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SISTEMA NERVOSO 1. SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é responsável pela maioria das funções de controle em um organismo, coordenando e regulando as atividades corporais. O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso. Os neurônios comunicam- se através de sinapses; por eles propagam-se os impulsos nervosos. Anatomicamente o neurônio é formado por: dendrito, corpo celular e axônio. A transmissão ocorre apenas no sentido do dendrito ao axônio. O SISTEMA NERVOSO CENTRAL: A medula espinhal é o centro dos arcos reflexos. Encontra-se organizada em segmentos (região cervical, lombar, sacral, caudal, raiz dorsal e ventral). É uma estrutura subordinada ao cérebro, porém pode agir independente dele. O cérebro está relacionado com a maioria das funções do organismo como a recepção de informações visuais nos vertebrados, movimentos do corpo que requerem coordenação de um grande número de partes do corpo. O cérebro encontra- se protegido pelas meninges: pia-máter, dura-máter e aracnoide. O encéfalo dos mamíferos é dividido em: telencéfalo (cérebro), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), mesencéfalo (teto), metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). O bulbo tem a função relacionada com a respiração e é considerado um centro vital. Também está relacionado com os reflexos cardiovasculares e transmissão de informações sensoriais e motoras. O cerebelo é responsável pelo controle motor. A organização básica do cerebelo é praticamente a mesma em todos os vertebrados, diferindo apenas no número de células e grau de enrugamento. Pesquisas recentes sugerem que a principal função do cerebelo seja a coordenação sensorial e não só o controle motor. A função da ponte é transmitir as informações da medula e do bulbo até o córtex cerebral. Faz conexão com centros hierarquicamente superiores. O córtex sensorial coordena os estímulos vindos de várias partes do sistema nervoso. O córtex motor é responsável pelas ações voluntárias e o córtex de associação está relacionado com o armazenamento da memória. http://www.infoescola.com/sistema-nervoso/neuronios/ http://www.infoescola.com/sistema-nervoso/ato-reflexo/ http://www.infoescola.com/biologia/sistema-nervoso/ http://www.infoescola.com/sistema-nervoso/meninges/ http://www.infoescola.com/anatomia-humana/encefalo/ http://www.infoescola.com/fisiologia/respiracao/ O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO: Sistema Nervoso Voluntário: Está relacionado com os movimentos voluntários. Os neurônios levam a informação do SNC aos músculos esqueléticos, inervando-os diretamente. Pode haver movimentos involuntários. Sistema Nervoso Autônomo: Está relacionado com os movimentos involuntários dos músculos como não-estriado e estriado cardíaco, sistema endócrino e respiratório. É divido em simpático e parassimpático. Em algumas circunstâncias eles têm funções antagônica um sobre o outro. São controlados pelo SNC, principalmente pelo hipotálamo e atuam por meio da adrenalina e da acetilcolina. O mediador químico do SNA simpático é a acetilcolina e a adrenalina, enquanto do parassimpático é apenas a acetilcolina. Arco reflexo Os arcos reflexos são reações involuntárias que envolvem impulsos nervosos. Percorrendo um caminho chamado arco reflexo. Um exemplo muito conhecido de arco reflexo é o reflexo patelar. O tendão do joelho é o órgão receptor do estímulo. Quando recebe o estímulo (ex. uma pancada) os dendritos dos neurônios ficam excitados. O impulso é transmitido aos neurônios associativos por meio de sinapses, que por sua vez transmitem o impulso aos neurônios motores. Os neurônios associativos levam a informação ao encéfalo e os neurônios motores excitam os músculos da coxa, fazendo com que a perna se movimente. 2. IMPULSO NERVOSO Quando um neurônio recebe um estímulo, se este é forte o suficiente, leva a produção de um impulso nervoso. O impulso nervoso corresponde a uma corrente elétrica que caminha rapidamente no axônio até os botões sinápticos. O impulso nervoso para começar precisa encontrar a membrana numa condição denominada potencial de repouso; uma vez iniciado, se auto propagará. No neurônio não estimulado ou em repouso, a superfície interna da membrana plasmática tem uma carga negativa comparada com o fluido tecidual adjacente. A membrana plasmática está assim polarizada. Ela alcança seu potencial de repouso pela atividade eficiente da bomba de sódio/ potássio/ ATPase, que transporta sódio e potássio para o interior e exterior do neurônio. A proteína transportadora de Na+ e K+ é na realidade uma enzima, ATPase, que hidrolisa a molécula de ATP,"gerando" a energia necessária para o transporte destes íons através da membrana. Três íons Na+ são bombeados fora da célula para http://www.infoescola.com/sistema-muscular/musculo-estriado-esqueletico/ http://www.infoescola.com/neurologia/acetilcolina/ http://www.infoescola.com/bioquimica/mediadores-quimicos/ http://www.infoescola.com/sistema-nervoso/ato-reflexo/ http://www.infoescola.com/biologia/sistema-nervoso/ http://www.infoescola.com/sistema-muscular/tendao/ http://www.infoescola.com/biologia/sistema-nervoso/ cada dois íons K+ bombeados para dentro. Ambos os íons Na+ e K+ podem se difundir de volta através da membrana, a favor de seu gradiente de concentração. Todavia, a membrana é mais permeável ao K+ do que ao Na+. Assim, grande amostra de K+ pode sair, e somente pequena amostra de Na+ volta para dentro. Como resultado, mais cargas positivas são mantidas fora da membrana que dentro. Impulso nervoso 3. NEUROTRANSMISSORES A atuação de neurotransmissores e neuromoduladores reflete a grosso modo o estado emocional (sensações, pensamentos...), comportamental e de aprendizado e memória do indivíduo. Os neurotransmissores são moléculas pequenas que na sua maioria são derivados de proteínas, são encontrados geralmente em vesículas pré-sinápticas neuronais. Os neurotransmissores são liberados na fenda sináptica e captados por terminais pós-sinápticos (por meio de receptores localizados na membrana pós- sináptica) quando da passagem do impulso nervoso de uma célula para outra, o que chamamos de transmissão sináptica. De acordo com a propriedade funcional do neurotransmissor e do terminal pós-sináptico, os neurotransmissores são conhecidos por promoverem respostas excitatórias ou inibitórias entre neurônios que se comunicam por sinapses químicas. Existem vários tipos de Neurotransmissores: (diferentes tipos de células secretam diferentes neurotransmissores): >>> Acetilcolina (ACh): Neuromediador envolvido em muitos comportamentos, bem com atenção, aprendizado e memória: - Movimento - os movimentos de nossos músculos são promovidos pela liberação da acetilcolina dos neurônios colinérgicos para as fibras musculares. >>> Serotonina (5HT): Neurotransmissor que possui interferências no humor, na ansiedade e na agressão. - Desordens de humor - a diminuição da liberação de serotonina no sistema nervoso central está associada a desordens de humor e depressão. Costuma-se tratar esses pacientes com medicamento que bloqueiam a recaptação da serotonina para o terminal pré-sináptico (ex. fluoxetina, o Prozac). - Desordem obsessiva compulsiva - associada a redução nos níveis de serotonina no sistema nervoso central, é geralmente tratada por meio da inibição da recaptação da serotonina. Obs.: O leite é rico em triptofano, o que sugere que um copo de leite antes de dormir pode facilitar o sono. >>> Dopamina (DA): Controla níveis de estimulação e controle motor em muitas áreas encefálicas. Quando os níveis de dopamina estão extremamente baixos os pacientes são incapazes de se mover voluntariamente. -Doença de Parkinson - acontece devido degeneração de neurônios dopaminérgicos oriundos da substância negra, que enviam as suas projeções para o estriado, o qual está envolvido no controle motor do movimento. - Esquizofrenia- È uma patologia causada pelo excesso de dopamina liberada para o terminal pós-sináptico. >>> Noradrenalina (NA): Esse neurotransmissor está relacionado à excitação física e mental, bem como é conhecida por promover o bom humor. - Atenção e alerta - a liberação da noradrenalina facilita a atenção e o alerta durante o dia. Durante o sono REM os níveis de noradrenalina estão reduzidos - Humor - a depressão por redução na captação de noradrenalina pode ser tratada com algumas drogas que evitam a sua recaptação - Aprendizado e memória - a noradrenalina é importante nos processos de aprendizado e memória. >>> Ácido Gama Amino Butírico (GABA): O principal neurotransmissor inibitório do encéfalo. O processo inibitório ocorre quando o GABA se liga ao receptor, permitindo dessa forma a entrada de Cloro para dentro da célula. Responsável pela sintonia fina e coordenação dos movimentos entre outros. Há hipóteses que a deficiência de GABA leva a algumas formas de Esquizofrenia. >>> Glutamato (GLU): O glutamato é o principal neurotransmissor do encéfalo. A atuação do glutamato é fundamental no processo de memória. Curiosamente, o glutamato também está envolvido no processo de suicídio celular, uma vez que o excesso de glutamato é neurotóxico e mata a célula por excesso de influxo de Cálcio. 4. MEDICAMENTOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL OS MEDICAMENTOS AUMENTAM OU DIMINUIEM IMPULSOS NERVOSOS ATRAVÉS DA MODULAÇÃO DA QUANTIDADE DE NEUROTRANSMISSORES DISPONÍVEIS NA FENDA SINÁPTICA, ESTES, RESPONSÁVEIS PELA TRANSMISSÃO ELÉTRICA ENTRE OS NEURÔNIOS. 1 2 3 4 5 6 7 NEURÔNIO PRÉ-SINAPTICO FENDA SINAPTICA NEURÔNIO PÓS-SINAPTICO O QUE INLUÊNCIA NA QUANTIDADE DE NT NA FENDA: 1- Substrato para síntese 2- Encapsulação em vesículas 3- Entrada de Ca² - impulso 4- Liberação das vesículas 5- Ativação dos receptores pós-sinápticos. 6- Recaptação do NT 7- Degradação por enzimas na fenda sináptica. Muitas doenças são causadas pela disfunção do metabolismo dos Neurotransmissores, por consequência disso, os medicamentos têm como objetivo regular a transmissão nervosa, em alguns casos atuando aumentando o NT ou diminuindo, e em alguns casos agindo diretamente no receptor. Estudaremos as classes de medicamentos que atuam no Sistema Nervoso Central, através dos Neurotransmissores. 4.1 GABA O GABA reduz a possibilidade de um estimulo excitatório, pelo fato de, ao se ligar ao seu receptor ionotrópico GABAa, deixar entrar Cl- hiperpolarizando o neurônio. O receptor GABAb é acoplado proteína G e está presente na medula espinhal. Os benzodiazepínicos e barbitúricos são os medicamentos mais utilizados na transmissão GABAérgica. CLASSE DE FÁRMACO FÁRMACO MECANISMO SUPOSTO EFEITO Síntese de GABA Alilglicina, Isoniazida Inibe a formação do substrato do GABA Convulsivante Liberação do GABA Toxina Tetânica Inibe a liberação do GABA Convulsivante Metabolismo do GABA Tiagabina, Vigabatrina Sabril® Inibe o metabolismo do GABA Anticonvulsionante Agonistas dos receptores GABAa, Muscimol, Gaboxadol Ativam os receptores Imita uma psicose, Anticonvulsionante Antagonistas dos receptores GABAa Bicuculina, Gabazina, Picrotoxina Antagonizam a ação fisiológica do GABA Convulsivante Moduladores dos receptores GABAa Benzodiazepínicos, Barbitúricos Potencializam a ligação do GABA, aumentam a eficácia do GABA Anticonvulsivantes, ansiolíticos, anestésicos Agonistas dos receptores GABAb Baclofen Ativa os receptores GABAb Relaxante Muscular Os benzodiazepínicos são fármacos de alta afinidade e altamente seletivos, que se ligam a um único sítio dos receptores GABAA, porém não ativam diretamente os receptores GABAA nativos na ausência de GABA, e sim, aumentam a frequência de abertura dos canais na presença de baixas concentrações de GABA. Em concentrações de GABA semelhantes àquelas observadas nas sinapses, a desativação do receptor é Receptor GABA prolongada, indicando aumento da ligação do GABA e/ou probabilidade aumentada de abertura do canal. Os benzodiazepínicos são utilizados como ansiolíticos, sedativos, antiepilépticos e relaxantes musculares, bem como para o tratamento dos sintomas de abstinência do etanol. Eles exercem um efeito ansiolítico através da inibição das sinapses no sistema límbico, uma região do SNC que controla o comportamento emocional e que se caracteriza por uma elevada densidade de receptores GABAA. Os benzodiazepínicos, como o diazepam e o alprazolam, são utilizados para aliviar a ansiedade grave e crônica, bem como a ansiedade associada a algumas formas de depressão e esquizofrenia. Devido ao potencial de desenvolvimento de tolerância, dependência e adição, o uso dos benzodiazepínicos deve ser intermitente. Em situações de cuidados agudos, como na preparação do paciente para procedimentos invasivos, o midazolam é frequentemente utilizado como ansiolítico/sedativo/amnésico de início rápido e ação curta. Esta classe é composta por sedativos adequados para procedimentos desconfortáveis e de curta duração associados a dor aguda mínima, como endoscopia. Entretanto, quando associados a opióides, pode ocorrer uma potencialização sinérgica da sedação o e da depressão respiratória. Quando administrados antes de anestesia geral, os benzodiazepínicos reduzem a necessidade de outros agentes hipnóticos. Muitos benzodiazepínicos, incluindo o estazolam, o flurazepam, o quazepam, o temazepam e o triazolam são prescritos para o tratamento da insônia. Os mesmos facilitam o início do sono e também aumentam a duração global do sono. Após uso prolongado, esses efeitos podem diminuir, devido ao desenvolvimento de tolerância. Os benzodiazepínicos sedativos diferem quanto à sua velocidade de início, duração dos efeitos e tendência a causar insônia de rebote quando suspensos. Por exemplo, o flurazepam é um benzodiazepínico de ação longa, que facilita o início e a manutenção do sono e aumenta a sua duração. Apesar de não provocar insônia de rebote significativa, a sua meia-vida de eliminação longa (cerca de 74 horas) e o acúmulo de metabólitos ativos podem causar sedação diurna. O triazolam é um benzodiazepínico de início rápido, que também diminui o tempo necessário para o início do sono. Recomenda-se a administração mais intermitente do que crônica desse fármaco para diminuir a insônia de rebote associada à sua interrupção. O zolpidem é singular entre os sedativos utilizados para a insônia, visto que interage seletivamente em outros receptores que não o GABAA. O clonazepam também é frequentemente utilizado para essa indicação, visto que os efeitos anticonvulsivantes desse fármaco não são acompanhados de comprometimento psicomotor significativo. O diazepam é utilizado para aliviar os espasmos musculares causados por traumatismo físico, bem como a espasticidade muscular associada a distúrbios degenerativos neuromusculares, como a esclerose múltipla. As altas doses necessárias para obter esses efeitos também causam frequentemente sedação. BENZODIAZEOPINICO USO CLÍNICO DURAÇÃO DA AÇÃO Midazolam, Dormonid® Pré-anestésico, anestésico geral IV Ação curta (3-8horas) Alprazolam, Frontal® Transtornos de ansiedade, fobias Ação intermediária (11-20 horas) Lorazepam, Lorax® Transtornos de ansiedade, estado de mal epiléptico, anestésico geral IV Ação intermediária (11-20 horas) Clordiazepóxido, Psicosedin® Transtornos de ansiedade, abstinência de álcool Ação longa (1-3 dias) Clonazepam, Rivotril® Convulsões, insônia Ação longa (1-3 dias) Diazepam, Valium® Transtornos de ansiedade, estado de mal epiléptico, relaxamento muscular, anestésico geral IV, abstinência de álcool Ação longa (1-3 dias) Triazolam, Halcion® Insônia Ação curta (3-8 horas) Estazolam, Prosom® Insônia Ação intermediária (11-20 horas)Flurazepam, Dalmane® Insônia Ação longa (1-3 dias) Os barbitúricos têm ações disseminadas sobre o SNC que incluem a medula espinal, o tronco encefálico (núcleo cuneiforme, substância negra, sistema de ativação reticular) e o cérebro (córtex, tálamo, cerebelo). Os barbitúricos reduzem a excitabilidade neuronal basicamente ao aumentar a inibição mediada pelo GABA através dos receptores GABAA. Os barbitúricos anestésicos como tiopental e o pentobarbital, atuam como agonistas nos receptores GABAA e também aumentam as respostas dos receptores ao GABA. Os barbitúricos anticonvulsivantes, como o fenobarbital, produzem agonismo muito menos direto sobre os receptores GABAA nativos. Eles não só aumento o efeito do GABA em seus receptores como também aumentam o tempo de abertura dos canais. Antes da descoberta dos benzodiazepínicos, os efeitos sedativo-hipnóticos dos barbitúricos eram comumente utilizados no tratamento da insônia ou da ansiedade. Os benzodiazepínicos substituíram, em grande parte, os barbitúricos na maioria das situações clínicas, visto que são mais seguros, provocam menos tolerância, apresentam menos sintomas de abstinência e induzem efeitos menos profundos nas enzimas envolvidas no metabolismo de fármacos. Os barbitúricos ainda são utilizados para indução da anestesia geral, como agentes antiepilépticos e para neuroproteção. Os barbitúricos altamente lipossolúveis, como o tiopental e o pentobarbital, são utilizados para indução da anestesia geral. Esses fármacos penetram rapidamente no cérebro após administração intravenosa e, a seguir, redistribuem-se para os tecidos de menor perfusão. Essa redistribuição determina uma curta duração de ação do fármaco após a administração de uma única injeção IV direta. Os barbitúricos como o fenobarbital atuam como antiepilépticos efetivos, as convulsões caracterizam-se por neurônios do SNC de rápida despolarização, que disparam repetidamente potenciais de ação. Os barbitúricos reduzem a atividade epiléptica ao aumentar a inibição. BARBITÚRICO USO CLÍNICO DURAÇÃO DA AÇÃO Tiopental, Thiopentax® Indução de anestesia e manutenção em curto prazo, tratamento de emergência de convulsões. Ação ultracurta (5-15min) Pentobarbital, Nembutal® Insônia, sedação pré-operatória, tratamento de emergência de convulsões. Ação curta (3-8 horas) Fenobarbital, Gardenal® Tratamento de convulsões, tratamento do mal epilético. Ação longa (dias) Abaixo um estudo de caso que demonstra a relação das medicações acima ao cotidiano hospitalar: Anticonvulsivantes são utilizados para o tratamento do mal epilético de três mecanismos distintos: Potencialização da ação do GABA (Fenobarbital e Benzodiazepínicos); Inibição da função dos canais de Sódio (Fenitoína, Carbamazepina, Valprotato de Sódio, Lamotrigina); Inibição da função os canais de Cálcio (Etossuximida e Gabapentina). ANTIEPILÉTICO USO CLÍNICO REAÇÕES ADVERSAS Matthew tem 7 anos, pesa 20 kg e vem sendo submetido a poliquimioterapia para tratamento de um osteossarcoma agressivo no fêmur direito. Agora chegou o momento da ressecção cirúrgica. • 20h (véspera da cirurgia): Dr. Snow, o anestesiologista, tranquiliza o paciente e recorda a importância do jejum após a meia-noite para evitar aspiração do conteúdo gástrico durante a anestesia geral. • 6h30: Matthew agarra-se à mãe e está ansioso, debilitado e com um pouco de dor. Os sinais vitais são estáveis com pulso acelerado de 120 e pressão arterial de 110/75. Administra-se uma dose oral de midazolam (um benzodiazepínico para aliviar a ansiedade e permitir que Matthew se separe dos pais). • 7h: O Dr. Snow injeta uma pequena quantidade de lidocaína no tecido subcutâneo antes de inserir um cateter intravenoso (que ele esconde cuidadosamente de Matthew até o último momento). Através do cateter, o Dr. Snow administra uma infusão de sulfato de morfina para produzir analgesia. • 7h30: O Dr. Snow induz rapidamente a anestesia com um bolo intravenoso de 60 mg (3 mg/kg) de tiopental (um barbitúrico). Em 45 segundos, Matthew está em estado de anestesia profunda. O médico acrescenta uma dose intravenosa de succinilcolina (um relaxante muscular despolarizante) para facilitar a intubação e inicia respiração artificial. • 7h32: Uma mistura de anestésicos gerais inalatórios, contendo isoflurano a 2%, óxido nitroso a 50% e oxigênio a 48%, é administrada por meio do ventilador para manter a anestesia. • 7h50: Matthew não responde, nem por movimento nem por aumento do tônus simpático (p. ex., aumento da frequência cardíaca, aumento da pressão arterial), à primeira incisão cirúrgica. • 8h20: O Dr. Snow nota sobressaltado que o pulso de Matthew caiu para 55 e a pressão arterial para 85/45. Autocensurando-se por ter esquecido de diminuir a pressão parcial inspirada do anestésico quando sua pressão parcial no sangue venoso misto aumentou, ele reduz o nível de isoflurano inspirado para 0,8% enquanto mantém o nível de óxido nitroso em 50%. O pulso e a pressão arterial de Matthew voltam ao normal em 15 minutos. • 12h35: Após uma longa cirurgia, o Dr. Snow interrompe a administração de isoflurano e óxido nitroso e passa a administrar oxigênio puro durante alguns minutos. • 12h45: Em menos de 10 minutos, Matthew está respirando espontaneamente e pode responder a perguntas, embora ainda esteja um pouco atordoado. Os pais de Matthew estão aliviados por vê-lo desperto e alerta após mais de 5 horas de anestesia. Valproato de Sódio, Valpakine®, Depakene®, Depakote® (divalproato). Eficaz nas crises de ausência, assim como a etossuximida. Reações adversas mais comuns: náusea, vômitos, anorexia. Apresenta vários efeitos sobre a função hepática e a elevação das transaminases ocorre em até 40% dos indivíduos. Outras reações adversas: sedação, ataxia, tremor, alopecia, aumento do apetite. Gabapentina, Neurontin® Mecanismo de ação mal compreendido: parece promover a liberação não vesiculosa de GABA. Poucas reações adversas, sendo o principal delas a sedação. Fenitoína, Hidantal® Tratamento de convulsões, tratamento do mal epilético. A hiperplasia gengival ocorre em cerca de 20% dos indivíduos. Reações adversas: confusão, erupções cutâneas, efeitos endócrinos (inibição da liberação do ADH, hiperglicemia), alterações sanguíneas. É um indutor enzimático. Carbamazepina, Tegretol®, Oxcarbazepina, Trileptal® Tratamento de convulsões, tratamento do mal epilético. Menos reações adversas que a fenitoína. Reações adversas: sonolência, vertigem, ataxia, visão turva, náuseas, vômitos, toxicidade hematológica grave. É um indutor enzimático. Etossuximida, Zarontin® Principal fármaco utilizado nas crises de ausência. Relativamente poucas reações adversas: náuseas, vômitos, anorexia, sonolência, tontura, cefaléia e soluços. 4.2 Glutamato Os receptores de glutamato podem ser divididos em dois tipos: ionotrópico de canais de íons, onde a resposta excitatória é rápida; metabotrópicos acoplados a proteína G, onde a resposta excitatória é lenta. O aumento descontrolado desse neurotransmissor pode, em alguns casos, causar excitotoxicidade, definida como a ocorrência de morte neuronal causada por excitação celular excessiva. A excitotoxicidade tem sido implicada como mecanismo fisiopatológico em muitas doenças, incluindo síndromes neurodegenerativas, acidente vascular cerebral e traumatismo, hiperalgesia e epilepsia. Embora as aplicações clínicas da interrupção da excitotoxicidade permaneçam limitadas, espera-se que o melhor conhecimento da excitotoxicidade induzida pelo glutamato possa levar ao desenvolvimento de novas abordagens para o tratamento dessas doenças. A esclerose lateral amiotrófica (ELA), demência, doença de Alzheimer e Doença de Parkinson, hiperalgesia e epilepsia são algumas patologias relacionadas com a transmissão Glutamatérgica. CLASSE DE FÁRMACO FÁRMACO USOCLÍNICO EFEITO Antagonistas dos receptores de Glutamato Memantina, Ebix® Doença de Alzheimer Retarda a taxa de evolução clínica da doença de Alzheimer Moderada a grave Antagonistas dos receptores de Glutamato Amantadina, Mantidan® Doença de Parkinson Retarda a taxa de evolução clínica da doença de Parkinson. Antagonistas dos receptores de Glutamato Lamotrigina, Lamitor® Crises parciais e crises tônicoclônicas Crises de ausência atípicas Transtorno bipolar I - Antagonistas dos receptores de Glutamato Riluzol, Rilutek® Esclerose lateral amiotrófica Prolonga a sobrevida e diminui a evolução da doença na ELA 4.3 Dopamina (DA) A classe das monoaminas abrange a Dopamina (origem da Tirosina), Noradrenalina (origem Tirosina), Adrenalina (origem da Tirosina) e Serotonina (origem Triptofano). Todas são acondicionadas em vesículas intraneuronais através do transportados VMAT, este inativado por medicamentos como a Resepina, que liga-se irreversivelmente ao mesmo, impedindo o acondicionamento de todas as monoaminas. No espaço intracelular, as monoaminas como 5HT, DA e NE são inativadas pela enzima MAO-A, a qual origina a enzima MAO-B, que tem maior afinidade pela DA. No espaço extracelular as monoaminas são desintegradas pela enzima chamada COMT. DA é sintetizada a partir da tirosina no citoplasma do neurônio e, a seguir, é transportada no interior de vesículas secretoras para armazenamento e liberação. A dopamina (DA) é um neurotransmissor catecolamínico que atua como alvo terapêutico para alguns dos distúrbios importantes do sistema nervoso central (SNC), incluindo a doença de Parkinson e a esquizofrenia. Todos os receptores de dopamina são do tipo metabotrópicos acoplados a proteína G. Os tipos diferentes desses receptores estão dispostos no cérebro, em diferentes proporções, o que delimita o envolvimento da dopamina em diferentes patologias. Os medicamentos que atuam na via dopaminérgica são: Precursores da dopamina; Agonistas dos receptores de dopamina; Inibidores do metabolismo da dopamina; Antipsicóticos típicos e Antipsicóticos atípicos. O fato de existirem receptores de dopamina na área postrema localizada no assoalho do quarto ventrículo, a ativação dessa área ativa o centro do vômito no cérebro, tanto que os fármacos que bloqueiam os receptores dessa região são utilizados para o tratamento desses sintomas. A região nigroestriatal está mais relacionada com o movimento e consequentemente com a doença de Parkinson, assim como a região mesolímbica, está mais relacionada com os sintomas de esquizofrenia. A doença de Parkinson é uma afecção progressiva. A perda dos neurônios dopaminérgicos começa uma década ou mais antes do aparecimento efetivo dos sintomas, e essa perda continua de modo inexorável. Todos os tratamentos a atualmente disponíveis são sintomáticos, o que significa dizer que eles tratam os sintomas, mas não alteram o processo degenerativo subjacente. Todos os medicamentos que tem como objetivo diminuir os sintomas de Parkinson utilizam mecanismos que aumentam a quantidade de dopamina disponível no cérebro. CLASSE DE FÁRMACO FÁRMACO USO CLÍNICO EFEITO Precursores de dopamina Levodopa, Prolopa® Doença de Parkinson A levodopa, quando administrada isoladamente, possui baixa disponibilidade no SNC, devido a seu metabolismo periférico à dopamina; por conseguinte, é quase sempre administrada em associação com carbidopa, um inibidor da DOPA descarboxilase. Inibidores do metabolismo da dopamina ou levodopa (MAO) Rasagilina, Selegilina Doença de Parkinson A selegilina em baixas doses é seletiva para a MAO-B, que predomina no estriado; em doses mais altas, inibe a MAO-A, bem como a MAOB, com riscos associados de toxicidade. A selegilina forma o metabólito potencialmente tóxico anfetamina, que pode resultar em insônia e confusão. Vias da transmissão dopaminérgica Inibidores do metabolismo da dopamina ou levodopa (COMT) Tolcapona, Entacapona Doença de Parkinson A tolcapona é um agente altamente lipossolúvel que pode atravessar a barreira hematoencefálica, enquanto a entacapona distribui-se apenas na periferia Os inibidores da COMT podem ser utilizados em combinação com a carbidopa para aumentar ainda mais a meia-vida plasmática da levodopa. Agonistas dos receptores de Dopamina Bromocriptina, pramipexol Doença de Parkinson, Bromocriptina é utilizada para aumento de secreção de prolactina. Alguns estudos sugerem que o uso de agonistas da dopamina, mais do que da levodopa, como tratamento inicial para doença de Parkinson retarda o início dos períodos desligados e das discinesias, particularmente em indivíduos mais jovens. A esquizofrenia é um transtorno do processo mental caracterizado por um ou mais episódios de psicose (comprometimento do sentido da realidade). Os pacientes podem manifestar transtornos da percepção, pensamento, fala, emoção e/ou atividade física. Os sintomas esquizofrênicos são divididos em duas amplas categorias. Os sintomas positivos envolvem o desenvolvimento de funções anormais; esses sintomas incluem delírios (crenças distorcidas ou falsas e interpretação incorreta das percepções), alucinações (percepções anormais, particularmente auditivas), fala desorganizada e comportamento catatônico. Os sintomas negativos envolvem a redução ou perda das funções normais; esses sintomas incluem afeto embotado (diminuição na gama ou intensidade de expressão emocional), alogia (diminuição da fluência da fala) e avolição (diminuição do comportamento orientado para metas). O modelo mais comumente citado para explicar a patogenia da esquizofrenia é a hipótese da dopamina, segundo a qual a doença é causada por níveis elevados ou desregulados de neurotransmissão DA no cérebro. O sistema mesolímbico é um trato dopaminérgico que se origina na área tegmental ventral e que se projeta para o nucleus accumbens, o estriado ventral, partes da tonsila do cerebelo e hipocampo e outros componentes do sistema límbico. Esse sistema está envolvido no desenvolvimento das emoções e memória, e alguns aventaram a hipótese de que a hiperatividade mesolímbica é o fator responsável pelos sintomas positivos da esquizofrenia. Os fármacos utilizados no manejo da psicose são frequentemente denominados neurolépticos ou antipsicóticos. Embora esses termos sejam frequentemente empregados como sinônimo, eles possuem uma diferença ligeira, porém importante, na sua conotação. O termo “neuroléptico”enfatiza as ações neurológicas do fármaco, que se manifestam comumente como efeitos adversos do tratamento. Esses efeitos adversos, frequentemente denominados efeitos extrapiramidais, resultam do bloqueio dos receptores de DA nos núcleos da base e consistem nos sintomas parkinsonianos de lentidão, rigidez e tremor. O termo m antipsicóticos” denota a capacidade desses fármacos de abolir a psicose e aliviar a desorganização do processo mental nos pacientes esquizofrênicos. Os antipsicóticos podem ainda ser divididos em antipsicóticos típicos, isto é, fármacos mais antigos com ações proeminentes no receptor D2, e antipsicóticos atípicos, que constituem uma geração mais nova de fármacos com antagonismo D2 menos proeminente e, consequentemente, com menos efeitos extrapiramidais. Os efeitos adversos dos agentes antipsicóticos típicos podem ser divididos em duas amplas categorias: aqueles produzidos por ação antagonista nos receptores D2 de dopamina fora dos sistemas mesolímbico e mesocortical (efeitos sobre o alvo) e aqueles causados por ação antagonista inespecífica em outros tipos de receptores (efeitos não pretendidos para o alvo). Tendo em vista a ampla distribuição dos receptores de dopamina, não é surpreendente que os antagonistas dos receptores dopamínicos tenham uma ampla gama de efeitosadversos sobre o alvo. Conforme assinalado anteriormente, os mais proeminentes desses efeitos são freqüentemente designados como efeitos extrapiramidais. Antipsicóticos Típicos: As principais classes de antipsicóticos típicos são as fenotiazinas (clorpromazina, flufenazina) e as butilferonas (haloperidol). São agentes específicos para a dopamina, que muitas vezes podem causar efeitos adversos como, efeitos extrapiramidais, discinesias tardia (20% dos pacientes), Síndrome Maligna Neuroléptica (catatonia, estupor, febre, 10% dos pacientes). Ao passo que os receptores de dopamina estriatais e dos núcleos da base, tornam-se sensibilizados os efeitos adversos pioram podendo simula a Coréia de Hungtiton, uma doença caracterizada pelos movimentos coreiformes involuntários. Acredita-se que alguns efeitos adversos dos antipsicóticos típicos sejam causados pela sua ação antagonista nos receptores de dopamina na hipófise, onde a dopamina inibe tonicamente a secreção de prolactina. O antagonismo dos receptores D2 aumenta a secreção de prolactina, resultando em amenorréia, galactorréia e teste falso-positivo para gravidez em mulheres e resultando em ginecomastia e diminuição da libido nos homens. Dois fármacos, o haloperidol e a flufenazina, são disponíveis na forma dos ésteres de decanoato. Esses fármacos altamente lipofílicos são injetados por via intramuscular, onde são lentamente hidrolisados e liberados. As formas posológicas e éster de decanoato fornecem uma formulação de ação longa que pode ser administrada a cada 3 a 4 semanas. Essas formulações são particularmente úteis no tratamento de pacientes com aderência precária. Antipsicóticos atípicos: Os cinco principais antipsicóticos atípicos são a clonazina, a olanzapina, a quetiapina, a ziprasidona e a risperidona. Todos esses fármacos são mais efetivos do que os antipsicóticos típicos no tratamento dos sintomas negativos da esquizofrenia. Os antipsicóticos atípicos possuem afinidade relativamente baixa pelos receptores D2, sustenta-se uma ação conjunta com a capacidade antagonista no receptor 5-HT2 de serotonina. O que limita os efeitos adversos oriundos na seletividade da ação sobre a dopamina apresentada pelos antipsicóticos típicos. CLASSE DE FÁRMACO FÁRMACO USO CLÍNICO EFEITO ADVERSO Antipsicóticos Típicos (Fenotiazinas) Clorpromazina, Amplictil®, Tioridazina Mesoridazina Perfenazina Flufenazina, Flufenan® Tiotixeno Trifluoperazina Clorprotixeno Transtorno psicótico Náusea e vômitos (clorpromazina, perfenazina) Sintomas parkinsonianos, síndrome maligna neuroléptica (caracterizada por catatonia, estupor, febre e instabilidade autônoma; além disso, mioglobinemia e, potencialmente, morte), discinesia tardia (caracterizada por movimentos estereotipados involuntários e repetitivos da musculatura facial, braços e tronco). Sintomas anticolinérgicos (boca seca, constipação, retenção urinária), hipotensão ortostática, incapacidade de ejaculação, sedação. Antipsicóticos Típicos (Butilferonas) Haloperidol, Halo® Droperidol Psicoses, Náusea e vômitos. Iguais aos das fenotiazinas Antipsicóticos Atípicos Risperidona, Risperdal® Clozapina, Leponex® Olanzapina, Zyprexa® Quetiapina, Seroquel® Ziprasidona, Aripiprazol, Abilify®. Transtornos psicóticos, Transtorno bipolar, Esquizofrenia refratária a outros antipsicóticos Sintomas extrapiramidais leves. Sintomas anticolinérgicos (boca seca, obstipação, retenção urinária), sedação, ganho de peso 4.4 Serotonina (SER) e Noradrenalina (NE) A serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5HT) e a norepinefrina (NE) desempenham papéis críticos na modulação do humor, no ciclo de sono vigília, na motivação, na percepção da dor e na função neuroendócrina. As projeções serotoninérgicas para a medula espinal estão envolvidas na percepção da dor, regulação visceral e controle motor, enquanto as projeções para o prosencéfalo são importantes na modulação do humor, na cognição e na função endócrina. O sistema noradrenérgico modula a vigilância, as respostas ao estresse, à função neuroendócrina, o controle da dor e a atividade do sistema nervoso simpático. A liberação de 5HT e de NE ocorre primariamente através de varicosidades. Ao contrário das sinapses, que formam contatos firmes com neurônios-alvo específicos, as varicosidades liberam grandes quantidades de neurotransmissor a partir de vesículas presentes no espaço extracelular, estabelecendo gradientes de concentração de neurotransmissor nas áreas de projeção das varicosidades. As células que contêm 5HT nos núcleos da rafe e as células que contêm NE no locus ceruleus projetam-se amplamente através do córtex cerebral, enquanto a dopamina apresenta um padrão mais focado de projeções. Cada um desses sistemas possui auto receptores pré- sinápticos proeminentes, que controlam as concentrações locais de transmissores. Os receptores de serotonina e noradrenalina se distribuem por todo o cérebro, inibindo ou estimulando a descarga elétrica, regulando o humor e o ciclo sono-vigília. Doenças como Transtorno depressivo maior (TDM), transtornos afetivos bipolares (TABP), relacionados a isolamento social, humor deprimido, diminuição da energia, alterações do apetite e do sono, são oriundos da disfunção desse sistema. A base biológica da depressão começou a ser desvendada nas décadas de 1940 e 1950, quando observadores perspicazes verificaram que a imipramina, a iproniazida e a reserpina exerciam efeitos inesperados sobre o humor. Inibidores do armazenamento de Serotonina: A anfetamina e drogas relacionadas interferem na capacidade das vesículas sinápticas de armazenar monoaminas, como a serotonina. Por conseguinte, a anfetamina, a metanfetamina e o metilfenidato deslocam a 5HT, a DA e a NE de suas vesículas de armazenamento, drogas utilizadas para perda de peso (modulação do apetite). Inibidores da degradação de Serotonina: A principal via de degradação da serotonina é mediada pela MAO, e, por conseguinte, os IMAO possuem efeitos significativos sobre a neurotransmissão serotoninérgica. Os IMAO são classificados com base na sua especificidade para as isoenzimas MAO-A e MAO-B e de acordo com a reversibilidade ou irreversibilidade de sua ligação. Os IMAO mais antigos não são seletivos, e a maioria deles, como a iproniazida, a fenelzina e a isocarboxazida, consiste em inibidores irreversíveis. Os IMAO mais recentes, como a moclobemida, a befloxatona e a brofaromina, são seletivos para a MAO-A e ligam-se de modo reversível, razão pela qual são denominados inibidores reversíveis da monoamina oxidase A (IRMA). A selegilina, um inibidor da MAO-B também inibe a MAO-A em doses mais altas. O efeito adverso mais tóxico do uso dos IMAO consiste na toxicidade sistêmica da tiramina. Como a MAO gastrintestinal e hepática metaboliza a tiramina, o consumo de alimentos que contêm tiramina, como carnes processadas, queijos envelhecidos e vinho tinto, pode levar a níveis circulantes excessivos de tiramina. A tiramina é um simpaticomimético indireto, que tem a capacidade de estimular a liberação de grandes quantidades de catecolaminas armazenadas através de reversão dos transportadores da recaptação. Essa liberação descontrolada de catecolaminas pode induzir uma crise hipertensiva, caracterizada por cefaléia, taquicardia, náusea, arritmias cardíacas e acidente vascular cerebral. Inibidores da recaptação de Serotonina: O tônus serotoninérgico é mantido no estado de equilíbrio dinâmico através do equilíbrio entre a liberação e a recaptação do transmissor. Assim, os inibidores do transportador da recaptação de serotonina (SERT) aumentam tipicamente a quantidade de 5HT no espaço extracelular. São utilizadas três classes de inibidores da recaptação: os antidepressivos tricíclicos (ATC) não- seletivos, os inibidores seletivosda recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSN) mais recentes. O protótipo dos ATC é a imipramina, e outros membros dessa classe incluem a amitriptilina, a desipramina, a nortriptilina e a clomipramina (que é um agente de primeira linha para o transtorno obsessivo-compulsivo). Efeitos adversos: Os efeitos anticolinérgicos são mais proeminentes e consistem em sintomas típicos de bloqueio dos receptores muscarínicos de acetilcolina: náusea, vômitos, anorexia, boca seca, visão turva, confusão, constipação, taquicardia e retenção urinária. Os efeitos anti- histaminérgicos incluem sedação, ganho de peso e confusão (no idoso). Os efeitos antiadrenérgicos consistem em hipotensão ortostática, taquicardia reflexa, sonolência e tonteira. A hipotensão ortostática constitui um risco particularmente significativo em pacientes idosos, e nesses indivíduos é necessário proceder a uma cuidadosa monitorização. Por fim, os ATC também podem precipitar mania em pacientes com transtorno afetivo bipolar. O primeiro ISRS introduzido foi à fluoxetina, que continua sendo um dos ISRS mais largamente prescritos. Outros ISRS incluem o citalopram, a fluvoxamina, a paroxetina, a sertralina e o escitalopram. Como os ISRS são mais seletivos do que os ATC em doses clinicamente efetivas, apresentam um número bem menor de efeitos adversos. Os ISRS carecem de cardiotoxicidade significativa e não apresentam ligação tão ávida aos receptores muscarínicos (colinérgicos), histamínicos, adrenérgicos e dopamínicos. Os IRSN, como venlafaxina e duolexina, inibem a recaptação tanto de serotonina quanto de noradrenalina, mediando dessa forma, os efeitos adversos. A classe dos antidepressivos atípicos inclue a bupropiona, a mirtazapina, a nefazodona e a trazodona. São considerados juntos aqui apenas pelo fato de não se enquadrarem convenientemente em outras categorias. Esses agentes, que são mais novos do que os ATC, atuam através de vários mecanismos diferentes, embora alguns deles tenham mecanismos de ação desconhecidos ou que ainda não foram totalmente caracterizados. Agonistas dos receptores de Serotonina: Os alcalóides do esporão do centeio são agonistas do receptor de serotonina (5HTR) de ocorrência natural. Essa ação era responsável pelo ergotismo descrito na Idade Média como “Fogo de Santo Antônio, em que os indivíduos que consumiam cereais infectados pelo fungo produtos dessa substância (Claviceps purpúrea) apresentavam vasoconstrição periférica grave, resultando em necrose e gangrena. Os agonistas seletivos para subtipos do 5HTR tornaram-se um alvo terapêutico de interesse crescente nessa última década. Esses agentes são utilizados primariamente no tratamento da ansiedade e da enxaqueca. A buspirona é um ansiolítico não benzodiazepínico que não se liga aos receptores de GABA, mas que atua como agonista seletivo do 5HT1AR. Acredita-se que a enxaqueca seja precipitada por vasodilatação cerebral, com ativação subsequente das fibras pequenas para a dor. Foi constatado que uma classe de agonistas seletivos da serotonina (agonistas 5HT1) é particularmente efetiva no tratamento da enxaqueca, presumivelmente devido a seus potentes efeitos vasoconstritores. A sumatriptana é o protótipo do agonista do 5HT1DR desse grupo, coletivamente conhecido como triptanas e que também inclui a rizatriptana, a almotriptana, a frovatriptana, a eletriptana e a zolmitriptana. Antagonistas dos receptores de Serotonina: A ondansetrona é um antagonista dos receptores de serotonina presentes no sistema nervoso entérico, nas terminações nervosas do vago e no SNC, particularmente na zona de gatilho quimiorreceptora, sendo um poderoso antiemético, que é especificamente utilizada como adjuvante na quimioterapia do câncer ou em casos de náusea refratária. Estabilizantes de humor: O lítio, que é comumente administrado na forma de carbonato de lítio, é um pequeno cátion monovalente, cujas propriedades eletroquímicas assemelham-se às do sódio e do potássio. A intoxicação aguda pelo lítio, uma síndrome clínica caracterizada por náusea, vômitos, diarréia, insuficiência renal, disfunção neuromuscular, ataxia, tremor, confusão, delírio e convulsões, é uma emergência médica cujo tratamento pode exigir diálise. A hiponatremia ou a administração de agentes antiinflamatórios não-esteróides (AINE) pode levar a uma reabsorção aumentada de lítio no túbulo proximal e elevação das concentrações plasmáticas de lítio para níveis tóxicos. CLASSE DE FÁRMACO FÁRMACO USO CLÍNICO EFEITO ADVERSO Inibidores da degradação de Serotonina Iproniazida Fenelzina Isocarboxazida Moclobemida Befloxatona Brofaromina Selegilina Depressão Toxicidade sistêmica da tiramina em decorrência do consumo de alimentos que contêm tiramina (a liberação descontrolada de catecolaminas pode induzir uma crise hipertensiva, caracterizada por cefaléia, taquicardia, náusea, arritmias cardíacas e acidente vascular cerebral). Antidepressivos Tricíclicos (ATC) Amitriptilina, Tryptanol®, Clomipramina, Clo®, Desipramina Doxepina Imipramina, Tofranil®, Nortriptilina, Pamelor®, Protriptilina Trimipramina Depressão, Síndromes de dor, como enxaqueca, síndrome da fadiga crônica e outros distúrbios de dor somática. Enurese noturna (imipramina) Transtorno obsessivo compulsivo (clomipramina). Bloqueio cardíaco, arritmias cardíacas, hipotensão ortostática, infarto do miocárdio, agranulocitose, icterícia, convulsões, agravamento da depressão com pensamentos suicidas Distensão, constipação, xerostomia, tonteira, sonolência, visão turva, retenção urinária. Contraindicado o uso concomitante com IMAO. Inibidores seletivos da recaptação de Serotonina (ISRS) Citalopram, Celexa®, Fluoxetina, Prozac®, Fluvaxamina Paroxetina, Roxetin®, Sertralina, Zoloft® Depressão, Ansiedade, Transtorno obsessivo compulsivo, Transtorno do estresse pós- traumático, Síndromes de dor Síndrome da serotonina devido à administração concomitante de IMAO (caracterizada por hipertermia, rigidez muscular, mioclonus e flutuações rápidas do estado mental e dos sinais vitais); pode precipitar mania em paciente bipolar Disfunção sexual, distúrbio gastrintestinal (a sertralina está freqüentemente associada a diarréia, enquanto a paroxetina está associada a constipação), vasoespasmo, sudorese, sonolência, ansiedade. Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN) Venlafaxina, Venlift®, Duolexina, Lyrica® Depressão, Ansiedade Transtorno do pânico, com ou sem agorafobia, Síndromes de dor (duloxetina). Síndrome maligna neuroléptica, hepatite; pode exacerbar a mania ou a depressão em pacientes suscetíveis. Hipertensão, sudorese, perda de peso, distúrbio gastrintestinal, visão turva, nervosismo, disfunção sexual.
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