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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPUS PRAÇA XI Disciplina: Resistência dos Materiais - Propriedades mecânicas dos materiais metálicos - Centro de gravidade e momento de inércia de figuras planas. Professor: Paschoal Aluno: Bruno Menezes da Silva Meyer Matrícula: 201601447329 Rio de Janeiro, 5 de maio de 2018 Propriedades dos materiais metálicos As propriedades mecânicas aparecem quando o material está sujeito a esforços de natureza mecânica. Isso quer dizer que essas propriedades determinam a maior ou menor capacidade que o material tem para transmitir ou resistir aos esforços que lhe são aplicados. Essa capacidade é necessária não só durante o processo de fabricação, mas também durante sua utilização. Do ponto de vista da indústria mecânica, esse conjunto de propriedades é considerado o mais importante para a escolha de uma matéria-prima. Dentre as propriedades mecânicas, a mais importante é a resistência mecânica. Essa propriedade permite que o material seja capaz de resistir à ação de determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão (resistência à tração e resistência à compressão), por exemplo. A resistência mecânica relaciona-se às forças internas de atração existentes entre as partículas que compõem o material. Quando as ligações covalentes unem um grande número de átomos, como no caso do carbono, a dureza do material é grande. A elasticidade é a capacidade que o material deve ter de se deformar quando submetido a um esforço, e de voltar à forma original quando o esforço termina. Quando se fala em elasticidade, o primeiro material a ser lembrado é a borracha, embora alguns tipos de materiais plásticos também tenham essa propriedade. Tipos de forças: Tração (aumenta a dimensão do corpo na linha de ação da carga). Compressão (diminui a dimensão do corpo na linha de ação da carga). Cisalhamento (força cortante: duas paralelas de sentido contrário em planos contíguos). Torção (provoca deslocamento angular relativo de planos vizinhos, transversais a um eixo). Flexão (tende a curvar um eixo longitudinal perpendicular à força). Tensão (𝜎): É a resposta interna de um corpo a uma carga ou força externa. Mais adequado para caracterizar a resistência à ruptura de um material do que a força (adequada para expressar a resistência de um objeto). A tensão média de tração ou compressão é expressa como força dividida pela área da seção transversal à direção da força. Unidade: N/mm2 = MPa. Tipos de tensão: Tração (tende a afastar os átomos). Compressão (tende a aproximar os átomos). Cisalhamento (tende a gerar deslizamentos entre planos atômicos). Etc. Figura 1. Tipos de tensões e forças. Deformação (𝜀): É a relação entre a variação dimensional e as dimensões iniciais do corpo. A variação dimensional também recebe o nome de deslocamento, seja por alongamento ou por encurtamento do corpo. 𝜀 = ∆𝐿/𝐿0 (∆L = variação dimensional = comprimento final − comprimento inicial; L0 = comprimento inicial) Tipos de deformação: Elástica: alteração dimensional que desaparece com a retirada da força. Plástica ou permanente: alteração dimensional que não desaparece depois de removida a carga. O mais habitual é que, concomitantemente com as deformações plásticas, ocorra também um pouco de deformação elástica, motivo pelo qual se fala em “regime elasto-plástico”. Figura 1.1 Tipos de deformações. Rigidez (E) ( dureza): Rigidez: define-se como a relação entre tensão e deformação elástica. Expressa a dificuldade oferecida às deformações elásticas (oposto de “rígido” = “flexível”). Dureza: resistência à deformação permanente produzida por penetração ou por riscos (oposto de “duro” = “mole”). Fragilidade ( baixa resistência mecânica): Fragilidade é o oposto de ductilidade e maleabilidade: a fratura ocorre com pequenas deformações permanentes. Ductibilidade e maleabilidade: capacidade de sofrer grandes deformações permanentes, sob tração (ductibilidade) ou sob compressão (maleabilidade), antes da fratura. Resiliência ( Tenacidade): Resiliência é a capacidade de absorção de energia durante o regime de deformação exclusivamente elástica. Depende do módulo de resiliência do material e do volume do objeto. Tenacidade é a capacidade de absorção de energia até a fratura (compreende o regime elástico e elasto-plástico). Curva tensão x deformação: Regime elástico: deformações apenas elásticas normalmente, quase que coincide com região linear (tensão proporcional à deformação). Regime elastoplástico: uma parte da deformação é elástica e outra plástica (irreversível); a curva é não linear. Propriedades mecânicas relacionadas à curva tensão x deformação: Limite de elasticidade (LE): tensão máxima em que a deformação ainda é reversível (elástica). Limite de proporcionalidade (LP): tensão máxima em que a tensão é proporcional à deformação. Geralmente, o valor de LE é semelhante (um pouco maior) ao LP. Módulo de elasticidade: expressa a rigidez do material. É uma medida restrita ao regime elástico, calculada pela razão entre a variação de tensão e a correspondente variação de deformação (tangente do ângulo alfa formado entre a porção linear da curva e o eixo da deformação). 𝐸 = ∆ɕ ∆ɛ = tg(α). Módulo de resiliência: máxima energia de deformação que um material pode absorver por unidade de volume de material sem ocorrer deformação plástica (inclui todo o regime elástico, e apenas ele). É proporcional à área do gráfico na porção elástica da curva: (LE x deformação)/2. Ductilidade: capacidade relativa do material se alongar plasticamente sob tensão de tração (termo restrito à deformação plástica). Geralmente, é expressa pelo percentual de alongamento permanente. Fragilidade: termo antagônico à ductilidade. Propriedade que possui o material que se fratura com nenhuma ou com pouca deformação plástica (fratura próximo ao LE ou LP). Não é sinônimo de “fraqueza” (baixa resistência mecânica). Reconhecemos que um material é frágil quando, ao juntar os fragmentos, ele mantém o formato original. Módulo de tenacidade: total de energia absorvida por unidade de volume do material até o ponto de fratura (por tanto, sempre será maior ou igual que o módulo de resiliência). É proporcional à área total do gráfico sob a curva, englobando o regime elástico e elastoplástico. Concentração de tensões e propagação de trincas: Concentração de tensão: existem casos em que a distribuição de tensões não é uniforme, com tensão concentrada em locais específicos do material. Defeitos no material, poros, bolhas e ranhuras são alguns dos fatores concentradores de tensão, que facilitam o surgimento da trinca. A concentração de tensões é crítica em materiais frágeis, que não possuem mecanismos protetores contra a propagação da trinca (materiais dúcteis são capazes de se deformar plasticamente em locais próximos à trinca, dificultando sua propagação). Tenacidade à fratura: propriedade que indica a capacidade de um material resistir à propagação da trinca. Cerâmicas são exemplos de materiais com baixa tenacidade à fratura (em geral, menor que os metais). Resistência à fadiga: resistência do material ao carregamento cíclico abaixo do seu limite de resistência. Propriedade do material é diferente de propriedade do objeto, visto que a propriedade do objeto, além da propriedade do material que o constitui, depende também da sua geometria. Centro de gravidade e momento de inércia de figuras planas. Para a determinaçãodo comportamento de um determinado corpo sólido, é importante que se conheçam características relacionadas à geometria e ao material do elemento analisado. A partir destas propriedades fundamentais, é possível a avaliação da resistência do mesmo, permitindo assim a previsão de seu comportamento sob determinada situação de serviço. As propriedades aqui tratadas serão o centro de gravidade, o momento estático, o momento de inércia. Centro de gravidade de uma seção plana Define-se como centro de gravidade de um corpo o ponto localizado no corpo ou fora dele, sobre o qual podemos aplicar a resultante da força peso no corpo sem alterarmos a sua condição de equilíbrio. Para uma seção plana, podemos imaginar que o centro de gravidade é o ponto do corpo pelo qual o mesmo pode ser “pendurado” e permanecerá em equilíbrio. Assim, para um retângulo, este ponto será o encontro entre as duas diagonais, por exemplo. Seja o corpo apresentado na figura 1. Observa-se que o peso é distribuído por toda a área deste corpo na figura 1 (a). Porém, na figura 1 (b) é observa-se que o peso total do corpo ( pP ) é aplicado a um único ponto: o centro de gravidade. Esta alteração não implica em mudança do equilíbrio do corpo. C G Pp (a) (b) Figura 1. Centro de gravidade. a) Determinação do centro de gravidade Seja o corpo e o referencial xOy apresentado na figura 1.1. Chamamos X e Y as coordenadas do centro de gravidade que desejamos encontrar. X Y x y C G O Figura 1.1. Configuração do problema. Vamos então calcular a coordenada X . Vamos supor a área da figura 1.1 dividida em n fatias de pequena espessura. Cada uma das fatias tem um peso pn. A soma de todos os pn nos dará o peso resultante P, que, conforme vimos, pode ser aplicado ao centro de gravidade, conforme apresenta a figura 1.2. X x y C G Ox y O p 2p 1 p 3 p n x 1 x 2 x 3 x n P Figura 1.2. Divisão do corpo em faixas de pequena espessura. Aplicando o Teorema de Varignon temos: Procedimento análogo nos permite concluir que P yP Y n nn 1 . Sabemos, porém que P = ƴV. Então, V xV V xV X n nn n nn 11 . Sabemos também que para um elemento plano V = A.e, sendo A a área e e a espessura do corpo. Substituindo e cancelando as espessuras, conclui-se que, para um corpo plano, o centro de gravidade pode ser determinado pelas equações abaixo: A yA Y A xA X n nn n nn 11 P xP X xPXP xPxPxPxPXP n nn n i nn nn 1 332211 ... Observa-se que se um corpo plano possuir um eixo de simetria, o centro de gravidade estará sobre ele. Caso a figura possua mais de um eixo de simetria, o centro de gravidade estará no ponto de encontro dos mesmos, conforme mostra a figura 1.3. Figura 1.3. Eixos de simetria. C G C G b) Determinação do centro de gravidade de algumas figuras planas 1– Retângulo b / 2 b / 2 a / 2 a / 2 C G 3 – Círculo r r C G 2 – Triângulo retângulo 2 a / 3 a / 3 b / 3 2 b / 3 C G 4 – Meio círculo r r C G 4 r / 3 5 – Triângulo isósceles a / 3 2 a / 3 b / 2 b / 2 C G 6 – Quarto de círculo 4 r / 3 4 r / 3 C G c) Centro de gravidade de figuras compostas Quando uma figura pode ser dividida em figuras cujos centros de gravidade são conhecidos, a partir da aplicação do Teorema de Varignon, pode-se determinar o centro de gravidade da figura com a sua decomposição e calcular o seu centro de gravidade com as seguintes expressões: A yA Y A xA X n i ii n i ii 11 Onde: Ai = área da i-ésima figura; xi e yi = coordenadas do centro de gravidade da i-ésima figura. d) Exemplo Determinar a posição do centro de gravidade da figura abaixo (dimensões em mm): 2 0 0 1 0 0 2 0 x y O Vamos dividir a figura em três retângulos, conforme mostrado na figura abaixo: 2 0 2 0 0 1 0 0 1 3 2 A princípio iremos determinar as áreas dos três retângulos mostrados na figura: Agora, vamos determinar as abscissas dos centros de gravidade das três partes. Como se tratam de retângulos, sabemos que ele se encontra sempre na metade das dimensões dos lados. mmx mmx mmx 502100 10220 502100 3 2 1 Vamos fazer o mesmo para as ordenadas. Precisamos ter em mente o referencial xOy adotado. mmy mmy mmy 10220 1002200 190220200 3 2 1 Já temos todos os dados para calcular as coordenadas do Centro de Gravidade: 2 3 2 2 2 1 200010020 320016020 200010020 mmA mmA mmA mm AAA yAyAyA y mm AAA xAxAxA x 100 200032002000 10200010032001902000 22,32 200032002000 502000103200502000 321 332211 321 332211 Momento estático de uma área plana a) Conceito Define-se momento estático de uma seção plana em relação a um eixo contido neste plano como a soma dos produtos da multiplicação de cada elemento de área pela distância de seu centro de gravidade. d A x y y x Figura 1.4. Exemplo de momento estático. Seja a seção plana e o sistema cartesiano apresentados na figura 1.4. Observa- se na figura uma área infinitesimal dA, de modo que a área total da figura é igual à soma de todos os dA. Assim: Definem-se os momentos estáticos da área em relação aos eixos x e y, denominados respectivamente Qx e Qy, como: A y A x dAxQ dAyQ . . dAA O momento estático de uma área é também chamado momento de primeira ordem de uma seção. Sua unidade será: [Q] = [L] x [A] = [L]3, ou seja, m3, mm3, cm3, etc. Observação: Sabemos as expressões para os cálculos do centro de gravidade de uma seção: A yA Y A xA X n i ii n i ii 11 Observa-se que A n i ii xAxdA 1 e A n i ii yAydA 1 . Logo, podemos determinar o centro de gravidade uma área se soubermos seu momento estático e sua área, conforme segue: A Q Y A Q X x y b) Exemplo Calcular o momento estático de um retângulo em relação ao eixo que passa pela sua base. O retângulo possui lados de dimensão b e h. Cálculo da área: hbA . Coordenada do CG: 2 h y x h b h / 2 C G Momento estático: Pode-se verificar que o momento estático em relação a um eixo que passa pelo CG é nulo. Momento de Inércia de uma área plana a) Conceito O momento de inércia de uma área plana, simbolizado por I, em relação a um determinado eixo, é definido como a soma dos produtos entre a área e o quadrado da distância entre o centro de gravidade desta área e o eixo em questão. Seja a figura 6.5 acima. Para a mesma disposição dos eixos, temos: A y A x dAxI dAyI . . 2 2 O momento de inércia de uma área é também chamado momento de segunda ordem de uma seção. Sua unidade será: [Q] = [L2] x [A] = [L]4, ou seja, m4, mm4, cm4, etc. O momento de inércia de uma área é uma grandeza puramente matemática, e como tal não tem significado físico. A sua definição advém da resolução de uma série de problemas em que aparecem somatórios como estes. Para algumas figuras geométricas simples, os momentos de inércia são pré-determinados e tabelados, conforme mostrado abaixo. 2 . 2 . 2bh bh h AyydAQ Figura Ix Iy 12 3bh 12 3hb 36 3bh )( 36 22 cbcb bh 64 4d 41098,0 r 8 4r b) Exemplo Calcular o momento de inércia de um retângulo de base 20 cm e altura 40 cm, em relação aos seus eixos baricêntricos. Primeiramente, devemos determinar o momento de inércia em relação ao eixo x. Neste caso, temos: cmh cmb 40 20 Desta forma, o momento de inércia na direção x será: 4 33 7,106666 12 4020 12 cm bh I x Agora, vamos calcularem relação ao eixo y. Neste caso, temos: cmh cmb 20 40 Isto acontece porque a altura relativa ao eixo y é igual à base em relação ao eixo x. Assim: 4 33 7,26666 12 2040 12 cm bh I y Observa-se que quando se aumenta a altura da seção o momento de inércia apresenta grande variação. Isto se dá porque ele varia cubicamente com a altura. Por isto, é comum a utilização de vigas com a altura maior que a base, pois o momento de inércia está diretamente relacionado com a resistência à flexão da peça. O eixo x é então chamado eixo de maior inércia da seção, enquanto o eixo y é chamado eixo de menor inércia. - Referências: - HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. - BEER, F.P. e JOHNSTON, JR., E.R. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Makron Books, 1995 - NASH, WILLIAM A. Resistência dos Materiais.
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