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Aula 6 - Epistemologia Genética

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Epistemologia significa estudo do 
conhecimento, e genética significa gênese, 
de origem. A Epistemologia Genética, 
então, é o estudo da origem e da 
transformação do conhecimento, faz parte 
do desenvolvimento cognitivo. 
Para Piaget, a aprendizagem só 
acontece a partir do desenvolvimento, 
dessa forma, o sujeito deve desenvolver 
primeiro para então poder aprender. 
Então, apenas a maturação biológica vai 
permitir a criança obter alguns esquemas 
diferenciados que, vai fazer com que ela 
interaja e aprenda. 
A etapa Sensório-Motor ocorre do 
nascimento até aproximadamente os dois 
anos de idade (0-2), ela é caracterizada 
pelo desenvolvimento dos principais 
esquemas adquiridos pelo bebê, que são 
os motores, essa etapa é quando o bebê 
se relaciona com o mundo a partir desses 
esquemas motores, começando a criar 
alguns conceitos. 
A aprendizagem acontece pelos 
sentidos, o bebê baseia-se exclusivamente 
nas percepções sensoriais e motoras para 
resolver seus problemas, é assim que ele 
vai conseguir se relacionar e interagir. 
Os esquemas sensório-motores são 
construídos a partir de reflexos inatos 
(sucção, preensão etc.) que vão se 
modificando com a experiência, tornando-
se mais complexos, dessa forma, 
esquemas iniciais (inatos) dão origem aos 
esquemas conceituais, modos 
internalizados de agir para conhecer, que 
pressupõem pensamento. 
Segundo Piaget, esse bebê já possui 
uma inteligência, a inteligência não ocorre 
apenas após a aquisição da linguagem, 
mas, essa inteligência desse período é uma 
inteligência prática. 
É nessa fase que, o bebê constrói a 
noção do “eu”, e passa a se diferenciar do 
meio externo. No primeiro momento, 
quando o bebê nasce, ele não se 
diferencia do mundo, ainda não existe a 
consciência do que o “eu” e qual é o limite 
de seu corpo. Essa noção é construída a 
partir do contato característico dessa fase, 
pelas experiências com o meio. 
Também há o estabelecimento da 
diferenciação dos objetos, onde o bebê 
chega à concepção de uma realidade 
estável, onde a existência do objeto é 
independente da percepção imediata. Num 
primeiro momento, nos primeiros meses 
de vida, o objeto que não está na 
percepção imediata do bebê, não existe. 
No entanto, a partir dos 8 meses de idade, 
o bebê desenvolve a noção de objeto 
permanente, ou seja, mesmo que o objeto 
não esteja em sua frente, que não seja 
visível, ele existe. 
E, para finalizar, nessa fase, se inicia a 
construção de concepções sobre espaço-
tempo e casualidade. 
A etapa Pré-Operatória ocorre dos 2 
aos 7 anos, aproximadamente, onde a 
criança dará um salto qualitativo em 
termos de esquemas possíveis. 
Essa fase é marcada pelo aparecimento 
da linguagem oral, e pelos esquemas 
representativos ou simbólicos, e a principal 
característica dos esquemas 
representativos é justamente a capacidade 
de representação, quando um objeto 
pode representar outra coisa que não seja 
ele mesmo. 
Aqui também se dá a origem do 
pensamento sustentado por conceitos, 
que é baseada em uma inteligência capaz 
de ações interiorizadas, ações mentais. 
A criança, nesse momento, tem um 
pensamento egocêntrico, pois o 
pensamento dela está voltado a ela 
mesma, ela é a sua própria referência, e 
não consegue pensar sob outra 
perspectiva nesse momento, ela não 
consegue retornar o seu pensamento ao 
ponto de partida após direcioná-lo, ela não 
tem essa capacidade de um pensamento 
reversível, fazendo com o que o seu 
pensamento ainda seja extremamente 
dependente da percepção imediata, 
sofrendo, portanto, distorções, e isso é 
uma característica determinante da fase 
pré-operatória. 
Dentro da fase pré-operatória, a criança 
apresenta um conceito chamado 
animismo, onde, a criança empresta sua 
“alma”, às coisas e animais, atribuindo-lhe 
sentimentos e intenções próprios do ser 
humano. Também há o conceito de 
antropomorfismo, onde a criança, nas suas 
representações em desenhos, coloca 
forma humana, ou seja, atribui 
características e sentimentos humanos. 
Esse período também é marcado por uma 
fantasia, em que a imaginação, às vezes, 
prevalece em algumas situações. 
A etapa operatório-concreto, dos 7 aos 
11 anos, é marcada pelo ingresso à escola, 
com a educação formal, e aqui, as crianças 
desenvolvem esquemas concretos, e 
mesmo com esses esquemas concretos, a 
criança ainda precisa de objetos concretos 
para pensar. 
Nessa fase, a criança apresenta novas 
características de inteligência, e novas 
formas de lidar com o mundo e o 
conhecer. Aqui, o pensamento da criança 
vai deixando de ser egocêntrico, de ter 
essa mistura entre real e fantasia, e passa 
a ser cada vez mais lógico e objetivo, e 
agora, se torna reversível, ela desenvolve 
a capacidade de retornar mentalmente do 
ponto de partida, por isso, é operatório-
concreto. 
Dessa forma, ela vai utilizar o raciocínio, 
mas ela ainda tem um pensamento 
concreto, pois ela só vai conseguir pensar 
corretamente com lógica, quando o 
conteúdo do seu pensamento estiver 
representando uma realidade concreta, 
isso significa que ela ainda não consegue 
pensar ainda abstratamente a partir de 
hipóteses. 
Agora, se tratando do operatório-formal, 
fase que se apresenta após os 12 anos, a 
criança não vai mais necessitar de 
situações que sejam reais, concretas, para 
pensar, nesse momento, ela já tem a 
capacidade de pensar por abstrações, por 
hipóteses; o pensamento se liberta do real, 
permitindo criar e recriar reflexões e 
teorias a seu modo. 
Aqui, o adolescente desenvolve os 
esquemas conceituais abstratos, portanto, 
nessa liberdade de pensamento o 
adolescente vai começar a criar suas 
próprias teorias a partir de hipóteses 
levantadas, fazendo reflexões. Esse sujeito, 
então, se percebe como alguém que, a 
partir de algumas situações, consegue criar 
suas próprias teorias sua própria forma de 
pensar. 
Nesse momento, por conseguir criar 
sua própria linha de pensamento, ele se 
percebe com essa capacidade de pensar 
além daquilo que é concreto, que é real, 
criando suas teorias, chegando a hipóteses, 
então, passa acreditar na onipotência das 
reflexões e teorias criadas por ele, após 
terem aparecido questionamentos, esse 
tipo de pensamento permite reflexões 
mais profundas, onde o adolescente 
trabalha com realidades possíveis. 
Ele é capaz de construir um canal 
chamado de raciocínio hipotético-dedutivo, 
a partir de algum questionamento, mesmo 
que não seja algo possibilitado pela 
realidade, diante de um determinado 
problema, esse sujeito é capaz de imaginar 
muitos possibilidades, até chegar a uma 
conclusão; cria diversos caminhos. 
Suas estruturas cognitivas nessa etapa, 
alcançam um nível mais elevado de 
conhecimento, o pensamento se torna 
livre das limitações da realidade concreta. 
E este é um momento que, ele vai 
assumir um posicionamento crítico diante 
de valores morais e sociais, porém, quem 
que se torna a principal referência dele em 
relação a isso são seus grupos de amigos.

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