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1 ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Gradu- ação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços edu- cacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de co- nhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que cons- tituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publica- ção ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma con- fiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissi- onal e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE .................................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ........................................................................................... 2 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 5 Vegetação ......................................................................................................... 6 Mangues .................................................................................................................. 6 Caatinga .................................................................................................................. 6 Cerrado .................................................................................................................... 7 Gramíneas e outras ervas. ...................................................................................... 7 Pantanal................................................................................................................... 7 Características físicas .............................................................................................. 8 Mata dos Cocais (babaçuais, carnaubais, buritis entre outros) ............................... 9 Mata dos Pinhais (Araucárias) ............................................................................... 10 Os Campos ............................................................................................................ 10 O relevo brasileiro .................................................................................................. 10 Hidrografia ............................................................................................................. 11 Clima ..................................................................................................................... 13 Os tipos de clima no Brasil, são: ............................................................................ 14 Contrastes Climáticos no Brasil ............................................................................. 14 BIODIVERSIDADE DO SOLO ........................................................................ 14 FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO SOLO ..................................................... 15 Gênese dos Solos (pedogênese) .......................................................................... 16 Estrutura de Solos ................................................................................................. 16 Matéria Orgânica, Capacidade de Retenção e Estoque de Nutrientes .................. 17 Ciclagem de Nutrientes.......................................................................................... 17 Biodegradação de Poluentes ................................................................................. 17 Qual a Ameaça da Agricultura sobre a Biodiversidade do Solo? ........................... 18 O Solo sob o Microscópio ...................................................................................... 19 Atividade biológica do solo .................................................................................... 20 ALGUMAS CLASSES DE SOLOS ................................................................. 21 Argissolo Vermelho-Amarelo (Podzólico Vermelho-Amarelo) ................................ 21 Latossolo Amarelo Coeso Típico (Latossolo Amarelo) .......................................... 22 Latossolo Bruno (Latossolo Bruno) ........................................................................ 22 4 Latossolo Vermelho Ácrico (Latossolo Vermelho Escuro textura argilosa) ............ 23 Latossolo Vermelho Distroférrico (Latossolo Roxo) ............................................... 24 Latossolo Vermelho Distrófico Psamítico (Latossolo Vermelho-Escuro textura média) .................................................................................................................... 24 Nitossolo Vermelho Distroférrico (Terra Roxa Estruturada) ................................... 25 TEMA: BIODIVERSIDADE, ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE. ....................... 26 O ESTUDO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA ................................................. 27 Relações intra-específicas ..................................................................................... 29 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 30 5 INTRODUÇÃO "Diversidade biológica" significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; com- preendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossiste- mas. (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica) Mais claramente falando, diversidade biológica, ou biodiversidade, refere-se à variedade de vida no planeta terra, incluindo a variedade genética dentro das popula- ções e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossiste- mas; e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos orga- nismos. Biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias; e inclui variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementaridade biológica entre há- bitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade). Biodiver- sidade inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes. A Biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, respon- sável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pes- queiras e florestais e, também, a base para a estratégica indústria da biotecnologia. As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compre- endidas, muito embora considere-se que ela seja responsável pelos processos natu- rais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que sustentam outras for- mas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida. A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Com tamanha importância, é preciso evitar a perda da biodiversidade. 6 VegetaçãoMangues O mangue ou manguezal é a vegetação alagadiça dos litorais quentes e das zonas pantanosas. Situado entre a zona de transição entre o mar e a terra firme, em locais protegidos da ação direta do mar, seu aspecto é geralmente arbustivo e seu solo é lodoso e salgado. Vegetação típica de litorais alagadiços e quentes, aparecem principalmente nos litorais do norte do Brasil, no Amapá e no Pará. Devido a grande disponibilidade de nutrientes minerais e de matéria orgânica, fornecem alimento (direta ou indiretamente) para diversas espécies de peixes, molus- cos e crustáceos. São conhecidos como importantes berçários para diversas espé- cies. Em Alagoas, na APA (Área de Proteção Ambiental) de Santa Rita, encontra-se a Reserva Ecológica do Saco da Pedra onde encontramos a vegetação de mangue abaixo (Rhisophora Mangle), do tipo pneumatóforo, cujas raízes crescem eretas e emergem do solo alagado onde o oxigênio é escasso, a fim de retirá-lo do ambiente. Caatinga Assim como a vegetação dos Cerrados, são consideradas "arbustivas". Se estendem do Maranhão até o Norte de Minas Gerais. A vegetação de caa- tinga apresenta árvores baixas e arbustos que perdem as folhas nas estações secas. Nos casos mais graves, encontramos as formações xerofíticas que substituem as fo- lhas por espinhos para reduzir ao máximo a perda de líquido pela transpiração. As formações xerofíticas são encontradas em climas áridos e semi-áridos, onde as secas são muito prolongadas e acentuadamente rigorosas. São os cactos dos de- sertos, dotados de reservatórios de água e que permitem a sobrevivência vegetal mesmo nas secas mais impiedosas. 7 Cerrado Domínio dos Cerrados abrange as chapadas e os chapadões do Planalto Bra- sileiro com uma área de aproximadamente 2,1 milhões de km2 dos quais, cerca de 700 mil km2 já se encontram explorados pela ação antrópica. Trata-se de uma região tropical, de verões chuvosos e invernos secos. As características climáticas são, em parte, responsáveis pela baixa fertilidade dos solos desse domínio: no verão, as chuvas abundantes "lavam" o solo (lixiviação), retirando seus nutrientes; no inverno, a seca prolongada tem como conseqüência altas taxas de evaporação, o que provoca acúmulo do ferro e do alumínio responsáveis pela toxidez e acidez dos solos. Essa situação climática, também explica a impossibilidade da manutenção de uma floresta de porte. A vegetação apresenta-se de duas formas mais dominantes: Árvores e arbustos (de 3 a 5 metros de altura) de caráter lenhoso; Gramíneas e outras ervas. Os arbustos do cerrado adaptam-se às características do solo: troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e raízes profundas (chegando até mais 15 metros) para extrair do solo na época de seca, o líquido necessário para sua sobrevivência. Ao contrário dos domínios florestados, o cerrado, quando desmatado através de quei- madas, abriga espécies que conseguem sobreviver. A superfície dos solos do cerrado funciona como um isolante térmico. Dessa forma, após uma queimada, muitas espécies, pouco dias depois conseguem rebrotar. As cinzas funcionam como uma importante fonte de nutrientes minerais. Pantanal O complexo vegetal do pantanal aparece a sudoeste de Mato Grosso e a Oeste de Mato Grosso do Sul, na divisa do Brasil com a Bolívia, Paraguai e Argentina, em áreas drenadas pelo rio Paraguai. 8 Nela encontramos variados tipos de vegetação encontrados nas demais regi- ões do país, tais como: campos, cerrados, caatinga e matas. É uma vasta planície de inundação, ou seja, suas características devem-se às cheias anuais que ocorrem durante os períodos de chuvas entre novembro a abril. Essas inundações são as responsáveis por levar sedimentos contendo nutrientes as planícies alagadas, o que explica a grande diversidade de vida selvagem presente naquela região. Entre os animais encontrados, temos aves como: garças, jaburus, socós, sara- curas, colheireiros, cabeças-secas entre outras. Também encontramos répteis de grande porte, tais como: sucuri (que pode chegar até 10 metros de comprimento) e jacaré-do-pantanal. Encontramos ainda: capivaras, macacos, porcos-do-mato, vea- dos, ariranhas e onças. Floresta Pantanal Ocupando uma área de aproximadamente 6 milhões de km2, a Floresta Ama- zônica ocupa os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, To- cantins e parte norte de Goiás e Mato Grosso. Devido à sua grande biodiversidade, representa uma enorme reserva de recursos naturais, entre eles, muita riqueza mine- ral, além dos vegetais (cerca de 80 mil espécies) que podem ser a solução para a cura de muitas doenças e, cerca de 30 milhões de espécies animais (a maioria insetos). Também é conhecida como Hiléia brasiliensis (nome científico) e como Inferno Verde, pela sua insalubridade. Características físicas fechada muito densa sempre verde com árvores de portes variados muito úmida escura insalubre Órgãos estrangeiros instalados na Amazônia sob o rótulo de "científicos" têm contrabandeado espécimes de nossa flora para indústrias farmacêuticas estrangeiras as quais após patenteá-los passam a ter os "direitos" de exploração e de cobrança de royalties. 9 Também a fauna ali existente - apesar da grande dificuldade de extração dos seus recursos pelo seu aspecto muito denso, com árvores diversas, num emaranhado de cipós - tem sido bastante depredada, com a captura de milhares de espécimes nativos para fins de contrabando para países de outros continentes, principalmente da Europa. Como se não bastassem os problemas acima, pela sua diversificada riqueza, a região tem sido alvo de cobiça internacional, principalmente dos Estados Unidos com sua política imperialista. Alguns anos atrás o hoje candidato à presidência da- quele país, All Gore, declarou: "O Brasil pensa que a Amazônia lhe pertence, mas na realidade, ela é um patrimônio mundial". Existem denúncias que, nas escolas ameri- canas, a Amazônia foi retirada do mapa do Brasil. Também a constante ameaça de invasão àquela região, pelo tráfico de drogas praticado na Colômbia é um constante problema. Um exemplo da preocupação com esse problema, é o polêmico projeto SIVAM que está sendo implantado por uma em- presa americana (Raytheon) deixando à mercê dos americanos nossa estratégia de defesa daquela região. A vertente atlântica aparece revestida por intensa floresta tropical, a Mata Atlântica. A floresta apresenta árvores com alturas entre 30 e 35 metros, dando um aspecto de "fechada" quando vista do alto. Estende-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Os primeiros co- lonizadores aqui chegados devastaram a Mata Atlântica em grande parte. Foi a flo- resta mais explorada desde os períodos coloniais para plantio de produtos tropicais, entre eles a banana e a cana-de-açúcar. A Mata Atlântica ainda é fornecedora de madeiras de lei, como o jacarandá, a imbuía, a caviúna, o ipê etc. Essas madeiras são encontradas, também, nas matas galerias do interior do país. Mata dos Cocais (babaçuais, carnaubais, buritis entre outros) No Maranhão, Piauí, parte de Tocantins e Ceará, encontram-se as palmeiras babaçu, carnaúba, buriti e outras espécies, que apresentam importante valor econô- mico para as indústrias de óleo e de gorduras vegetais. Do babaçu extrai-se o óleo que é destinado à indústria de produtos de limpeza (sabões) e de cosméticos. Da carnaúba extrai-se a cera e, do buriti fabrica-se doce. 10 Apresenta-se na transição entre a Amazônia e a região Nordeste, entre os cli- mas equatorial, semi-árido e tropical, passando a vegetação de florestal amazônica - mata dos cocais - mata atlântica. Mata dos Pinhais (Araucárias) A Mata das Araucárias, ou dos Pinhais, ao contrário da Floresta Amazônica, constitui uma formação aberta, homogênea, que permite facilmente a extração dema- deiras (chamadas duras). Aparece no Sul do país, nos Estados do Paraná, Santa Ca- tarina e Rio Grande do Sul. Também era encontrada em São Paulo. No Brasil, a Mata dos Pinhais, ou das Araucárias, constitui a nossa única floresta sub- tropical, ou temperada quente. Essa formação é a floresta mais desmatada em nosso país quando da instalação dos migrantes europeus para construção de suas casas. Entretanto, foi a zona pioneira em reflorestamento. Além do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) que é predominante, exis- tem outras espécies de pinheiros, além de gramíneas e samambaias. Atualmente encontram-se praticamente extinta. Os Campos Nossas formações herbáceas são representadas pelos campos limpos, ou campos gerais, de muitos trechos do Sudeste, Centro-Oeste e Norte; todavia, predo- minam no Sul do país, no Rio Grande do Sul (chamados de Pampas), onde se pratica a criação de gado. Apesar de apresentar ótimas condições para a criação de gado, nos últimos anos, outras culturas têm sido implementadas, alterando a vegetação original. O relevo brasileiro O relevo terrestre corresponde às diversas configurações e diferenças de nível da superfície terrestre: montanhas, planaltos, depressões etc. Ele é resultante da atu- ação dos agentes internos (vulcanismo, tectonismo e abalos sísmicos) e externos (temperatura, chuva, ventos, águas correntes, geleiras e seres vivos). Em síntese, o relevo brasileiro apresenta as seguintes características: 11 trata-se de um relevo de formação muito antiga e bastante trabalhado pela erosão; apresenta boa variedade de formas: planaltos, planícies e depressões; apresenta altitudes modestas, visto que 93% de sua área total tem altitudes inferiores a 900 metros; o planalto é a forma de relevo predominante (58,5% da área total), seguido pela planície (41%). O pico da Neblina é o único ponto cuja altitude ultrapassa 3 mil metros. O relevo brasileiro é formado fundamentalmente por dois grandes planaltos e três grandes planícies. Planalto das Guianas - Está situado no norte do país, abrangendo inclusive Ve- nezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Trata-se de um planalto muito antigo, cristalino e que corresponde, grosso modo ao escudo das Guianas, área rica em ro- chas magmáticas e minerais metálicos (manganês, ouro etc). Planalto Brasileiro - representa a maior unidade morfológica do território brasi- leiro. Possui cerca de 5 milhões de km2 e ocupa as porções central, leste e sul do país. Nele estão situadas importantes cidades (Brasília, Goiânia, Campinas etc.) e metrópoles (São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba etc.), além de ser responsável por parte da produção agropecuária, mineral e industrial do país e pela origem de algumas das principais bacias fluviais (Paraná, São Francisco, Tocantins etc.). Planícies - Ocupam 41% do território brasileiro e estão representadas por três grandes planícies: Amazônica (a mais extensa), costeira e do Pantanal. Apresenta altitudes geralmente inferiores a 200 m e nelas podemos encontrar atividades como navegação fluvial (Amazônica e Pantanal), agropecuária, grandes concentrações ur- banas e industriais (planície litorânea) etc. Hidrografia O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e a predominância de climas úmidos, tem uma extensa rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras ofere- cem, em muitos trechos, grandes possibilidades de navegação. Apesar disso, o trans- porte hidroviário é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico, bastante explorado no Centro-Sul do país em de- corrência da concentração urbano-industrial, mas subutilizado em outras regiões, como a Amazônia. 12 Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta os seguintes aspectos: Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tornaram-se bacias sedimen- tares. Em nosso território, só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no Pan- tanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas. Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantidade de água do rio Amazonas provém do derretimento de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um regime misto (nival e pluvial). Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm para o interior têm como destino final o oceano, como o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez deságua no mar (estuário do Prata). Há os rios temporários apenas no Sertão nordestino, onde o clima é semi-árido. No restante do país os rios são perenes. Predominam rios de planalto em áreas de elevado índice pluviométrico. A exis- tência de muitos desníveis no terreno e o grande volume de água possibilitam a pro- dução de hidreletricidade. Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mista (delta e estuário), e do rio Par- naíba, que possui foz em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livremente no oceano formam estuários. As principais bacias hidrográficas brasileiras são: Bacia Amazônica; Bacia do Araguaia / Tocantins; Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná e bacia do Uruguai); Bacia do São Francisco; Bacias Secundárias (Atlântico Sul). 13 Clima Devido à grande extensão do território brasileiro, encontram-se em nosso país climas bem variados. Todavia, devido à posição tropical do país, predominam os cli- mas quentes. As máximas temperaturas no Brasil, em geral, ocorrem no Sertão do Nordeste, destacando-se o interior dos estados da Bahia e do Ceará. Também em Mato Grosso do Sul, a temperatura já foi além dos 40ºC. As menores temperaturas, em geral, ocorrem no estado de Santa Catarina, destacando-se o Parque Nacional de São Joaquim, que registrou 11ºC negativos. Também em São Francisco de Paula, no Estado do Rio Grande do Sul, a temperatura foi além de 11ºC negativos. Nos estados do Sul e do Sudeste, ocorrem abaixamentos bruscos na tempera- tura, por vezes acompanhados por chuvas prolongadas. É a chegada, quase sempre, de massa de ar frio conhecida pelo nome de Polar Atlântica. Com o recuo do ar frio, avança a massa de ar quente, provocando elevação de temperatura e melhora do tempo. Em geral, no Brasil, as chuvas são abundantes, com exceção do Sertão Nor- destino, chamado polígono das secas, onde o clima é tropical semi-árido. As secas mais acentuadas ou a menor pluviosidade encontram-se nos sertões dos estados da paraíba, do Ceará e da Bahia. Os maiores índices de pluviosidade do país foram registrados no estado de São Paulo, na zona da Serra do Mar, nas localidades de Itapanhaú e Cubatão. A atmosfera brasileira é agitada pelos seguintes ventos: alísios, que se deslocam para as proximidades do equador, na Amazônia e no Nor- deste; brisas, que sopram ao longo de todo o litoral brasileiro; minuano, vento frio de origem polar (massa de ar polar atlântica), que penetra no Brasil pelo Rio Grande do Sul e que, por vezes, pode atingir os estados da Amazônia e do Nordeste; noroeste, vento moderado ou forte que sopra no Sudeste, principalmente no estado de São Paulo, nos meses de agosto e setembro. 14 Os tipos de clima no Brasil, são: Equatorial, quente e superúmido, com chuvas o ano todo, na Amazônia; tropical, quente e úmido (ou subúmido), com chuvas no verão e estiagens no inverno, na maior parte do Brasil Central; semi-árido, quente com chuvas escassas e mal distribuídas, no Sertão do Nordeste, onde se encontra o polígono das secas; tropical de altitudes, quente mas com temperaturas suavizadas pela altitude, no Su- deste; subtropical ou temperado quente, com as menores temperaturas, com algumas preci- pitações de neve e ocorrências de geadas no inverno, nos estados do Sul (Paraná, Santa catarina e Rio Grande do Sul). Contrastes Climáticos no Brasil Chuvas de inverno: ocorremna Zona da Mata (litoral do Nordeste) e são cau- sadas pelo encontro dos alísios de Sudeste com um ramo do minuano. Friagem: é a queda brusca de temperatura em época de inverno na Amazônia Oci- dental. Esse abaixamento da temperatura é motivado pela chegada de um ramo do vento minuano, procedente do sul do país. BIODIVERSIDADE DO SOLO Existe, na natureza, um equilíbrio biológico entre todos os seres vivos. Neste sistema em equilíbrio os organismos produzem substâncias que são úteis para outros organismos e assim sucessivamente. A poluição vai existir toda vez que resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) pro- duzidos por microorganismos, ou lançados pelo homem na natureza, forem superior à capacidade de absorção do meio ambiente, provocando alterações na sobrevivência das espécies. A poluição pode ser entendida, ainda, como qualquer alteração do equi- líbrio ecológico existente. 15 FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO SOLO Os principais fatores da formação do solo são: material da rocha-máter; ação dos organismos vivos; tempos; relevo; e clima. Pode um solo derivar-se de qualquer tipo de rocha: sedimentar, ígnea ou me- tamórfica. Seu caráter ultimado não dependerá, em, exclusivamente, da composição da rocha- máster, mas, em larga extensão, de outros fatores que contribuem para a formação do solo. A parte principal de muitos solos consiste em grãos minerais de vários tama- nhos, mas é a presença de organismos e de matéria orgânica (fonte de nitrogênio) que distingue o solo de um simples manto de decomposição. O nitrogênio é essencial ao crescimento das plantas. o tempo é outro fator importante na formação do solo. Os solos de regiões fortemente inclinadas diferenciam dos das regiões planas, devido a condição de drenagem e outros. Designam-se como solos residuais os que descansam sobre a rocha-máster, isto é, a rocha de derivaram. Nesse caso, observar-se uma transição gradual do solo para o subsolo e deste para a rocha-máster. Os solos constituídos de material transportado de pontos mais ou menos afastados por agentes geológicos chamam-se solos trans- portados Classificação do solo Os solos são agrupados em classes determinadas primariamente pelo tipo de clima em que se originaram. No Brasil há designações populares para distinguir tipos de solos. No Estado de São Paulo, dá-se o nome de terra- roxa aos solos originários da decomposição de diabásicos ou basaltos. São solos lateríticos riquíssimos óxidos hidratados de ferro ( e em matéria orgânica, quando virgens) de cor marron-averme- lhada. Podem atingir 20m de profundidade. Constituem solos importantes para a cul- tura do café. A designação massapé é usada no N do Brasil para solos pretos argilo- sos, calcíferos. Em São Paulo o mesmo nome é aplicado aos solos argilosos, prove- nientes da decomposição de xistos metamórficos. O salmouram é um solo areno-ar- giloso, proveniente da decomposição de granitos e gnaísses. 16 BIODIVERSIDADE DO SOLO O solo pode ser entendido como um complexo de seres vivos e materiais mi- nerais e orgânicos cujas interações resultam em suas propriedades específicas (es- trutura, fertilidade, matéria orgânica, capacidade de troca iônica, etc.). Os organismos do solo não são apenas seus habitantes, mas também seus componentes. A biodiver- sidade e a atividade biológica estão estreitamente e diretamente relacionadas a fun- ções e características essenciais para a manutenção da capacidade produtiva dos solos. Algumas destas são: Gênese dos Solos (pedogênese) Sem os organismos, os solos não seriam formados. A intemperização físico- química das rochas matrizes por si só resultaria em terrenos sem nenhuma fertilidade, visto que há necessidade de nitrogênio e esqueletos de carbono para que a vida se estabeleça. As algas são tidas como colonizadores primários do solo, pela sua capa- cidade de fixar carbono e nitrogênio da atmosfera através dos processos de fotossín- tese e fixação biológica de nitrogênio, respectivamente. A partir daí, fungos e bactérias terão recursos para se desenvolver e liberar nutrientes dos minerais do solo, como o fósforo, cálcio e ferro. O solo formado, havendo a disponibilidade de água, permitirá o crescimento de plantas, que ao serem decompostas gerarão matéria orgânica que reterá nutrientes, liberando-os lentamente para os próximos colonizadores. Esta ma- neira simplificada de apreender o processo de pedogênese, do ponto de vista bioló- gico, ilustra a importância da biodiversidade para a formação dos solos. Estrutura de Solos O grau de porosidade e agregação de solos é determinado fortemente pela diversidade de sua macrofauna. A atividade de raízes, formigas, cupins e minhocas geram canais, poros e agregados que terão forte influência no transporte de gases e água no solo. Outros organismos são influenciados por estas atividades, que resultam na criação ou modificação de micro habitats. 17 Matéria Orgânica, Capacidade de Retenção e Estoque de Nutrientes Os organismos formam a chamada matéria orgânica viva do solo. Quanto maior a biomassa de um solo, maior o seu potencial de estoque de nutrientes através do acú- mulo destes nas células microbianas. Os nutrientes são liberados conforme as células são degradadas devido a morte ou predação por outros organismos. Ciclagem de Nutrientes A decomposição da matéria orgânica resulta na quebra dos compostos orgâni- cos e liberação de elementos essenciais que estão presentes nas moléculas dos teci- dos vegetais e animais. Bactérias e fungos são responsáveis por cerca de 90% da mineralização do carbono presente nos compostos orgânicos em decomposição. An- tes da ação dos microrganismos, a matéria orgânica é atacada por ácaros, minhocas e cupins que trituram os resíduos e dispersam propágulos microbianos, facilitando a ação destes na mineralização do carbono. Pequenos predadores, como os protozoá- rios e nematóides, regulam a atividade dos microrganismos. O ataque predatório mantém as populações microbianas jovens e com ativi- dade metabólica alta. O nitrogênio é fixado biologicamente por bactérias do solo, que transformam a forma gasosa presente na atmosfera para amônio, íon assimilável pe- las plantas. Nos solos tropicais o fósforo está normalmente em formas químicas indis- poníveis para os outros organismos. Algumas bactérias podem solubilizar estes fos- fatos, tornando-os disponíveis para as plantas. Já alguns fungos, através de sua hifas e em associação com raízes, aumentam a área de absorção de fósforo e água para as plantas. Praticamente todos o nutrientes necessitam da ação de microrganismos em alguma fase de seus ciclos. Biodegradação de Poluentes Os microrganismos do solo podem prestar serviços de extrema importância, como a degradação de compostos tóxicos à natureza e ao homem. Agrotóxicos, resí- 18 duos industriais, solventes e combustíveis, podem ser degradados no solo por espé- cies capazes de quebrar as ligações químicas destes compostos. Em alguns casos, os compostos resultantes da degradação microbiana são mais tóxicos que a molécula original. Em outras situações, os microrganismos são capazes de degradar totalmente o composto tóxico. Controle Biológico. O potencial da biodiversidade para o controle biológico de doenças e pragas da agricultura pode ser deduzido a partir do fato que em ecossiste- mas naturais raras vezes observam-se infestações de pragas ou doenças de plantas. O conceito de pragas e doenças é decorrência da atividade agrícola e só é aplicável em ecossistemas manejados pelo homem. Tais sistemas têm, via de regra, biodiver- sidade consideravelmente reduzida em relação aos sistemas naturais, donde se con- clui que o controle natural dos problemas fitossanitários é feito pela biodiversidade e seu equilíbrio ecológico. Qual a Ameaça da Agricultura sobre a Biodiversidadedo Solo? A atividade agrícola no Brasil quase sempre leva a uma redução da biodiversi- dade, resultado da transição de área natural, com muitas espécies de plantas e ani- mais convivendo em equilíbrio ecológico dinâmico, para área agrícola, com reduzido número de espécies convivendo em desequilíbrio. A perda de espécies vegetais muito provavelmente causa também alterações na biodiversidade dos solos, já que suas raízes se constituem em fonte de energia para microrganismos específicos da rizos- fera. A perda de diversidade destes microrganismos pode alterar a estrutura popula- cional de outros organismos situados ao longo da cadeia trófica, como nematóides, protozoários e microartrópodos. Estes pequenos animais, juntamente com insetos tri- turadores, também estão envolvidos na decomposição de matéria orgânica, processo- chave na ciclagem dos nutrientes. As alterações na biodiversidade podem ser bas- tante acentuadas em sistemas de monocultura com uso intenso de pesticidas. Pro- cessos vitais do solo, como a decomposição de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes, podem sofrer impacto elevado, levando o sistema agrícola à maior depen- dência por fertilizantes. Há necessidade de compreendermos como a biodiversidade dos solos é afe- tada pela agricultura, em suas diversas formas, e qual a relação entre os impactos à 19 biodiversidade do solo e a sustentabilidade da agricultura. Uma maneira de realizar estes estudos é através da avaliação da diversidade de microrganismos do solo. O Solo sob o Microscópio O estudo da organização do solo em escala microscópica chama-se micromor- fologia. Com o auxílio de um microscópio ótico polarizante, também conhecido como microscópio petrográfico, o pesquisador trabalha com amostras de solo indeformadas, que são preparadas em lâminas finas (com cerca de 30µm de espessura). A micromorfologia é uma técnica muito útil no estudo da gênese do solo e na avaliação e monitoramento das diversas práticas agrícolas. Com o auxílio das técnicas de processamento e análise digital de imagem, a micro morfologia é capaz de fornecer resultados de porosidade e permeabilidade com incrível precisão, além de possibilitar a visualização do processo em estudo, por exemplo, compactação e/ou encosta- mento. Na verdade, a análise micro morfológica é uma continuação da análise mor- fológica de campo, numa escala que nossos olhos não têm condições de ver à vista desarmada. Portanto, assim como no campo, os solos sob o microscópio também se apresentam diferentes uns dos outros. 20 Atividade biológica do solo Atuação das minhocas A atividade biológica do solo é uma denominação genérica para a ação dos organismos vivos do solo, tanto animais quanto vegetais. Esses organismos têm forte influência na gênese e manutenção da organização dos constituintes do solo, princi- palmente nos horizontes superficiais. As raízes das plantas (R), por exemplo, alteram o pH do solo ao seu redor e, ao morrer e se decompor, deixam canais. Formigas, cupins e minhocas manipulam, ingerem e excretam (Mf) material de solo formando microagregados (Ma) e construindo poros (Po). 21 ALGUMAS CLASSES DE SOLOS Argissolo Vermelho-Amarelo (Podzólico Vermelho-Amarelo) É um solo cujo plasma (Pl) é constituido predominantemente por caulinita, com teores intermediários a baixos de óxidos de ferro e pequenas quantidades de illita e vermiculita. Argissolo Vermelho-Amarelo Quanto aos grãos (Gr), além do quartzo, ocorrem algumas vezes minerais me- nos resistentes ao intemperismo como micas e feldspatos. Os grãos distribuem-se aleatóriamente na massa densa do plasma, cortado por poros que delimitam agrega- dos na forma de blocos. Uma de suas características mais marcantes é a presença de filmes de argila iluviada (Ar), revestindo as paredes dos poros (Po), às vezes obs- truindo-os completamente. 22 Latossolo Amarelo Coeso Típico (Latossolo Amarelo) É um solo argiloso, cujo plasma (Pl) é constituído por caulinita e baixos teores de óxidos de ferro, principalmente goethita. Possui poucos grãos de quartzo (Gr) espar- sos na massa contínua de argila, sem definição de microagregados. Seus poros nor- malmente são fendas (Po). Latossolo Latossolo Bruno (Latossolo Bruno) É um solo argiloso, cuja fração argila (plasma) (Pl) é constituída por caulinita, gibbsita, illita e teores intermediários de óxidos de ferro. Minerais opacos são predo- minantes na fração areia (Gr), quando o material de origem for o basalto. Apresenta- se organizado em microagregados granulares (Ag) e/ou blocos e seus poros (Po) são grandes e interconectados. 23 Latossolo Bruno Latossolo Vermelho Ácrico (Latossolo Vermelho Escuro textura argilosa) É um solo argiloso, cujo plasma (Pl) é constituído por gibbsita, caulinita e teo- res altos de óxidos de ferro. Possui poucos grãos de quartzo e minerais opacos (Gr) como a ilmenita e magnetita. Tem microestrutura granular perfeita, o que confere aos microagregados (Ma) um comportamento de grãos de areia. A forma dos poros (Po) é uma conseqüência do empilhamento dos microagregados. Latossolo Vermelho Ácrico 24 Latossolo Vermelho Distroférrico (Latossolo Roxo) É um solo argiloso, cujo plasma (Pl) é constituído por caulinita, gibbsita e teores muito altos de óxidos de ferro. Seus grãos (Gr) são principalmente de minerais opacos como a ilmenita e magnetita. Tem microestrutura granular perfeita sendo seus poros (Po) uma conseqüência do empilhamento dos microagregados (Ma). Latossolo Vermelho Latossolo Vermelho Distrófico Psamítico (Latossolo Vermelho-Escuro textura média) É um solo de textura média, cujo plasma (Pl) é constituído por caulinita, gibbsita e teores altos de óxidos de ferro. O quartzo e minerais opacos constituem a fração areia, cujos grãos (Gr) são unidos uns aos outros por braços de argila. Não possui microagregados definidos e seus poros (Po) são interconectados. 25 Nitossolo Vermelho Distroférrico (Terra Roxa Estruturada) É um solo de textura argilosa, cuja fração argila (que em micromorfologia é cha- mada de plasma - Pl) é constituida predominantemente por caulinita e altos teores de óxidos de ferro. O quartzo e minerais opacos como magnetita e ilmenita, constituem a fração areia e são denominados grãos (Gr). Neste solo, os grãos ocorrem principal- mente nas frações areia fina e distribuem-se aleatóriamente na massa densa do plasma. Poros (Po) revestidos por filmes de argila iluviada (A) delimitam agregados em blocos. Nitrossolo Vermelho A atividade agrícola no Brasil quase sempre leva a uma redução da biodiversi- dade, resultado da transição de área natural, com muitas espécies de plantas e ani- mais convivendo em equilíbrio ecológico dinâmico, para área agrícola, com reduzido número de espécies convivendo em desequilíbrio. A perda de espécies vegetais muito provavelmente causa também alterações na biodiversidade dos solos, já que suas raízes se constituem em fonte de energia 26 para microrganismos específicos da rizosfera. A perda de diversidade destes micror- ganismos pode alterar a estrutura populacional de outros organismos situados ao longo da cadeia trófica, como nematóides, protozoários e microartrópodos. Estes pe- quenos animais, juntamente com insetos trituradores, também estão envolvidos na decomposição de matéria orgânica, processo-chave na ciclagem dos nutrientes. As alterações na biodiversidade podem ser bastante acentuadas em sistemas de mono- cultura com uso intenso de pesticidas. Processos vitais do solo, como a decomposição de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes,podem sofrer impacto elevado, le- vando o sistema agrícola à maior dependência por fertilizantes. Há necessidade de compreendermos como a biodiversidade dos solos é afetada pela agricultura, em suas diversas formas, e qual a relação entre os impactos à biodi- versidade do solo e a sustentabilidade da agricultura. Uma maneira de realizar estes estudos é através da avaliação da diversidade de microrganismos do solo. TEMA: BIODIVERSIDADE, ECOLOGIA E MEIO AMBI- ENTE. Este tema busca integrar biodiversidade, ecologia e meio ambiente, visando propor o estudo e a discussão de tópicos que sejam de interesse dos professores das áreas das ciências da natureza aqui presentes. O módulo de ensino que iremos de- senvolver totaliza 4 ½ horas, divididas em duas partes, sendo que a primeira (a) inicia- se com o conceito de biodiversidade e a segunda parte (b), com o uso do meio ambi- ente enquanto contexto para o ensino de ciências, tendo a ecologia como o ponto de intersecção entre estas duas abordagens. No segundo momento, haverá uma discussão entre os professores sobre uma atividade de sala de aula proposta pelo docente. Este módulo de ensino foi dedicado ao estudo da biodiversidade e a importância de sua preservação, relacionando este tema aos aspectos ecológicos dos biomas da Terra e às questões ambientais, desta- cando o papel das sociedades humanas na responsabilidade e potencial para a ma- nutenção do equilíbrio da biosfera e da biodiversidade. Iniciamos esse texto com al- gumas considerações sobre o estudo da diversidade ecológica, sobretudo no contexto das Ciências Biológicas; a origem do termo e suas implicações para o ensino e a questão ambiental relacionada à temática da biodiversidade. Em seguida, abordamos 27 alguns tópicos referentes ao tema e propomos atividades que podem ser desenvolvi- das pelos professores durante este módulo de ensino e, também, por alunos do ensino médio em sala de aula. Quando nos referimos ao significado e ao uso da biodiversidade na sociedade humana, esta temática ganha amplitude e relevância maiores, abrangendo pratica- mente todas as áreas do conhecimento. É dentro deste contexto que propomos o es- tudo da biodiversidade, principalmente nos níveis de organismo e de ecossistemas, abordando os principais tipos de ecossistemas e biomas brasileiros, a diversidade de espécies e organismos vivos destes biomas, as condições ambientais – domínios mor- foclimáticos e fitogeográficos – que definem as distribuições dos seres vivos no Brasil, as interações ecológicas nestes ambientes, os mecanismos que levam à biodiversi- dade, bem como, aspectos referentes às formas como as culturas humanas se relaci- onam com o meio ambiente, sobretudo no que ser refere à perda e/ou conservação da biodiversidade. Com relação à proposta metodológica, a oficina procura articular a aprendizagem das informações científicas com o desenvolvimento de estratégias que visam à “recontextualização ou transposição didática” destes conceitos científicos para situações escolares, esperando que estas sejam também utilizadas pelos pro- fessores no desenvolvimento das atividades em sala de aula. O ESTUDO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA O estudo da diversidade biológica tem seus primeiros registros em épocas mais remotas. As sociedades humanas estudam e classificam os seres vivos desde muito tempo, com diferentes finalidades, desde aquelas mais voltadas para os aspectos prá- ticos da vida cotidiana até as relacionadas aos estudos mais complexos no campo das ciências. O registro mais antigo que conhecemos sobre a classificação, modo de vida e nutrição dos seres vivos, foi produzido por Aristóteles em “História dos Animais”. Teofrastos, discípulo de Aristóteles, também se interessou pelos mesmos aspectos tratados na obra aristotélica e produziu “A História das Plantas” (Acot, 1990 e Deleáge, 1993). Esses trabalhos são uma evidência de que conhecer a diversidade dos seres vivos sempre esteve na mente humana. No século XV, os europeus iniciaram as suas navegações para regiões mais distantes e se vangloriaram com o domínio de novas terras e histórias pitorescas de 28 monstros e bestas encontradas nas Américas e outros continentes. Rapidamente, os colecionadores patrocinaram viagens, sem interesses científicos ou taxonômicos, para essas terras em buscas de novos “troféus” que pudessem engrossar o farto de- pósito de seres exóticos. Porém, classificar os seres vivos passou a ser uma atividade mais comum da ciência a partir do século XVII. As viagens dos naturalistas ao redor do planeta trou- xeram exemplares de seres vivos nunca vistos, o que ampliou o número de espécimes nas coleções particulares ou de museus. Além disso, no século XVIII, outros ambien- tes foram tema de estudo dos naturalistas. É nessa época que iniciam-se os estudos da diversidade de seres vivos presentes em ambiente aquático (marinho e de água doce). Tais investigações tiveram como resultados a descrição de novos filos e espé- cies. É importante lembrar também que a utilização do microscópio apresentou para a humanidade a vida em escala diminuta e ampliou o número de seres vivos conheci- dos. Já a descoberta de fósseis mostrou que a diversidade do mundo vivo é muito maior quando consideramos que a vida surgiu no planeta há pelo menos 3,5 bilhões de anos. Segundo Mayr (1998), essa demanda tão forte da ciência pela classificação dos seres vivos pode ter motivos que vão além da busca por espécimes de coleções. Muitos cientistas dos séculos XVII e XVIII estavam preocupados com a descoberta de leis que proclamassem a uniformidade e universalidade dos fenômenos naturais. O estudo da diversidade biológica era um dos problemas mais complexos de serem re- solvidos, pois os cientistas não conseguiam encontrar as leis que explicassem a di- versidade orgânica. Portanto, a única maneira de detectar tais leis, assim se imagi- nava, era ordenar a diversidade mediante a sua classificação. É a partir dessa pre- missa que os naturalistas acabaram por desenvolver um arcabouço conceitual dos mais ricos. O estudo da classificação da diversidade biológica é impulsionado muito mais pela discussão dos conceitos que pelo estudo dos fatos. As questões parecem ser as mesmas há muito tempo: O que é uma espécie? Quais são os graus de parentesco entre as espécies? Quais são os melhores caracteres para determinada espécie ou grupo? Tais questões motivaram outros cientistas a estudarem aspectos fisiológicos, genéticos e comportamentais dos seres vivos, gerando grandes avanços na Biologia. Para Mayr (1998), o estudo da diversidade contribui para o desenvolvimento de idéias que enfatizavam que cada indivíduo é único e diferente de qualquer outro. Os estudos 29 da diversidade concentraram sua atenção no papel do indivíduo e criaram a idéia de que cada espécie é única, e por isso insubstituível no ambiente. Os seres vivos de uma comunidade mantêm constantes relações ente si, exer- cendo, assim, influências recíprocas em suas vidas. As inter-relações podem ser evi- denciadas entre indivíduos de uma mesma população, ou seja, entre indivíduos de uma mesma espécie (relações intra-específicas), ou entre indivíduos pertencentes a espécies diferentes (relações interespecíficas). Quando analisadas isoladamente, es- sas relações podem se revelar harmônicas ou desarmônicas. As relações harmônicas ou interações positivas são aquelas em que não há prejuízo para nenhum dos indiví- duos da associação. As relações desarmônicas ou interações negativas são aquelas em que pelo menos um indivíduo da associação sai prejudicado. Considerando, en- tretanto, o total de todas as relações entre os seres vivos de uma comunidade, verifica- se que, em termos de manutenção do equilíbrio ecológico global, essas relações re- velam-se harmônicas. Relações intra-específicas As relações intra-específicasharmônicas são: ▪ sociedades: união permanente entre indivíduos de uma mesma espécie, em que há divisão de trabalho. Ex.: insetos sociais como as abelhas, cupins e formigas; ▪ colônias: união anatômica entre indivíduos da mesma espécie, formando uma uni- dade estrutural e funcional. Ex.: corais; As relações intra-específicas desarmônicas são: ▪ canibalismo: um indivíduo mata outro da mesma espécie para se alimentar; ▪ competição intra-específica: indivíduos da mesma espécie disputam recursos insufi- cientes oferecidos pelo ecossistema. 30 BIBLIOGRAFIA BIZZO,N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Palavra do Professor, 1998. FUTUYMA, D.J. Biologia Evolutiva. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Gené- tica/CNPq, 1992. KAWASAKI,C.S. e OLIVEIRA, L.B. Biodiversidade e Educação: as concepções de bi- odiversidade dos formadores de professores de Biologia. Anais do III ENPEC, 2003. CHEVALLARD,Y. La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Tra- dução de Cláudia Gilman. Capital Federal (Argentina): Aique Grupo Editor S.A., 1991. MEC/INEP. Ciências da Natureza e suas Tecnologias: livro do estudante: ensino mé- dio. Brasília:MEC:INEP, 2002. SEE/CENP. Construindo Sempre: aperfeiçoamento de professores – PEB II. São Paulo: SEE/CENP, 2002. WILSON, E.O. 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