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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
@jujnamed
Libras 
Família e surdez 
Introdução 
- Cerca de 5% das crianças surdas nascem 
em famílias surdas
- A surdez não é hereditária, são outras as 
causas que fazem com que crianças nasçam 
ou fiquem surdas ao longo da vida (entre 
elas, doenças, uso abusivo de remédios, 
idade avançada)
- A maioria dos surdos nasce em famílias 
ouvintes que geralmente desconhecem a 
surdez, a língua de sinais e a cultura
O diagnóstico de surdez 
- Na maioria das vezes, quando o diagnóstico 
da surdez é dado, antes de começar um 
processo de aprendizado da Libras, os pais 
ouvintes passam por uma fase de adaptação, 
na qual precisam entender o que é surdez, 
quais as diferenças entre crianças surdas e 
ouvintes, o que são línguas sinalizadas e 
quais as opções escolares e profissionais que 
estão disponíveis para seus filhos
- Alguns autores classificam como um período 
de luto, pois o filho que foi tão esperado 
“morreu” para essas famílias. Porém, é 
importante ressaltar que, por mais que este 
seja um período de dúvidas, sofrimento e 
incertezas, os pais passam dessa fase assim 
que recebem informações sobre a surdez, a 
Libras e a comunidade surda
* O modo como o diagnóstico da surdez é dado 
afeta mães e pais ouvintes. Assim, alguns 
autores chegam a chamar esta fase de 
período de luto, pelo trauma que algumas 
famílias sofrem. Porém, estudos mostram que 
este período se estende apenas enquanto as 
famílias não recebem informações claras 
acerca da surdez
Língua oral, surdez e língua de sinais
- Nos primeiros anos de vida, a surdez exerce 
uma grande influência no tipo de interação 
que irá ocorrer entre pais ouvintes e 
crianças surdas
- Como são surdas, essas crianças não 
adquirem a língua de seus pais, uma vez que 
não a escutam e essa particularidade de 
aquisição linguística tem duas importantes 
consequências (a primeira é a grande 
diversidade linguística dos surdos e, a 
segunda, é a natureza específica da língua 
natural desse grupo: a língua de sinais)
- Na língua oral a fluência é muito apreciada 
pela comunidade ouvinte (ex: em famílias 
ouvintes com filhos ouvintes, o momento das 
primeiras palavras é celebrado com euforia e 
entusiasmo pelos pais que, muitas vezes, 
"competem" para ver se o filho vai falar 
primeiro ‘papai’ ou ‘mamãe’)
- Em contra partida, para crianças surdas, o 
momento marcante é o do encontro com a 
língua de sinais, muitas vezes as crianças 
surdas começam a adquirir sua primeira 
língua na escola ou, até mesmo, quando 
começam a ter contato com outros surdos 
(ou seja, fora do período ideal de aquisição) 
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@jujnamed
A família 
- É comum que membros da comunidade 
médica reforcem para os pais a visão 
patológica da surdez
- Esses profissionais se concentram na questão 
da perda auditiva e acabam fazendo com 
que a criança se transforme em paciente e 
a pluralidade de suas identidades, bem como 
das possíveis relações que podem surgir, é 
enterrada sob o rótulo único "surdo"
- A "criança-paciente-surda" deve consultar 
um otorrinolaringologista que irá determinar 
a causa da surdez, um fonoaudiólogo que 
quantificará e classificará a perda e um 
terapeuta da fala que a ajudará a 
desenvolver a comunicação oral da melhor 
maneira possível
- Assim, a identidade filho (e também as 
outras, "amigo", "criança", "neto", "vizinho", 
"aluno") passa a competir com a identidade 
paciente ("doente", "deficiente") e seus pais 
passam a ser também seus professores, 
reabilitadores e técnicos 
- Sem informações que possam se contrapor 
às que remetam à patologia e à doença e 
acreditando que seus filhos são e sempre 
serão deficientes, muitos pais ouvintes 
deixam de interagir com as crianças, ou 
quando interagem, o fazem apenas para 
satisfazer algumas necessidades básicas da 
criança e criam portanto, alguns ‘sinais 
caseiros’ para expressar que está na hora 
de comer, dormir ou brincar
- Dessa forma, infelizmente, muitas crianças 
surdas chegam à idade escolar sem língua 
nenhuma (nem a sua - a de sinais - nem a 
dos seus pais - a oral) 
-> Ou seja, o resultado dessa situação é: os 
surdos vistos como ouvintes deficientes, 
membros de um grupo que têm uma patologia 
que deve ser tratada, curada 
A surdez para as mães
- Com o incremento do conhecimento acerca 
da surdez, mães e pais ouvintes têm outras 
preocupações em mente (e não mais temem 
que a surdez seja uma sentença de fracasso 
para seus filhos)
- As maiores preocupações apresentadas por 
esses pais em relação a seus filhos dizem 
respeito aos mais variados temas (exemplo: 
vida escolar, relacionamento com a família, 
possibilidade de oralização e/ou uso de 
implante coclear, futuro profissional, 
superproteção, ignorância social e 
preconceito em relação ao surdo, suposta 
dificuldade de transmissão de conceitos 
abstratos por meio da língua de sinais e a 
falta de uma metodologia específica de 
ensino de Libras para famílias ouvintes)
- As mães ouvintes costumam conceitualizar a 
surdez como uma impossibilidade de 
comunicação e não como a falta de audição
- É possível observar que, depois que têm os 
primeiros contatos com a Libras e, de fato, 
começam a se comunicar com seus filhos por 
meio dessa língua, as mães consideram que 
seu filhos não são mais surdos (pois as 
crianças passam a interagir com a família, 
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frequentar a escola, se relacionar com a 
sociedade)
Surdez e escrita 
- Quando o indivíduo nasce surdo, e não teve, 
portanto, a oportunidade de adquirir uma 
língua oral muitos fatores entram em jogo 
para que ele possa aprender e ser fluente 
em uma língua oral
- Entre esses fatores podemos citar: o nível 
de surdez que esse indivíduo possui, a 
potência e a efetividade dos aparelhos 
auditivos que ele venha a usar, a intensidade 
do treinamento ao qual ele se submete e o 
ambiente no qual esse treinamento acontece
- Mesmo quando todas as variáveis citadas a 
cima estão a favor do indivíduo, é 
extremamente raro que um surdo se torne 
fluente em uma língua oral, portanto para 
aprender a escrever uma língua oral ele 
precisará de outras metodologias que não 
irão se apoiar somente nos fonemas da 
língua
Pais surdos e filhos ouvintes 
- Os filhos de pais surdos são chamados CODA 
(Children Of Deaf Adults - Crianças de 
Adultos Surdos)
- Os CODA têm línguas diferentes das dos 
seus pais

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