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DISCIPLINAS
DIREITO PENAL .................................................... 7
DIREITO PROCESSUAL PENAL ...........................67
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE ........................133
REGIME JURÍDICO ÚNICO ................................263
ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO CEARÁ ........325
FACEBOOK.COM/CURSOPRIMEOFICIAL @CURSO_PRIME_@CURSOPRIMEOFICIAL
MÓDULO 2
APOSTILA – POLÍCIA CIVIL/CE
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Conteúdo
PARTE GERAL
Tópico 01 - Lei Penal ........................................................................................................................................................ 9
Tópico 02 - Teoria Geral do Crime ................................................................................................................................ 13
Tópico 03 - Concurso de Pessoas .................................................................................................................................. 24
Tópico 04 - Concurso de Crimes ................................................................................................................................... 26
Tópico 05 - Punibilidade .............................................................................................................................................. 27
PARTE ESPECIAL
Crimes em Espécie ........................................................................................................................................................ 30
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tópico 01 - Aplicação de Lei Processual no Tempo ..................................................................................................... 68
Tópico 02 - Investigação Criminal ............................................................................................................................... 69
Tópico 03 - Ação Penal ................................................................................................................................................. 75
Tópico 04 - Jurisdição e Competência ......................................................................................................................... 82
Tópico 05 - Prova........ .................................................................................................................................................. 88
Tópico 06 - Interceptação Telefônica (lei 9.296/96) .................................................................................................100
Tópico 07 - Sujeitos Processuais ................................................................................................................................102
Tópico 08 - Prisão, Medidas Cautelares e Liberdade Provisória .............................................................................104
Tópico 09 - Prisão em Flagrante, Prisão Preventiva e Prisão Temporária .............................................................111
Tópico 10 - Procedimento Especial para crimes de responsabilidade dos funcionários públicos .......................114
Tópico 11 - Habeas Corpus .........................................................................................................................................114
QUESTõES DE CONCURSOS ......................................................................................................................................117
FACEBOOK.COM/CURSOPRIMEOFICIAL @CURSO_PRIME_@CURSOPRIMEOFICIAL
DIREITO PENAL
PROF. OTONI QUEIROZ
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LPARTE GERAL
Tópico 01:
Lei Penal
1. LEGISLAÇÃO:
Anterioridade da Lei
Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não 
há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei penal no tempo
Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984)
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento 
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao 
crime cometido no território nacional. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como 
extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes 
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas 
em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em 
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos 
no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou 
fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu 
serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou 
domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a 
reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundoa lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no 
estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes condições: (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não 
ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo 
a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido 
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena 
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou 
nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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d) não há crime (ou contravenção penal), nem pena 
(ou medida de segurança) sem lei certa (princípio da 
taxatividade), princípio dirigido mais diretamente ao 
legislador, através do qual se exige dos tipos penais 
clareza, não devendo deixar margens a dúvidas;
e) não há crime (ou contravenção penal), nem pena 
(ou medida de segurança) sem lei necessária, 
desdobramento lógico do princípio da intervenção 
mínima (o direito penal só deve ser aplicado quando 
estritamente necessário).
Como visto acima, a medida de segurança, da mesma 
forma que a pena, também se submete ao princípio da 
legalidade. Isso porque a medida de segurança é uma 
espécie de sanção penal. Não foi por outro motivo que 
o STJ editou a súmula 527, entendendo que, quando 
a Constituição estabelece que não pode haver “penas 
de caráter perpétuo” (art. 5º, XLVII, CRFB/88), deve-se 
interpretar a expressão “penas de caráter perpétuo” em 
sentido amplo, ou seja, são proibidas sanções penais de 
caráter perpétuo, incluindo, portanto, tanto as penas 
como as medidas de segurança. Eis o teor da referida 
súmula:
Súmula 527 do STJ: O tempo de duração da medida 
de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da 
pena abstratamente cominada ao delito praticado.
OBSERVAÇÃO
A instituição de norma penal em branco (aquela 
que depende de complemento normativo), mais 
precisamente de norma penal em branco heterogênea 
(complemento normativo é extraído, por exemplo, de 
portaria do Poder Executivo), não ofende o princípio 
da legalidade porque o legislador já criou o tipo penal 
incriminador com todos os seus requisitos básicos, 
limitando-se a autoridade administrativa a explicitar 
um desses requisitos. Importante, aqui, lembrar os 
tipos de norma penal em branco:
a) Norma penal em branco própria (heterogênea ou 
em sentido estrito): o complemento normativo não 
emana do legislador
b) Norma penal em branco imprópria (homogênea 
ou em sentido amplo): o conceito normativo 
emana do legislador. Assim, podemos ter lei 
penal complementada por lei penal (chamada de 
norma penal em branco imprópria homóloga, 
como no caso do art. 327 do CP que complementa 
os tipos penais que prescrevem crimes contra a 
Administração Pública praticados por funcionário 
público) e lei penal complementada por lei advinda 
de outro ramo do direito (chamada de lei penal 
em branco imprópria heteróloga, como no caso 
do Código Tributário Nacional que complementa 
os tipos penais estabelecidos na lei que prescreve 
crimes contra a ordem tributária, ao conceituar e 
especificar os tributos).
iMPORTANTE
Eficácia de sentença estrangeira(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da 
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, 
pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições 
e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte 
interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de 
extradição com o país de cuja autoridade judiciária 
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição 
do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Contagem de prazo(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Frações não computáveis da pena(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de 
liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na 
pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos 
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de 
modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
2. COMENTÁRIOS:
I) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, CRFB/88 e 
art. 1º, CP) é uma garantia do cidadão contra o arbítrio do 
Estado. Sendo assim, conforme ensina Rogério Sanches 
Cunha, além da garantia de que o crime (ou contravenção 
penal) deve ser instituído por lei em sentido estrito 
(reserva legal), a doutrina desdobra o princípio em exame 
em outros cinco:
a) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou 
medida de segurança) sem lei anterior, proibindo-se a 
retroatividade maléfica;
b) não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou 
medida de segurança) sem lei escrita, excluindo-se o 
direito consuetudinário (costume) para fundamentação 
ou agravação de pena. Entretanto, o costume pode ser 
utilizado na elucidação do conteúdo dos tipos;
c) não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou 
medida de segurança) sem lei estrita, proibindo-se 
a utilização da analogia para criar tipo incriminador, 
fundamentar ou agravar pena. Entretanto, a analogia in 
bonam partem é perfeitamente possível;
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II) LEI PENAL NO TEMPO
A análise do art. 5º, XL, da CRFB/88 e do art. 2º do CP 
permite a conclusão de que, uma vez criada, a eficácia da lei 
penal no tempo deve obedecer a uma regra e a várias exceções.
A regra é a da prevalência da lei que se encontrava 
em vigor quando da prática do fato, ou seja, aplica-se a lei 
vigente quando da prática da conduta (tempus regit actum).
As exceções se verificam, por outro lado, na hipótese de 
sucessão de leis penais que disciplinem, total ou parcialmente, 
a mesma matéria. Assim, quatro situações podem ocorrer:
1. a lei cria nova figura penal (novatio legis incriminadora): 
somente pode atingir situações consumadas após sua 
entrada em vigor, não podendo retroagir, em hipótese 
alguma, conforme determina o art. 5º, XL,da CRFB/88.
2. a lei posterior se mostra mais rígida em comparação com 
a lei anterior (novatio legis in pejus ou lex gravior): a lei 
terá aplicação apenas a fatos posteriores à sua entrada 
em vigor, não podendo, também, retroagir, conforme 
expressa determinação constitucional.
3. a lei posterior extingue o crime (abolitio criminis): 
encontra previsão no art. 2º, caput, do CP e tem natureza 
jurídica de causa de extinção da punibilidade (art. 107, 
II, CP). A abolitio criminis alcança a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória (agente beneficiado 
que voltar a delinquir não será considerado reincidente, 
por exemplo), mas os efeitos civis sobrevivem (a 
obrigação de reparar o dano, por exemplo).
4. a lei posterior é benigna em relação à sanção penal ou 
à forma de seu cumprimento (novatio legis in mellius ou 
lex mitior): prevista no parágrafo único do art. 2º do CP, a 
retroatividade é automática e alcança inclusive os fatos 
já definitivamente julgados.
Ainda sobre a eficácia da lei penal no tempo, é importante 
destacar o teor das seguintes súmulas:
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 
11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas 
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o 
advindo da aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis.
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao 
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência 
é anterior à cessação da continuidade ou permanência.
O art. 3º do CP estabelece a ultratividade das leis 
temporárias e excepcionais, ou seja, essas leis se 
aplicam ao fato praticado durante sua vigência, embora 
decorrido o período de sua duração (temporária) 
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram 
(excepcional). Destaque-se que lei temporária 
(temporária em sentido estrito) é aquela que tem 
prefixado no seu texto o tempo de sua duração, ao 
passo que a lei excepcional (lei temporária em sentido 
amplo) é aquela que atende a excepcional situação 
de emergência (calamidade pública, por exemplo), 
perdurando durante todo o período excepcional.
OBSERVAÇÃO
III) TEMPO DO CRIME
Três teorias buscam responder a seguinte pergunta: 
quando o crime se considera praticado?
•	 Teoria da atividade: o crime se considera praticado no 
momento da conduta.
•	 Teoria do resultado: o crime se considera praticado no 
momento do resultado.
•	 Teoria da ubiquidade (ou mista): o crime se considera 
praticado no momento da conduta, bem como do 
resultado.
O Brasil adotou a teoria da atividade (art. 4º, CP).
IV) LEI PENAL NO ESPAÇO 
O Código Penal brasileiro limita o campo de validade da 
lei penal com observância de dois vetores fundamentais: a 
territorialidade (art. 5º, CP) e a extraterritorialidade (art. 7º, 
CP). Com base neles se estabelecem princípios que buscam 
solucionar os conflitos de leis penais no espaço, a saber:
•	 Princípio da territorialidade: aplica-se a lei do local do 
crime.
•	 Princípio da personalidade ativa (nacionalidade 
ativa ou apenas personalidade): aplica-se a lei da 
nacionalidade do sujeito ativo.
•	 Princípio da personalidade passiva (nacionalidade 
passiva): aplica-se a lei da nacionalidade do agente 
somente quando atinge direitos de um patrício.
•	 Princípio da defesa (real ou proteção): aplica-se a lei da 
nacionalidade do sujeito passivo ou do bem jurídico 
lesado.
•	 Princípio da universalidade do direito de punir (justiça 
penal universal ou universalidade, ou ainda cosmopolita): 
o agente fica sujeito a lei do país onde for encontrado.
•	 Princípio da bandeira (representação, pavilhão ou 
subsidiário): a lei penal nacional aplica-se aos crimes 
praticados em aeronaves ou embarcações privadas, 
quando no estrangeiro, e lá não sejam julgados.
O Brasil utiliza o princípio da territorialidade para os casos 
de crimes praticados no seu território (é uma territorialidade 
temperada, relativa ou mitigada, porque admite exceções), 
entendendo como território brasileiro o espaço físico ou 
geográfico e o espaço jurídico (território brasileiro por 
extensão ou por equiparação, estabelecido no § 1º do 
art. 5º, CP). Destaque-se, ainda, que a aplicação do princípio da 
territorialidade depende da identificação do lugar do crime 
e, nesse sentido, o Brasil adotou a teoria da ubiquidade 
(lugar do crime é tanto aquele em que foi praticada a conduta, 
quanto aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado, conforme estabelecido no art. 6º, CP).
Os demais princípios são utilizados nas situações 
excepcionais do art. 7º do CP, nos seguintes termos:
•	 Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”: adotado o princípio da defesa.
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•	 Art. 7º, I, “d”: adotado o princípio da universalidade do 
direito de punir (embora haja doutrina que defende que 
foi adotado o princípio da defesa).
•	 Art. 7º, II, “a”: adotado o princípio da universalidade do 
direito de punir.
•	 Art. 7º, II, “b”: adotado o princípio da personalidade ativa.
•	 Art. 7º, II, “c”: adotado o princípio da bandeira.
•	 Art. 7º, § 3º: adotado o princípio da defesa.
Perceba que, como alerta parte da doutrina, em 
nenhuma situação foi adotado o princípio da 
personalidade passiva.
OBSERVAÇÃO
A extraterritorialidade (situações excepcionais do 
art. 7º, CP) pode ser incondicionada ou condicionada, senão 
vejamos:
•	 Art. 7º, I, “a”, “b”, “c” e “d”: configurada alguma dessas hipóteses 
a lei brasileira não depende de qualquer requisito ou 
condição para ser aplicada (art. 7º, § 1º, CP). Registre-se 
que nesses casos de extraterritorialidade incondicionada, 
a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta 
no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas (art. 8º, CP).
•	 Art. 7º, II, “a”, “b” e “c”: configurada alguma dessas hipóteses 
a lei brasileira somente será aplicada se preenchidas as 
condições estabelecidas no § 2º do art. 7º, CP.
•	 Art. 7º, § 3º: trata-se de uma extraterritorialidade 
hipercondicionada, pois depende das condições 
do § 2º + § 3º, ambos do art. 7º, CP.
Não se admite a aplicação da lei penal brasileira às 
contravenções penais praticadas no estrangeiro 
(art. 2º, Decreto-lei nº 3.688/1941 – Lei das 
Contravenções Penais).
OBSERVAÇÃO
V) CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS
Segundo Cleber Masson, o conflito aparente de leis 
penais ocorre “quando a um único fato se revela possível, 
em tese, a aplicação de dois ou mais tipos legais, ambos 
instituídos por leis de igual hierarquia e originárias da mesma 
fonte de produção e também em vigor ao tempo da prática 
da infração penal”.
Conclui o referido autor dizendo que o “conflito é 
aparente, pois desaparece com a correta interpretação da lei 
penal, que se dá com a utilização de princípios adequados”.
O conflito aparente de leis penais não tem previsão legal. 
O Código penal não disciplinou expressamente o assunto.
A doutrina indica, em geral, quatro princípios para 
solucionar o conflito aparente de leis penais, senão, vejamos:
1) Princípio da especialidade: seguindo ainda a doutrina 
de Cleber Masson, “lei especial é a que contém todos 
os dados típicos de uma lei geral, também outros, 
denominados especializantes. A primeira prevê o 
crime genérico, ao passo que a última traz em seu 
bojo o crime específico”. Exemplo: aquele que importa, 
clandestinamente, qualquer produto, incidirá na regra 
geral, prevista no art. 334 do Código Penal (crime de 
contrabando), mas se o produto importado for droga, o 
crime será o tráfico de drogas, tipificado no art. 33, caput, 
da Lei nº 11.343/06.
2) Princípio da subsidiariedade: a subsidiariedade indica 
que uma norma será aplicada quando uma outra norma 
não for suficiente para regular o caso (lex primaria derogat 
legit subsidiarie, ou seja, a lei primária tem prevalência 
sobrea lei subsidiária). A subsidiariedade pode ser 
expressa ou explícita (o tipo penal só incide se o fato 
não for mais grave e isso está expressamente previsto na 
descrição típica). Por exemplo: os crimes dos arts. 132 e 
314 do Código Penal. A subsidiariedade ainda pode ser 
tácita ou implícita (ocorre quando um fato menos grave 
está contido na descrição típica de um fato mais grave). 
Exemplo: o crime de furto (art. 155, CP) é subsidiário 
diante do crime de roubo (art. 157, CP).
3) Princípio da consunção ou da absorção: aplica-se 
quando um crime menos grave é meio necessário, fase 
de preparação ou de execução de outro mais nocivo, 
respondendo o agente somente pelo último. São casos 
de aplicação do princípio da consunção: (1) Crime 
complexo: há junção de dois ou mais crimes (furto + 
constrangimento ilegal = roubo); (2) Crime progressivo: 
o agente desde o início já quer cometer o crime-fim (para 
praticar homicídio o agente precisa antes lesionar); (3) 
Progressão criminosa: o agente muda de ideia durante 
a execução da infração e passa a almejar o crime-fim 
após a prática do crime-meio (inicialmente o agente quer 
lesionar e depois decide matar); (4) Antefato impunível: 
ocorre quando o agente pratica um fato e posteriormente 
realiza outro, no qual o anterior figura como meio e neste 
exaure sua potencialidade lesiva, ou seja, todo o malefício 
do fato anterior deve se esgotar no fato subsequente 
(é o caso da súmula 17 do STJ); (5) Pós-fato impunível: 
ocorre quando, após a consumação, o agente realiza nova 
conduta atingindo o mesmo bem jurídico, do mesmo 
titular, sem agravar a potencialidade jurídica, ou seja, sem 
piorar a situação (furta um bem e depois vende).
4) Princípio da alternatividade: aplicável aos crimes de 
conteúdo múltiplo, ou seja, crimes que possuem vários 
verbos. Pelo princípio da alternatividade, várias condutas 
praticadas no mesmo contexto fático constituem 
um crime único, porque os verbos são alternativos. 
Por exemplo, quem importa e vende cocaína pratica 
um único crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, 
Lei nº 11.343/06).
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LTópico 02:
Teoria Geral do Crime
1. LEGISLAÇÃO:
Relação de causalidade(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência 
do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Superveniência de causa independente(Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A superveniência de causa relativamente 
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu 
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a 
quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Relevância da omissão(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando 
o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 
O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir 
o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco 
da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos 
de sua definição legal;  (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma 
por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se 
a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 
diminuída de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Desistência voluntária e arrependimento 
eficaz(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de 
prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Arrependimento posterior(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o 
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do 
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia 
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, 
é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu 
o risco de produzi-lo; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)
Crime culposo(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por 
imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, 
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, 
senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Agravação pelo resultado(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a 
pena, só responde o agente que o houver causado ao menos 
culposamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre elementos do tipo(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal 
de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime 
culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Descriminantes putativas(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, 
se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena 
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime 
culposo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o 
erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Erro sobre a pessoa(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é 
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, 
as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa 
contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a ilicitude do fato(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro 
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se 
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o 
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do 
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Coação irresistível e obediência hierárquica (Redaçãodada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível 
ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente 
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação 
ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Exclusão de ilicitude(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses 
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem 
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou 
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito 
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não 
era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem 
tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito 
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a 
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde 
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente 
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas 
na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou 
substância de efeitos análogos. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez 
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, 
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se 
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou 
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a 
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
2. COMENTÁRIOS:
I) NOÇõES INICIAIS
1. O Brasil é adepto do critério bipartido (ou dicotômico), 
onde infração penal é gênero do qual temos duas 
espécies:
a) Crime (ou delito);
b) Contravenção penal (ou ainda crime anão, crime 
vagabundo, crime liliputiano).
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LOntologicamente, ou seja, na essência, não há diferença 
entre crime e contravenção penal, ambos são ilícitos 
penais. Entretanto, há uma diferença estabelecida pela 
legislação brasileira com base na pena cominada. 
Sendo assim, “considera-se crime a infração penal a que 
a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente 
com a pena de multa, contravenção, a infração penal a 
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples 
ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente” 
(art. 1º, Decreto-lei nº 3.914/1941).
OBSERVAÇÃO
2. Além da diferença supracitada, a doutrina aponta 
outras, todas relacionadas ao grau, não havendo distinção 
quanto ao significado (conforme vimos, a diferença não é 
ontológica), quais sejam:
a) Ação penal: o crime pode ser de ação penal pública 
(incondicionada ou condicionada) ou de ação penal 
privada, já a contravenção penal é de ação penal pública 
incondicionada (art. 17, Decreto-lei nº 3.688/1941 – Lei 
das Contravenções Penais).
b) Punibilidade da tentativa: a tentativa de crime é punida 
(art. 14, II, CP), ao passo que a tentativa de contravenção 
penal não é punida (art. 4º, Decreto-lei nº 3.688/1941 – 
Lei das Contravenções Penais).
c) Extraterritorialidade da lei: o crime admite a 
extraterritorialidade da lei penal (art. 7º, CP) 
enquanto a contravenção penal não admite (art. 2º, 
Decreto-lei nº 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais).
d) Competência para o processo e julgamento: o crime 
pode ser julgado na justiça federal ou estadual, já a 
contravenção penal apenas na justiça estadual, por 
expressa vedação constitucional (art. 109, IV, CF).
e) Limite máximo da pena a cumprir: no crime o tempo 
é de 30 anos (art. 75, CP) e na contravenção penal é 
de 5 anos (art. 10, Decreto-lei nº 3.688/1941 – Lei das 
Contravenções Penais).
f ) Período de prova da suspensão condicional da pena 
(sursis): no crime é de 2 a 4 anos para o sursis comum 
(art. 77, CP), havendo exceções, como no caso do sursis 
etário ou humanitário, que é de 4 a 6 anos (art. 77, § 2º, 
CP). Na contravenção penal, o período de prova do sursis 
é de 1 a 3 anos (art. 11, Decreto-lei nº 3.688/1941 – Lei 
das Contravenções Penais).
3. Conceito de crime:
a) Material: crime é a ação ou omissão que contraria os 
valores ou interesses do corpo social, exigindo sua 
proibição com a ameaça de pena.
b) Formal: crime é toda a ação ou omissão proibida por lei, 
sob ameaça de pena.
c) Analítico: diz respeito aos elementos estruturais do crime, 
e depende do sistema adotado. Assim é que, apenas para 
ilustrar (já que existem diversos sistemas), no sistema 
causalista, o crime é composto por três elementos, 
quais sejam, a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade. É 
importante destacar que para tal sistema o dolo e a culpa 
fazem parte da culpabilidade. Para o sistema finalista 
o crime também é composto por três elementos, a 
tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade, sendo que o dolo 
e a culpa migraram para a tipicidade, mais precisamente 
para a conduta, que se encontra na tipicidade. Há 
também o chamado finalismo dissidente, que sustenta 
que o crime possui dois elementos (teoria bipartida), a 
tipicidade e a ilicitude, sendo a culpabilidade um mero 
pressuposto de aplicação de pena. Registre-se que no 
finalismo dissidente o dolo e a culpa também fazem 
parte da tipicidade, ou seja, se encontram na conduta, 
que, como já dito, faz parte da tipicidade.
4. Sujeitos do crime:
a) Sujeito ativo: é o autor da infração penal.
Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica 
em crimes ambientais (art. 225, § 3º, da CRFB/88, e 
art. 3º, da Lei nº 9.605/98).
OBSERVAÇÃO
b) Sujeito passivo: pessoa (física ou jurídica) que sofre as 
consequências da infração penal.
Crime vago é aquele que figura como sujeito passivo 
um ente despersonalizado.Exemplo: no crime de 
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14, 
Lei nº 10.826/03) o sujeito passivo é a sociedade.
OBSERVAÇÃO
5. Objeto material e objeto jurídico:
O objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai 
a conduta criminosa (por exemplo, o relógio, no furto). O 
objeto jurídico é o interesse protegido pela norma penal (por 
exemplo, a vida, o patrimônio, a paz pública, a Administração 
Pública).
II) FATO TÍPICO
Elementos do fato típico (segundo uma visão finalista):
a) Conduta dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva;
b) Resultado;
c) Nexo de causalidade entre a conduta e o resultado;
d) Tipicidade (formal e material).
A) CONDUTA: diversas teorias buscam definir a conduta, 
e a adoção de cada uma delas importa em modificações 
estruturais na forma de encarar o Direito Penal. Ao tratar do 
conceito analítico de crime, foram mostradas algumas dessas 
teorias (sistemas), e, nesse momento, veremos novamente 
duas das principais delas visando apenas ressaltar os 
aspectos mais importantes dessas teorias no que se refere ao 
elemento “conduta”.
a) Teoria clássica, naturalística ou causal: conduta é um 
movimento humano voluntário que produz modificação 
no mundo exterior (resultado). A caracterização da 
conduta criminosa depende somente da circunstância 
de o agente produzir fisicamente um resultado previsto 
em lei como infração penal, independentemente de dolo 
ou culpa. Para a teoria clássica, dolo e culpa se encontram 
na culpabilidade, não na conduta.
b) Teoria final ou finalista: conduta é o comportamento 
humano voluntário conscientemente dirigido a um 
fim. Assim, como já foi dito acima, o dolo e a culpa, que 
para a teoria clássica residiam na culpabilidade, foram 
deslocados para a conduta, e, portanto, para o fato típico. 
Para a maioria da doutrina o Código Penal brasileiro é 
finalista.
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Causas que excluem a conduta:
1) Caso fortuito ou força maior: falta voluntariedade do 
comportamento.
2) Atos reflexos: não há voluntariedade (como no caso de 
alguém sofrer um choque e matar outrem).
3) Estados de inconsciência: como no caso do sonambulismo 
e da hipnose.
4) Coação física irresistível: falta voluntariedade.
A.1) CONDUTA DOLOSA: art. 18, I, CP.
Conceito: o dolo é a vontade consciente dirigida a 
realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal 
incriminador. Destarte, são elementos do dolo a consciência 
(previsão) e a vontade (querer/aceitar).
Teorias acerca do dolo:
1) Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer 
praticar a infração penal.
2) Teoria da representação: ocorre dolo toda vez que o 
agente, prevendo o resultado como possível, continua 
com sua conduta.
3) Teoria do consentimento ou assentimento: ocorre dolo 
toda vez que o agente, prevendo o resultado, decide 
continuar sua conduta, assumindo o risco de produzi-lo.
O Código Penal adotou as teorias da vontade (“quis”) 
para o dolo direto e do assentimento (“assumiu”) para 
o dolo eventual, conforme o art. 18, I, CP.
OBSERVAÇÃO
Espécies de dolo:
1) Dolo direto ou determinado: ocorre quando o agente 
prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta no 
sentido de realizar esse resultado. O dolo direto pode 
ser classificado em: dolo de 1º grau (quando não há a 
possibilidade dos chamados efeitos colaterais, como 
no caso em que “A” deseja matar “B” e efetivamente 
dispara contra ele) e dolo de 2º grau (que tem os efeitos 
colaterais, como no caso do agente que coloca uma 
bomba no carro para matar determinada pessoa que 
anda com seguranças e, ao explodir a bomba, mata a 
pessoa e os seguranças).
2) Dolo indireto ou indeterminado: ocorre quando o 
agente prevê pluralidade de resultados, não buscando 
realizar evento determinado. Pode ser eventual (o 
agente prevê pluralidade de resultados, porém dirige 
sua conduta na busca de apenas um, assumindo o risco 
de produzir o outro) e alternativo (o agente prevê 
pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na 
busca de um ou outro).
A doutrina fala ainda em dolo de dano (quando o agente 
quer causar uma lesão ao bem jurídico protegido, como 
no crime do art. 121, CP) e dolo de perigo (quando o 
agente quer apenas causar um perigo ao bem jurídico 
protegido, como no crime do art. 132, CP). Há também 
o dolo genérico (o agente quer provocar o resultado 
descrito no tipo penal sem finalidade específica; 
chamado atualmente apenas de dolo) e o dolo 
específico (o agente quer provocar o resultado descrito 
no tipo penal com finalidade específica; chamado 
atualmente de elemento subjetivo especial do tipo 
ou elemento subjetivo do tipo específico). Assim, com 
relação às duas últimas espécies, pouco importa, por 
exemplo, a razão pela qual “A” mata “B”, pois o homicídio 
(art. 121, CP) dispensa qualquer finalidade especial para 
concretizar-se (basta o dolo genérico de matar alguém). 
Entretanto, só se pode falar em prevaricação (art. 319, 
CP) caso o funcionário público deixe de praticar ou 
retarde o ato de ofício para satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal. Aí está o dolo específico, não basta 
o simples dolo de deixar de praticar ou retardar o ato 
de ofício. Outra espécie é o dolo geral (ou por erro 
sucessivo), que ocorre quando o agente, supondo já ter 
alcançado determinado resultado visado, pratica nova 
ação que efetivamente o provoca (agente achou que já 
havia matado a vítima e joga o corpo no rio, quando 
efetivamente ocorre a morte).
OBSERVAÇÃO
A.2) CONDUTA CULPOSA: art. 18, II, CP.
Conceito: a culpa consiste numa conduta voluntária que 
realiza um fato ilícito não querido ou aceito pelo agente, 
mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era 
previsível (culpa inconsciente) e que poderia, com a devida 
atenção, ter evitado.
Elementos da culpa:
1) Conduta (ação ou omissão).
2) Violação de um dever de cuidado objetivo (o agente 
atua em desacordo com o esperado pela lei ou pela 
sociedade). Nessa linha, o agente viola um dever de 
cuidado objetivo quando age com imprudência (é a 
prática de uma conduta arriscada ou perigosa e tem 
caráter comissivo), negligência (é a displicência no 
agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, 
que, podendo adotar as cautelas necessárias, não o 
faz) ou imperícia (é a falta de capacidade, de aptidão, 
despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos 
para o exercício de arte, profissão ou ofício), que são 
modalidades de culpa.
3) Resultado naturalístico.
4) Nexo causal.
5) Previsibilidade: possibilidade que tinha o agente de 
conhecer o perigo advindo da sua conduta (a culpa 
consciente não possui esse elemento).
6) Tipicidade: art. 18, parágrafo único, CP (deve haver 
previsão da culpa no tipo penal, caso contrário, o crime é 
doloso).
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Espécies de culpa:
1) Culpa própria: gênero do qual são espécies culpa 
consciente e culpa inconsciente.
1.1) Culpa consciente: o agente prevê o resultado, decidindo 
prosseguir com sua conduta porque acredita que pode 
evitá-lo.
1.2) Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, 
entretanto, lhe era previsível.
2) Culpa imprópria: é aquela em que o agente, por 
erro, supõe está acobertado por uma excludente da 
ilicitude (descriminante putativa) e, em razão disso, 
provoca intencionalmente o resultado ilícito (chama-
se imprópria porque propriamente dito é um crime 
doloso). Embora a ação seja dolosa, por motivos de 
política criminal, o agente responde por crime culposo 
quando o erro é evitável (art. 20, § 1º).
A.3) CRIME PRETERDOLOSO: art. 19 do CP.
Conceito: trata-se de uma espécie de delito qualificado 
pelo resultado, consistente num misto de dolo (na conduta)e culpa (no resultado). Exemplo: art. 129, § 3º, CP.
A.4) ERRO DE TIPO: art. 20, CP.
Conceito: é a falsa percepção da realidade (art. 20, CP). O 
erro de tipo essencial pode afastar o dolo e a culpa, tornando, 
portanto, o fato atípico por ausência de conduta dolosa e 
culposa. Vejamos as suas espécies:
(1) Erro de tipo essencial: o erro recai sobre dados 
principais do tipo. Pode ser:
(1.1) Inevitável/escusável: exclui dolo e culpa.
(1.2) Evitável/inescusável: exclui o dolo, mas a culpa é 
punida, se prevista em lei.
(2) Erro de tipo acidental: o erro recai sobre dados 
periféricos do tipo. Pode ser:
(2.1) Erro sobre o objeto: representação equivocada do 
objeto material “coisa” visado pelo agente. Não exclui 
dolo nem culpa (também não isenta o agente de 
pena). Responde pelo crime considerando o objeto 
efetivamente atingido pela conduta (não tem previsão 
legal). Exemplo: quero subtrair sal, subtraio açúcar.
(2.2) Erro sobre a pessoa: representação equivocada do 
objeto material “pessoa” visado pelo agente. Não exclui 
dolo nem culpa (também não isenta o agente de pena). 
Responde pelo crime considerando a vítima virtual e não 
a real (previsto no § 3º, art. 20, CP). Exemplo: atira numa 
pessoa pensando que é o irmão, mas é um estranho.
(2.3) Erro sobre a execução (aberratio ictus): mira no irmão, 
porém, quando dispara, por erro na execução, atinge 
outra pessoa (previsto no art. 73, CP). Não exclui dolo 
nem culpa (também não isenta o agente de pena). 
Responde pelo crime considerando a vítima virtual e não 
a real (mesma consequência do erro sobre a pessoa).
(2.4) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): 
queria danificar o veículo do vizinho, porém, por erro 
na execução, acabo atingindo a pessoa do motorista 
(previsto no art. 74, CP). Veja que aqui o resultado foi 
diverso: queria ofender patrimônio, ofende pessoa. 
Na aberratio ictus, o resultado foi o mesmo (pessoa/
pessoa). O agente responde pelo resultado produzido 
a título de culpa (não isente de pena).
(2.5) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): o agente, 
querendo determinado resultado mediante certo nexo 
causal, o produz efetivamente, porém, com nexo diverso 
(não tem previsão legal). Fala-se em erro sobre o nexo 
em sentido estrito, quando o agente, mediante um 
único ato, produz o resultado visado, porém com nexo 
diverso (exemplo: “A” empurra “B” para que caia no mar 
e morra afogada, mas na queda “B” bate com a cabeça e 
já cai no mar morto; o resultado morte é o mesmo, mas 
o nexo é outro, porque a causa não foi o afogamento, 
mas o traumatismo craniano). Há também o dolo 
geral como outra espécie do erro sobre o nexo causal, 
quando o agente, mediante conduta desenvolvida em 
dois ou mais atos, provoca o resultado desejado, porém 
com nexo diverso (agente achou que já havia matado 
a vítima e joga o corpo no rio, quando efetivamente 
ocorre a morte). Em ambos os casos, responde pelo 
resultado provocado, desde que tenha sido igual ao 
pretendido.
O CP trata ainda do erro provocado por terceiro, 
previsto no art. 20, § 2º, CP (é o caso da enfermeira que 
aplica em um paciente, a pedido do médico, injeção 
contendo veneno letal, sem saber o seu conteúdo; a 
enfermeira que executou a ação não agiu com dolo 
ou culpa, respondendo pelo resultado, portanto, tão-
somente o médico que determinou o erro), bem como 
das descriminantes putativas, previstas no artigo 20, 
§ 1º, CP, que ocorre quando o agente atua supondo 
encontrar-se numa situação de legítima defesa, de 
estado de necessidade, de estrito cumprimento de 
dever legal ou de exercício regular de direito (é o caso 
daquele que, ao encontrar seu desafeto, e notando que 
tal pessoa coloca a mão no bolso, saca de seu revólver 
e o mata, vindo a descobrir, depois, que a vítima tinha 
colocado a mão no bolso para pegar um lenço; se o erro 
for inevitável exclui o dolo e a culpa, sendo o agente 
isento de pena, ou responde por crime na modalidade 
culposa, quando prevista tal modalidade em lei, se o 
erro for evitável).
OBSERVAÇÃO
Por fim, vejamos abaixo os dispositivos legais que tratam 
do erro na execução e do resultado diverso do pretendido.
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de 
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia 
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse 
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no 
§ 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a 
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 
70 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Resultado diverso do pretendido
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por 
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado 
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato 
é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado 
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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A.5) CONDUTA COMISSIVA (AÇÃO) E OMISSIVA:
Considerações gerais: a conduta, além de dolosa ou 
culposa, pode representar um fazer (ação) ou um não fazer 
(omissão). A ação e a omissão são os meios pelos quais a 
conduta se exterioriza, se apresenta ao mundo. De acordo 
com a forma pela qual é praticada a conduta criminosa temos:
1) Crimes comissivos: são aqueles praticados mediante 
uma conduta positiva, um fazer, tal como se dá no 
homicídio (art. 121, CP), no roubo (art. 157, CP), no 
estelionato (art. 171, CP), etc.
2) Crimes omissivos: são aqueles cometidos por meio 
de uma conduta negativa, de uma inação. Os delitos 
omissivos se subdividem em:
2.1) Crimes omissivos próprios: a omissão está descrita 
no tipo penal. Exemplos: os arts. 135 e 320 do CP; 
arts. 228 e 229 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e 
do Adolescente); e art. 4º, “c” e “d” da Lei nº 4.898/65 (Lei 
do Abuso de Autoridade).
2.2) Crimes omissivos impróprios (ou comissivos por 
omissão): de sua parte, são crimes comissivos (como o 
homicídio, o furto, etc.), praticados por meio de uma 
inatividade. Caso, por exemplo, a mãe se recuse a 
alimentar o recém-nascido, fazendo com que este, por 
sua negligência, morra de inação, deverá responder pelo 
resultado, isto é, por homicídio culposo. Se, em vez da 
culpa, tiver desejado a morte da criança ou aceitado o 
risco de ela ocorrer, será responsabilizada por homicídio 
doloso. É preciso destacar que, nos crimes omissivos 
impróprios, a punição do agente que nada fez e, com 
isto, permitiu que o crime se consumasse, depende da 
existência prévia de um dever jurídico de agir para evitar 
um resultado. As hipóteses em que há, nos termos da lei 
penal, dever de agir para evitar resultados encontram-se 
estabelecidas no art. 13, § 2º, do CP.
Registre-se que há crimes de conduta mista. Neste 
caso, o tipo penal se perfaz com duas condutas, uma 
ação seguida de uma omissão, como, por exemplo, no 
delito do art. 169, parágrafo único, II, CP.
OBSERVAÇÃO
B) RESULTADO
Conceito: é a consequência provocada pela conduta do 
agente.
Espécies de resultado:
(1) Resultado jurídico ou normativo: é a lesão ou exposição 
a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela norma 
penal. Sob o aspecto jurídico, todo crime tem resultado.
(2) Resultado naturalístico: mudança física no mundo 
exterior. Sob o aspecto naturalístico, nem todo crime 
tem resultado. Assim, vejamos uma classificação dos 
crimes quanto ao resultado naturalístico:
a) Crime material: o tipo penal descreve conduta e 
resultado, exigindo este para sua consumação. Exemplo: 
homicídio (art. 121, CP).
b) Crime formal: o tipo penal descreve conduta e resultado, 
mas não exige o evento para sua consumação. Exemplo: 
concussão (art. 316, caput, CP), onde não é necessária a 
obtenção davantagem para a consumação do crime.
c) Crime de mera conduta: o tipo penal descreve apenas 
a conduta, bastando esta para o crime se consumar. 
Exemplos: desobediência (art.338, CP) e reingresso de 
estrangeiro expulso (art. 338, CP).
C) NEXO CAUSAL (OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE)
Teoria da equivalência dos antecedentes causais
O nexo de causalidade é o vínculo estabelecido entre 
a conduta (causa) e o resultado (efeito). Assim, será causa a 
conduta que levou ao resultado (temos uma relação de causa 
e efeito).Exemplo: o envenenamento (causa) levou à morte 
(resultado) de Antônio.
O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos 
antecedentes causais ou da “conditio sine qua non”. 
Segundo tal teoria, considera-se causa a ação ou omissão 
sem a qual o resultado não teria ocorrido. Isso quer dizer 
que todos os fatos que antecedem o resultado se equivalem, 
desde que indispensáveis para sua ocorrência. Verifica-se 
se o fato antecedente é causa do resultado a partir de uma 
eliminação hipotética (chamado processo hipotético de 
eliminação). Vejamos o exemplo de Damásio E. de Jesus:
“A causou a morte de B e, para isso, alguns antecedentes 
aconteceram: produção do revólver pela indústria, aquisição 
da arma pelo comerciante, compra do revólver pelo agente, 
refeição tomada pelo homicida, emboscada, disparos dos 
projéteis na vítima, resultado morte”.
Dentro dessa cadeia, excluindo-se a refeição, o evento 
ainda assim teria ocorrido. Portanto, a refeição tomada pelo 
sujeito não é considerada como sendo causa do resultado. É 
claro que para que um acontecimento ingresse na relação de 
causalidade, não basta a mera dependência física, exige-se a 
presença do dolo ou da culpa por parte do agente em relação 
ao resultado (se não fosse assim, até os pais do criminoso 
seriam culpados, já que o colocaram no mundo!).
Relevância causal da omissão
O artigo 13, § 2º do CP trata da questão do nexo de 
causalidade nos denominados crimes omissivos impróprios, 
também chamados de comissivos por omissão. Nessa 
modalidade de delito, a simples omissão seria atípica, mas, 
como o agente tinha um dever de evitar o resultado e não 
o fez, responde pelo resultado delituoso que deveria ter 
evitado. Segundo o dispositivo legal, a omissão é penalmente 
relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
1) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. 
Neste caso, o dever de agir é imposto pela lei. É o caso, por 
exemplo, da mãe em relação a seus filhos; do salva-vidas 
em relação aos banhistas; do médico em relação ao ferido.
2) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado. Neste caso, a posição de garantidor não decorre 
da lei, mas de qualquer outra forma. Exemplo clássico é 
o dever de cuidado assumido por meio do contrato. 
Exemplo: a babá em relação à criança aos seus cuidados; 
o guia em relação às pessoas a serem guiadas; o instrutor 
em relação aos escoteiros.
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3) Com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. No último caso, o legislador impõe 
o dever de impedir o resultado, àquele que, por meio de 
conduta anterior, criou o risco do resultado. Exemplo: 
aquele que acende a fogueira deve agir no sentido de 
impedir que do incêndio causado decorra dano.
Concausas: no estudo da relação de causalidade, podemos 
nos deparar com concorrência de causas (concausas) na 
produção do mesmo resultado. As concausas podem ser 
preexistente, concomitante ou superveniente, relativamente 
ou absolutamente independente à conduta do agente.
O resultado não pode ser atribuído ao agente quando 
a causa do evento é absolutamente independente da 
conduta do agente, não importando se preexistente (“A” 
esfaqueia “B” que antes já havia sido envenenado, morrendo 
em razão do envenenamento), concomitante (uma pessoa 
está envenenando a vítima, quando entram bandidos no 
local e matam a vítima com disparos de arma de fogo) ou 
superveniente (após o envenenamento, cai um lustre na 
cabeça da vítima, que morre por traumatismo craniano).
Se relativamente independente, só exclui a imputação 
quando, superveniente, por si só produziu o resultado, 
saindo da linha de desdobramento causal normal da conduta 
(ambulância transportando vítima de facadas acidenta-se, 
matando o paciente). Rompe-se o nexo causal e o agente 
não responde pelo resultado, mas somente pelos atos até 
então praticados.
Tem-se entendido como causas supervenientes 
relativamente independentes que não produzem por si só o 
resultado o erro médico e a infecção hospitalar no paciente 
ferido com disparo de arma de fogo. Nessas hipóteses, 
estando o erro médico e a infecção hospitalar na mesma 
linha de desdobramento causal normal da conduta, o agente 
responde pelo resultado.
Assim, vejamos:
1. Causa:
1.1. Absolutamente independente (devem ser imputados 
ao agente somente os atos praticados, e não o resultado 
naturalístico, seja a causa preexistente, concomitante 
ou superveniente).
1.2. Relativamente independente:
1.2.1. Preexistente (responde pelo resultado naturalístico).
1.2.2. Concomitante (responde pelo resultado naturalístico).
1.2.3. Superveniente (desde que produza por si só o 
resultado, o agente só responde pelos atos até então 
praticados, conforme artigo 13, § 1º do CP).
D) TIPICIDADE
Conceito: “é a operação pela qual se analisa se o fato 
praticado pelo agente encontra correspondência em uma 
conduta prevista em lei como crime ou contravenção penal. 
A conduta de matar alguém tem amparo no art. 121 do 
Código Penal. Há, portanto, tipicidade entre a conduta e a lei 
penal” (Cleber Masson).
Atualmente podemos falar em tipicidade formal 
quando a conduta formalmente se encaixa no tipo penal 
(agente entra no supermercado e subtrai garrafas de uísque; 
a conduta se encaixa perfeitamente no tipo penal do art. 155, 
CP) e de tipicidade material quando a conduta gera uma 
lesão relevante ao tipo penal (no caso do agente que subtrai 
chiclete no supermercado, não houve lesão significativa ao 
tipo penal e, portanto, não há tipicidade material, embora 
haja tipicidade formal). O princípio da insignificância, 
também chamado de princípio da bagatela ou infração 
bagatelar própria, é causa excludente da tipicidade material.
A jurisprudência consagrou os seguintes requisitos 
para a aplicação do princípio da insignificância: 
mínima ofensividade da conduta do agente, 
nenhuma periculosidade da ação, reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento, inexpressiva 
lesão jurídica. Ademais, cabe destacar os seguintes 
entendimentos sumulados acerca do princípio da 
insignificância:
Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da 
insignificância nos crimes ou contravenções penais 
praticados contra a mulher no âmbito das relações 
domésticas.
Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é 
inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
Súmula 606 do STJ: Não se aplica o princípio da 
insignificância aos casos de transmissão clandestina de 
sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o 
fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
IMPORTANTE
De acordo com o princípio da adequação social, “não 
pode ser considerado criminoso o comportamento 
humano que, embora tipificado em lei, não afrontar 
o sentimento social de Justiça” (Cleber Masson). 
Assim, se aplicado, tal princípio afastaria a tipicidade 
de determinadas condutas que, em que pese 
serem típicas, são socialmente aceitas e toleradas. 
Entretanto, a jurisprudência considerou típica, formal 
e materialmente, a conduta prevista no artigo 184, § 
2º, do Código Penal, afastando, assim, a aplicação do 
princípio da adequação social, de quem expõe à venda 
CD’s e DVD’s “piratas”. A propósito, transcreve-se o teor 
da súmula 502 do STJ:
Súmula 502 do STJ: Presentes a materialidade e aautoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto 
no art. 184, §2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs 
e DVDs piratas.
OBSERVAÇÃO
II) ILICITUDE
Conceito de ilicitude: “é a contradição entre uma conduta e o 
ordenamento jurídico” (Julio Fabbrini Mirabete). Boa parte da 
doutrina equipara ilicitude e antijuridicidade.
Excludentes da ilicitude: presente uma excludente de 
ilicitude, estará excluída a infração penal. Crime e infração 
penal deixam de existir, pois o fato típico não é contrário ao 
Direito (art. 23, CP). As causas de exclusão da ilicitude são 
também denominadas de causas de justificação, justificativas, 
descriminantes e tipos penais permissivos.
Previsão legal: causas genéricas estão previstas no art. 23 do 
CP e as específicas ou especiais estão previstas pela parte 
especial, com aplicação em alguns crimes (art. 128, aborto / 
art. 142, injúria e difamação / art. 146, § 3º, I, constrangimento 
ilegal) e também na legislação penal especial (lei nº 9.605/98, 
art. 37, crimes ambientais).
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Elementos objetivos e subjetivos nas causas de exclusão da 
ilicitude: os de ordem subjetiva são aqueles expressos, ou 
implícitos, mas sempre determinados pela lei penal, ao passo 
que no requisito de ordem subjetiva o agente deve saber 
que atua amparado por uma causa que exclua a ilicitude de 
sua conduta (além do caráter objetivo da legítima defesa, por 
exemplo, é necessário que exista, em quem reage, a vontade 
de defender-se).
Causa supralegal de exclusão da ilicitude: consentimento do 
ofendido. Cabível para bens juridicamente disponíveis, tendo 
que ser expresso, livre (concedido sem coação ou ameaça), 
manifestado previamente à consumação da infração penal 
e o ofendido deve ser plenamente capaz para consentir.
Causas legais de exclusão da ilicitude:
(A) Estado de necessidade:
-Previsão legal: art. 24, CP
-Conceito: situação de perigo caracterizada pela colisão 
entre bens jurídicos pertencentes a pessoas diversas que se 
soluciona com a autorização conferida pelo ordenamento 
jurídico para o sacrifício de um deles para a preservação do 
outro.
-Requisitos:
1. Perigo atual;
2. Perigo não provocado voluntariamente pelo agente;
3. Ameaça a direito próprio ou alheio;
4. Ausência de dever legal de enfrentar o perigo (art. 24, § 1º);
5. Inevitabilidade do perigo por outro modo
6. Razoabilidade.
-Estado de necessidade justificante (excludente de 
ilicitude) e estado de necessidade exculpante (excludente de 
culpabilidade): temos abaixo duas teorias para explicar tais 
conceitos.
1. Teoria diferenciadora: traça uma distinção entre estado 
de necessidade justificante (que afasta a ilicitude) 
e estado de necessidade exculpante (que elimina a 
culpabilidade). Assim, para essa teoria, há estado de 
necessidade justificante quando o bem protegido 
possui valor superior (vida, por exemplo) ao bem 
sacrificado (patrimônio, por exemplo) e ocorre estado de 
necessidade exculpante quando o bem protegido possui 
valor igual ou inferior ao bem sacrificado.
2. Teoria unitária: o estado de necessidade é sempre causa 
excludente da ilicitude (sempre justificante), desde que 
o bem protegido seja de valor superior ou igual ou bem 
sacrificado (exige, assim, razoabilidade na conduta do 
agente). Quando o bem protegido possui valor inferior 
ao bem sacrificado, haverá, segundo a legislação, causa 
de diminuição de pena. Foi a adotada pelo CP no art. 
24, caput: “... cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 
razoável exigir-se” e § 2º do art. 24 (autoriza a diminuição 
da pena, de um a dois terços).
1. Estado de necessidade recíproco: é possível que 
duas ou mais pessoas estejam, simultaneamente, em 
estado de necessidade, umas contra as outras (ex., 
tábua de salvação).
2. Comunicabilidade do estado de necessidade aos 
coautores e partícipes: o estado de necessidade 
justificante exclui a ilicitude do fato típico, afastando, 
consequentemente, a infração penal. Logo, 
desaparecendo o crime ou a contravenção penal 
em relação a algum dos envolvidos, o estado de 
necessidade se comunica a todos os coautores e 
partícipes da infração penal, pois no tocante a eles o 
fato também será lícito.
3. Em regra, não se aplica em crimes permanentes e 
habituais.
4. Há estado de necessidade defensivo quando o ato 
necessário se dirige contra bem jurídico pertencente 
àquele que provocou o perigo (não indeniza), ao 
passo que o estado de necessidade agressivo se 
verifica quando o ato necessário se dirige contra 
bem jurídico pertencente a terceiro inocente (dever 
de indenizar e direito de regresso).
OBSERVAÇÃO
(B) Legítima defesa:
-Previsão legal: art. 25, CP.
-Requisitos:
1. Agressão Injusta;
2. Atual ou iminente;
3. Contra direito próprio ou alheio;
4. Emprego dos meios necessários;
5. Uso moderado de tais meios (proporcionalidade, ou seja, bem 
jurídico preservado de valor igual ou superior ao sacrificado);
1. Não há legítima defesa no duelo.
2. Possibilidade de legítima defesa sucessiva: alguém 
reage contra o excesso de legítima defesa.
3. Legítima defesa e aberratio ictus: “A” se defende de 
tiros de “B”, revidando disparos de arma de fogo e 
acerta “C”, que nada tinha a ver com o incidente ou, 
ainda, nesse mesmo exemplo, acerta “B” e “C”. Incide 
a justificativa (art. 73 estabelece que responda como 
se tivesse praticado o crime contra a pessoa visada).
4. Possibilidade de existência simultânea de estado de 
necessidade e de legítima defesa: “A”, para defender-
se de “B”, que injustamente desejava matá-lo, subtrai 
uma arma de fogo pertencente a “C” (estado de 
necessidade), utilizando-se para matar o seu agressor 
(legítima defesa).
5. Legítima defesa subjetiva, ou excessiva (ou excesso 
acidental), é aquela em que o indivíduo, por erro 
escusável, excede os limites da legítima defesa.
6. Não é possível a legítima defesa real recíproca (legítima 
defesa real contra legítima defesa real), nem a legítima 
defesa real contra outra excludente real.
OBSERVAÇÃO
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LÉ importante destacar algumas diferenças entre a 
legítima defesa e o estado de necessidade, quais sejam:
1. Interesse em jogo: no estado de necessidade existem 
dois interesses legítimos. Um deles será sacrificado 
para que se preserve o outro. Na legítima defesa há 
um interesse legítimo e outro ilegítimo, pois um dos 
requisitos é que uma das agressões seja injusta.
2. Modo de realização: no estado de necessidade a 
defesa do interesse se faz por meio de uma ação que 
visa afastar o estado de perigo. Já na legítima defesa, 
a conduta se realiza por meio de uma reação que visa 
paralisar uma agressão injusta.
3. Origem dos institutos: a legítima defesa só surge de 
uma agressão humana, enquanto que o estado de 
necessidade pode surgir de qualquer fator de perigo, 
seja humano ou natural.
OBSERVAÇÃO
(C) Estrito cumprimento do dever legal:
-Previsão legal: art. 23, III, primeira parte, CP.
-Conceito: causa excludente da ilicitude que consiste na 
prática de um fato típico, em razão de cumprir o agente uma 
obrigação imposta por lei, de natureza penal ou não.
Não se admite estrito cumprimento de dever legal 
nos crimes culposos porque a lei não obriga ninguém, 
funcionário público ou não, a agir com imprudência, 
negligência ou imperícia.
OBSERVAÇÃO
(D) Exercício regular do direito:
-Previsão legal: art. 23, III, parte final, CP.
-Distinção entre estrito cumprimento de dever legal e 
o exercício regular do direito: o primeiro é compulsório (o 
agente está obrigado a cumprir o mandamento legal) e o 
segundo facultativo (agente apenas está autorizado a agir).
Ofendículos, alguns dizem que é exercício regulardo 
direito e outros que é legítima defesa preordenada.
OBSERVAÇÃO
Excesso doloso ou culposo nas causas excludentes de 
ilicitude: art. 23, parágrafo único, CP.
III) CULPABILIDADE
Conceito: é um juízo de reprovação pessoal diante do 
fato típico e ilícito que foi praticada pelo agente.
Elementos:
(1) Imputabilidade
(2) Potencial Consciência da ilicitude
(3) Exigibilidade de conduta diversa
A) IMPUTABILIDADE PENAL (arts. 26 a 28, CP)
Critérios para a inimputabilidade (segundo Cleber Masson):
(1) Critério biológico: basta, para a inimputabilidade, a 
presença de um problema mental, representado por 
doença mental, ou então por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado (é irrelevante tenha o sujeito, 
no caso concreto, se mostrado lúcido ao tempo da 
prática da infração penal).
(2) Critério psicológico: será inimputável ao se mostrar 
incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento (pouco 
importa se o agente apresenta ou não deficiência mental).
(3) Critério biopsicológico: resulta da fusão dos anteriores, 
pois, é inimputável quem, ao tempo da ação, apresenta 
um problema mental, e, em razão disso, não possui 
capacidade para entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.
O CP adotou como regra o critério biopsicológico. 
Excepcionalmente, foi adotado o critério biológico no 
tocante aos menores de 18 anos (art. 27, CP).
OBSERVAÇÃO
Causas de inimputabilidade:
(1) Menoridade (art. 27, CP).
(2) Doença mental (art. 26, caput, CP).
(3) Desenvolvimento mental incompleto (arts. 26, 
caput, CP).
(4) Desenvolvimento mental retardado (art. 26, caput, CP).
(5) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou 
força maior (art. 28, § 1º, CP).
Emoção e paixão (art. 28, I, CP): não excluem a imputabilidade.
Embriaguez (art. 28, II, CP):
(1) Acidental: derivada de caso fortuito ou força maior. A 
completa exclui a imputabilidade e a incompleta diminui 
a pena(art. 28, § 2º, CP)
(2) Não acidental: pode ser voluntária (quer embriagar-se) 
ou culposa (sem intenção de embriagar-se). Não isenta 
de pena.
(3) Preordenada: quando o agente se embriaga para praticar 
o crime. Também não isenta de pena (é circunstância 
agravante, conforme o art. 61, II, “l”, CP).
Segundo Fernando Capez, tratando da teoria da actio 
Libera in causa (usada para justificar a punição no 
caso de embriaguez não acidental e preordenada), 
a “embriaguez não acidental jamais exclui a 
imputabilidade do agente, seja voluntária, culposa, 
completa ou incompleta. Isso porque ele, no momento 
em que ingeria a substância, era livre para decidir 
se devia ou não o fazer. A conduta, mesmo quando 
praticada em estado de embriaguez completa, originou-
se de um ato livre-arbítrio do sujeito, que optou por 
ingerir a substância quando tinha possibilidade de não 
o fazer. A ação foi livre na sua causa, devendo o agente, 
por essa razão, ser responsabilizado”.
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B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Exclui a potencial consciência da ilicitude e, por 
conseguinte, a culpabilidade, o erro de proibição (erro 
sobre a ilicitude do fato) é o erro que incide sobre o 
justo ou injusto, certo ou errado. Não se confunde com o 
desconhecimento da lei. Pode ser:
(1) Evitável (vencível, superável, inescusável) é o erro 
que poderia ter sido evitado, já que o agente poderia, 
diante das circunstâncias, ter consciência da ilicitude 
do fato. Subsiste a culpabilidade, mas a pena deve ser 
diminuída de um sexto a um terço, em face da menor 
censurabilidade da conduta.
(2) Inevitável (invencível, insuperável, escusável) é o erro 
que, nas circunstancias em que o agente se encontrava, 
não poderia ser evitado (art. 21, caput, CP). Portanto, não 
tinha ele condição de possuir consciência da ilicitude, 
mesmo que pretendesse tê-la. Nesse caso, exclui-se a 
culpabilidade.
C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Excluem a exigibilidade de conduta diversa:
Coação moral irresistível (art. 22, CP).
Obediência hierárquica (art. 22, CP).
Doutrina e jurisprudência reconhecem causa supralegal 
de excludente da exigibilidade de conduta diversa, 
denominada de inexigibilidade de conduta diversa.
OBSERVAÇÃO
I. ITER CRIMINIS
O agente, quando pratica um ilícito penal, ultrapassa 
várias fases até chegar a sua consumação. O caminho do crime 
(iter criminis) inicia-se com a cogitação, oportunidade em 
que o agente, internamente, passa a vislumbrar a prática do 
ilícito (trabalho intelectual em que, por exemplo, estabelece 
o momento e modo mais adequado para a execução do 
crime). A cogitação não ultrapassa o intelecto do agente. 
A partir do momento em que a cogitação é exteriorizada, 
ingressa-se no terreno dos atos preparatórios. Por meio de 
tais atos, o agente se prepara materialmente para a prática 
do ilícito (exemplo: o homicida compra a arma de fogo). A 
cogitação e a preparação não são puníveis, salvo exceções 
legais (como no crime do art. 288 e do art. 291, ambos do 
CP). Punível é a conduta que transcende a fase preparatória, 
ingressando nos atos de execução. É a partir da fase de 
execução que a tentativa reside. Na prática, às vezes, não 
é fácil distinguir ou visualizar o momento em que o agente 
ultrapassa a fase preparatória e ingressa na fase executória. 
Atos executórios são aqueles que, segundo a doutrina, têm 
idoneidade (condição, aptidão) para levar à consumação.
Tentativa: prevista no art. 14, II, CP.
Para que o crime seja tentado, necessários dois elementos 
essenciais: 1-Início da execução e 2- não consumação por 
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Espécies de tentativa:
(1) Tentativa branca ou incruenta: diz-se tentativa branca, 
quando o agente não consegue causar lesão ao objeto 
material protegido pela norma penal. Exemplo: Homicida 
que desfere vários disparos contra a vítima e não causa 
nenhuma lesão corporal; erra todos os disparos feitos e 
não pode prosseguir diante da chegada da polícia.
(2) Tentativa vermelha ou cruenta: diferentemente da 
tentativa branca, aqui, apesar de, por circunstâncias 
alheias a sua vontade, não poder prosseguir, o agente 
causou lesão. Exemplo: feriu a vítima mortalmente, a 
qual não faleceu em decorrência de exitosa intervenção 
médica.
(3) Tentativa perfeita (tentativa acabada ou crime falho): 
o agente exaure todo o processo executório, mas não 
consegue o seu objetivo. Exemplo: é o caso daquele 
que dispara todos os projéteis de seu revólver na vítima 
(exauriu todo o processo executório) mas, por ter sido 
socorrida, a vítima não morreu.
(4) Tentativa imperfeita (tentativa propriamente dita 
ou inacabada): o agente não exaure todo o processo 
executório. Este é seccionado (interrupção) diante de 
circunstância alheia à vontade do agente. Exemplo: é 
o caso daquele que possuindo condição de prosseguir, 
pois ainda tem projéteis em condição de disparo, não 
pode fazê-lo, uma vez surpreendido pela polícia.
Aplicação da pena na tentativa: Para se estabelecer o quantum 
da diminuição não se leva em conta outra coisa que não seja 
a extensão percorrida do “iter criminis”. Como causa geral de 
diminuição que é, permite que a pena final seja fixada abaixo 
do mínimo legal.
Crimes que não admitem tentativa:
(1) Crimes unissubsistentes: são os crimes em que o “iter 
criminis” não é fracionável. São os que se aperfeiçoam 
em um só ato, independentemente de serem materiais, 
formais ou de mera conduta. (exemplo: desacato verbal).
(2) Crimes preterdolosos (ou preterintencionais): por 
exemplo, não é possível falar-se em tentativa de lesão 
corporal seguida de morte (artigo 129, § 3º, CP).
(3) Crimes culposos: nos crimes culposos, por sua vez, o 
resultado não é previsto pelo agente, apesar de previsível. 
Assim, não é possível tentar-se

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