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O aborto é a interrupção da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção. Há espécies de aborto: natural, acidental, criminoso e o legal, contudo limitou-se a explicar apenas os dois últimos, porém antes de diferenciá-lo, faz-se necessário analisar o momento em que se inicia a gravidez. Existem duas correntes: 1) Fecundação: se dá quando o espermatozoide fecunda o óvulo. 2) Nidação: fixação do óvulo fecundado no útero. A corrente adotada pela doutrina penalista brasileira é a segunda, nidação, ou seja, a partir desse momento é que existe relevância para o direito penal. Voltando ao caso em tela, o aborto criminoso ocorre com a interrupção dolosa da gravidez. Os três tipos penais estão nos artigos 124 a 126 do Código Penal. a) Art. 124 – aborto provocado pela própria gestante ou com o seu consentimento: crime da gestante - Sujeito ativo: somente a gestante. O que a mãe permite é que terceiro possa praticar as manobras abortivas. - Sujeito passivo é sempre o feto, embrião. Chama-se autoaborto quando a própria gestante interrompe a gravidez. - O crime apenas é punido na forma dolosa. - Consumação: interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção. Permite-se a tentativa. b) Art. 125: aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante – crime do terceiro - Sujeito passivo: produto da concepção e a gestante, já que ela não consentiu. Quando a gestante não é maior de quatorze anos, alienada ou débil mental, ou se o consentimento foi obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência é também considerado que não foi consentido. c) Art. 126 – aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante – terceiro responderá por esse artigo e a gestante pelo art. 125 (Exceção à teoria monista) - Diz-se que exceção à teoria monista, porque os agentes ativos responderão por crimes diferentes. A gestante pelo art. 124, pois consentiu. Já o terceiro pelo art. 126. Na medicina há a gravidez molar em que há o desenvolvimento anormal no ovo, zigoto, logo, não há crime. Também não há crime se incidir a gravidez patológica ou extrauterina, ou seja, a que ocorre fora do útero materno. Já o aborto legal ou permitido ocorre quando a interrupção é facultada pela lei (art. 128, CP). Podendo ser: a) Necessário ou Terapêutico: não há outro meio para salvar a vida da gestante, porém há requisitos cumulativos para que não seja exigido autorização da gestante e tampouco judicial para que incida a excludente, são eles: 1) Aborto praticado por médico; 2) Perigo de morte da gestante; 3) Impossibilidade do uso de outro meio para salvar a vida da gestante. b) Sentimental ou Humanitário: gravidez que resultou de estupro, nesse caso, não é necessário sentença reconhecendo o estupro, basta pelo menos o boletim de ocorrência registrado na Delegacia. É pela medicina forense que identifica se a mulher está grávida, através de perícia, “confirmando o estado fisiológico no qual se manifestam sinais e sintomas de que uma mulher traz consigo o produto da concepção”. (Genival Veloso da França, 2017, p.19). Cabe ao médico-perito analisar se o aborto foi criminoso, sendo verificado pela ingestão de sustâncias tóxicas e/ou se foi utilizado meio mecânico, ou seja, avaliar de que forma ocorreu o aborto. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto-Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 16 abr. 2021 FRANÇA, Genival Veloso de. Fundamentos de Medicina Legal. Rio de Janeiro: Ed Guanabara Koogan Ltda, 2017.
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