituição sofreu seis alterações pontuais, designadamente: em 1976, em 1977, em 1978. em 1986, e em 1986. Destas, merece algum realce a alteração de 1978 que incidiu maioritariamente sobre os órgãos do estado (sua organização, competências, entre outos), retirou o poder de modificar a constituição do comité central da Frelimo e retirou a competência legislativa do conselho de ministro (uma vez criada a assembleia popular que teria estas competência legislativa) e a de 1986 que foram motivadas pela institucionalização das funções do presidente da assembleia popular e de primeiro-ministro, criados pela quinta Sessão do comité central do partido Frelimo. Constituição de 1990 A revisão constiucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito profundas empraticamente todos os campos da vida dos pais. Estas mudanças que já começavam a manifestar-se na socicdade. principalme nte na área económica, partir de 1984, encontram a sua concretização formal com a nova constituição aprovada. Resumidamente, podemos citar alguns aspectos mais marcantes, com sejam: · Introdução de um sistema multipartidário na arena politica, deixando o partido Frelimo de um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na conquista da independência; · Insersão de regras básicas de democracia representativa e da democracia participativa e reconhccimento do papel dos partidos políticos; · Áreia oconómica, o estado abandona a sua anterior função basicamente intervencionista e gestora, para dar lugar e uma função mais reguladora e controladora (previsão de mecanismos da economia de mercado e pluralismo de sectores de propriedade ) · Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu àmbito e mecanismos de responsabilização; · Várias mudanças ocoreranm os órgãos de estado, passam a estar melhor definidas as funções e competências de cada órgão, a forma como são eleitos ou nomeados; · Preocupação com a garantia da constitucionalidade e da legalidade e consequemente com a criação do conselho constitucioal; entre outras. A CRM DE 1990 sofreu três (3) alterações pontuas, designadamente: duas em 1992 e uma em 1996. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de se introduzir princípios e disposições sobre o poder local no texto da constituição, verificando-se desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos locais com competências e poderes de decisão próprias, entre outras (superação do princípio da unidade do poder). Constituição de 2004 Esta é a penúltima revisão constitucional ocorridaem Moçambique. Foi aprovada no dia 16 de Novembro de 2004. Não se verifica com esta nova Constituição, uma ruptura com o regime da CRM de 1990, mas sim, disposições que procuram reforçar e solidificar o regime de estado de direito e democrático trazido em 1990, através de melhores especificações e aprofundamentos em disposições já existentes e também para criação de novas figuras, princípos e direitos de elevação de alguns institutos e princípios já existentes na legislação ordenária, à categoria constitucional . m aspecto muito importante de distinção desta constituição das anteriores é o " consenso" na sua aprovação, uma vez que ela surge da discusão não só dos cidadãos, com também da assenbleia da república representada por diferentes partidos polítixos. Esta CRM começa por inovar positivamente logo no aspecto formal dando nova ordem de sequência aos assuntos tratados e tratando em cada artigo, um assunto concreto e antecedido de um título que facilita a sua localização. Apresenta o seu texto dividindo em 12 títulos, totalizando 306 artigos (a CRM de 1990 tinha 7 tíulos e 212 artigos o total). Quanto ao aspecto substancial, verificamos o reforço das directrizes já fixadas para o estado moçanbicano, como acima se mencionou. De forma meramente exemplificada, pode- se criar alguns pontos que ajudam a entender tal afirmação, como sejam: · Logo no capitulo I do título primeiro referente aos princípios fundamentais, podemos destacar para além do maior enfase dado a discrição do estado moçambcano como de justiça social democrático, entre outros aspectos de um estado de direito, a referência constitucional sobre o reconhecimento do pluralismo jurídico, o incentivo no uso das línguas veiculares da nossa sociedade, entre outros. · No âmbito da nacionalidade, destaca-se o facto de o homem estrangeiro pode adquirir nacionalidade moçambicana pelo casamento. · Os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos para além de serem reforçados, ganham maior abrangênia. Pode-se citar exenplo de alguns direitos e deveres antes sem tratamento constitucional: direito dos portadores de deficiência, os direitos da criança, as restriçõcs no uso da informática, o direito de acção popular, o direito dos consumidores; · Para além do pluralismo jurídico, a importancia da autoridade tradicional a sociedade moçanbicana passa a ter reconhecime nto constitucional. Pode-se ainda mencionar a terceira idade, os portadores de deficiência, o ambiente e a qualidade de vida como novos temas tratados pela constituição; · O capítulo VI do título IV que se dedica ao tratamento do sistema financeiro e fiscal em Moçambique comporta um tema que antes não tinha tratamento constitucional; · É criado um novo órgão político, o conselho de estado é um novo órgão de representação democrática, as assembleias provincias. As garantias dos cidadãos relativamente a actuação da administração pública são reforçadas com criação do provedor da justiça. · O tratamento dado as disposições relativas aos tribunais no título IX da CRM é mais pormenorizado. Merece destaque o tratamento mais aprofundado que é dispensado as disposições relativas ao tribunal administrativo (b na CRM de 1990 ocupava apenas 2 artigos); · No título XV é tratado com cuidado as garantias costitucionais em caso de estado de sítio e estado de emergência. A revisão constitucional encontra agora limites tanto matérias quanto temporais, procurando-se com as primeiras salvaguardar as linhas bases que definem o estado moçanbicano. Como por exemplo: a forma republicana do estado, o sistema eleitoral e o tipo de sufrágio eleitoral, o pluralismo político, os direitos, liberdades e garantia fundamemtais. A restrição temporal é de 5 anos após a última revisão (salvo deliberação extraordinária de 4 da assembleia da república), procurando- se com isto os aspectos positivos trazidos com a estabilidadee solidificação dos princípios e instituições criadas. Constituição de 2018 Esta é a ultima revisão constitucional ocorrida em Moçambique, foi aprovada no dia 12 de Junho. A presente constitução reafirma, desenvolve e aprofunda os princípios fundamentais do estado moçambicano, consagra o carácter soberano do estado de direito democrático, baseado o pluralismo de expressão, organização partidária e no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentas dos cidadãos. Esta revisão trouce inovações como a descentralização, e acrescentou-se princípios fundamentais. Como: · Os administradores distritais passam a ser eleitos, e não nomeados; · O chefe de estado já não lhe compete indultar e comutar penas, na presente revisão lhe compete "conferir posse ao governador de província" Na presente revisão o sufrágio universal,directo. Igual, secreto, pessoal e periódico constitui a regra geral de designação do chefe de estado, dos deputados da assembleia da república, membros das assembleins províncias, administradores de distritos, governadores de província, dos membros das assembleias autárquicas e dos presidentes dos conselhos autárquicos. Nesta revisão constituc ional teve as seguintes alterações: · Artigo 8 acrescentou- se princípios furdamentas; · O artigo 160 do CRM é alterado passa a ser o seguinte" no domínio da defesa e da ordem jurídica"; · O artigo 166 é alterado de "competências do conselho de estado” passa a ser funcioamento do conselho de estado; · Artigo 195 alterado para "bancada parlamentar tendo em conta que o antigo falava sobre as competencias da comissão permanente. · O artigo 204 vem tratando das competencias do primeiro- ministro, e não do conselho de ministro, como visava a antiga constitução; · O artigo 226 é alterado para" funcionamento" do tribunal supremo; · O artigo 244 passa a tratar da "solicitação de apreciação de inconstitucionalidade visto que o artigo 244 da antiga constituição tratava das competências do conselho constitucional; · O artgo 275 passa a falar de " pessoal dos orgãos das entidades descentralizadas" e não como o antigo que tratava de orgāos deliberativos e executivos do poder local; · O artigo 292 trata da duração da revisão constitucional e na antiga constituição falava dos limites matérias da revisão constitucional. 3. Conclusão Perante este traballo conclui que a constituição é corpo de leis reunidas em um documento escrito, com autoridade superior às leis ordinárias. O constitucionalismo veio a ser, então, o movimento ideológico e político para destruir o absolutismo monárquico e estabelecer normas jurídicas racionais, obrigatórias para governantes e governados. Moçambique é um estado constituicional porque existem normas estabelecidas na lei mãe “constitução da república”, com ciclos constitucionais que o estado moçambicano apresenta, e que ja passaram por revisões. Moçambique tornou-se um estado de direito constituicional com a proclamação da indepedência em 25 de junho de 1975. Em abordagem deste tema foi possivel a menção de 4 principais constituições da república, designadamente: 1975, 1990, 2004 e 2018, que as principais vectores destes ciclos constitucionais. Portanto, a constituição será a própria estrutura de uma comunidade política organizada, a ordem necessária que deriva da designação de um poder soberano e dos órgãos que o exercem. 4. Referência bibliográfica Alarcón, Pietro de Jesús Lora. (2017). Constitucionalismo: Tomo Direito Administrativo e Constitucional, 1ª ed. Lisboa. Baracho, José de Oliveira. (1986). Teoria Geral do Constitucionalismo. Revista de Informação Legislativa. Brasília. Canotilho, José Joaquim Gomes. (1998). Direito constitucional e teoria da constituição. 2ª ed. Coimbra, Portuga: Livraria Almedina. Carvalho, Kildare Gonçalves. (2010). Direito Constitucional; Teoria do Estado e da Constituição e Direito Constitucional Positivo. 16ª ed. Belo Horizonte: Del Rey. Manual. (2014). Direito. Centro de Ensino à Distância (CED). 2° ano. UCM. Moçambique: Beira.