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10 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN FARMACOLOGIA BÁSICA U2 Aula 02 – Antipsicóticos NEUROLÉPTICOS; ANTIESQUIZOFRÊNICOS; TRANQUILIZANTE MAIOR. Antipsicóticos são fármacos utilizados para tratar psicoses; são medicamentos inibidores das funções psicomotoras (excitação e agitação). PSICOSES Distúrbio psiquiátrico grave, de origem funcional, na qual o paciente apresenta: Alterações do comportamento (agressividade, agitação psicomotora) e emoções, Incapacidade de pensar coerentemente e compreender a realidade. A orientação e a memória estão conservadas. Dentre os distúrbios psicóticos podemos destacar a esquizofrenia. ESQUIZOFRENIA Incidência: afeta cerca de 1% da população mundial (a cada 100 pessoas 1 apresenta esquizofrenia). Forma importante de doença psiquiátrica, pois afeta pessoas jovens, em geral é crônica e muito incapacitante. É uma predisposição genética associada a fatores ambientais. Não é curada: é controlada. CARACTERIZA-SE POR Sintomas positivos: vinculados a parte psicótica da doença. Delírios: frequentemente de natureza paranoide. Alucinações auditivas: frequentemente na forma de vozes, que podem ser incitantes na sua mensagem. Desorganização e incoerência do pensamento (distúrbio do pensamento): compreendendo linhas de pensamento extravagantes, delírios de grandeza, frases destorcidas e conclusões irracionais. Comportamento anormal, desorganizado: tais como movimentos estereotipados, desorientação e ocasionalmente comportamentos agressivos. Catatonia: pode ser aparente como imobilidade ou atividade motora sem um propósito. Ecolalia: repetição de frases ou expressões. Ecopraxia: repetição de um gesto. Comportamento violento. Sintomas negativos: vinculados a parte emocional da doença Isolamento social: afastamento de contatos sociais. Aplanamento das respostas emocionais: embotamento afetivo. Anedonia: incapacidade em experimentar prazer. Relutância em executar tarefas diárias. Déficits na função cognitiva (p. ex., atenção, memória). Introversão e negativismo Flexibilidade cérea. ETIOLOGIA DA DOENÇA Hipóteses bioquímicas para a esquizofrenia: Hiperfunção dopaminérgica central causada por: Aumento da síntese ou liberação de dopamina; Metabolismo deficiente; Ou receptores dopaminérgicos mais sensíveis ou mais numerosos. Serotonina. Glutamado: hipoatividade. TEORIA DOPAMINÉRGICA (CARLSSON - 2000) *Bloqueio do receptor D2 11 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN TEORIA SEROTONÉRGICA Antipsicóticos atípicos: *Bloqueio dos receptores 5-HT2A A evidência farmacológica é geralmente consistente com as hipóteses de desregulação de dopamina e hipoatividade de glutamato, suportada por achados bioquímicos e estudos de imagem. FARMACOTERAPIA 1. A introdução de drogas antipsicóticas teve um grande impacto no tratamento psiquiátrico. 2. Melhorou a qualidade de vida dos pacientes. 3. Diminuiu o número de pacientes internados. ANTIPSICÓTICOS Tratamento dos sintomas, sem cura. As principais categorias são: antipsicóticos de primeira geração (“típica”, “clássica” ou “convencional”) (p. ex., clorpromazina, haloperidol, flufenazina, flupentixol, clopentixol) antipsicóticos de segunda geração (“atípica”) (p. ex., clozapina, risperidona, sertindole, quetiapina, amisulprida, aripiprazol, zotepina, ziprasidona). A distinção entre primeira e segunda gerações de fármacos não está claramente definida mas baseia-se em: perfil dos receptores; incidência de efeitos adversos extrapiramidais (menores no grupo de segunda geração); eficácia (especialmente da clozapina) no grupo de pacientes “resistentes ao tratamento”; eficácia contra sintomas negativos. ANTIPSICÓTICOS CLÁSSICOS OU TIPICOS 1. Fenotiazínicos: Clorpromazina; Flufenazina; Perfenazina; Tioridazina; Trifluorperazina. 2. Butirofenonas: Haloperidol (Haldol). 3. Tioxantenos: Tiotixeno. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS Clozapina. Sulpirida. Loxapina. Risperidona. Olanzapina. Quetiapina. Aripiprazol. Apenas 70% dos pacientes esquizofrênicos respondem ao tratamento. 30% restantes: "resistentes ao tratamento". Controlam de forma eficaz os sintomas positivos, mas são ineficazes com relação aos sintomas negativos. Levam semanas para produzirem os efeitos esperados, mesmo bloqueando os receptores dopaminérgicos de forma imediata. Mecanismo de ação das drogas antipsicóticas: A maioria dos fármacos antipsicóticos é antagonista ou agonista parcial nos receptores D2 de dopamina, mas também bloqueia uma variedade dos outros receptores. A potência antipsicótica geralmente corre em paralelo com a atividade nos receptores D2, mas atividades em outros receptores (p. ex., 5-HT2A e muscarínicos) podem reduzir os efeitos adversos extrapiramidais. Atividade nos receptores muscarínicos, H1 e α podem determinar o perfil dos efeitos adversos. Estudos de imagem sugerem que o efeito terapêutico necessita de cerca de 80% de ocupação dos receptores D2. ANTIPSICÓTICOS CLÁSSICOS: MECANISMO DE AÇÃO Os antipsicóticos típicos foram os primeiros a ser desenvolvidos. Bloqueiam mais receptores da família D2 (D2, D3 e D4). Podem ser subclassificados em sedativos e incisivos: Sedativos: Principal efeito: sedação e sonolência causadas pelo bloqueio de H1. Pode ser um efeito adverso, mas pode ser benéfico em casos de muita agitação e agressividade. Indicação: agitação psicomotora. Exemplos: Clorpromazina, Tioridazina. Incisivos: Principal efeito: remoção de delírios e alucinações. Baixa capacidade de sedação. Indicação: Delírios. Casos sem agressividade, nem agitação. Exemplos: Flufenazina, Haloperidol (Haldol ®), Penfluridol. Receptores da família: D1 – D1 e D5 12 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Fenotiazínicos: sedativos. Possuem boa ação psicótica, com atividade anti- muscarínica e anti-histamínica. Essa atividade anti- muscarínica impede a impregnação do sistema extrapiramidal, evitando assim as manifestações do parkinsonismo secundário. Tioxantenos: incisivos. São semelhantes estruturalmente aos fenotiazínicos. Butirofenonas: incisivos. São antipsicóticos potentes e muito seletivos para receptores D2. Possuem pouca ação anti- histamínica, pouca ação anticolinérgica e pouca ação anti-adrenérgica. São pouco sedativos, exceto o Droperidol. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS – MECANISMO DE AÇÃO Grupo heterogêneo de compostos. Taxa de bloqueio (40 a 60%) dos receptores dopaminérgicos menor que os antipsicóticos clássicos. Bloqueio elevado de receptores 5-HT2A. Produzem efeitos extrapiramidais. Eficácia em pacientes refratários ao uso de medicamentos clássicos. Os antipsicóticos atípicos causam poucos efeitos neurológicos extrapiramidais, pois esses fármacos se ligam mais a receptores D3 e D4. EFEITOS INDESEJÁVEIS Os efeitos adversos importantes comuns a muitos fármacos são: distúrbios motores (síndrome extrapiramidal); distúrbios endócrinos (liberação aumentada de prolactina); estes são secundários ao bloqueio dos receptores de dopamina. SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL Distúrbios motores hipercinéticos ou hipocinéticos. Acinesia (incapacidade de iniciar o movimento). Acatisia (incapacidade de se manter imóvel). Distonias agudas: movimentos involuntários, tremor e rigidez (espasmos musculares do pescoço, olhos, língua ou mandíbula). consequência direta do bloqueio dos receptores de dopamina nigroestriados. Discinesia tardia: movimentos involuntários da face e membros, aparecendo após meses ou anos de tratamento antipsicótico (movimentos musculares irregulares e involuntários, geralmente na face). associados àproliferação de receptores de dopamina no corpo estriado. Parkinsonismo (diminuição de dopamina, predomínio de acetilcolina). A incidência de distonias agudas e discinesias tardias (síndrome extrapiramidal) é menor com os antipsicóticos de segunda geração mais novos e, particularmente, com clozapina, aripiprazol e zotepina. EFEITOS INDESEJÁVEIS ENDÓCRINOS Aumento da concentração de prolactina → hiperprolactinemia. Aumento da turgecência das mamas, dor e lactação. Ginecomastia (Homens). OUTROS EFEITOS INDESEJÁVEIS Visão turva; Pressão intraocular aumentada; Boca e olhos secos; Constipação e retenção urinária; Hipotensão ortostática; Ganho de peso; Hiperlipidemia. Sedação, hipotensão e ganho de peso são comuns. Icterícia obstrutiva ocorre algumas vezes com as fenotiazinas. Boca seca, visão desfocada, hipotensão, etc.: devem-se ao bloqueio de outros receptores particularmente receptores muscarínicos e receptores α adrenérgicos. Alguns fármacos antipsicóticos causam agranulocitose como reação idiossincrática rara e grave. Com a clozapina, a leucopenia é mais comum e necessita de monitoração de rotina. A síndrome maligna dos antipsicóticos é uma reação idiossincrática rara, mas potencialmente perigosa. 13 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN -------------------------------EXTRA------------------------------- UTILIZAÇÕES CLÍNICAS DOS FÁRMACOS ANTIPSICÓTICOS Emergências comportamentais (p. ex., pacientes violentos com uma série de psicopatologias incluindo mania, delírio tóxico, esquizofrenia e outros): fármacos antipsicóticos (p. ex., clorpromazina, haloperidol, olanzapina, risperidona) podem controlar rapidamente estados psicóticos hiperativos; notar que a dose intramuscular é menor do que a dose oral do mesmo fármaco por causa do metabolismo pré- sistêmico. Esquizofrenia: muitos pacientes esquizofrênicos crônicos são tratados com fármacos antipsicóticos da primeira geração. Injeções de preparações de liberação lenta (p. ex., decanoato de flupentixol) podem ser usadas como tratamento de manutenção quando o cumprimento com tratamento oral é um problema; o flupentixol tem propriedades antidepressivas distintas da sua ação antipsicótica; fármacos antipsicóticos mais recentes (p. ex., amisulprida, olanzapina, risperidona) são usados se os sintomas extrapiramidais forem problemáticos ou se o controle dos sintomas for inadequado; a clozapina pode causar agranulocitose, mas é distintivamente efetiva contra as características “negativas” da esquizofrenia. É reservada para pacientes cuja condição permanece inadequadamente controlada apesar da utilização prévia de dois ou mais fármacos antipsicóticos dos quais, um pelo menos, é um fármaco de segunda geração. A dosagem sanguínea é monitorada semanalmente nas primeiras 18 semanas, e menos frequentemente depois disso. Outras utilizações clínicas: até certo ponto, o termo “fármaco antipsicótico” é enganador porque alguns desses fármacos são usados para tratar outros distúrbios para além da esquizofrenia, incluindo: doença bipolar, mania e depressão; tratamento de curta duração de agitação psicomotora e ansiedade grave (clorpromazina e haloperidol); agitação e inquietação no idoso (risperidona), embora isso possa ser questionável; inquietação e dor em cuidados paliativos (levomepromazina); náuseas e vômitos (p. ex., clorpromazina e haloperidol) reproduzindo o antagonismo aos receptores de dopamina, muscarínicos, de histamina e possivelmente 5-HT; tiques motores e soluços intratáveis (clorpromazina e haloperidol); comportamento sexual antissocial (benperidol); tratamento de movimentos involuntários causados pela doença de Huntington (principalmente haloperidol).
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