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Antipsicóticos Psicoses → Psicose é um dos poucos termos da psicopatologia clássica e da psicanálise que permanece nos sistemas classificatórios atuais (DSM e CID). → Critério para o diagnóstico de transtorno psicótico: presença de alucinações e delírios. → A alucinação é definida como erro de percepção, e o delírio como falsa crença da realidade. ESQUIZOFRENIA → Psicose crônica idiopática, aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se sobrepõem → Catatonia • Embotamento afetivo, ou seja, dificuldade em expressar sentimentos e emoções. → Paranoide • Esquizofrenia clássica; indivíduo confunde realidade com ficção; alucinações. → Hebefrenia • É perceptível a total confusão de realidade. O paciente é completamente consciente do que fala, mas sem nexo. - (1980) → Subtipo 1 – síndrome positiva: alucinações e delírios → Subtipo II – síndrome negativa: embotamento afetivo e pobreza no discurso A positiva se contrapõe a negativa devido a dopamina. Todos os pacientes, independentemente do tipo de esquizofrenia, terão um sintoma positivo, um sintoma negativo, ou os dois. Etiologia → Esquizofrenia em gêmeos idênticos (50%) e, para gêmeos dizigóticos (12%); → Polimorfismos de genes relacionados a aumento de vias dopaminérgicas (ANKK1, DRD2, DRD3) e diminuição de via glutamaérgica (Neuroregulina-1, disbindina e DISC-1 - envolvidos no controle da expressão do receptor NMDA); → Complicações na gravidez/parto: baixo peso ao nascer, parto prematuro, hipóxia neonatal, privação nutricional neonatal, infecção viral; → Abuso de drogas (principais: psicoativos e maconha) na adolescência aumentam o risco de desencadear a EZ Bases Neuroquímicas : → Sintomas positivos: Alterações na via mesolímbica (a partir da área tegumentada ventral - VTA), até o núcleo accumbens, amígdala e hipocampo; → Hiperatividade da via mesolímbica dopaminérgica, ↑da liberação de dopamina (DA) e ação em receptores D2 (inibitórios) • Aumento de dopamina na região mesolímbica → Sintomas negativos: Alterações na via mesocortical (a partir do VTA até córtex pré-frontal) → Redução da atividade mesocortical dopaminérgica e da sua ação em receptores D1 (excitatórios) • Diminuição de dopamina na região mesocortical Hipóteses para esquizofrenia → Receptores pós sinápticos dopaminérgicos são acoplados a proteina G • D1 e D5 são excitatórios, ou seja, aumentam AMPc intracelular • D2, D3 e D4 são inibitórios, diminuem AMPc Em sintomas positivos, aumento de DA na região mesolímbica e hiperestimulação de receptores D2 (inibitórios). Aumento de dopa contribui na diminuição da liberação de prolactina. Em sintomas negativos há menor dopamina na região mesocortical, e menor estimulação do D1 (estimulatório) • Antagonistas do receptor NMDA (ex.: cetamina) podem gerar sintomas psicóticos positivos e negativos: • Redução da função dos receptores NMDA na EZ; • Neurônios glutamatérgicos e gabaérgicos atuam no controle da atividade dopaminérgica mesolímbica e mesocortical Fármacos Antipsicóticos → Primeiros a serem lançados • Clorpromazina • Haloperidol • Loxapina • Proclorperazina → Menos efeitos colaterais • Clozapina • Risperidona • Quetiapina • Olanzapina • Ziprazidona Típicos - convencionais → São antipsicóticos de primeira geração (principais: Haloperidol e Clorpromazina) → Bloqueiam receptores D2 (para melhora dos sintomas positivos, pois impede que a dopamina se ligue em D2 na região mesolímbica) e com menor afinidade em D1 dopaminérgicos. Ou seja, são agonistas de receptores D2, bloqueando-os na via mesolímbica.. → Para que o fármaco seja eficaz, pelo menos 80% dos receptores D2 na via mesolímbica precisam estar bloqueados. Quanto maior a afinidade por receptor D2, maior a eficácia do fármaco. Os fármacos de 1º geração se distinguem dos da segunda geração (atípicos) pois são mais inespecíficos e bloqueiam receptores que não deveriam. Agem como antagonistas de receptores inespecificamente. → São agonistas de D2, mas bloqueiam D1 (que estão no mesocórtex – onde já tinha diminuição de dopamina, exacerbando os sintomas negativos) → Antagonista de receptores alfa-1, causando vasodilatação e hipotensão arterial → Antagonista de receptores H1 na zona de vigília causando sonolência → Antagonista de receptores muscarínicos (M1 e M3) causando boca seca, visão turva, constipação etc. → Antagonizam receptores 5-HT2 – diminui náuseas, dor de cabeça (clinicamente útil, ex: Proclorperazina) Portanto, os antipsicóticos típicos bloqueiam receptores D2 na via mesolímbica, impede a ligação da dopamina e melhora os sintomas positivos. Porém, na via mesocortical, há muito receptor D1. Em pacientes esquizofrênicos, já há pouca dopamina nessa via. Então ao fazer o uso desses fármacos, haverá bloqueio dos receptores que ajudariam nessa situação, diminuindo ainda mais o efeito de dopamina e agravando sintomas negativos. FÁRMACOS TÍPICOS MELHORAM SINTOMAS POSITIVOS E PIORAM OS NEGATIVOS. → Bloqueiam receptores D2 em via nigroestriatais – resultando em liberação maior de Ach em receptores muscarínicos e causa efeitos extrapiramidais (EEP). A diminuição de dopamina causa aumento na liberação de Ach – distonia aguda: tremor, rigidez, espasmos, involuntário, protusão da língua (parkinsonismo farmacológico – reversível – OBS: se o paciente usa os fármacos >5anos consecutivos torna-se permanente) Discinesia tardia – aumento da produção de receptores D2 na região do estriado levando à superestimulação da região → Bloqueio de receptores D2 na via tuberoinfundibular, ocasionando secreção de prolactina (uma vez que dopamina inibiria prolactina) → ↑efeitos colaterais - altamente incapacitantes, ↓adequação social, ↓aderência ao tratamento; → Discinesia tardia: Dano irreversível • Administração crônica de antipsicóticos (meses/anos em até 40% dos pacientes) • Prejuízo dos movimentos voluntários; • Movimentos involuntários, estereotipados, repetitivos, da face (laterais de queixo, lábios), tronco e membros • Mais prevalente em pacientes acima de 50 anos • IRREVERSÍVEL e piora com a retirada do antipsicótico. • Causado por degeneração de estriado. Atípicos – não convencionais → 2º geração • benzamidas: sulpirida, amisulprida • benzisoxazolas: risperidona, ziprasidona • dibenzodiazepinas: clozapina • dibenzotiazepina: quetiapina • difenilbutilpiperazinas: pimozida • imidazolidinone: sertindol • tienobenzodiazepina: Olanzapina → Também antagonizam D2 em via mesolímbica, mas também bloqueiam receptores serotoninérgicos (5HT-2a) → São antagonistas moderados dos receptores D2 (mais seletivos para região mesolímbica); → Possuem ação antagonista nos receptores 5-HT2A (pós-sinápticos) - Olanzapina e Risperidona e alguns agonistas de 5-HT1A (pré-sinápticos) - ↓liberação de 5-HT (ex.: Quetiapina) Alguns são agonistas de receptor 5-HT1a pré- sináptico, que faz feedback negativo. Então ao bloquear, diminui liberação de serotonina (melhorando ainda mais os sintomas negativos) → Possuem ação antagonista em receptores muscarínicos no nigroestriado (ex.: Olanzapina): melhora dos sintomas extrapiramidais Por serem antagonistas de M1 e M3 (no estriado) não irão causar os sintomas extrapiramidais. Fisiologicamente, a serotonina atua em receptor 5-HT2a em receptores dopaminérgicos e diminui liberação de dopamina. O fármaco bloqueia o receptor, e favorece o aumento de dopamina em mesocórtex, estriado e em região mesolímbica, melhorando os sintomas negativos. Não piora sintomas positivos, pois mesmo se aumentar dopamina, os receptores D2 mesolímbicoestão bloqueados. → Clozapina pode causar leucopenia e agranulocitose e tem risco aumentado de suicídio. Seu uso fica restrito a casos refratários de esquizofrenia e aqueles com sintomas extrapiramidais e discinesias tardias → Síndromes metabólicas (aumenta glicose livre, diminui sua captação; aumenta metabolismo lipídico) → Hiperfagia com tendência a obesidade e diabetes → Variabilidade individual de absorção → Dose muitas vezes ajustada por tentativa e erro; → A meia-vida plasmática da maioria dos fármacos antipsicóticos é de 15-30 horas; → Metabolismo inteiramente hepático por uma combinação de reações de fase I e fase II; → Administração V.O ou I.M (com liberação lenta: T1/2 vida de 2-4 semanas) Usos clínicos de antipsicóticos → Tratamento da esquizofrenia; → Tranquilizantes em pacientes com doenças neurodegenerativas avançadas (ex.: Alzheimer); → Dor crônica e ansiedade grave; → Depressão bipolar; → Pimozina: Tratamento de tiques fônicos na doença de Tourette; → Prevenção de náusea. vômitos graves e vertigens (Metoclopramida, proclorperazina, Meclizina, Dimenidrinato); → Diminuição de prurido (coceira)- prometazina (atividade anti-histamínica). → Induzir lactação: (menos utilizado atualmente - Metocloramida) O que difere o uso para cada situação, será a dose administrada (a dose para tratamento de esquizofrenia será muito maior do que para transtorno bipolar, por exemplo).
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