Prévia do material em texto
Manoella Rodrigues Med 102 Sistema endócrino – Capitulo 6 Silverthorn Comunicação e interação celular Sistema endócrino interage com o sistema nervoso formando mecanismos regulatórios preciosos. O sistema nervoso pode oferecer ao sistema endócrino informações sobre o meio externo, enquanto o sistema endócrino regula as repostas internas do organismo a essas informações. Dessa forma, o sistema endócrino em conjunto com o sistema nervoso atua na coordenação e regulação das funções corporais. Em 2003, um estudo ambicioso desenvolvido pelo estatuto nacional de saúde dos estados unidos, promoveu uma discussão sobre a conversão da pesquisa básica em novos tratamentos clínicos e estratégias para a prevenção de doenças. Esse estudo teve como característica realizar um esforço enorme para entender como as células se comunicam entre si e como mantém o corpo em um estado saudável. Graças a esse estudo, hoje podemos discutir tópicos de fisiologia endócrina com um pouco mais de conforto. Sinalização celular, as vias de comunicação, as vias de sinalização, as modulações das vias e como geram reflexos hemostáticos podem ser melhor compreendido graças a essas observações presentes no estudo. Tópico 01 – comunicação célula a célula É necessário compreender que cada célula do nosso corpo pode ser comunicar quase que com todas as outras células, independente do sistema. Manoella Rodrigues Med 102 Aproximadamente 75 trilhões de células existentes no nosso corpo são capazes de criar sinais elétricos e químicos para que possa aturar nas células-alvo. Mudanças no potencial de membrana da célula podem gerar sinais elétricos e as moléculas secretadas por essas células, sejam células nervosas ou endócrinas, caem no liquido extracelular e podem também atuarem em células alvo. A maioria das comunicações são dependentes de substâncias químicas que atuam em relação às células. Quatro métodos básicos de comunicação celular vão ser respeitados nesse quesito e essas substâncias químicas, chamadas de ligantes, promovem uma resposta via (1) comunicação local ou a (2) longa distancia. Na comunicação local temos junções comunicantes, sinais dependentes de contato e sinais parácrinos. Manoella Rodrigues Med 102 1- Comunicação local (A) Basicamente na comunicação do corpo, as comunicações células a células utilizam sinalização química e elétrica para coordenar funções e manter homeostase por meio de junções comunicantes, onde existe livre tráfico de substâncias entre as duas células vizinhas conectadas por conexões citoplasmáticas. (B) Alem disso, existem sinais dependes de contato, onde os ligantes se conectam ao receptor das celulas vizinhas mas essas células estão interagindo por contato direto. (C) E, por ultimo, existem as células que vão liberar seus ligantes no ambiente extracelular e esses ligantes vão se conectar aos receptores da própria célula ou células vizinhas. Na sinalização autócrina, no qual a célula sinaliza pra ela própria, ou sinais parácrinos, no qual a célula sinaliza para células vizinhas. 2- Comunicação a longa distância As células do nosso corpo ou células endócrinas são capazes de liberar secreções na corrente sanguínea e apenas as células alvo com receptores podem responder a essa informação, e consequentemente, gerar resposta. Olhando a imagem, a célula que não tem o receptor específico para esse ligante não consegue responder. O sistema nervoso também consegue comunicar células a distância por sinais através de neurotransmissores que atingem células alvos cujos receptores respondem a esses neurotransmissores e as respostas celulares são obtidas a partir desse sinal elétrico. Ou também por neuro-secreções endócrinas que são a liberação de substâncias químicas pelos neurônios na corrente sanguínea para que você possa também Manoella Rodrigues Med 102 usar o recurso de uma célula cujo receptor é especifico para esse ligante responder a essa informação. Tópico 02 – Sinalização celular Independente do tipo de sinalização celular, é necessário que se respeite algumas características gerais sobre como sinalizar as células. Todas as vias de sinalização compartilham as seguintes características: Uma molécula sinalizadora se liga a um receptor da membrana para ativar esse receptor. Após a ativação, uma cascata intracelular é promovida no qual moléculas de sinalização intracelular ditas como segundos mensageiros vão alterar proteínas alvos gerando as respostas celulares. 1- Interação ligante-recptor 2- Ativação do receptor 3- Ativação de moléculas no LIC 4- Resposta celular A localização dos receptores é dividida em dois grandes tipos: Manoella Rodrigues Med 102 • Receptores intracelulares do qual moléculas lipossolúveis podem atravesssar a membrana e se ligar a receptores no citoplasma ou no núcleo • Receptores celulares que estão na superfície da célula cuja interação entre ligante e receptor acontece na membrana da célula e as respostas ocorrem no interior dessa. Na imagem há diferentes tipos de receptores de superfície celular. Os ligantes podem se ligar a receptores acoplados a canais (cianotropicos ???), receptores acoplados a proteína G (metamotropicos ???), receptores enzimáticos ou receptores integrina. Manoella Rodrigues Med 102 Todas as comunicações celulares dependem dessas proteínas na membrana para facilitar a transmissão do sinal. Então quando o sinal externo entra em contato com o receptor, ocorre uma transdução do sinal para que seja amplificado e que as respostas possam ser observadas. É como uma onda de radio captada por uma antena de radio gerando uma onda sonora que você pode ouvir. A transdução do sinal pode estar de forma básica, onde pode-se observar um primeiro mensageiro entra em contato com um receptor que funciona como um transdutor. Após a ativação do receptor, as moléculas intracelulares vão começar a aturar como segundos mensageiros e então os alvos são atingidos e as respostas celulares alteradas. Via canônica (A) A via de transdução pode acontecer desse uma forma mais complexa: ao invés do primeiro mensageiro gerar uma transdução de sinal no receptor, essa transdução de sinal desse receptor (não gera ou gera??) gera uma resposta de forma direta. Vai gerar a ativação de enzimas amplificadoras que podem alterar outros tipos de receptores e as respostas celulares podem acontecer por esses mediadores. Via não canônica (B). Manoella Rodrigues Med 102 A transdução de um sinal em cascata e amplificação ocorre da seguinte maneira: um sinal ativa uma molécula A. Essa molécula A ativa uma B, que ativa uma C, ativando a conversão de um substrato em produto, chegando ao passo final da cascata que é a resposta celular. Então o complexo entre ligante e o receptor pode ativar enzimas amplificadoras, gerando segundos mensageiros que podem amplificar completamente os sinais. Não é necessários apenas um segundo mensageiro, podem ser vários agindo e gerando diferentes tipos de respostas. Exemplos de segundos mensageiros: AMPc, GMPc, IP³, DAG e Ca². Atenção especial a aqueles que são derivados lipídicos, que são quebrados em fosfolipideos de membrana pela ação da enzima fosfolipase C. com isso, o IP³ libera Ca² dos estoques intracelulares e a DAG ativa a proteína-cinase C que fosforila outras proteínas. Manoella Rodrigues Med 102 Essa sinalização participa de um processo muito interessante: quando a proteína G esta na sua forma inativa apresenta três isoformas. A do meio é a subunidade alfa, a da direita é subunidade beta e da esquerda é subunidade gama. Quando uma molécula sinalizadora se conecta a esse receptor acoplado a proteína G, ela ganha atividade, vai começar a amplificar sinal através de uma enzima chamada de fosfolipase C. A fosfolipase C temvários fosfolipídios na membrana liberando o IP³ e o DAG. O IP³ é hidrossolúvel e vai liberar os estoques de cálcio, criando respostas celulares mediada pelo cálcio. Já o DAG pode ativar a PKC ou continua na membrana fosfolipídica. A permanência do DAG como fosfolipídio que desencadeia uma resposta fisiológica muito importante chamada de resposta inflamatória. Para que o DAG seja clivado e degradado novamente é necessário usar a fosfolipase A2, que gera uma degradação cujo produto é o acido araquidônico. Assim inicia a cascata do acido araquidônico. Esse ácido atinge função de segundo mensageiro, e, então, pode ser degradado por duas enzimas: lipoxigenase e cicloxigenase. Caso seja degradado pela lipoxigenase vai liberar um grupo de substâncias que geram respostas celulares chamadas de leucotrienos. Caso seja degradado pela cicloxigenase pode produzir prostaglandinas e tromboxanas, que vão mediar as respostas inflamatórias. A cicloxigenase aparece em duas isoformas: COX 1 que é constitutiva e COX 2 que é induzível (geralmente induzida por um trauma). Quando o acido é degradado pela COX 1, a quantidade de prostaglandinas e tromboxanas são pequenas, o que gera um estado de alerta a uma futura infecção. Manoella Rodrigues Med 102 Sinais de infecção: dor, calor, rubor, edema e perda de função. Anti-inflamatórios esteróides agem inibindo a fosfolipase A2. São imunossupressoras, ou seja, diminuem a capacidade do tecido de responder a uma agressão. Anti-inflamatórios não esteróides (AINES) agem inibindo as COXs. São menos prejudiciais a toda a cascata se forem não seletivos. Existe uma classe dos anti- inflamatórios não esteróides que são seletivos que atuam inibindo a COX 2. Tópico 03 – Modulação das vias de sinalização Existe uma característica peculiar: como os receptores são proteínas, a ligação receptor-ligante apresenta características gerais das ligações as proteínas, como especificidade, saturação e competição. Manoella Rodrigues Med 102 Especificidade e competição Existe uma característica onde vários ligantes podem se conectar em um único receptor. Ou seja, diferentes ligantes com estruturas muito similares podem se com conectar aos mesmos receptores. Então, duas moléculas são responsáveis pelas respostas de luta ou fuga: neurotransmissor noradrenalina e neuro-hormônio adrenalina. Ambos se ligam a receptores adrenérgicos, porem a afinidade é diferente: a noradrenalina apresenta maior afinidade para receptor alfa adrenérgico e a adrenalina apresenta maior afinidade para receptor beta adrenérgico. Agonismo X Antagonismo É a ativação dos receptores e respostas celulares mediadas por uma ação do ligante. Alguns ligantes apresentam afinidade tão grande com os receptores que, ao invés de Manoella Rodrigues Med 102 ativar esses receptores, podem impedir que outras substâncias ligantes possam se ligar a esse receptor, criando então uma forma de respostas por conta do bloqueio do receptor. Agonista é a substancia que também se liga ao receptor, criando a mesma resposta do ligante primário. Antagonista é a substancia que tem afinidade com o receptor, ativa a resposta celular porem a resposta é para esse tipo de intermédio. Na verdade, o antagonismo bloqueia o receptor evitando que tenha uma resposta celular direta. A célula fica sem resposta, embora ficar sem resposta possa ser uma modulação. Não ter resposta também é funcional. Exemplo do controle antagonista para atividade do coração. Sabemos que a resposta cardíaca aos neurônios simpáticos e parassimpáticos são diferentes: a estimulação simpática aumenta a freqüência cardíaca, a estimulação parassimpática é antagônica fazendo diminuir a freqüência cardíaca. Não tem como ter as duas estimulações simultaneamente. Tópico 04 – Vias reflexas homeostáticas Controle local X controle reflexo No controle local, ocorre uma mudança relativamente isolada em uma célula ou tecido, e os sinais parácrinos ou autócrinos liberados representam a via inteira. No controle reflexo, a informação é transmitida para todo o corpo utilizando sinais químicos ou combinação de sinais químicos e elétricos. Manoella Rodrigues Med 102 O pai da fisiologia norte-americana (Walter Bradford Cannon) descreveu varias propriedades dos sistemas de controle homeostático, nos anos de 1920, baseado em suas observações do corpo nos estados saudável e doente. Isso ocorreu décadas antes dos cientistas terem qualquer ideia de como esses sistemas de controle funcionam nos níveis celular e subcelular. Foi responsável por quatro grandes postulados: 1- O sistema nervoso tem um papel na preservação da “aptidão” do meio interno. 2- Alguns sistemas do corpo estão sob controle tônico, como em vasos sanguineos que podem ser controlados tonicamente. 3- Alguns sistemas corporais estão sob controle antagonista, como por exemplo a função de controle da insulina, onde há competição do glucagon e da insulina. 4- Um sinal químico pode ter efeitos diferentes em tecidos diferentes. As vias de longa distância envolvem dois sistemas de controle: sistema nervoso e sistema endócrino. Entretanto, as citocinas pró-inflamatórias podem participar em algumas vias de longa distância. Os componentes da resposta em alça são entrada, integração e saída. Manoella Rodrigues Med 102 Os reflexos Endócrino simples -> uma mudança interna ou externa pode fazer com que o sensor ou o centro integrador do sistema endócrino gere um sinal de saída por um hormônio cujo alvo gera uma resposta. Manoella Rodrigues Med 102 Neural simples -> uma mudança interna ou externa ativa um receptor que sinaliza um neurônio sensorial responsável por atingir o centro integrador do sistema nervoso e o neurônio eferente efetua a resposta para uma célula alvo Neuro-endócrinos complexos -> o sinal de entrada atinge um receptor. O sinal de entrada de um neurônio sensorial ativa o centro integrador do sistema nervoso, gerando resposta eferente ou neuro hormonal, responsáveis por estimular centro integrador do sistema endócrino. O sinal de saida por um segundo hormônio atinge um alvo cujos receptores serão colocados em pratica. É utilizado na ativação de mediadores químicos provenientes do hipotálamo, onde essas neuro secreções endócrinas ativam a hipófise. Ela por vez ativa outra glândula alvo, como a tireóide, para que possa liberar seus hormônios para o corpo responder. Os padrões de vias reflexas cujos reflexos são neurais simples, neuro-endócrinos, neuro-endócrinos complexos e endócrinos simples podem ser exemplificados pela imagem. Exemplos: Manoella Rodrigues Med 102 Reflexos neurais simples -> reflexo patelar Reflexos neuro-endócrinos -> liberação de leite em resposta a sucção Reflexos neuro-endócrinos complexos -> secreção de insulina em resposta a um sinal vindo do encéfalo; secreção do hormônio do crescimento; hormônios liberados pela adeno-hipófise Reflexos endócrinos simples -> liberação de insulina quando a glicose do sangue aumenta.