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Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) JAÚ (SP) 2021 CURSO DE SERVIÇO SOCIAL FLÁVIA MONTAGNOLI DO CARMO MARTINS VOLUNTARIADO E TERCEIRO SETOR Desafios junto ao trabalho técnico do Assistente Social perante a irresponsabilidade do Estado. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) JAÚ (SP) 2021 FLÁVIA MONTAGNOLI DO CARMO MARTINS VOLUNTARIADO E TERCEIRO SETOR Desafios junto ao trabalho técnico do Assistente Social perante a irresponsabilidade do Estado. Trabalho apresentado ao Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto, como requisito de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Professor Orientador: Doutor Julio Cesar Adiala https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) JAÚ (SP) 2021 AGRADECIMENTOS A colaboração para que nossos sonhos se concretizem ao longo da vida, passa por muitas mãos e corações generosos em fazer nossa caminhada ser ainda mais importante na jornada da evolução da vida. Ninguém vive ou faz nada sozinho! Em primeiro lugar, a Deus, pois é Nele que encontro forças pra seguir em frente quando tudo, nesse cenário pandêmico átipo, me pedia pra desistir. Minha querida mãe, Célia. Não pôde buscar estudos pois se comprometeu com a família e sendo uma guerreira mãe solteira, tinha lições que livros não traria naquele momento da vida. E por ela, concretizo um sonho. Meu marido Vinicius, que sentou diversas vezes comigo e me puxou a orelha, me orientou no termo correto das palavras, como pensar, como pesquisar; sendo um advogado, criteriosamente leu esse trabalho e me amou e partilhou comigo desse sonho. Se consegui chegar até aqui, foi porque ele me incentivou e acreditou no meu sonho. É nossa essa vitória, meu amor. A coordenadora do Polo da Estácio em Jaú (SP), a querida Bia. Quanto ânimo e quanta paciência pra me orientar por vezes não entendia nada do que estava fazendo. Uma educadora nata, uma serva da educação ímpar. Foi fundamental seu cuidado, Bia. A Associação Beneficente dos Amigos de Jesus, fruto deste trabalho, que me acolhe toda semana, para que as observações que poderiam conflitar meu coração, fique em último plano. O que importa, é ser olhos de ver e ouvidos para ouvir. Por fim, não menos importante, ao querido Professor Doutor Julio, que com me amparou de forma vital a escrita desse trabalho com tema tão atual, me deu várias oportunidades de correção e indicou um caminho a seguir. Gratidão, professor. A todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão desses 04 anos incríveis de curso, meu muito obrigada! https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) JAÚ (SP) 2021 "O momento que vivemos é um momento pleno de desafios. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar sonhos e concretizá-los dia a dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários." (Marilda Iamamoto) Do Livro: O Serviço Social na Contemporaneidade https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) JAÚ (SP) 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7 2. A ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DOS AMIGOS DE JESUS – CASA DA SOPA DE JAÚ (SP) ..................................................................................... 9 3. POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO DE TERCEIRO SETOR E REESTRUTURAÇÃO CAPITALSTA PERANTE O ESTADO.................... 11 3.1 TRANSFORMAÇÕES PERANTE A CRISE DO CAPITAL ........................ 11 3.2 MOMENTOS IMPORTANTES PARA IMPLEMENTAÇÃO DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL........................................................................................ 14 3.3 TERCEIRO SETOR OU FUNÇÃO SOCIAL .............................................. 16 4. O ASSISTENTE SOCIAL NO EXERCICIO E DESAFIOS DE SUAS FUNÇÕES PERANTE O TERCEIRO SETOR ........................................... 17 5. O TRABALHO ASSALARIADO DO ASSISTENTE SOCIAL NO TERCEIRO SETOR E SUA JORNADA DE TRABALHO .............................................. 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 24 https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 6 JAÚ (SP) 2021 RESUMO Se tem observado ao longo do tempo, de um modo geral, que os profissionais que atuam no terceiro setor, não romperam totalmente o conservadorismo em relação à caridade. No presente estudo, delimitaremos as contradições e também as competências existentes e que são muito comuns no campo de atuação profissional. Vale ressaltar, ainda, o elo entre as primeiras escolas de serviço social, totalmente caritativas, comparadas com o avanço e conquistas que a classe buscou. Seria incorreto também, desprezar o ato tão nobre com o qual nos vemos impelidos a praticar, nos tornando sim, centros de caridade. Afinal, observamos um Estado que deveria prover políticas efetivas de enfrentamento às questões sociais, porém percebemos o crescimento do voluntariado no âmbito terceiro setor, mediante projetos sociais que visam suprir a lacuna deixada pelas políticas públicas, sem pretensão em substituir as diretrizes da questão no âmbito da sociedade que estamos inseridos nos dias de hoje. O objetivo geral foi enfatizar a relevância do voluntariado, inserido na lógica do “Terceiro Setor” na conjuntura de reestruturação do capital na contemporaneidade, a partir da crítica a este “setor”. Concluímos ainda que é um espaço desafiador, mas também possível como meio de garantir o direito e suas necessidades relacionadas, bem como a aproximação e conhecimento das políticas públicas, e ainda demonstrar que o fazer profissional tem sua importância, seja no meio público ou privado, desde que tenha seu viés voltado para um novo projeto social. Palavras-chave: Assistente Social. Caridade. Questão Social. Terceiro Setor. Políticas Públicas. Voluntariado. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 7 JAÚ (SP) 2021 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho, apresenta o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), cujo tema central consiste na importância da atuação dos profissionais do Serviço Social em instituições do Terceiro Setor, especificamente ONG´S (Organizações não governamentais). Referido estudo vem da experiência e vivência própria de atuação voluntária e observação, em um Centro Espírita onde não possui profissional regulamentado para exercer as atividades assistenciais que a casa possui, sendo queapenas o voluntariado, que tem toda orientação e doutrinação pela FEB (Federação Espírita Brasileira). A entidade em questão é denominada “Associação Beneficente dos Amigos de Jesus – Casa da Sopa”, na cidade de Jaú, Estado de São Paulo, com trinta e oito anos de atuação totalmente caritativa, sem fins lucrativos. Chega-se à conclusão, na presente pesquisa, que o contexto neoliberal contribui com o processo real de deslocamento do trato da questão social do Estado para o Terceiro Setor, o que institui ações pontuais e focalizadas, transferindo para o voluntariado o dever do Estado, ocasião que é empregado um padrão de enfrentamento das sequelas da questão social tendo por primazia a perspectiva privada. O terceiro setor configura-se a partir dos últimos vinte anos, marcados por muitos movimentos sociais organizados e que pleitearam com muito esforço a regulamentação da Assistência Social, como segue: “[...] No caso da Assistência Social, foram cinco anos de debates, pressão e negociação no Congresso e no Governo Federal para a sanção, em 07 de dezembro de 1993, da Lei nº 8.742, que regulamentou a Assistência Social como política e pública, direito do cidadão e dever do Estado.” (Denise Colin, 2013). Em suas diferentes configurações, tem contado com equipes multiprofissionais, onde o/a assistente social evidencia sua atuação através das políticas de Assistência Social regulamentadas pela LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social nº 8.742/93 e pelo SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Entende-se por fim, que o voluntário, é fruto de um substancial omissão do Estado no trato da questão social, em que o enfrentamento da desigualdade passa a https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 8 JAÚ (SP) 2021 ser obrigação individual da sociedade, em sintonia com o Terceiro Setor como alternativa. Diante do exposto, estabeleceu-se como objetivo geral desta pesquisa: enfatizar a ação do voluntariado, a partir da crítica a este setor. Esse trabalho tem a orientação bibliográfica de autores do Serviço Social, para que a crítica seja feita assertivamente e de acordo com o objeto de estudo. Finalmente, este Trabalho de Conclusão de Curso, está disposto em três capítulos e considerações finais. São eles: O primeiro capítulo, conta a história do objetivo desse trabalho: A Associação Beneficente dos Amigos de Jesus de Jaú (SP), a tão querida e essencial Casa da Sopa. Sua história, é sem dúvidas, emocionante e indispensável. O segundo capítulo aborda as Políticas Sociais e a relação do Estado com o Terceiro Setor, bem como a exploração capitalista do homem pelo homem, o que gera os desequilíbrios sociais. O terceiro capítulo, traz um questionamento acerca do serviço social como função social. Transformações perante a crise do capital e diversos momentos importantes no Brasil para a reorganização do Terceiro Setor. O quarto capítulo, aborda o mercado de trabalho para os Assistentes Sociais que, após a década de 90 (que foi o marco da redefinição do papel do Estado no Brasil), revelou e desenhou novas atribuições e habilidades de autonomia profissional, das demandas atendidas e como a instrumentalidade é utilizada. O quinto, esboça as condições salariais do profissional do Serviço Social no terceiro setor, bem assim a luta pela regulamentação da própria profissão, no reconhecimento das atividades laborativas importantes que o profissional tem na sociedade. Mostra a também importante luta com relação à sua jornada de trabalho. Nas considerações finais, pretende-se fazer uma análise crítica da realidade social atual. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 9 JAÚ (SP) 2021 Esclarece-se que o objetivo desse trabalho, não é de forma alguma, como já explícito no Resumo deste, indicar erros nos processos caridosos que devolvem e ajudam de pronto a integridade moral e física do ser humano - resgate da qualidade de vida. Pontua-se com este trabalho, a falência e ausência prioridades do Estado, que interfere profundamente a integridade de cada ser social. 2 A ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DOS AMIGOS DE JESUS – CASA DA SOPA DE JAÚ (SP) Entidade filantrópica, mantida exclusivamente pelo trabalho caritativo/voluntários. Derivou de um grupo de amigos com seus vinte e poucos anos, que em 1981/1982, se encontravam semanalmente para estudos das obras fundamentais da Doutrina Espírita de Allan Kardec1. Com o passar do tempo, sentiram que os estudos, demandavam algo a mais, foi através do preceito: “fora da caridade não há salvação”, que as obras assistências se iniciaram. De fato, era preciso colocar em prática tudo aquilo que os espíritos os ensinavam e intuíam. Após demandarem estudos sobre as áreas mais afetadas pela carência material, decidiram por se implantar no bairro de Santo Ivo (antiga Vila Cipó), onde iniciou-se, provisoriamente, a distribuição de sopas. Vejamos o que nos conta, um de seus fundadores, Ricardo Gavião. “[...] A opção escolhida para ser servida no tocante à alimentação aos moradores do bairro foi a sopa de legumes, fizemos um caldeirão enorme de sopa, mas aí havia uma questão técnica, como levar o caldeirão de sopa quente até o bairro sem desperdício e sujeira. Conseguimos uma Kombi emprestada, e aí fomos nós, ao chegarmos ao bairro e isto foi num domingo, optamos por estacionar a Kombi de frente a igreja do bairro, avisamos a todos que lá passavam que aqueles que quisessem, fossem com vasilhames e panelas para se servirem. E assim foi por algumas semanas, conseguimos um barbeiro para o corte de cabelo, corte este que fazíamos na calçada da igreja. Tudo ia de forma improvisada, mas abençoada por Deus, neste momento entra em cena a figura que será a única a ser nomeada nesta história, entra a figura de Antonio Aparecido Comin, morador muito respeitado por todos da vila, homem simples e de Espírito Iluminado, que do alto de sua clareza 1 Allan Kardec foi o codificador e propagador da Doutrina Espírita, em 1857, França - Paris https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 10 JAÚ (SP) 2021 espiritual, nos disse certo dia: - Meus amigos, vocês pelo visto vão ficar aqui para ajudar a este pessoal, pois bem, eu tenho uma pequena casa, no fundo do meu quintal e seria para mim de grande alegria que vocês a usassem, para o feitio da sopa e para o andamento dos seus serviços filantrópicos e religiosos. Perguntamos o quanto isto iria nos custar, e ele sorrindo nos disse que Deus pagaria, com a alegria de ver o nosso trabalho crescer, e cresceu...meu querido amigo Comin.” O enorme ato de coragem, que se percebe até então nesse pequeno grupo de amigos que com pouco, criaram algo sólido, cheio de amor e de referência, continua. “(...) Tempo depois, vagou uma pequena casa, que também a ele pertencia, quis ele, que para lá fossemos para essa casa de alvenaria e que contava com 01 banheiro, 01 cozinha e 01 quarto que seria usado como sala de palestras, passes, refeitório e sala de aula para as crianças, sempre aos domingos. Corria o ano de 1983. Do bom andamento dos trabalhos assistenciais e do andamento de nosso Centro Espírita, fizemos uma cotização e combinamos a compra do terreno e da pequena casa. Fizemos ainda em 1983 o estatuto da Associação e deliberamos dar o nomehoje conhecido como “ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DOS AMIGOS DE JESUS”. Novos e queridos amigos vieram e o trabalho foi crescendo até a aquisição de um terreno ao lado, posteriormente fizemos uma ampliação do prédio e alguns anos após, a última reforma e ampliação. Nosso trabalho sempre contou com a ajuda de muitas instituições, grupos de diversas vertentes religiosas, pessoas do povo e de diversas matizes. Norteamos nosso trabalho até hoje pela solidariedade humana, acima de conceitos religiosos e pessoais, nosso líder é e será sempre JESUS, pois sabemos que estamos apenas de passagem pela terra, abençoada escola de preparo espiritual. Esta Associação continuará no futuro nas mãos também de abnegados irmãos que com certeza continuarão a fazer deste pequeno projeto a alegria de muitos, seja no amparo espiritual e assistencial.” Por inúmeras estórias de Associações e ONG’s, como essa, percebe-se o porque surge a história do Serviço Social. Quis essa área de atuação, fazer algo a mais, além do que a caridade pode dar a curto prazo, lutar para que as mazelas da vida cotidiana, para alguns tão expressivas, tivessem seus direitos mais garantidos e fixados para que a vida possa ser leve e digna. Mas para tal entendimento de toda luta da categoria profissional, é necessário fazer menções da história da profissão, que veremos a seguir e o porque o terceiro https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 11 JAÚ (SP) 2021 setor, se tornou a forma mais clara e explicita da incompetência e hipossuficiência do Estado como aparato institucional diante de todas as demandas sociais. 3 POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO DE TERCEIRO SETOR E REESTRUTURAÇÃO CAPITALSTA PERANTE O ESTADO Levando em consideração o fato de que as ações voluntárias se desenvolvem predominantemente tendo como parâmetro a perspectiva de atenuar situações de pobreza, exclusão, subalternidade, violências e carecimentos de diversas naturezas, muitas vezes relacionadas ao campo das políticas e ações sócio- assistenciais, espaços onde ocorre inserção profissional dos assistentes sociais, temos aí uma situação a ser cuidadosamente examinada. Com a atual crescente do Terceiro Setor devido à omissão do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições, ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais que tem o objetivo de gerar serviços de caráter público, função essa, atribuição originária do Estado. Se o profissional de Serviço Social, que tem lutado para combater a desigualdade social, querendo inserir novamente a comunidade na obtenção de seus direitos, qual é previsto na Constituição Federal de 1988, sem ser refém do capitalismo predominante, devolvendo a dignidade e competência em gerir com propriedade cada qual a sua vida, como fica o olhar do voluntário e do Assistente Social perante aos métodos aplicados na obtenção de resultados sem que o usuário seja “escravo” de donativos e sim portador de conquistas que alterem sua condicionalidade? Temos aqui, uma importante situação a ser cuidadosamente examinada. 3.1 TRANSFORMAÇÕES PERANTE A CRISE DO CAPITAL Netto e Braz (2006, p. 156) fazem importantes colocações acerca das crises ocorridas no sistema capitalista, notemos: A história, real e concreta, do desenvolvimento do capitalismo, a partir da consolidação do comando da produção pelo capital, é a história de uma sucessão de crises econômicas – de 1825 até as vésperas da Segunda Guerra Mundial, as faces de prosperidade econômica foram quatorze vezes acompanhadas por crises. [...] Em https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 12 JAÚ (SP) 2021 pouco mais de um século, como se constata, a dinâmica capitalista revelou-se profundamente instável, com períodos de expansão e crescimento da produção sendo bruscamente cortados por depressões, caracterizadas por falências, quebradeiras e, no que toca aos trabalhadores, miséria e desemprego. No início do século XX, o modelo de organização do trabalho de Henry Ford caracterizou um destes momentos da luta de classes. A indústria automobilística fordista sistematizou o trabalho mecanizado via esteira de montagem. Com a padronização de poucos modelos Ford customizou a produção de carros em série, e que, após a Segunda Guerra, ao lado dos métodos desenvolvidos por F. Taylor, pode abastecer o consumo de massa. O esboço de uma “captura” da subjetividade do trabalhador, que foi sistematizado com o Toyotismo, já estava presente em Ford na medida em que “se um operário deseja progredir e conseguir alguma coisa, o apto será um sinal para que comece a repassar no espírito o trabalho feito a fim de descobrir meios de aperfeiçoá- lo” (FORD, 1967: 41). Também a preocupação de uma organização descentralizada da produção e redução dos níveis hierárquicos como forma de combate ao poder dos chefes pode ser encontrada no “manual” de Ford, rompendo com a hierarquia da administração científica de Taylor: Não há disposição mais perigosa do que a dos chamados gênios organizadores [...] traçam todas as ramificações da autoridade [...] cada um tem um título e exerce funções estritamente limitadas [...] as fábricas Ford não possuem nem organização, nem atribuições específicas a cargos, nem ordem de sucessão ou hierarquia determinada [...] a maioria dos homens é capaz de manter-se à altura da sua função. Finalmente, programas de educação instrumental promovido pela Escola Industrial Henry Ford, nos moldes dos programas de trainee atuais, foram alvo das preocupações de Ford, que também teve sua parcela de “responsabilidade social empresarial”: Para nossa escola não se selecionam os rapazes porque sejam hábeis ou promissores. Escolhem-se os necessitados de dinheiro e oportunidades [...] outorgamos bolsas a fim de que possam prover ao sustento de suas mães enquanto https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 13 JAÚ (SP) 2021 cursam a escola [...] Todo o trabalho executado na escola é adquirido pela nossa empresa e isto faz que a escola se mantenha por si mesma, além de que acentua nos alunos o senso da responsabilidade (FORD, 1967, pp. 314- 315). Desvairamento de um título (FORD, 1967: 73-74). Essa reorganização separou em esferas: o Estado dinheiro público e investimento público; o Mercado composto por empresas privadas seu lucro para investimentos privados e a Sociedade Civil ONG´S, fundações, movimentos sociais, associações, entre outros. De acordo com Montaño (2007, p. 53): Assim, o termo é constituído a partir de um recorte do social em esferas: o Estado (“primeiro setor”), o mercado (“segundo setor”) e a “sociedade civil (“terceiro setor”). Recorte este [...] claramente neopositivista, estruturalista, funcionalista ou liberal, que isola e autonomiza a dinâmica de cada um deles, que, portanto, desistoriciza a realidade social. Como se o “político” pertencesse à esfera estatal, o “econômico” ao âmbito do mercado e o “social” remetesse apenas à sociedade civil, num conceito reducionista. A expressão “Terceiro Setor” tem sua origem nos EUA em um contexto de voluntariado e individualismo neoliberal, é a tradução da expressão “third setor”. É um conceito umtanto quanto fragilizado, pelo fato de ser estudado e analisado geralmente de forma dissociada dos demais setores, faltam fundamentação e rigor teórico, no que tange a linha tênue do que ele parece ser benevolência e caridade tendo em vista as antigas entidades sociais e o que realmente é fruto da expressão neoliberal hoje vista em ONG´S, estudaremos aqui esse conceito como uma das expressões da transformação do capital. As políticas sociais têm sido “paliativos às mais graves vicissitudes geradas por um mercado sabidamente pouco regulado e produtor de desigualdades crescentes” (DELGADO; THEODORO, 2003, p. 122) pelo seu caráter focalizador e assistencialista ao abranger prioritariamente os grupos mais vulneráveis da sociedade. Hoje, encontramos políticas sociais, especificamente Política de Assistência Social, com programas atenuantes de transferência de renda. É de grande valia referidos programas, pois vão ao encontro direto aos grupos mais vulneráveis. Ocorre, https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 14 JAÚ (SP) 2021 que, acabam se tornando uma regra robotizada, engessando desigualdades e custando muito caro, implementar projetos eficazes de transformação social. Outrossim, o Terceiro Setor vem cumprir um papel no projeto neoliberal com um caráter de responder às demandas/carências, que seriam de responsabilidade do Estado, no que diz respeito às políticas básicas, agindo de forma pontual e paliativa em seus atendimentos. Vale destacar ainda os critérios desses atendimentos, que por muitas vezes acabam sendo menos universais e mais relativos, retirando o sentido do direito, como se pode avaliar que; As políticas sociais – já precárias, pouco cidadãs e universais, com o agravamento das condições econômicas e do mercado de20 trabalho, sofreram triplamente. Primeiro, pela redução de recursos que acompanhou os diversos ajustes fiscais e deteriorou qualitativamente e quantitativamente os serviços sociais básicos, sobretudo nas áreas com elevada participação de recursos da esfera federal, como a saúde. Segundo, pela redução do uso de políticas universalistas e pela generalização do uso de programas sociais extremamente focalizados, sem estratégia, assistencialista e clientelista na relação com o público alvo. Terceiro, porque estas mudanças vieram, quase sempre, acompanhadas de propostas de reformas sociais explicitamente privatizantes, favorecidas pela falência organizada dos serviços públicos (MATTOSO, 2000, p. 37). 3.2 MOMENTOS IMPORTANTES PARA IMPLEMENTAÇÃO DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL A leitura dos documentos da AS/GESET RELATO SETORIAL (2001), faz uma linha do tempo muito importante acerca do que foi fundamental no surgimento do terceiro setor. Primeiro momento: colonização, marcado pelas ações na área da saúde e educação comandadas pela igreja Católica, incluindo asilos, orfanatos, Santas Casas de Misericórdia e colégios católicos. Aqui, o teor das atividades, eram todas caritativas, ou “voluntárias”, trazendo à tona a filantropia, totalmente ligada à igreja Católica. Um exemplo, foi em 1953, registro de uma Santa Casa de Misericórdia, em Santos (SP). Segundo momento: era Getúlio Vargas; Estado passa a implementar as primeiras políticas sociais à época, contando com ONG’s (Organizações Não https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 15 JAÚ (SP) 2021 Governamentais). O Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) é criado em 1938, com a intenção de que todos os órgãos a eles filiados, receberia subsídios do governo. Aqui, ainda tem a igreja Católica com sua relevância na prestação dos serviços voluntários, que também se incluiu no recebimento dessas ajudas de custeio das ações sociais. Terceiro momento: Regime Militar. Não podemos deixar de mencionar que o terceiro setor, surgiu unicamente com um cunho de interesses capitalistas. Exemplificando melhor, o fato histórico brasileiro, pós 1964, trouxe o conceito “sociedade civil” por autores que apoiam o terceiro setor associando assim os dois conceitos. Cumpre ressaltar, que o Brasil, passava por um período crítico de ditadura militar que motivou a sociedade civil, que organizada contra o ditar da época, tencionou o país transferindo ações para as duas esferas – sociedade civil versus Estado ambos com papéis de interesses próprios: de um lado, atores e forças que iam contra a ditadura e do outro, um Estado ditatorial. Coutinho afirma “tudo o que provinha da sociedade civil era visto de modo positivo, entretanto, tudo o referente ao Estado, aparecia marcado por sinal fortemente negativo” (apud MONTAÑO, 2010, p.132). Nessa fase crítica e desoladora, surgiram muitas ONG’s ligadas à contestação política. Quarto momento: Nova fase democrática do Brasil. Aqui, é aprovada a luz do que rege até nossos dias de hoje a nova Constituição de 1988. Nessa fase, a mobilização social era grande, ainda por conta do período anterior, a atuação e o foco das ONG’s ganhavam força e novos vieses, afinal aprovara-se a garantia de direitos e cidadania de todos. Também se consolidam sindicatos. Quinto momento: A década já é de 1990. O Estado, transfere com grandes demandas, a responsabilidade advinda da questão social para o terceiro setor. Sendo assim, há um aumento nas demandas e a criação de novas ONG’s no intuito de socorrer a defasagem de uma inerente ação do Estado. Esse momento, marca a entrada do setor privado e na necessidade de regulamentar essas ONG’s. Após todos esses momentos, a Lei 9.790 de março de 1999, traz novas diretrizes para a classificação de entidades sem fins lucrativos de caráter público, com https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 16 JAÚ (SP) 2021 novas possibilidades de articulação entre direito privado e público, com possibilidade de remuneração dos dirigentes das instituições dessas instituições. 3.3 TERCEIRO SETOR OU FUNÇÃO SOCIAL Carlos Montaño provoca ao questionar se o “terceiro setor” é um “setor” ou uma “função social”. E em mais uma análise crítica podemos colocar em debate este conceito. O autor retrata que ao realizar uma reflexão crítica sobre a bibliografia do “terceiro setor” percebeu alusão a este fenômeno como se abordando de “atividades públicas desenvolvidas por particulares”, segundo Thompson, “conformadas pelas instituições sem fins lucrativos que a partir do âmbito privado, agem propósitos de interesse público” (apud MONTAÑO, 2010, p. 184). O que seria também tratar de “função social de resposta às necessidades sociais” ao fornecer algum tipo de serviço para “solucionar problemas” de 24 cidadãos comuns, de qualquer pessoa “necessitada”; tratando-se também de “valores de solidariedade local, autoajuda e ajuda mútua: segundo Salamon, os valores do “terceiro setor” incluem “altruísmo, compaixão, sensibilidade para com os necessitados e compromisso com o direito de livre expressão” (MONTAÑO, 2010, p. 184). É a partir destas considerações que adeptos caracterizam o “terceiro setor”. Neste sentido, Montaño afirma que na verdade o “terceiro setor”, portanto, ao invés da utilização deste termo - “terceiro setor” – para designá-lo e nomeá-lo deve ser considerado e interpretado a partir de suas funções e ações, do fenômeno real, pois, “o que os autores chamam de “terceiro setor”nem é terceiro, nem é setor [...], nem se refere às organizações desse setor – ONGs, instituições, fundações e outros”. Isto é, o “terceiro setor” representa “ações que expressam funções a partir de valores”, ações estas desenvolvidas pelas organizações da sociedade civil as quais assumem tais funções de respostas as demandas sociais “a partir de valores de solidariedade local, autoajuda e ajuda mútua” (MONTAÑO, 2010, p. 184). Assim, o que na realidade é chamado de “terceiro setor” na sociedade é um termo equivocado, como tentamos ilustrar a partir de algumas definições. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 17 JAÚ (SP) 2021 E como mesmo ressalta Montaño, essa desarticulação do real, do fenômeno escondido, propicia maior aceitação das classes sociais, porém o que ocorre é a transformação de uma questão “político-econômico ideológica numa questão meramente técnico-operativa. [...] Opera-se não apenas a já mencionada setorialização do real, mas uma verdadeira despolitização do fenômeno e do debate” (MONTAÑO, 2010, p. 185). A discussão é levada, portanto, para a eficiência de uma ou outra instituição enquanto o debate necessário, porém encoberto sobre a função social em dar resposta às demandas sociais, fica de fora. É relevante pensar as considerações levantadas pelo autor. Este fenômeno não se esgota em controvérsias na tentativa de tornar-se legítimo na atual conjuntura neoliberal brasileira. E a tentativa de desmistificar o conceito de “terceiro setor” é só o início de uma análise crítica que pode ser feita de um fenômeno disfarçado por mitos e interesses específicos da sociedade burguesa capitalista. Portanto, todo debate acima referido é no sentido de tornar claro um fenômeno que deve ser entendido num projeto de reestruturação social e totalmente produto dele, pautado em seus princípios neoliberais e funcional a ele. Pretendemos agora partir de sua origem e mostrar de maneira crítica sua real pretensão e caráter de um fenômeno que emergiu para assumir juntamente ao Estado (e em maiores partes) o seu papel de provedor das políticas sociais em atendimento as refrações da questão 25 social. Pois uma coisa é o conceito hegemônico do “terceiro setor” e outra, bastante diferente, é o fenômeno real em questão. 4 O ASSISTENTE SOCIAL NO EXERCICIO E DESAFIOS DE SUAS FUNÇÕES PERANTE O TERCEIRO SETOR Todas as profissões são desafiadoras. E no Serviço Social, não seria diferente, considerando ainda pela adaptação que se faz necessária perante as mudanças de governo, maneiras ainda enraizadas de pensar pequeno e até mesmo na capacidade de entender a realidade para criar propostas criativas, críticas, construtivas a fim de consolidar uma política pública funcional. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 18 JAÚ (SP) 2021 É sabido que o Assistente Social, diariamente se depara com falta de estrutura, recursos, uma crescente demanda de atendimentos, sobrecarregando assim o profissional, falta de gestores comprometidos com o trato social, falta de uma boa articulação com a rede, falta de políticas públicas das mais básicas. Ronconi e Wieczinky (2010, p. 7), resumem bem: As entidades do terceiro setor através do Assistente Social devem assim, desenvolver ações que promovam a democracia, a liberdade e a participação da sociedade. Devem desenvolver um tipo de gestão que resgate as demandas universalistas, no sentido de cobrar do Estado o desenvolvimento de políticas públicas, fiscalizar essas políticas e denunciar as irregularidades no desenvolvimento dessas políticas. Este sim é o pleno exercício da cidadania. No caso da Associação Beneficente dos Amigos de Jesus, citado e objeto de observação para a escrita deste trabalho, observamos um local atuante em perfazer a caridade, com grande potencial para ensinar e garantir os direitos de cada um, mas que prefere ainda assim, contar com a ajuda das mãos solidárias e muitas vezes anônima, garantindo assim, a integridade física, moral e espiritual dos ali atendida. De fato, observa-se um local coordenado, mas que poderia sim, contar com um olhar técnico, unindo o útil ao que pode ser agradável a todos. Porém, ainda que o olhar técnico faça parte dessa instituição, é uma Associação sem fins lucrativos, ou seja, ainda assim, seria um trabalho voluntário sem remuneração, não diminuindo em nada a sua autonomia profissional. Iamamoto (2008, p.2147/218) faz observação importante sobre a atribuição por meio da qualificação e competências, com objetivo de dar respostas e estratégias para que haja possibilidades de enfrentamento no que diz ao projeto neoliberal. [...] o assistente social, ao ingressar no mercado de trabalho condição para que se possa exercer a sua profissão como trabalhador assalariado vende sua a sua força de trabalho: uma mercadoria que tem valor de troca expresso no salário. O dinheiro que ele recebe expressa a equivalência do valor de sua força de trabalho com todas as outras mercadorias necessárias à sua sobrevivência material e espiritual, que podem ser adquiridas no mercado até o limite quantitativo de seu equivalente o salário ou proventos , que corresponde a um trabalho complexo que requer formação https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 19 JAÚ (SP) 2021 universitária. É por meio dessa relação mercantil que se dá a objetivação do valor de uso dessa força de trabalho, expresso no trabalho concreto exercido pelo assistente social, dotado de uma qualidade determinada, fruto de sua especialização no concerto da divisão do trabalho. Sendo assim, ao analisar a relação de compra e venda da força de trabalho, ou seja, o/a assistente social como trabalhador assalariado, observa-se que a mesma não deve ser desconsidera apenas pelo seu viés qualitativo por meio de uma dimensão criativa e útil. Temos sim que nos inserir nesses espaços, até porque já são reconhecidos pela população e, portanto, tem proximidade com a classe trabalhadora e suas demandas. Assim, toda ou qualquer forma de ferramenta que faça com que haja essa aproximação deve ser usada, para a transformação da realidade, e que em questão de desafios ou autonomia possuem situações iguais ou parecidas com os profissionais inseridos nos órgãos públicos. Costa (2005, p.5) elucida as principais características comuns das instituições do terceiro setor, que faço a saber: • Atuam em uma diversidade e variedade de questões que afetam a sociedade na área da assistência social, da saúde, do meio ambiente, da cultura, educação, lazer, esporte, etc.; • Nas áreas da assistência social, educação e saúde, geralmente, prestam atendimento a pessoas e famílias que estão à margem do processo produtivo ou fora do mercado de trabalho; • Trabalham na garantia dos direitos dessa população; • São de caráter privado, mas desenvolvem um trabalho de interesse público; • Não têm finalidade de lucro no sentido mercantil da palavra; • Não são estatais, embora-eventualmente- mantenham vínculos com o poder público; • Contam com o trabalho de um corpo de voluntariado. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 20 JAÚ (SP) 2021 Costa (2005, p.7), também relaciona algumas atribuições e competências do assistente social, contidos na Lei de regulamentação profissional 8662/93, só que visando à atuação no terceiro setor. • Implantar, no âmbito institucional, a Política de Assistência Social, conforme as diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/93) e Sistema Único e Sistema Único da Assistência Social (SUAS/04), de acordo com a área e o segmento atendido pela instituição; • Subsidiar e auxiliar a administração da instituição na elaboração, execução e avaliação do Plano Gestor Institucional, tendo como referência o processo do planejamento estratégico para organizações do terceiro setor; • Desenvolver pesquisas junto aos usuários da instituição, definindo o perfil social desta população, obtendo dados para implantação de projetos sociais, interdisciplinares; • Identificar, continuamente, necessidades individuais e coletivas, apresentadas pelos segmentos que integram a instituição, na perspectiva do atendimento social e da garantia de seus direitos, implantando e administrando benefícios sociais; • Realizar seleção socioeconômica, quando foro o caso, de usuários para as vagas disponíveis, a partir de critérios pré estabelecidos, sem perder de vista o atendimento integral e de qualidade social; e nem o direito de acesso universal ao atendimento; • Estender o atendimento social às famílias dos usuários da instituição, com projetos específicos e formulados a partir de diagnósticos preliminares; • Intensificar a relação instituição/família, objetivando uma ação integrada de parceria na busca de soluções dos problemas que se apresentarem; • Fornecer orientação social e fazer encaminhamentos da população usuária ais recursos da comunidade, integrando e utilizando-se da rede de serviços socioassistenciais; https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 21 JAÚ (SP) 2021 • Participar, coordenar e assessorar estudos e discussões de casos com a equipe técnica, relacionados à política de atendimento institucional e nos assuntos concernentes à política de Assistência Social; • Realizar perícia, laudos e pareceres técnicos relacionados à matéria específica da Assistência Social, no âmbito da instituição, quando solicitado. Tendo em vista as características dessas organizações somadas às atribuições dos assistentes sociais nas mesmas, é muito válido destacar esse campo de atuação como importante espaço para se fazer presente e atuante, pois nelas cabem ações que somente o assistente social pode cumprir. A partir disso entendemos a integralidade dos usuários, percebemos que há a necessidade da interdisciplinaridade. Longe de querer parecer um pensamento romantizado e fantasioso, esse campo de atuação possui sim contradições e desafios. 5 O TRABALHO ASSALARIADO DO ASSISTENTE SOCIAL NO TERCEIRO SETOR E SUA JORNADA DE TRABALHO O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) , nos termos da Resolução CNAS nº 31, de 24 de fevereiro de 1999, as entidades e organizações prestadoras de serviços de assistência social que poderão ter registro pelo conselho são aquelas que estimulam à proteção à crianças e ao adolescente, à família, à maternidade e à velhice, que ampara crianças e adolescentes carentes, que colaboram com a inserção dos indivíduos no mercado de trabalho, da assistência educacional ou de saúde, desenvolvem a cultura, oferece atendimento e assessoria aos benefícios da Lei Orgânica da Assistência Social, defendendo e garantindo os seus direitos, realiza ações de habilitação, prevenção, reabilitação e integração das pessoas portadores de deficiência à comunidade. Outrossim, pensar a luta travada pela categoria de assistentes sociais, para a conquista e efetivação da Lei nº 12.317/2010, remete-nos ao contexto mundial de precarização da força de trabalho humana. Isso porque, mediante o processo de reestruturação produtiva, intensificado a partir dos últimos 40 anos, vem se configurando um crescente processo de intensificação da exploração do trabalho. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 22 JAÚ (SP) 2021 Salienta Iamamoto (2008, p. 233): Esse contexto altera a demanda de trabalho do assistente social, modifica o mercado de trabalho, altera os processos de trabalho e as condições em que se realizam, nos quais os assistentes sociais ingressam enquanto profissionais assalariados. As relações de trabalho tendem a ser desregulamentadas e flexibilizadas. Verifica-se uma ampla retração dos recursos institucionais para acionar a defesa dos direitos e dos meios de acessá-los. Enfim, tem-se um redimensionamento das condições do nosso exercício profissional efetivado em condições de assalariamento. Nessa mesma lógica política, a categoria profissional de assistentes sociais, por meio do conjunto CFESS/CRESS, enfrentou uma grande luta em defesa das 30h semanais, para assistentes sociais, sem redução salarial. A luta pela redução da jornada de trabalho para as 30 horas semanais sem redução salarial foi construída no e pelo coletivo! Um coletivo [...] que, por quase três anos, mobilizou todas as forças e estratégias políticas para conquistar esse direito, [...]. E ele se realizou! Primeiro, com a aprovação do projeto de Lei da Câmara (PLC) 152/2008 no senado brasileiro [...]. (CFESS, 2011, p. 6). Encontramos explicitados vários motivos relacionados à defesa da aprovação deste projeto de lei. Dentre eles, destacam-se: Defendemos a sanção do PLC 152/2008, que institui jornada de trabalho de 30 horas para assistentes sociais sem redução de salário, porque ele contribui na nossa luta por melhores condições de trabalho para assistentes sociais e se insere na luta pelo direito ao trabalho com qualidade para toda a classe trabalhadora, conforme estabelece nosso Código de Ética Profissional. (CFESS, 2010). Desta feita, em 26 de agosto de 2010, após grande luta da categoria profissional, foi sancionada a Lei nº 12.317/2010, que dispõe sobre a duração do trabalho do assistente social – determinando que os contratos de trabalho dos profissionais brasileiros serão de, no máximo, 30h semanais sem haver redução salarial. A aprovação da jornada semanal de 30 horas sem redução salarial foi, inegavelmente, uma das mais importantes conquistas trabalhistas da categoria dos últimos anos, sobretudo porque se deu em um contexto de forte resistência política à redução da jornada de trabalho no Brasil. Essa conquista resultou de uma luta de quase três anos do CFESS, no âmbito do legislativo federal, fortalecida pelo mais emocionante ato público organizado pelo CFESS, ABEPSS e ENESSO nos últimos 20 anos. (BOSCHETTI, 2012, p. 32). https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 23 JAÚ (SP) 2021 Não podemos nos esquecer, que há também aqueles que prestam serviços espontaneamente, sem receber nenhum tipo de remuneração, realizando um trabalho voluntário, e nos termos da Lei, é um trabalho que não gera vínculo de trabalho e nem obrigações trabalhistas, previdenciária, entre outras. Destarte, deve haver um contrato pela prestação desse serviço e as condições para o exercício da atividade. Se autorizado pela entidade, o voluntário poderá serreembolsado pelas despesas que obteve durante a realização do trabalho na apresentação dos comprovantes. Ainda, Lei do Serviço Voluntário também prevê um auxílio financeiro por seis meses há jovens de 16 a 24 anos e que tenha uma renda mensal de até meio salário mínimo. Há preferência para jovens presidiários, cumprimento de medidas socioeducativas ou grupos de jovens submetidos a taxa de desemprego. Desde 2008, tramitam no Congresso PLs referentes à instituição de um piso salarial para assistentes sociais. O CFESS vem acompanhando as movimentações destes projetos. No entanto, é fundamental ressaltar que todos/as os/as parlamentares alegam a dificuldade orçamentária e que a instituição do piso salarial de categorias profissionais é matéria a ser regulamentada no âmbito do Poder Executivo. É essencial enfatizar também que, apesar da incidência do CFESS e, no caso de um dos PLs que teve voto favorável do deputado relator (PL 5278/2009), houve pronunciamento da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. Esta considerou que a proposta de estabelecer piso salarial para assistente social seria “inadequada e incompatível financeira e orçamentariamente, em razão de sujeitar as despesas dos órgãos da União com a remuneração de seus assistentes sociais a incertezas decorrentes de aumentos no piso salarial da categoria decididos em Convenções Coletivas de Trabalho, sem oferecer qualquer mecanismo compensatório que automaticamente assegure sua neutralidade fiscal”. Assim, há que se considerar que outros/as parlamentares poderão seguir a orientação da consultoria e votar contrariamente ao PL 5278/2009, que é o que se https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 24 JAÚ (SP) 2021 encontra em tramitação mais avançada. “Por essas razões é que temos que compreender a dinâmica legislativa e as dificuldades a serem enfrentadas, principalmente numa conjuntura que não é favorável às conquistas e direitos da classe trabalhadora”, explica a presidente do CFESS, Elizabeth Borges. Em 15 de maio de 2020, o senador Fabiano Contarato (Rede/ES) apresentou, no Senado Federal, o PL 2693/2020, que também dispõe sobre a instituição de piso salarial para assistentes sociais, propondo alteração da Lei nº 8.662/1993, definindo o piso no valor de R$ 7.315,00, para jornada de trabalho de 30 horas semanais, com reajuste anual pelo INPC. Este, porém, encontra-se sem movimentação desde a sua apresentação, aguardando encaminhamento da mesa do Senado para uma das comissões e consequentemente designação de relatoria. Portanto, existem agora 04 PLs em tramitação sobre o assunto. Ainda, uma informação importante é sobre a função institucional do Conselho Federal: tem a atribuição de orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício profissional do/a assistente social no Brasil, em conjunto com os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS). Ou seja, questões sobre direitos trabalhistas e remuneração são, em princípio, assuntos de natureza sindical, cabendo às entidades sindicais e associativas conduzirem esses processos de luta por piso salarial de categorias profissionais, o que não impede a articulação política do CFESS em relação ao tema, nem a importante mobilização da categoria com os/as parlamentares. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde a formulação do conceito sobre terceiro setor, as associações voltadas para esse fim, sempre se destacaram pelo assistencialismo e a filantropia que prestam à sociedade. Fica aqui colocado como reflexão, para que novos debates sejam realizados, sejam eles nos diferentes espaços, sejam nas instituições de ensino, nos coletivos https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 25 JAÚ (SP) 2021 representantes da profissão, no dia a dia profissional, pois a maioria das análises realizadas são pautadas no trabalho concreto, deixando muito aquém as particularidades do trabalho abstrato. Um dos pontos principais desta pesquisa, portanto, é que o Terceiro Setor não deve ser negado, e que a atuação nesses espaços pelos/as assistentes sociais são importantes e que sua contribuição deve e pode ser por meio de um trabalho contextualizado e de qualidade social buscando benefícios para a população, por meio de garantia e aproximação dos direitos sociais. No entanto, evidencia-se aqui que o Terceiro Setor não poderá ocupar o papel do Estado na execução e formulação de políticas sociais no enfrentamento da Questão Social brasileira, ainda que parte das ONG’s possam significar meio de acesso e fortalecimento de lutas e conquistas desses direitos. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 26 JAÚ (SP) 2021 BIBLIOGRAFIA BOSCHETTI, I. Condições de trabalho e a luta dos(as) assistentes sociais pela jornada semanal de 30 horas. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 107. 2011. Direito se conquista: a luta dos/as assistentes sociais pelas 30 horas semanais. Brasília: CFESS. 2011. NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e serviço social. 7. ed., São Paulo, Cortez, 2009. José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo, Cortez, 2006. (Biblioteca básica de serviço social; v.1). MATTOSO, Jorge. O Brasil desempregado: como foram destruídos mais de 3 milhões de empregados nos anos 90. São Paulo: Perseu Abramo, 2000. COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. COSTA, Selma Frossard. O Serviço Social e o Terceiro Setor. Serviço Social em Revista FERNANDES, Rubém Cesar. O que é o terceiro setor? IN. loschpe, E. Berg (org) Terceiro Setor: Desenvolvimento Social Sustentado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de intervenção. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Os espaços sócios ocupacionais do assistente social. In: Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Unidade IV: O significado do trabalho do Assistente Social nos distintos espaços sócios ocupacionais. CFESS/ABEPSS: Brasília, 2009. p. 341375. https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto (SP) 27 JAÚ (SP) 2021 IAMAMOTO, M. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez. 2008. WIECZYNSKI, Marineide; RONCONI, Luciana. Gestão e sustentabilidade para o terceiro setor: os novos rumos para o serviço social. Área de desenvolvimento Social AS/GESET RELATO SETORIAL Nº 3 Julho/2001 TERCEIRO SETOR E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Disponível em: Acesso em Abril 2021. www.bndes.gov.br https://www.amigosdejesusjau.com/sobre http://www.revistas.ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/viewFile/438/392 http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/viewFile/3 718/1749 http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/20an osLOAS.pdf http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/4UkPUxY8i39jY49rWvNM.pdfhttp://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/terceirosimposio/erika_batista.pdf http://docplayer.com.br/255561-Terceiro-setor-e-desenvolvimento-social- relato-setorial-no-3-as-geset.html https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ https://portal.estacio.br/unidades/centro-universit%C3%A1rio-est%C3%A1cio-de-ribeir%C3%A3o-preto/ http://www.bndes.gov.br/ http://www.revistas.ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/viewFile/438/392 http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/viewFile/3718/1749 http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/viewFile/3718/1749 http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/20anosLOAS.pdf http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/20anosLOAS.pdf http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/4UkPUxY8i39jY49rWvNM.pdf http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/terceirosimposio/erika_batista.pdf http://docplayer.com.br/255561-Terceiro-setor-e-desenvolvimento-social-relato-setorial-no-3-as-geset.html http://docplayer.com.br/255561-Terceiro-setor-e-desenvolvimento-social-relato-setorial-no-3-as-geset.html
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