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Epistemologia significa estudo do conhecimento, e genética significa gênese, de origem. A Epistemologia Genética, então, é o estudo da origem e da transformação do conhecimento, faz parte do desenvolvimento cognitivo. Para Piaget, a aprendizagem só acontece a partir do desenvolvimento, dessa forma, o sujeito deve desenvolver primeiro para então poder aprender. Então, apenas a maturação biológica vai permitir a criança obter alguns esquemas diferenciados que, vai fazer com que ela interaja e aprenda. A etapa Sensório-Motor ocorre do nascimento até aproximadamente os dois anos de idade (0-2), ela é caracterizada pelo desenvolvimento dos principais esquemas adquiridos pelo bebê, que são os motores, essa etapa é quando o bebê se relaciona com o mundo a partir desses esquemas motores, começando a criar alguns conceitos. A aprendizagem acontece pelos sentidos, o bebê baseia-se exclusivamente nas percepções sensoriais e motoras para resolver seus problemas, é assim que ele vai conseguir se relacionar e interagir. Os esquemas sensório-motores são construídos a partir de reflexos inatos (sucção, preensão etc.) que vão se modificando com a experiência, tornando- se mais complexos, dessa forma, esquemas iniciais (inatos) dão origem aos esquemas conceituais, modos internalizados de agir para conhecer, que pressupõem pensamento. Segundo Piaget, esse bebê já possui uma inteligência, a inteligência não ocorre apenas após a aquisição da linguagem, mas, essa inteligência desse período é uma inteligência prática. É nessa fase que, o bebê constrói a noção do “eu”, e passa a se diferenciar do meio externo. No primeiro momento, quando o bebê nasce, ele não se diferencia do mundo, ainda não existe a consciência do que o “eu” e qual é o limite de seu corpo. Essa noção é construída a partir do contato característico dessa fase, pelas experiências com o meio. Também há o estabelecimento da diferenciação dos objetos, onde o bebê chega à concepção de uma realidade estável, onde a existência do objeto é independente da percepção imediata. Num primeiro momento, nos primeiros meses de vida, o objeto que não está na percepção imediata do bebê, não existe. No entanto, a partir dos 8 meses de idade, o bebê desenvolve a noção de objeto permanente, ou seja, mesmo que o objeto não esteja em sua frente, que não seja visível, ele existe. E, para finalizar, nessa fase, se inicia a construção de concepções sobre espaço- tempo e casualidade. A etapa Pré-Operatória ocorre dos 2 aos 7 anos, aproximadamente, onde a criança dará um salto qualitativo em termos de esquemas possíveis. Essa fase é marcada pelo aparecimento da linguagem oral, e pelos esquemas representativos ou simbólicos, e a principal característica dos esquemas representativos é justamente a capacidade de representação, quando um objeto pode representar outra coisa que não seja ele mesmo. Aqui também se dá a origem do pensamento sustentado por conceitos, que é baseada em uma inteligência capaz de ações interiorizadas, ações mentais. A criança, nesse momento, tem um pensamento egocêntrico, pois o pensamento dela está voltado a ela mesma, ela é a sua própria referência, e não consegue pensar sob outra perspectiva nesse momento, ela não consegue retornar o seu pensamento ao ponto de partida após direcioná-lo, ela não tem essa capacidade de um pensamento reversível, fazendo com o que o seu pensamento ainda seja extremamente dependente da percepção imediata, sofrendo, portanto, distorções, e isso é uma característica determinante da fase pré-operatória. Dentro da fase pré-operatória, a criança apresenta um conceito chamado animismo, onde, a criança empresta sua “alma”, às coisas e animais, atribuindo-lhe sentimentos e intenções próprios do ser humano. Também há o conceito de antropomorfismo, onde a criança, nas suas representações em desenhos, coloca forma humana, ou seja, atribui características e sentimentos humanos. Esse período também é marcado por uma fantasia, em que a imaginação, às vezes, prevalece em algumas situações. A etapa operatório-concreto, dos 7 aos 11 anos, é marcada pelo ingresso à escola, com a educação formal, e aqui, as crianças desenvolvem esquemas concretos, e mesmo com esses esquemas concretos, a criança ainda precisa de objetos concretos para pensar. Nessa fase, a criança apresenta novas características de inteligência, e novas formas de lidar com o mundo e o conhecer. Aqui, o pensamento da criança vai deixando de ser egocêntrico, de ter essa mistura entre real e fantasia, e passa a ser cada vez mais lógico e objetivo, e agora, se torna reversível, ela desenvolve a capacidade de retornar mentalmente do ponto de partida, por isso, é operatório- concreto. Dessa forma, ela vai utilizar o raciocínio, mas ela ainda tem um pensamento concreto, pois ela só vai conseguir pensar corretamente com lógica, quando o conteúdo do seu pensamento estiver representando uma realidade concreta, isso significa que ela ainda não consegue pensar ainda abstratamente a partir de hipóteses. Agora, se tratando do operatório-formal, fase que se apresenta após os 12 anos, a criança não vai mais necessitar de situações que sejam reais, concretas, para pensar, nesse momento, ela já tem a capacidade de pensar por abstrações, por hipóteses; o pensamento se liberta do real, permitindo criar e recriar reflexões e teorias a seu modo. Aqui, o adolescente desenvolve os esquemas conceituais abstratos, portanto, nessa liberdade de pensamento o adolescente vai começar a criar suas próprias teorias a partir de hipóteses levantadas, fazendo reflexões. Esse sujeito, então, se percebe como alguém que, a partir de algumas situações, consegue criar suas próprias teorias sua própria forma de pensar. Nesse momento, por conseguir criar sua própria linha de pensamento, ele se percebe com essa capacidade de pensar além daquilo que é concreto, que é real, criando suas teorias, chegando a hipóteses, então, passa acreditar na onipotência das reflexões e teorias criadas por ele, após terem aparecido questionamentos, esse tipo de pensamento permite reflexões mais profundas, onde o adolescente trabalha com realidades possíveis. Ele é capaz de construir um canal chamado de raciocínio hipotético-dedutivo, a partir de algum questionamento, mesmo que não seja algo possibilitado pela realidade, diante de um determinado problema, esse sujeito é capaz de imaginar muitos possibilidades, até chegar a uma conclusão; cria diversos caminhos. Suas estruturas cognitivas nessa etapa, alcançam um nível mais elevado de conhecimento, o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta. E este é um momento que, ele vai assumir um posicionamento crítico diante de valores morais e sociais, porém, quem que se torna a principal referência dele em relação a isso são seus grupos de amigos.
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