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Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Inibidores da bomba de protóns Histologia e Farmacologia Estômago Responsável por fazer a digestão parcial dos alimentos através de sua secreção de enzimas e hormônios (função exócrina e endócrina). Fazem também a transformação do bolo alimento que chega através do esófago em quimo, que é uma massa viscosa; essa transformação é possibilitada pela dupla ação desse orgão, com atividades musculares e químicas. Este é um exemplo de qual é objetivo da digestão: transformar macromoléculas em micromoléculas. Obs. É dito que ele possui ação endócrina pois tem liberação de gastrina que é liberada na corrente sanguínea. Digestão química É a continuação da digestão dos carboidratos que se inicia na boca pela ptialina ou a amilase salivar que atua quebrando os carboidratos em suas ligações glicosidicas. Outra forma de quebrar essas ligações, é através do baixo pH; por isso, quando esses alimentos que são glicídicos caem na mucosa gástrica e entram em contato com o ph muito baixo do estômago, ocorre a hidrolise dessas ligações. Esse ambiente ácido é rico com HCL. Além disso, somado a ação do HCL, tem-se a digestão parcial de proteínas pela ação da enzima pepsina - pode ate desnaturar os ácidos nucleicos (DNAs) presentes nestes alimentos. Ademais, ocorre também a digestão parcial de triglicerídeos pela lipase gástrica e pela lipase lingual. Obs. Histologicamente falando, fala-se sobre o corpo e o fundo de maneira conjunta, pois sua histologia é a mesma; contudo, na anatomia, separa-se o corpo do fundo. Mucosa gástrica É formada por epitélio glandular formada por uma epitélio colunar simples. Foi corado em vermelho para sobressair o muco presente na região de unidade secretoras produtoras de muco e bicarbonato - ele tem a função de proteger as células da mucosa. Além disso, o epitélio possui as chamadas fossetas gástricas (seta amarela) que são as invaginações no tecido; ou seja, estruturas do tecido gástrico que se projetam para dentro. A região corada em roxo logo abaixo da camada de células ricas em muco são as células tronco que darão origem as células superficiais A região mais clara, chamada de região eosinofílica (seta branca) é a lâmina própria deste epitélio, formada por tecido conjuntivo frouxo. Cabe destaque de que este é um tecido rico em linfócitos (seta azul) que ficam nessa região para a defesa da invasão de microrganismos. Por último, temos a camada muscular da mucosa. Células colunares simples São as células secretoras de bicarbonato e muco. O muco é formado, basicamente, por 95% de água + glicoproteínas e lipídios. O bicarbonato, por sua vez, é uma base que tenta neutralizar estomacal nessa região. Por isso, mesmo que na porção luminal, o pH = 1, na região superficial das células, o pH = 7 (função neutralizadora do bicarbonato para com o HCL presente no líquido ácido que chega até a parte apical das células). Outro ponto é que essas células elas são bem unidas por meio de junções oclusantes. Elas se dispõe dessa maneira para proteger as células tronco basais e a lâmina própria do tecido da acidez gástrica. Cárdia É a banda circular estreita que marca a união do esôfago com o estômago, possui poucas células parietais (células que liberam H+ e Cl- no lúmen), mas possui as glândulas da cárdia- que são glândulas que produzem muco e uma enzima chamada lisozima; está última, por sua vez, ataca a membrana de bactérias, fungos e vírus e vai destruir a membrana plásmatica (ou a proteção) que esses microrganismos possuírem, causando sua destruição, dessa forma, a lisozima é uma enzima protetora da mucosa gástrica por ter essa atividade antimicrobiana. Nessa região, assim como na região do corpo e do fundo, o muco tem a função de proteção. Fundo e corpo Alta densidade de células parietais (produtoras de H+ e Cl-) que formarão o HCL. O epitélio desse corpo é formado, basicamente, por glândulas tubulares que se abrem (desembocam) nessas fossetas. Elas são divididas em três partes, sendo sua diferença dada pela densidade de qual tipo de células está presente: Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Istmo: células da mucosa, ou seja, células tronco e células parietais. É mais rico em células tronco por sua função ser que estas células se desenvolvam para substituir as células glandulares colunares simples. Já as células parietais (oxínticas), possuem um núcleo bem centralizado, com nucléolo evidente; na região citoplasmática é visível uma eosinofilia bem marcante (seta grande verde). Colo: também possui células tronco e células da mucosa do colo - sendo que estas seriam células que teriam, basicamente, a mesma função das células que presentes na mucosa do tecido, ou seja, secretar bicarbonato e muco; contudo, nessa região, o muco produzido é diferente, pois a glicoproteína presente é diferente. Também é visivel uma grande quantidade de células parietais (sua maior densidade está nessa porção, como mostra a imagem) Base: possui regiões mais basofílicas, diferentes das outras duas porções. Também são encontradas células parietais; contudo, em maior densidade, estarão as células zimogênicas (ou células principais) que irão produzir zimogênicos. Células zimogênicas (principais) São as produtoras do pepsinogênio que da origem a pepsina. O pepsinogênio é uma enzima inativa. Ela é liberada pelas células zimogênicas para que, ao chegar no suco gástrico com pH abaixo de 5, ela seja ativada, virando pepsina. São, inclusive, essa enzima ativa que sintetiza e exporta proteínas. São células basofílicas com núcleo e núcleolo bem presentes. Células enteroendócrinas É um tipo célular que fica na região final das glândulas bem difícil de ser visualizado - células marcadas de marrom na imagem. Liberam 5-hidroxitrptamina (serotonina) e grelina na região do corpo do estômago. Já na região do antro estomacal, elas liberam gastrina, além de estimular a secreção de ácido cloridrico e a motilidade estomacal. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Antro pilórico Possuem células chamadas de células G, que são, justamente, as células relacionadas a produção/liberação de gastrina. Esse estímulo para a liberação de gastrina vem do sistema parassímpatico, através da ACh nos receptores N3 muscarínicos, a presença de aminoácidos no lúmen estomacal e a distensão da parede do estômago. Nessa região terão a presença de fossetas mais profundas com as glândulas pilóricas que irão produzir mais lisozima. Células parietais (oxínticas) São células que estão em grande quantidade na região média do colo glandular do tecido gástrico. São células que possuem o núcleo em posição central que podem ser encontradas de duas formas: ativada e inativada; sendo este status celular importante a nível de mecanismo de ação de medicamentos - a exemplo, os inibidores da bomba de protóns irão agir melhor na célula ativa. Além disso, as células ativadas terão uma abundância de mitocôndrias. São células que possuem invaginações na membrana que formam o canalículo intracelular que é onde estará presente a bomba ATPase (ou bomba de protóns) que irá liberar H+ e outro transportador irá liberar o Cl-. Esses canalículos também só estão presentes quando a célula está ativada; em repouso ela terá microtubulovesiculares que, quando a célula é ativada, se unem e formam os canalículos. Ou seja, quando a célula é ativada a produzir H+ e Cl-, esses microtubulos vão se unindo, unem-se a membrana e liberam. Ao lado esquerdo temos os tubulos unidos, demonstrando que a célula está parcialmente ativa; enquanto no lado direito temos tubulos ainda não organizados. Em M na imagem são demonstradas a alta densidade de mitocôndrias, sendo o lado ativa com maior densidade do que o inativo. Cabe destaque também ao fato de que existem microvilosidades em outras áreas da células além de sua membrana apical. Dessa forma, duas são as características para sabermos se a célula está ativada ou não: formação dos canalículos e a densidade de mitocôndrias. A importância de entenderessa diferença é que os medicamentos inibidores da bomba de protóns terão preferência pela célula em sua forma ativa. Mas por que? Pois eles possuem preferência de se acumular em lugares ácidos, e apenas a célula ativa irá produzir e liberar H+. Dessa maneira, os medicamentos terão baixissímo efeito sobre a célula em repouso e sim uma ação maior na célula parietal ativada. Mecanismo de produção do H+ pela célula parietal Tudo começa pela união de Co2 e água pela enzima anidrase carbônica para a formação de H2CO3, também chamado de ácido carbónico. Sendo que, esse CO2 vem do ciclo de Krebs. Obs. Vale lembrar que o ciclo de krebs tem vários pontos de descarboxilização oxidativa em que o CO2 é liberado; importante lembrar também que essa liberação é alta nas células parietais devido a sua alta densidade de mitocôndrias. Uma vez formado, o ácido carbónico irá “desprotonar” liberando um H+ e deixando um HCO3-, também chamado de bicarbonato. Célula inativa Célula ativa Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Contudo, essa célula precisa se defender desse H+ pois ela não pode reduzir o pH intracelular, por isso ela precisa “joga para fora” esse H+ para fazer com que o pH não reduza. Obs. Quanto maior a densidade do H+, menor o pH = potencial hidrogénio iónico. É justamente a bomba de protóns que vai retirar esse H+ de dentro da célula e jogar no lúmen estomacal. Contudo, no momento em que o H+ é retirado, a célula está ejetando uma carga positiva para fora dela, e isso precisa ser reposto, trazendo uma outra carga positiva para dentro da célula: este é o potássio que está na luz estomacal e vem para dentro da célula afim de equilibrar a positividade intra e extra celular. Contudo, o que acontece com o que sobre do ácido carbónico? O bicarbonato é uma carga negativa reconhecida como o principal tampão intravascular (impede a variação de pH no nosso sangue), por isso, ele precisa sair da célula parietal e ir para o sangue. Dessa forma, a antiporte, uma proteína, vai lançar esse bicarbonato na corrente sanguínea para exercer sua função de tampão, em contrapartida, para balancear a saída de uma carga negativa, essa mesma proteína antiporte, coloca Cl- para dentro da célula. Por sua vez, essa célula irá pegar o cloreto, juntamente ao potássio que entrou e ejetar os dois para o lúmen. Por fim, no lúmen, esse cloreto irá reagir com o H+ formando o ácido clorídrico. O que estimula a célula parietal a fazer essa ejeção? (1) . Gastrina: age nas células enterocromafins, fazendo com que estas produzam histamina. Essa histamina irá reagir no receptor H2 para histamina da célula parietal, ativando a bomba de protóns. (2) Receptor muscarínico do tipo M3: presente na célula parietal e responde a acetilcolina e irá estimular a ação das ATPases Já em relação a inibição, temos: (3) Prostaglandinas: irão agir em seus receptores EP3 situados na célula parietal, inibindo a ação da ATPase. Além dessa ação, elas irão estimular as células epiteliais a aumentar a produção de muco e bicarbonato. Obs. Um dos problemas da utilização de AINES não seletivos de COX-2 é que, quando eles inibem a COX 1, irão inibir a produção da prostaglandina e irão diminuir a ação sobre as células epiteliais - menor produção de muco e bicarbonato, dois protetores gástricos - além de não inibirem a produção de ácido = produção de úlcera peptíca através do uso indevido de AINES. Inibidores da bomba de prótons São gastroprotetores pois inibem a alta liberação de H+ e, consequentemente, a maior acidez estomacal; são potentes supressores. São potentes inibidores da ação dessas ATPases, inibindo cerca de 80 a 95% desses transportadores. Atualmente existem 6 inibidores da bomba de protóns de uso clínico: → O ponto chave da ação desses medicamentos está no enxofre pois ele é o ponto de ligação com a ATPase. São sensíveis a acidez gástrica e por isso são revestidos. São pró-fármacos: são absorvidos no duodeno, biotransformados no fígado e, só depois dessa transformação, é que o fármaco estará em sua forma ativa. Irão se acumular nos canalículos secretores, agindo na bomba de protóns. Sua via de administração pode ser oral ou intravascular: Se for oral, vai passar pelo TGI até chegar no duodeno → será absorvido → vai pelo plexo mesentérico superior para o fígado → pela ação das CYPs presentes, ele será transformado num fármaco ativo → volta para a corrente sanguínea → vai até a região estomacal → chega até a região submucosa → vai em direção as células parietais → atravessa a membrana das células parietais → se acumula nos canalículos. Nesse estágio, o fármaco já está em sua forma ativa e o enxofre está livre para se ligar a bomba Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Temos dois aminoácidos que possuem enxofre nas estrutura: a cisteína e a metionina. A ATPase é um proteína que possui esses dois aminoácidos em várias posições. O que esse medicamento irá fazer? Ele irá utilizar o enxofre presente em sua estrutura para reagir com o enxofre presente em um dos aminoácidos dessa enzima, fazendo com que ambos os enxofres fiquem unidos por uma ligação covalente, criando a chamada “ponte de sulfeto”, que são extremamente fortes, por isso, ao se unirem, esses medicamentos, inibem a ação da ATPase irreversivelmente. Para ter a ação de uma ATPase, a célula irá precisar formar outra. É necessário, a exemplo, quatro dias seguidos de 20mg por dia de omeprazol para ter uma ação significativa do medicamento. Para que esse mecanismo de ação aconteça, é necessárioque durante a biotransformação estomacal, a ligação do enxofre com o nitrogénio seja quebrada, deixando o enxofre livre. Pró - fármacos inativos São disponibilizados a partir de comprimidos revestidos afim de protege-los do ácido estomacal, fazendo com que eles se desintegrem apenas no pH básico do duodeno através da ação do bicarbonato duodenal sobre essa cápsula que os reveste. Caso o medicamento esteja em forma de pó, ele é revestido/camuflado por bicarbonato, neutralizando a acidez estomacal e chegando até o duodeno para ser absorvido - sua vantagem é que a absorção é mais rápida, pois o bicarbonato é usado no estômago para neutralizar o pH e ele chega basicamente pronto para ser absorvido no duodeno. Farmacocinética dos inibidores da bomba de protóns O omeprazol está caindo em desuso hoje em dia por conta de sua: baixa biodisponibilidade em comparação ao esomeprazol, por exemplo; o seu tempo de meia vida, sendo o esomeprazol e o pantoprazol superiores ao omeprazol Sua ingesta deve ser feita de estômago vazio pois quando administrado junto a medicamentos, sua absorção cai até pela metade. Uma forma de acelerar o tempo em que esses medicamento passam pelo estômago é tomar com bastante água, pois esta ajuda no esvaziamento gástrico. A necessidade do uso contínuo do medicamento é para que ele iniba a células já presentes e aquelas que o corpo vai produzir uma vez em que ele perceba que as suas estão sendo inibidas. Metabolismo Obs. Pacientes com doença renal não precisam ter sua dose reduzida pois a doença renal não interfere no uso desses medicamentos. Pontos importantes Redução da absorção de cálcio. Omeprazol está ligado a depressão - não prescrever. Outras camadas do estômago
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