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Rafaella Bonfim TXXIX Farmacologia dos Antipsicóticos FÁRMACOS ANTIPSICÓTICOS Psicoses • As doenças psicóticas incluem vários transtornos, porém, o termo “fármacos antipsicóticos” refere-se convencionalmente aos fármacos usados para o tratamento de esquizofrenia, uma das formas mais comuns de doença mental, mas também são utilizados para tratar a mania e outros transtornos mentais agudos • A maioria desses fármacos são antagonistas dos receptores de dopamina, embora muitos atuem também em outros alvos, como nos receptores de 5-hidroxitriptamina (5-HT) ▪ Critério para o diagnóstico de transtorno psicótico Presença de alucinações e delírios ▪ Diferença entre alucinação e delírio A alucinação é definida como um erro de percepção, e o delírio como falsa crença de realidade Esquizofrenia • É definida como uma psicose crônica idiopática, aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se sobrepõem • É uma das formas mais importantes de doença psiquiátrica, tendo em vista que afeta pessoas jovens, é uma doença frequentemente crônica e, em geral, altamente incapacitante • A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população ▪ Classificação Hebefrenia: Forma de esquizofrenia que surge em pré-adolescentes e adolescentes Catatonia: É uma perturbação do comportamento motor que pode ter tanto uma causa psicológica ou neurológica Demência paranoide: Caracterizada essencialmente por delírios e alucinações Rafaella Bonfim TXXIX ▪ Subtipos de Crow (1980) – Tipos Subtipo I – Síndrome positiva • Caracterizada por: alucinações e delírios Subtipo II – Síndrome negativa • Caracterizada por: embotamento afetivo e pobreza no discurso ▪ Bases Neuroquímicas • Alterações neutoanatômicas Sintomas positivos • Alterações na via mesolímbica (a partir da área tegumentada ventral – VTA) até o núcleo accumbens, amígdala e hipocampo – Há aumento da liberação de dopamina e ação em receptores D2 (inibitórios) A via mesolímbica está envolvida na regulação dos comportamentos emocionais e regula os sintomas positivos da psicose • A hiperatividade dessa via é responsável pelos delírios e alucinações Sintomas negativos • Alterações na via mesocortical (a partir do VTA até córtex pré-frontal) - Há diminuição da dopamina e sua ação em receptores D1 (excitatórios) • A hipoatividade dessa via é responsável pela apatia e isolamento social Refletem dois processos patológicos etiológica e prognosticamente distintos, mas que podem coexistir num mesmo indivíduo Rafaella Bonfim TXXIX Hipótese glutamatérgica • Antagonistas do receptor NMDA (ex.: cetamina) podem gerar sintomas psicóticos positivos e negativos: • Redução da função dos receptores NMDA na EZ; • Neurônios glutamatérgicos e gabaérgicos atuam no controle da atividade dopaminérgica mesolímbica e mesocortical CLASSES DE ANTIPSICÓTICOS – TÍPICOS/ CONVENCIONAIS ▪ Antipsicóticos típicos – Convencionais Antipsicóticos de 1ª geração (típicos, clássicos ou convencionais) Haloperidol (classe dos butirofenonas) , Clorpromazina (classe dos fenotiazínicos) Mecanismo de ação: • Atuam principalmente pelo bloqueio dos receptores D2 e com menor afinidade em D1 dopaminérgicos. • Para eficácia terapêutica ao menos 80% dos receptores D2 precisam estar bloqueados • Reduzem principalmente os sintomas positivos por bloqueio de D2 na via mesolímbica Pode causar ou agravar os sintomas negativos e cognitivos Efeitos adversos • Sintomas extrapiramidais • Parkinsonismos medicamentoso • Discinesia tardia Movimentos involuntários, estereotipados, repetitivos Dentro de 5 anos cerca de 25% dos pacientes desenvolvem e é irreversível • Hiperprolactinemia Causada devido ao bloqueio de receptores de dopamina D2 na via tuberoinfundibular pelos antipsicóticos convencionais, provocando elevação dos níveis de prolactina Rafaella Bonfim TXXIX Ação não seletiva em receptores • Os antipsicóticos de 1ª geração (típicos) se distinguem dos de segunda geração (atípicos) devido a grande quantidade de efeitos colaterais causados pelo bloqueio inespecífico de receptores Causa dos efeitos colaterais • Bloqueio de receptores D1 na via mesocortical Piora dos sintomas negativos: ↑embotamento afetivo e isolamento social. • Bloqueio de receptores D2 na via nigroestriatal Resulta em uma liberação aumentada de ACh nos receptores muscarínicos: ✓ Efeitos extrapiramidais (EEP): distonia aguda: tremor, rigidez, espasmos involuntários, protusão da língua (Parkinsonismo farmacológico - reversível) • Bloqueio de receptores D2 na via tuberoinfundibular: ↑secreção de prolactina: Ginecomastia, galactorreia, amenorreia, infertilidade • Antagonismo de receptores alfa 1 adrenérgicos: Hipotensão ortostática, impotência, dificuldade de ejaculação, sonolência; • Antagonismo de receptores H1 histaminérgicos Sonolência, ganho de peso (aumento do apetite) • Antagonismo de receptores M1/M3 muscarínicos Constipação, visão turva, boca seca, tontura, confusão mental CLASSES DE ANTIPSICÓTICOS – ATÍPICOS/ NÃO CONVENCIONAIS ▪ Antipsicóticos atípicos – Não convencionais Antipsicóticos de 2ª geração • Benzamidas: sulpirida, amisulprida • Benzisoxazolas: risperidona, ziprasidona • Dibenzodiazepinas: clozapina • Dibenzotiazepina: quetiapina • Difenilbutilpiperazinas: pimozida • Imidazolidinone: sertindol • Tienobenzodiazepina: olanzapina ➢ Possuem ação antagonista nos receptores 5-HT2A (pós-sinápticos) - Olanzapina e Risperidona e alguns agonistas de 5-HT1A (pré-sinápticos): ↓liberação de 5-HT (ex.: Quetiapina) ➢ Possuem ação antagonista em receptores muscarínicos no nigroestriado (ex.: Olanzapina): melhora dos sintomas extrapiramidais Rafaella Bonfim TXXIX Mecanismo de ação • Antagonismo de receptores D2 dopaminérgicos na via mesolímbica: Melhora dos sintomas positivos • Antagonismo de receptores 5-HT2A serotoninérgicos no nigroestriado: Aumento da liberação de DA no estriado: ↓efeitos extrapiramidais • Antagonismo de receptores 5-HT2A serotoninérgicos no mesocortical: Aumento da liberação de DA no mesocortex: melhora sintomas negativos Efeitos colaterais • Clozapina pode causar leucopenia e agranulocitose e tem risco aumentado de suicídio. • Seu uso fica restrito a casos refratários de esquizofrenia e aqueles com sintomas extrapiramidais e discinesias tardias • Síndromes metabólicas • Hiperfagia com tendência a obesidade e diabetes • Monitoramento da via metabólica Aumento do IMC Resistencia a insulina Início súbito de cetoacidose diabética Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica Farmacocinética dos antipsicóticos • Variabilidade individual de absorção • Dose muitas vezes ajustada por tentativa e erro; • A meia-vida plasmática da maioria dos fármacos antipsicóticos é de 15-30 horas; • Metabolismointeiramente hepático por uma combinação de reações de fase I e fase II; • Administração V.O ou I.M (com liberação lenta: T1/2 vida de 2-4 semanas Rafaella Bonfim TXXIX Qual o mecanismo de ação da clozapina? QUESTÕES NORTEADORAS • Quais são as principais características das psicoses? • Explique o mecanismo de ação dos antipsicóticos típicos e atípicos • Em relação aos efeitos colaterais, quais as diferenças entre os antipsicóticos típicos e atípicos? • O que são sintomas extrapiramidais? Explique o mecanismo envolvido na discinesia tardia
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