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1 Lucas Moreira – 73C Resumo – Farmacologia Aplicada 1. Aula Introdução: 1.1. Sinalização do SNC: em questão de ms há a condução elétrica, a liberação do neurotransmissor (induzido por Ca2+) e a conexão sináptica do neurotransmissor com seu receptor (sua função depende de seu receptor) → existem transmissões sinápticas rápidas e lentes, que, por sua vez, dependem do tipo de fibra, tempo de ligação e afinidade com o receptor, tipo do receptor → transmissões rápidas são mediadas, na maioria dos casos, por receptor via canal (reação rápida ao estímulo), enquanto as transmissões lentas são via receptor metabotrópico (reação mais lenta por ter que criar via de segundos mensageiros). Ainda existem: neuromodulação, plasticidade sináptica, efeitos farmacológicos retardados (interação de fármacos com receptores que não são seu alvo inicial), tolerância farmacológica, remodelação estrutural e degeneração, regeneração e reparo. 1.2. Mediadores: são de curta duração e de curta distância. Mediadores possuem funções diferentes no SNC, no SNP e no resto do organismo em geral, uma vez que sua ação depende do seu receptor. Os neuromoduladores (modulam os mediadores), por sua vez, possuem ação difusa, efeitos de curta ou longa duração e longa distância do local de liberação → estão relacionados à síntese de neurotransmissores, expressão de receptores, etc. Fatores neurotróficos (modulam além da sinapse): são liberados por neurônios e astrócitos, possuem efeitos de longa duração e estimulam o crescimento neuronal. Os Principais neurotransmissores: • Glutamato: estimulação → receptor do tipo canal que permite a passagem de Na+ e Ca2+; • GABA → inibidor → receptor do tipo canal (GABAa) que permite a passagem de Cl-; • Serotonina (5-HT); • Glicina: estimulatória e inibitória; • Dopamina; • Acetilcolina: estimulatória; • Noradrenalina; • Endorfina; • Substância P; • Prostaglandinas; • Histamina; • NO; 1.3. Alvos: os principais alvos para ação de fármacos são: receptores, transportadores, moléculas de sinalização, canais de recaptação, síntese, enzimas degradadoras e a própria vesícula. 2 Lucas Moreira – 73C 1.4. Receptores: receptores ionotrópicos, ou seja, canais iônicos possuem vários sítios, deste modo, possuindo vários tipos de moduladores → pode-se trabalhar com agonistas, antagonista e moduladores alostéricos (positivos ou negativos). O GABAa é um receptor para o Cl- (BZN estimulam alostericamente a abertura deste canal) → inibitório, enquanto os receptores para glutamato são para Ca2+ e o Na+ → excitatório. Receptores metabotrópicos, por sua vez, geram segundos mensageiros, como, por exemplo, Gq → ativa PLC → DAG e IP3 → aumento de Ca2+ →excitatório; Gs → ativação de AC → aumento de Ca2+ e diminuição de K+ → excitatório; Gi → inibitório. Além disso, receptores do tipo tirosina-quinase desencadeiam cascatas de fosforilação → transcrição gênica. 1.5. Ação dos Fármacos: os fármacos podem: inferir na síntese de neurotransmissores, competir metabolicamente com sua via de síntese, bloqueando transporte de membrana, estimulando a liberação de neurotransmissores de suas vesículas de estocagem, evitando a liberação do neurotransmissor, mimetizando a ação do neurotransmissor pela ação agonista sobre seu receptor, bloqueando a ação do neurotransmissor à nível de receptor, inibindo enzimas que inibem os neurotransmissores. As principais classes são: anestésicos gerais, analgésicos centrais (pregabalina, um gabaérgico, é utilizado em casos de dor neuropática), ansiolíticos e hipnóticos/ sedativos, antipsicóticos (clozapina, clorpromazina, haloperidol, risperidona), antidepressivos, psicomotores/ psicoestimulantes, psidisléticos e que atuam na cognição (ritalina). 2. Ansiolíticos, Sedativos e Hipnóticos: 2.1. GABA: o GABA ou ácido gama-aminobutírico é um neurotransmissor inibitório do SNC. Há dois receptores para o GABA: GABAa e GABAb, sendo o do tipo a um canal iônico e o b metabotrópico. O GABAa é um receptor do tipo iônico que, ao ser ativado, permite a entrada de Cl- e, portanto, determina inibição celular. Classes farmacológicas tais como benzodiazepínicos (modulador positivo), barbitúricos (agonista), zolpidem (modulador positivo), álcool (modulador positivo) e flumazenil (modulador negativo específico para benzos) possuem sítios de ligação com os receptores para GABA. 3 Lucas Moreira – 73C 2.2. Benzodiazepínicos: os benzos são uma classe farmacológica que atua modulando positivando e alostericamente o receptor GABAa, deste modo, podendo atuar, dependo da dose e do fármaco, como ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, indutores de anestesia e, em casos de overdose, podendo ocasionar coma e até óbito. • Principais: clonazepam (mais potente), alprazolam (também muito potente), bromazepam (maior risco associado à perda de memória), diazepam (mais seguro), lorazepam, midazolam (anestésico e indutor de sono → alternativa para o zolpidem) e flunitrazepam. No geral, considera-se os benzos de ação curta como hipnóticos (midazolam); os de ação média como ansiolíticos e hipnóticos/ sedativos; e os de ação longa como ansiolíticos e anticonvulsivantes. • Principais efeitos: redução da ansiedade e agressividade; anticonvulsivante; sedação e indução de sono; redução do tônus muscular e da coordenação; • Habitualmente, o benzos sustentam o sono no estágio II, o que não permite um descanso adequado → não devem ser usados para o tratamento de insônia → também causam dependência, tolerância e comprometimento do sono REM. • Superdosagem: tolerância (alteração de receptor e não indução enzimática) e dependência (física e psíquica), depressão sensória sem interação com o sistema respiratório e cardiovascular → pode ocorrer em associação; sonolência, fadiga, fraqueza muscular, depressão, secura na boca, ataxia, confusão mental, efeito amnésicos: diminuição da memória distante (cuidado com idosos!) e da aquisição de novos conhecimentos (uso prolongado). Efeito paradoxal: inquietude, agitação, irritabilidade, agressividade e insônia → interações com outros sistemas. A interrupção abrupta da administração provoca síndrome de abstinência, com confusão, ansiedade, agitação, inquietação, insônia e tensão. • A dose letal dos benzos é 1000x maior que a dose terapêutica utilizada → um pouco mais segura que os barbitúricos → em casos de superdosagem por benzos, na maioria dos casos, não há interação com 4 Lucas Moreira – 73C os sistemas respiratório e cardiovascular. Assim sendo, podem ser prescritos, por exemplo, de 3 em 3 horas ou de 4 em 4 horas. • Os benzos são lipofílicos → rápida e completamente absorvidos após administração oral (pico plasmático após 1 hora), eliminados na urina na forma de metabólitos: alguns são catabolizados em nordazepam, outros em compostos hidroxilados e todos posteriormente são conjugados com glicuronídeo. • Em comparação com os barbitúricos, os benzos são muito “melhores” em virtude das seguintes razões: maior índice e janela terapêutica, menor gravidade em casos de superdosagem, menor potencial de dependência física e psíquica (mesmo que cause) e não produz indução enzimática. • Flumazenil (Lanexat): antídoto para intoxicação por benzodiazepínicos → modulador negativo GABAa específico para o sítio dos benzos. Para casos de intoxicação por barbitúricos o ideal é bicarbonato. 5 Lucas Moreira – 73C • Álcool - Benzos/ Zolpidem/ Barbitúricos: não associar → interação a nível hepático (reduz ação do CITp450) e neurológico → o álcool também é um modulador alostérico positivo do GABAa, deste modo, havendo sua associação há chance de uma grande depressão sensória. 2.3. Zolpidem: o zolpidem é um medicamento modulador alostérico positivo de GABAa da classe das imidazopiridinas (não é um benzo). Este fármaco possui rápidaação e curto tempo de meia-vida (mais seguro), deste modo, sendo muito utilizado como hipnótico (não é utilizado como ansiolítico). Em alguns casos, pode determinar alucinações por conta de interação com via dopaminérgica. 2.4. Barbitúricos: os barbitúricos são uma classe de medicamentos que atuam como agonista direto de GABAa, deste modo, possuindo uma ação muito mais potente que a de benzodiazepínicos e do zolpidem. Assim sendo, seu uso como ansiolítico se tornou obsoleto e suas utilizações terapêuticas, atualmente, são: sedativo, hipnótico e anticonvulsivante. Os barbitúricos podem ser administrados por via oral e IV. • Principais Representantes: fenobarbital (tempo de meia-vida longo → mais utilizado), alobarbital, pentobarbital e tiopental (tempo de meia vida curto → utilizado em algumas anestesias). • Os barbitúricos em superdosagem possuem interação com os sistemas respiratório e cardiovascular, deste modo, sendo muito mais perigosos quanto ao seu risco de óbito → possuem efeito exponencial com aumento de dosagem. Além disso, causam indução enzimática → maior risco de interação farmacológico → diminuição do efeito de outros fármacos; e tremor (inibição de via mesolímbica). Os barbitúricos também possuem grande potencial de indução de dependência física e psíquica, e de tolerância (necessidade de doses cada vez maiores). 6 Lucas Moreira – 73C 3. Antidepressivos: • Depressão: do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm como elementos mais salientes o humor triste e, na esfera volitiva, o desânimo, mais ou menos marcantes. Tal tristeza e desânimo são, na depressão, desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que nas respostas normais de tristeza que ocorrem ao longo da vida. Os quadros depressivos caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação ou estupor), assim como fenômenos biológicos (neuronais ou neuroendócrinos) associados. Comumente os principais sintomas são: (1) humor depressivo, ruminação excessiva de pensamento negativo, infelicidade, apatia e pessimismo; (2) autoestima baixa: sentimentos de culpa, inadequação e sentimento de feiura; (3) indecisão, perda de motivação; (4) anedonia, perda da sensação de recompensa. Os sintomas biológicos incluem: retardo do pensamento e da ação; perda de libido; e distúrbios do sono e perda de apetite. • Teoria das Monoaminas: a teoria das monoaminas da depressão, que foi primeiramente proposta por Schildkraut em 1965, afirma que a depressão pode ser causada por déficit funcional de transmissores de monoaminas (dopamina), norepinefrina e 5-hidroxitriptamina (5-HT), em certos locais do cérebro, enquanto a mania resulta de excesso funciona. Esta teoria se baseou na ação de três fármacos: Imipramina → bloqueia 5HT (respostas negativas) e dopaminérgicos → ação antidepressivas; a Iproniazida → inibe MAO → ação antidepressiva; e a reserpina → inibe a captação de nora em vesículas → ação depressiva ➢ Sintomas de atenção, motivação, prazer e recompensa → noradrenalina; ➢ Estado de alerta → dopamina; ➢ Ansiedade: dopamina e serotonina; ➢ Sintomas obsessivos e compulsivos, embotamento afetivo e anedonia → serotonina; ➢ Sintomas depressivos → os três. 7 Lucas Moreira – 73C • Efeitos antidepressivos clínicos em geral são apenas observados depois de 3 semanas ou mais de tratamento contínuo → geralmente, 2 a 3 meses. Pacientes em tratamento agudo podem ter ideação suicida → acompanhamento próximo! • Os antidepressivos, no geral, buscam atuar sobre o receptor 5-HT1A, que está localizado nos corpos celulares serotoninérgicos dos núcleos da rafe e neurônios pós-sinápticos no hipocampo; e é considerado como responsável por regular humor e comportamento. O receptor 5-HT1D é um autorreceptor inibitório, sendo importante no tratamento de enxaqueca (uso de tricíclicos). Todavia, como os fármacos antidepressivos não são drogas tão seletivas, elas acabam ativando receptores 5-HT nas mais diversas áreas do cérebro e determinando efeitos colaterais como: irritação (5-HT2 - núcleos da base), vômitos e náuseas (5-HT3 – centro do vômito no bulbo), ansiedade (5-HT2 – sistema límbico) e disfunções sexuais – disfunção precoce ou tardia (5-HT2 – medula espinhal). 3.1. Classes de Antidepressivos: I. Inibidores da Monoamino-Oxidase (IMAO’s): são fármacos que atuam inibindo, de forma reversível ou não, as enzimas MAO-A e MAO-B e, deste modo, aumentando as concentrações de NA e serotonina nas fendas sinápticas. • Principais Representantes: fenelzina, isocarboxazida, iproniazida, moclobemida e seleginina. • Efeitos Adversos: tremores, excitação, insônia e hiperidrose; agitação e comportamento hipomaníaco; alucinações, confusão e convulsões (raras ocasiões); ganho de peso (apetite aumentado); lesão hepática (compostos hidrazínicos); tontura vertigem, cefaleia, inibição da ejaculação, fraqueza, fadiga, boca seca, visão turva, retenção urinária, rashes cutâneos e constipação • Síndrome Seratoninérgica: ocorre pela administração concomitante de fármacos que aumentam a serotonina (p, ex. IMAO e ISRS) → hipertemia, agitação, delirium, ansiedade, colapso cardiovascular e rigidez muscular. II. Antidepressivos Tricíclicos (ATC): são os primeiros antidepressivos criados. Estes fármacos atuam inibindo SERT e NET, e, deste modo, aumentando as concentrações de serotonina e NA na fenda sináptico. São utilizados em casos de depressão maior ou refratária. Ademais, são drogas “sujas”, ou seja, atuam de forma não específica em vários receptores → SERT, NET, antagonismo H1, antagonismo alfa-1 e antagonismo M1. • Principais representantes: imipramina, desipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, 8 Lucas Moreira – 73C • Efeitos Colaterais: ganho de peso e sonolência (H1); tontura, hipotensão e sonolência (Alfa-1); constipação, visão turva, boca seca e sonolência (M1); e síndrome seratoninérgica (associação de antidepressivos). III. Antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS’s): são fármacos que atuam inibindo seletivamente SERT e, deste modo, aumentando as concentrações de serotonina na fenda sináptica. São muito utilizados também em transtornos como síndrome do pânico, TOC, TEPT e TAG. • Principais Representantes: fluoxetina (crianças e gestantes), paroxetina, citalopram, sertralina (idosos) e escitalopram (um dos melhores fármacos da atualidade, mas não disponível no SUS). • Efeitos Colaterais: irritação, náuseas, vômitos, alterações na função sexual, sono e ansiedade. Caso associado com outros antidepressivos, pode determinar síndrome seratoninérgica. IV. Antidepressivos Inibidores da Recaptação de Noradrenalina e Serotonina (IRSN’s): são a classe de antidepressivos mais recentes, sendo, caso o paciente tenha condição, os fármacos de primeira escolha para o tratamento de depressão. Atuam inibindo NET e SERT. Além da depressão, também são utilizados para tratar autismo, compulsão alimentar, ondas de calor, síndromes dolorosas, transtorno disfórico pré-menstruais, fibromialgia, dor neuropática e incontinência urinária. • Principais Representantes: desvenlafaxina, venlafaxina (efexor; acima de 100mg efeito dual), trazodona e duloxetina (cymbalta). • Efeitos Colaterais: ativação motora (tremores), agitação psicomotores, aumento da PA (centro cardiovascular no tronco), aumento da FC, boca seca, constipação e retenção urinária (alteração parassimpática). V. Antidepressivos Atípicos: são fármacos que não se encaixam em nenhuma das classes anteriores • Mitrazapina:atua inibindo o autorreceptor inibitório Alfa-2. Muito utilizado em idosos; • Trazodona: bloqueia os receptores 5-HT2A e 5- HT2C e também os receptores H1. Utilizado no tratamento de depressão maior com ou sem episódios de ansiedade; e dor neurogênica (neuropatia diabética) e outros tipos de dores crônica. • Bupropriona: agonista direto de 5-HT1A. Utilizado em pacientes em tentativa de abandono do tabagismo. VI. Outras Drogas: 9 Lucas Moreira – 73C I. Metilenodioximetanfetamina (MDMA)/ Ecstasy: inibidor seletivo do armazenamento da serotonina e ligante do receptor de 5HT. II. Metilfenidato/ Ritalina: inibidor da recaptação da dopamina e da noradrenalina. Além disso, atua como agonista sobre os receptores alfa e beta adrenérgico. 4. Esquizofrenia e Antipsicóticos: • Esquizofrenia: a principal forma de psicose ou síndrome psicótica, por sua frequência e sua importância clínica, é, certamente, a esquizofrenia (Tsuang; Stone; Faraone, 2000; Tandon; Keshavan; Nasrallah, 2008). A proposta de se recortar uma entidade nosológica que incluiria formas distintas de “loucura” (paranoide, catatônica e dos jovens ou hebefrênica) foi feita pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856- 1926), em 1896, que a nomeou dementia praecox (“dementia” pela noção de que a maior parte dos pacientes teria evolução muito ruim e “praecox” pelo seu início frequente em jovens e adultos jovens). Já o psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857-1939) propôs, em 1911, o termo esquizofrenia, dando ênfase à desarmonia interna do funcionamento mental e à quebra radical do contato com a realidade que ele notava nesse transtorno. I. Sintomas Positivos: diferentemente dos sintomas negativos, que se manifestam principalmente pelas ausências e pelos déficits psíquicos e comportamentais, os sintomas ditos positivos são manifestações novas, salientes, do processo esquizofrênico. Os principais sintomas positivos da esquizofrenia são: alucinações → o tipo de alucinação mais frequente é a auditiva (alucinações áudio verbais, ou seja, “vozes” que o paciente ouve, geralmente com conteúdos de acusação, ameaça ou pejorativos), mas também pode haver alucinações/ilusões visuais, táteis, gustativas (gosto de veneno nos alimentos) e/ou olfativas (auto-ósmicas, sentir cheiro de pus ou de algo apodrecido dentro do abdome, sentir cheiro de podre); e delírios → frequentemente de conteúdo persecutório, autorreferentes ou de influência, mas pode haver delírios com outros conteúdos ou de outra natureza ⇒ hiperativação de receptor dos tipos D2, D3 e D4 nas vias nigroestriatal e mesolímbica → inibe uma via inibitória (GABA) → gera excitação (glutamato) no resultante final. II. Sintomas Negativos: os sintomas negativos das psicoses esquizofrênicas caracterizam-se pela perda de certas funções psíquicas (na esfera da vontade, do pensamento, da linguagem, etc.) e pelo empobrecimento global da vida afetiva, cognitiva e social do indivíduo. Os principais sintomas ditos negativos nas síndromes esquizofrênicas são: embotamento afetivo, associabilidade, alogia, avolição e anedonia ⇒ hiperatividade de receptores dos tipos D1 e D5 na via mesocortical → excita uma via inibitória (GABA) → gera inibição (inibe via serotoninérgica) no resultante geral. 10 Lucas Moreira – 73C III. Sintomas Psicomotores: não é incomum pacientes com esquizofrenia apresentarem lentificação e empobrecimento psicomotor com restrição do repertório da esfera gestual e motora. Alterações psicomotoras também são verificadas na forma de estereotipias de movimentos (atos, gestos, atitudes mais complexos que os tiques, repetidos de forma mecânica, sem finalidades), maneirismos (gestos complexos, repetidos, que parecem ter um objetivo e significado para o indivíduo, mas que são percebidos pelo observador como algo excessivo, excêntrico e muito bizarro) e posturas bizarras. Alguns pacientes fazem caretas (que não se sabe por que), vestem roupas e usam adornos bizarros. A síndrome catatônica ou catatonia é a manifestação psicomotora mais marcante na esquizofrenia. Na catatonia, embora os pacientes apresentem o nível de consciência preservado, podem revelar sintomas de estupor (diminuição marcante até ausência de atividade psicomotora, com retenção da consciência, mutismo e negativismo; o paciente fica no leito, parado, sem fazer nada, sem responder a solicitações, sem se alimentar e às vezes sem sair para urinar ou defecar). A catatonia é gerada por uma projeção da hiperatividade da via D2, D3 e D4. IV. Sintomas de Humor: há redução da experiência e da expressão emocional em muitos pacientes (vista também como uma dimensão dos sintomas negativos). Em contraste com tal redução, os indivíduos apresentam com frequência aumento da reatividade emocional (sobretudo quando também apresentam sintomas positivos, quando expostos a muitos estímulos). Essa combinação de redução da expressão emocional com maior reatividade emocional tem sido denominada de “paradoxo emocional da esquizofrenia”. • A esquizofrenia é uma doença crônica, inclusive sendo considerada neurodegenerativa, com surtos recorrentes; não há, de modo geral, remissão completa depois dos surtos. A evolução da vida social e econômica implica, geralmente, menores taxas de emprego e de independência econômica, e também há maior probabilidade de o indivíduo acometido ficar em situação de rua ou ser preso. O curso da doença é, de modo geral, dividido em três fases: fase pré-mórbida, fase de sintomas psicóticos e fase crônica, em que há graus diversos de perdas e deteriorações implicadas. O surgimento dos sintomas psicóticos ocorre, de modo geral, na adolescência e no início do período adulto (15 - 25 anos). Nos homens, tende a surgir alguns anos mais cedo do que nas mulheres, sendo mais comum também em homens. • Transtorno Delirante: uma forma de psicose próxima à esquizofrenia, mas distinta, é o transtorno delirante, que se caracteriza pelo surgimento e pelo desenvolvimento de um delírio ou sistema delirante (vários delírios de alguma forma interligados tematicamente) com considerável preservação da personalidade, da afetividade, da cognição e do resto do psiquismo do indivíduo acometido. Não deve haver pensamento e/ou comportamento francamente desorganizado ou sintomas negativos marcantes. O transtorno delirante ocorre geralmente em sujeitos com mais de 40 ou 50 anos de idade e costuma ter curso crônico e estável. A duração do delírio deve ser de no mínimo um mês (DSM-5) ou três meses (CID-11), mas em geral é mais longa, podendo perdurar anos. O transtorno delirante, tal como descrito nos sistemas diagnósticos atuais (CID-11 e DSM-5), é um construto 11 Lucas Moreira – 73C heterogêneo. Poucos casos são subagudos e transitórios, com remissão completa após alguns meses, e outros evoluem para quadros mais graves de esquizofrenia. Entre esses dois extremos, há pessoas com delírios persistentes, que expressam a ideia clássica de paranoia (Opjordsmoen, 2014). 4.1. Antipsicóticos e Dopamina: • Receptores Dopaminérgicos: I. D1 e D5: excitatórios e presentes na via mesocortical. Na esquizofrenia: excita uma via inibitória de GABA → gera inibição no resultante geral. Responsável pelos sintomas negativos de alterações cognitivas e embotamento afetivo. II. D2, D3 e D4: inibitórios e presentes nas vias mesolímbica, túbero-infundibular (liberação de prolactina → associação com câncer de mama) e nigroestriatal. Na esquizofrenia: inibe uma via inibitória de GABA na amigdala e hipocampo → gera uma excitação resultante em uma via de glutamato no tálamo → gera sintomas positivos. • Vias Dopaminérgicas: todas as vias dopaminérgicas partem da ATV (área tegumentar ventral) e NA (núcleo accumbens) ➔ (1) via nigroestriatal → faz um controle negativo da motricidade→ receptores D2; (2) via mesolímbica → controle das emoções e da realidade → → receptoresD2, D3 e D4 → sintomas positivos; (3) via túbero-infundibular → controla negativamente liberação de prolactina →receptores D2; e (4) via mesocortical → cognição e afetividade → D1 e D2 sintomas negativos. • O principal tratamento para esquizofrenia consiste na inibição de D2 (antipsicótico típico) → resulta em aumento da atividade do córtex e de acH → síndrome extrapiramidal (agitação, tremores, …) → fator que resulta na troca de antipsicótico típico para um atípico (D1, D5, vias de serotonina) 12 Lucas Moreira – 73C • Os pacientes esquizofrênicos tratados, com o tempo, podem apresentar atrofia das vias dopaminérgicas, deste modo, podendo desenvolver Parkinson com o passar dos anos. 4.1.1. Antipsicóticos Típicos, Clássico ou de Primeira Geração: são fármacos que atuam antagonizando os receptores D2 de dopamina, e, deste modo, inibindo sintomas positivos. Podem gerar síndrome extrapiramidal, sendo este o fator que resulta em troca de um típico para um atípico. Não tratam sintomas negativos. • Principais Representantes: clorpromazina, levomepromazina, tioridazida e haloperidol. • De forma geral, inibe todas as quatro vias dopaminérgicas (fármacos sujos, deste modo, inibindo de certa forma todos os receptores de dopamina): via mesolimbica → melhora sintomas positivos; via mesocortical → agrava sintomas negativos; via nigroestriatal → síndrome extrapiramidal; e via túbero- infundibular → aumento de prolactina; • Efeitos Colaterais: síndrome extrapiramidal (acatisia, distonia e até Parkinson farmacológico/ pseudoparkinsonismo); discinesia tardia; sedação e ganho de peso (antagonismo H1); ginecomastia perda da acomodação visual; boca seca; constipação e dificuldade de urina (efeito anticolinérgico); hipotensão ortostática, disfunção erétil e retardo na ejaculação (bloqueio alfa-1). • Síndrome Extrapiramidal: ocorre por conta de uma inibição dos receptores D2 presentes na via nigroestriatal, uma via de controle negativo da motricidade. Assim sendo, haverá a inibição de uma via inibitória, deste modo, resultando uma excitação anormal da motricidade, com um resultante aumento de liberação de acetilcolina. Como sintomas haverão: distonias aguda como: movimentos involuntários, inquietação, espasmos musculares, protusão da língua, desvio fixo do olhar para cima, espasmos dos músculos do pescoço, podendo levar até à um pseudoparkinsonismo. • Discinesias Tardias: desenvolvem-se após meses ou anos (daí “tardias”) em 20-40% de pacientes tratados com fármacos antipsicóticos de primeira geração, e é um dos principais problemas da terapêutica antipsicótica. A sua gravidade reside no fato de ser uma situação incapacitante e frequentemente irreversível, que muitas vezes fica pior quando a terapêutica antipsicótica é parada e é resistente ao tratamento. A síndrome consiste em movimentos involuntários, frequentemente da face e língua, mas também do tronco e membros, que podem ser muito incapacitantes. Assemelha-se ao que se observa após tratamento prolongado da doença de Parkinson com levodopa. Estão associadas com um aumento gradual no número de receptores de D2 no estriado, que é menos marcado durante o tratamento com a segunda geração do que com fármacos antipsicóticos da primeira geração. 13 Lucas Moreira – 73C 4.1.2. Antipsicóticos Atípicos ou de Segunda Geração: são fármacos prolixos que, desta forma, atuam ao mesmo tempo antagonizando receptores D1 e D2. Assim sendo, teoricamente, possuem maior capacidade de tratar os sintomas negativos da esquizofrenia. Além disso, possuem menor tendência à gerarem sintomas extrapiramidais. • Principais Representantes: olanzapina (zyprexa), quetiapina (seroquel), risperidona e clozapina (Leponex, Okotico e Xynaz) • Paciente em surto ➔ clozapina e midazolam. 5. Distúrbios Neurodegenerativos: • São doenças determinadas pela perda progressiva e irreversível de neurônios em determinadas regiões do cérebro. • Esta morte neuronal pode ser ocasionada por uma interação de: isquemia, inflamação, apoptose, estresse oxidativo e excitotoxicidade • Excitotoxicidade: é considerada como sendo uma excitação neuronal excessiva que pode levar à sua morte. O seu mecanismo de lesão é o seguinte: excitação neuropsíquica excessiva → ativação excessiva de glutamato → ativação de receptores NMDA → acúmulo intracelular de Ca2+ → (1) ativação das proteases (calpaínas) e lipases, causando lesão da membrana; (2) lesão mitocondrial → mitocôndria e o retículo endoplasmático agem como ralos capacitores para o Ca 2+ e, normalmente, mantêm a concentração de cálcio sob controle. Sobrecarregar os depósitos mitocondriais além de certo ponto, entretanto, atrapalha a função mitocondrial, reduzindo a síntese de ATP → formação de radicais livres; (3) ativação da óxido nítrico sintase → aumento excessivo de NO → peroxinitrito e os radicais hidroxila livres → espécies reativas de oxigênio → se ligam à proteínas, deste modo, lesando suas estruturas e as dobrando incorretamente → se acumulam → formam oligômeros → agregado insolúvel → sinalização de necrose e apoptose → resposta inflamatória. No sistema nervoso, os agregados frequentemente formam estruturas distintas, conhecidas, em geral, como corpos amilóides, que são visíveis ao microscópio e são característicos das doenças neurodegenerativas. No parkinson este processo gera a alfa-sinucleína; na alzheimer a beta-amilase e a TAU; no huntington a huntingtina; e na ELA a SOD e TDP-43. 14 Lucas Moreira – 73C • Esta sequência patológica explica o porquê de, por exemplo, a Alzheimer ser mais comum em pacientes com maior atividade intelectual. Além disso, vale ressaltar que, também por conta deste mecanismo, pacientes com crises convulsivas de duração maior que 10 minutos possuem alto risco de lesão neuronal → pacientes com epilepsia possuem risco aumentando de doenças neurodegenerativas á longo prazo. 5.1. Doença de Alzheimer: • Doença caracterizada por perda de habilidades cognitivas (dificuldade de montar palavras); perda de memória recente (mas não distante), da habilidade visual-espacial, de cálculo, do uso de ferramentas manuais comuns (apraxia ideomotora). Há um processo de atrofia do córtex cerebral (perda neuronal corticais e sub-corticais). Esta doença é ocasionada por acúmulos patológicos das proteínas Beta- Amilóide e TAU fosforilada. • Achados Patológicos: placas senis (Aβ) e emaranhados neurofibrilares (tau fosforilada); Depósitos abundantes no hipocampo e córtex associativo. 15 Lucas Moreira – 73C • Estas alterações morfo-funcionais determinam diminuição da produção de acH (morte neuronal colinérgica; também cursa com a via dopaminérgica por consequência) e aumento da produção de ApoE4. 5.1.1. Fármacos: quase todos os remédios (exceto um) não são capazes de alterar o curso da doença → tratam sintomas cognitivos e comportamentais → tentam trabalhar com o déficit de acetilcolina → principalmente atuando sobre a acetilcolinesterase, a inibindo • Inibidores da Acetilcolinesterase: rivastigmina (pode ser utilizada como adesivo dérmico), donepezila (tratamento de DA de branda à grave) e galantamina ➢ Efeitos Colaterais: sintomas gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, dispepsia, dor abdominal, aumento da secreção ácida; cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia; e sistema nervoso central: tonturas, cefaleia, agitação, insônia, câimbras, sudoreses, aumento da secreção brônquica. • Memantina (Ebix): é um fármaco récem-aprovado pelo FDA e que promete ser o primeiro a impedir a progressão da Alzheimer. Atua como um antagonista não competitivo do receptor NMDA. • Coadjuvantes: fluoxetina ou haloperidol para distúrbios de humor • Evitar anticolinérgicos, benzodiazepínicos e hipnóticos. 5.2. Doençade Parkinson: • É uma doença neurodegenerativa caracterizada por: bradicinesia, rigidez articular, tremor em repouso e desequilíbrio postural. Além disso, também são observados: fácies sem expressão, voz monótona, olhar parado, tronco inclinado, grau variável de comprometimento cognitivo e marcha 16 Lucas Moreira – 73C arrastada em festinação (tronco inclinado, tremores associados, passos lentos e pequenos + mudança de direção em bloco) • A doença de Parkinson é ocasionada pela perda de neurônios dopaminérgicos da substância negra, deste modo, afetando, principalmente, a via nigroestriatal. Esta lesão é determinada pela formação de agregados de alfa-sinucleína, formando, ao microscópio óptico, os chamados corpúsculos de Levy. • Alterações cognitivas também podem estar presentes por perda de neurônios dopaminérgicos na via mesocortical. 5.2.1. Vias do Movimento: I. Via Direta: a via direta é a via favorável à execução do movimento, ou seja, ela aumenta a probabilidade de que o movimento ocorra. A sua rota é a seguinte: substância nigra libera dopamina sobre o estriado → ativação de D1 → excitação de via GABA → inibição do GPinterno → inibição de via GABA → ou seja, inibe e inibitória, deste modo, gerando uma excitação → excitação do tálamo → excitação do córtex motor → movimento; 17 Lucas Moreira – 73C II. Via Indireta: a via indireta é contra à execução dos movimentos, de forma oposta à via direta. Se sobrepõe à direta por conta de uma maior proporção de receptores D2 presentes no estriado. A sua rota é a seguinte: substância nigra libera dopamina sobre o estriado → ativação de D2 → ativa via GABA → inibição do GPexterno → deixa de inibir o NST → via de glutamato → ativa GPinterno → via GABA → inibe o tálamo → deixa de ativar o córtex motor → não há movimento III. Parkinson: no Parkinson, por uma diminuição de D1 e D2, o globo pálido interno fica livre para inibir, por meio de uma via GABA, o tálamo e, deste modo, dificultar o movimento. IV. Parkinsonismo Farmacológico uso crônico de fármacos antipsicóticos, principalmente de primeira geração, como a clorpromazina → aumento de receptores D2 → ativação excessiva da via indireta → dificultação do movimento. 5.2.2. Fármacos: consiste basicamente em tentativas de aumento dos níveis de dopamina. • Levodopa: é o tratamento de primeira linha para a DP e é combinada com um inibidor da dopadescarboxilase, ou carbidopa ou benserazida, que reduz a dose necessária em cerca de 10 vezes, e diminui os efeitos adversos periféricos. A conversão da dopamina na periferia, que de outra maneira responderia por cerca de 95% da dose de levodopa e causaria efeitos adversos problemáticos, é amplamente impedida pelo inibidor da dopadescarboxilase. Esta inibição é fundamental, uma vez que a dopamina em si não atravessa a BHE, coisa que a levodopa faz. ➢ Efeitos Adversos: discinesia → que não aparecem inicialmente, porém desenvolvem-se na maioria dos pacientes depois de 2 anos do início do tratamento com levodopa. Esses movimentos afetam em geral a face e os membros e podem tornar-se muito graves. Eles ocorrem no momento do pico do efeito terapêutico, e a margem entre o benefício e o efeito discinético torna-se progressivamente mais estreita; “efeito on-off” → rápidas flutuações no estado clínico, em que a bradicinesia e a rigidez podem subitamente piorar por período de alguns minutos a algumas horas e, em seguida, melhorar novamente; hipotensão postural; e psicoses: aumentando a atividade da dopamina no cérebro, a levodopa pode 18 Lucas Moreira – 73C produzir uma síndrome esquizofrenia-símile, com delírios e alucinações. Mais comumente, em cerca de 20% dos pacientes, ela causa confusão, desorientação, insônia ou pesadelos. • Seleginina: é um antidepressivo IMAO, que aqui tende a bloquear a enzima MAO B • Tolcapona: inibe a COMTT • Agonistas Dopaminérgicos: são fármacos que buscam atuar como agonistas dos receptores dopaminérgicos. Entre eles estão: a bromocriptina (D2), a pergolida (D1 e D2) e a cabergolina → embora seja eficaz no controle dos sintomas da DP, a sua utilidade é limitada pelos efeitos adversos, tais como náuseas e vômitos, sonolência e risco de reações fibróticas nos pulmões, retroperitônio e pericárdio. Estes efeitos levaram sua substituição para o pramipexol e ropinirol, que são seletivos para D2/3 (D3 > D2) e mais bem tolerados, e não mostram flutuações na eficácia associada à levodopa. Entretanto, eles causam sonolência e às vezes alucinações, e evidências recentes sugerem que eles podem levar à predisposição de comportamento compulsivo, como vício em apostas, em alimentos e excesso sexual, relacionado com a função de “recompensa” da dopamina. Em ambos os casos há uma sonolência irresistível → risco de acidentes: • Amantina: atua facilitando a ação da dopamina → inibe a NET, estimula sua liberação a atua como agonista de D2 6. Epilepsia e Quadros Convulsivos: • Convulsão x Epilepsia: ➢ Convulsão: é um episódio ocasional → incidência de pelo menos um episódio na vida (5-10%). São provocadas por distúrbio ou estressor temporário (p. ex., distúrbios metabólicos, infecções do sistema nervoso central, doenças cardiovasculares, intoxicação ou abstinência de drogas, transtornos psicogênicos). Em crianças, febre pode provocar uma convulsão. ➢ Epilepsia: crises recorrentes devido a causa crônica → incidência (0,3-0,5%) 19 Lucas Moreira – 73C • Classificação das Crises: ➢ Crises Generalizadas: as crises generalizadas envolvem o cérebro inteiro, inclusive o sistema reticular, produzindo atividade elétrica anômala em ambos os hemisférios. A perda de consciência imediata é característica das convulsões generalizadas. I. Crises Tônico-Clônicas: anteriormente denominadas de grande mal. Consiste em forte contração inicial da musculatura como um todo, causando espasmo extensor rígido e até grito involuntário. A respiração cessa e costumam ocorrer defecação, micção e salivação. Essa fase tônica dura cerca de 1 minuto, durante o qual a face se apresenta congesta e pode tornar-se cianótica, e é seguida por uma série de violentos abalos sincronizados, que, gradualmente, em 2 a 4 minutos, vão desaparecendo. O paciente fica inconsciente por mais alguns minutos e depois, lentamente, recupera-se, sentindo-se mal e confuso. Podem ocorrer traumatismos durante o episódio convulsivo. O EEG mostra atividade contínua generalizada de alta frequência na fase tônica e despolarização intermitente na fase clônica. II. Crises Clônicas: há apenas o surgimento de uma série de violento movimentos involuntários e sincronizados, não havendo aumento da tonicidade; III. Crises Tônicas: há apenas um forte aumento do tônus muscular, na maioria dos casos, levando à um espasmo extensor rígido. Não há crises clônicas; IV. Crises Atônicas: há perda da tonicidade muscular → risco de queda; V. Crises de Ausência: anteriormente descritos como pequeno mal. Afetam crianças; são muito menos intensas, mas podem ocorrer mais frequentemente (muitas crises a cada dia) que as convulsões tônico-clônicas. O paciente subitamente cessa o que quer que esteja fazendo, algumas vezes 20 Lucas Moreira – 73C parando de falar no meio da sentença, e olha fixamente o vazio por alguns segundos, com pouca ou nenhuma alteração motora. Os pacientes não ficam cientes do que os cerca e recuperam-se rapidamente, sem efeitos posteriores. O padrão do EEG mostra despolarização rítmica característica durante o período da crise. VI. Estado Pós-Ictal: costuma ocorrer após as crises de início generalizado; é caracterizado por sono profundo, cefaleia, confusão e dor muscular; esse estado dura minutos a horas. Algumas vezes, o estado pós-ictal cursa com paralisia de Todd, um deficit neurológico transitório, geralmente nomembro contralateral ao foco da convulsão. ➢ Crises Parciais: as convulsões parciais (focais) são aquelas em que a despolarização se inicia localmente e costuma permanecer assim. Os sintomas dependem da região (ou regiões) do cérebro envolvida(s) e incluem contrações musculares involuntárias, experiências sensitivas anômalas ou despolarização autonômica, ou efeitos sobre o humor e o comportamento, muitas vezes denominados epilepsia psicomotora – que podem surgir a partir de um foco em um lobo temporal. I. Crise Parcial Simples: início focal e com manifestações motoras (como início pelas mãos, pé ou face), sensoriais (início com dormência, formigamento), autonômicas (palidez, sudorese, palpitação) ou psíquicas (medo, transtorno transitório da compreensão da realidade), sem perda de consciência. II. Crise Parcial Complexa: é a mais comum do adulto e pode ser precedida de sintomas prodrômicos (auras) ou de crise parcial simples, mas ocorre perturbação no nível da consciência. A apresentação mais usual é quando a pessoa fixa o olhar em um ponto distante e parece desperta, mas não responde a estímulos ou comandos. Pode apresentar movimentos repetitivos, chamados de automatismo, como mastigação ou movimentos manuais e após o paciente entra em estado pós- ictal (sonolência e/ou confusão mental). ➢ Aura: uma aura pode preceder as convulsões. Aura é o termo utilizado para descrever a maneira como os pacientes se sentem quando uma crise começa. Auras podem consistir em atividade motora ou manifestações sensoriais, autonômicas ou psíquicas (p. ex., parestesias, sensação epigástrica, cheiros anormais, sensação de medo e sensação de déjà-vu ou jamais vu). Na sensação jamais vu, um local ou experiência familiar é percebido como muito estranho—o oposto do déjà vu. Na maioria dos casos, a aura descrita pelos pacientes é parte de uma crise focal de consciência. • Origem das Convulsões: associam-se à despolarização episódica de alta frequência de impulsos por um grupo de neurônios (algumas vezes referido como foco) no cérebro. O que se inicia como despolarização local anômala pode propagar-se para outras áreas do cérebro. O local da despolarização primária e o grau de sua propagação determinam os sintomas que virão a ocorrer, os quais variam de um breve lapso de atenção a uma convulsão completa, com duração de alguns minutos, bem como sensações ou comportamentos estranhos. Os sintomas especiais produzidos dependem da função da 21 Lucas Moreira – 73C região afetada no cérebro. Desse modo, o envolvimento do córtex motor causa convulsões; o envolvimento do hipotálamo causa despolarização autônoma periférica; e o envolvimento da formação reticular na parte alta do tronco encefálico leva à perda de consciência. As bases farmacológicas das convulsões não são completamente entendidas, mas pensa-se haver grande participação de glutamato e seus receptores NMDA; canais de sódio; e de cálcio voltagem-dependentes. No estado pós-ictal há maior atividade GABA por isso, o estado de “ressaca”. i. Fase Tônica: aumento do tônus com aumento em plateau de sódio e cálcio (NMDA); ii. Fase Clônica: alterações rítmicas e alternadas de sódio e Cl-. Não há atividade NDMA iii. Fase Pós-Ictal: há estado de ressaca por maior atividade GABA. ➢ Considera-se que nas crises de ausência há uma hiperatividade das vias de GABA. 6.1. Fármacos Neurolépticos: • Os fármacos antiepilépticos têm como objetivo inibir a despolarização neuronal anômala, em vez de corrigir a causa do fenômeno. Três mecanismos de ação principais parecem ser importantes: potencialização da ação do GABA; inibição da função dos canais de sódio à sinal do SNC; e inibição da função dos canais de cálcio. • Fármacos Gabaérgicos: apropriados para o tratamento das convulsões focais e tônico-clônicas; entretanto, causam efeitos adversos proeminentes, incluindo tontura, ataxia e sonolência → utilizados para crises agudas, não tratamento de manutenção. Por conseguinte, esses fármacos são, em geral, utilizados apenas para a interrupção aguda das convulsões. Principais: midazolam, clonazepam, fenobarbital, valproato (inibe enzimas GABA-T e DSS) e tiagabina (inibe GAT-1, uma proteína de recaptação de GABA) ➢ Gabapentina: é um análogo do GABA → eleva níveis de GABA, alterando a síntese ou revertendo transportadores; inibe canais para Cálcio voltagem dependentes; e altera o metabolismo do GABA. 22 Lucas Moreira – 73C • Inibidores de Canais de Sódio: atuam amentando o tempo de inativação dos canais de sódio voltagem- dependentes. Exibem acentuada especificidade para o tratamento das convulsões focais e generalizadas secundárias. Principais representantes: topiramato, lamotrigina, carbamazepina e fenitoína. • Inibidores de Canais de Cálcio: atuam inibindo canais de cálcio voltagem-dependentes. Seu principal representante é a etossuximida → crises de ausência. • Valproato: atua em várias frentes: inibe enzimas GABA-T e DSS, inibe canais de sódio e inibe canais de Ca 2+ 7. Anestesia Geral: • Um estado anestésico pode ser realizado por meio de diversas classes de fármacos: inibidores de canais de sódio, benzodiazepínicos, barbitúricos, agonistas de canais de K+ - específicos à nível central, inibidores NMDA, etc. • Classes de Anestésicos: I. Pré-Anestésicos/ Adjuvantes: anti-histamínicos (evitar reações alérgicas), antiácidos, benzos (midazolam → controlar ansiedade), opioides (pode determinar depressão cardiorrespiratório → nunca utilizar, por exemplo, em pacientes com DPOC → promover analgésia), barbitúricos (sedação), antieméticos (evitar náuseas e vômitos) e anticolinérgicos (facilitar intubação e promover relaxamento muscular). II. Anestésicos Inalatórios: desflurano, halotano, óxido nitroso (baixa latência e potência pequena → mais seguros em procedimentos rotineiros), sevoflurano e isoflurano ➔ escolher, principalmente, por potência e latência. III. Anestésicos IV: barbitúricos, benzos, cetamina, dexmedetomidina, etomidato, opioides, propofol. Indução rápida de anestesia. Agentes únicos em procedimentos curtos ou administrados como infusão para manter a anestesia durante procedimentos longos. Em dosagens baixas → sedação. Alta solubilidade em lipídios e coeficiente de partição alto, alto VD. 7.1. Anestésicos Intravenosos: seus principais representantes são barbitúricos, benzos, cetamina, dexmedetomidina, etomidato, opioides, propofol. São fármacos com rápida indução anestésica (produzindo inconsciência em aproximadamente 20 segundos, assim que o fármaco chega ao cérebro a partir do local da injeção); utilizados como agentes únicos em procedimentos curtos ou administrados como infusão para manter anestesia. Possuem alta lipossolubilidade e alto coeficiente de partição. Agem principalmente estimulando atuação GABA ou inibindo atuação de glutamato. 23 Lucas Moreira – 73C • Principais Representantes: propofol, tiopental, etomidato, cetamina, midazolam e diazepam. 7.2. Anestésicos Inalatórios: são fármacos utilizados na manutenção das anestesias gerais. Atuam principalmente nos canais de K+ à nível central (TREK1, TREK2, TSAK1, TASK3 ou TRESK), deste modo, determinando inibição neuronal por hiperpolarização. • Fatores que influenciam nas suas características: I. Concentração Alveolar Mínima: é a concentração final do anestésico inalado, para eliminar o movimento em 50% dos pacientes estimulados por uma incisão média. Assim sendo, quanto menor a CAM, maior a potência do anestésico; II. Coeficiente de Partição Sangue/Gás: é o principal fator que determina a velocidade de indução e de recuperação de um anestésico inalatório, e quanto menor o coeficiente de partição sangue:gás, mais rápidas a indução e a recuperação. Assim sendo, quanto menor o CPSG, maior a potência anestésica, mas rápida a indução da anestesia emenor a seguridade do fármaco. Halotano> isoflurano> sevoflurano> óxido nitroso> desflurano. 24 Lucas Moreira – 73C ➢ O paciente obeso demora mais para induzir a anestesia e mais demora será sua recuperação (anestésico se depositam no TA) • Fatores que influenciam no equilíbrio do anestésico: I. Invasão Alveolar: dentre os fatores fisiológicos que afetam a velocidade de equilíbrio dos anestésicos inalatórios, a ventilação alveolar é o mais importante. Quanto maior o volume por minuto (respiração da ventilação volume corrente), mais rápido é o equilíbrio, particularmente para os fármacos que apresentem altos coeficientes de partição sangue:gás. Fármacos depressores respiratórios, como a morfina, podem retardar a recuperação da anestesia. II. Captação Anestésica: tecidos magros, incluindo o cérebro, apresentam grande fluxo sanguíneo e baixo coeficiente de partição para os anestésicos e, portanto, equilibram-se rapidamente com o sangue. Os tecidos gordurosos apresentam baixo fluxo sanguíneo e grande coeficiente de partição e, por isso, equilibram-se lentamente, agindo como um reservatório do fármaco durante a fase de recuperação. • Principais Representantes: halotano, óxido nitroso, isoflurano, sevoflurano e desflurano. • Hipertemia Maligna: todos os anestésicos inalatórios podem desencadear hipertermia maligna em indivíduos suscetíveis. É causada pela produção de calor no músculo esquelético, devido a uma liberação excessiva de Ca2+ do retículo sarcoplasmático. Os resultados são contração muscular, acidose, aumento do metabolismo e elevação dramática da temperatura corporal, o que pode ser fatal, a menos que seja tratada imediatamente. A hipertermia maligna é tratada com o dantroleno, um fármaco relaxante muscular que bloqueia esses canais de liberação do cálcio. • Os anestésicos voláteis (p. ex., isoflurano, sevoflurano) são liberados no ar, com oxigênio ou com misturas oxigênio-óxido nitroso como gás transportador. 7.3. Fases da Anestesia Geral: I. Analgesia: a quantidade de anestésico injetado é menor, sendo mais superficial, apenas para inibir a dor. Paciente ainda está consciente. Aqui podem ser utilizados diversos tipos de fármacos como: opioides, anestésicos locais (lidocaína, bupivacaína, mepivacaína, etc) e outros. Pode haver a administração concomitante de inibidores neuromusculares (pancurônio, atracúrio, vecurônio e suxametônio) e antieméticos. II. Excitação: paciente perde a consciência e apresenta aumento dos reflexos de vômito → risco de aspiração. Aqui são utilizados anestésicos IV como indutores da anestesia; III. Cirúrgico: apresenta fases de aprodundamento crescente (4 planos: sono, perda sensorial completa, perda do tônus muscular e paralisia dos músculos intercostais). Cessam quase todos os 25 Lucas Moreira – 73C estímulos reflexos e a respiração se torna regular. Alguns reflexos, como o estímulo faríngeo e o peritoneal ainda permanecem; o tônus muscular vai diminuindo, até desaparecer (primeiro os intercostais e, por último o diafragma → necessidade intubação). Aqui são utilizados anestésicos inalatórios para manutenção da anestesia. IV. Paralisia Bulbar: ocorre apenas quando há erro do anestesista, que aprofunda excessivamente a anestesia. Há lesão definitiva dos centros bulbares respiratório e cardiovascular e, por consequência, PCR e óbito. 26 Lucas Moreira – 73C Nome Classe Ação Efeitos Adversos e Adendos Clonazepam (Rivotril) Benzodiazepínico É considerado o benzo mais potente, uma vez que possui um longo tempo de meia vida. Assim sendo, atualmente, os principais usos terapêuticos são: ansiolítico (principalmente TAG, TEPT, TOC e mania) e anticonvulsivante Como é um fármaco de longo tempo de meia-vida pode dar a chamada “ressaca” → efeito do fármaco permanece após o desejado, por exemplo, após acordar. Como todos os benzos, pode ocasionar efeitos amnésicos: diminuição da memória distante e da aquisição de novos conhecimentos (uso prolongado) → cuidado com idosos! Além disso, tolerância e dependência. O Rivotril (nome comercial): é uma das drogas mais vendidas do mundo (cerca de 15% das drogas vendidas em farmácias no Brasil). Diazepam (Vallium) Benzodiazepínico É considerado o benzo mais seguro, mesmo possuindo um alto tempo de meia-vida. Assim sendo, seus principais usos são: ansiolítico, relaxante muscular e anticonvulsivante (IV) Tolerância e dependência Bromazepam (Lexotan) Benzodiazepínico Ansiolítico Tolerância e dependência Clordiazepóxido Benzodiazepínico Ansiolítico, relaxante muscular e anticonvulsivante. É considerado de baixa potência Tolerância e dependência Flurazepam Benzodiazepínico Ansiolítico Tolerância e dependência Nitrazepam Benzodiazepínico Hipnótico (mas não para o tratamento de insônia), anticonvulsivante e ansiolítico Tolerância e dependência Nordazepam Benzodiazepínico Ansiolítico e anticonvulsivante Tolerância e dependência Alprazolam (Frontal/ Apraz) Benzodiazepínico Ansiolítico e antidepressivo. Também é considerado muito potente (tempo de meia-vida mediano) Tolerância e dependência Midazolam (Dormonid) Benzodiazepínico Anestésico (IV), anticonvulsivante (IV) e hipnótico (alternativa para o zolpidem). Possui um tempo de meia vida considerado ultracurto Tolerância e dependência 27 Lucas Moreira – 73C Lorazepam Benzodiazepínico Ansiolítico e hipnótico. Possui tempo de meia-vida considerado curto, mas é considerado de alta potência Tolerância e dependência Flumazenil (Lanexat) Antídoto – Benzodiazepínicos Antídoto para intoxicação por benzodiazepínicos → modulador negativo GABAa específico para o sítio dos benzos - Zolpidem Imidazopiridinas Hipnótico Possuí maior seguridade em virtude do seu baixo tempo de meia-vida; Pode determinar alucinações Beta-Carbolinas (Ayahuasca) Agonista Inverso de GABAa Além de bloquear a ação de agonistas em GABAa, ativa sua função constitutiva, deste modo, determinando efeitos contrários à ativação deste receptor As beta-carbolinas são substâncias encontradas no alucinógeno ayahuasca Fenobarbital Barbitúrico Sedativo, hipnótico e anticonvulsivante Em superdosagem pode ocasionar PCR; possui maior potencial de indução de dependência física e psíquica, e de tolerância. Além disso, determina indução enzimática → interação medicamentosa (contraceptivos) Tiopental Barbitúrico Sedativo, hipnótico e anticonvulsivante. Além disso, por conta do seu baixo tempo de meia- vida é utilizado em anestesias por via IV. - Fenelzina IMAO É um fármaco que atua inibindo de forma não seletiva e irreversível as MAO’s A e B Tremores, excitação, insônia e hiperidrose; agitação e comportamento hipomaníaco; neuropatia periférica alucinações, confusão e convulsões (raras ocasiões); ganho de peso (apetite aumentado); lesão hepática (compostos hidrazínicos); tontura vertigem, cefaleia, inibição da ejaculação, fraqueza, fadiga, boca seca, visão turva, retenção urinária, rashes cutâneos e constipação. Síndrome Seratoninérgica 28 Lucas Moreira – 73C Isocarboxazida IMAO É um fármaco que atua inibindo de forma não seletiva e irreversível as MAO’s A e B Tremores, excitação, insônia e hiperidrose; agitação e comportamento hipomaníaco; alucinações, confusão e convulsões (raras ocasiões); ganho de peso (apetite aumentado); lesão hepática (compostos hidrazínicos); tontura vertigem, cefaleia, inibição da ejaculação, fraqueza, fadiga, boca seca, visão turva, retenção urinária, rashes cutâneos e constipação. Síndrome Seratoninérgica Moclobemida IMAO É um fármaco que atua de forma seletiva e reversível para a MAO-A → mais seguro → mais utilizado Náuseas, insônia, agitação Seleginina IMAO É umfármaco que atua de forma seletiva e reversível para a MAO-B. Tremores, excitação, insônia e hiperidrose; agitação e comportamento hipomaníaco; alucinações, confusão e convulsões (raras ocasiões); ganho de peso (apetite aumentado); lesão hepática (compostos hidrazínicos); tontura vertigem, cefaleia, inibição da ejaculação, fraqueza, fadiga, boca seca, visão turva, retenção urinária, rashes cutâneos e constipação. Síndrome Seratoninérgica Imipramina ATC ATC não seletivo, deste modo, inibindo SERT e NET Sedação; efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão embaçada, retenção urinária etc.); hipotensão postural Amitriplina ATC ATC não seletivo, deste modo, inibindo SERT e NET Também é utilizado na dor neuropática e enxaqueca Sedação; efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão embaçada, retenção urinária etc.); hipotensão postural Fluoxetina ISRS Atua inibindo SERT de forma seletiva. Menos resposta sistêmica → crianças e gestantes. Disponível no SUS Sedação; efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão embaçada, retenção urinária etc.); hipotensão postural; alterações da função sexual Paroxetina ISRS Atua inibindo SERT de forma seletiva. Sedação; efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão embaçada, retenção urinária etc.); hipotensão postural; alterações da função sexual Maior reação de abstinência 29 Lucas Moreira – 73C Citalopram ISRS Atua inibindo SERT de forma seletiva Sedação; efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão embaçada, retenção urinária etc.); hipotensão postural; alterações da função sexual Sertralina ISRS Atua inibindo SERT de forma seletiva Mais utilizado em idosos Efeitos positivos sobre energia, motivação e concentração Sedação; efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão embaçada, retenção urinária etc.); hipotensão postural; alterações da função sexual Escitalopram ISRS Atua inibindo SERT de forma muito seletiva → menos efeitos colaterais Um dos melhores fármacos da atualidade, mas não disponível no SUS Desvenlafaxina IRSN Atua inibindo NET e SERT Ativação motora (tremores), agitação psicomotores, aumento da PA (centro cardiovascular no tronco), aumento da FC, boca seca, constipação e retenção urinária (alteração parassimpática) Venlafaxina IRSN Atua inibindo NET e SERT Ativação motora (tremores), agitação psicomotores, aumento da PA (centro cardiovascular no tronco), aumento da FC, boca seca, constipação e retenção urinária (alteração parassimpática) Duloxetina IRSN Atua inibindo NET e SERT Ativação motora (tremores), agitação psicomotores, aumento da PA (centro cardiovascular no tronco), aumento da FC, boca seca, constipação e retenção urinária (alteração parassimpática) Mitrazapina Antidepressivo Atípico Atua inibindo o autorreceptor inibitório Alfa-2 Muito utilizado em idosos Boca seca, sedação, ganho de peso Trazodona Antidepressivo Atípico Bloqueia os receptores 5-HT2A e 5- HT2C e também os receptores H1. Utilizado no tratamento de depressão maior com ou sem episódios de ansiedade; e dor neurogênica (neuropatia diabética) e outros tipos de dores crônica Sedação, hipotensão e disritmias cardíacas 30 Lucas Moreira – 73C Bupropiona Antidepressivo Atípico Agonista direto de 5-HT1A Utilizado em pacientes em tentativa de abandono do tabagismo Metilfenidato/ Ritalina Inibidor da recaptação da dopamina e da noradrenalina, Além disso, atua como agonista sobre os receptores alfa e beta adrenérgico. Clopromazina Antipsicótico Típico Antagonista de D2 com relativa tendência à se ligar também aos receptores D1, H1 e alfa-1 Ginecomastia, síndrome extrapiramidal, intensa sonolência. Discinesia tardia, intensa hipotensão. Haloperidol Antipsicótico Típico Antagonista de D2 Ginecomastia, maior tendência à síndrome extrapiramidal e menor sonolência Clozapina Antipsicótico Atípico Antagonista de D1 e D2 Menor risco de síndrome extrapiramidal Risco de agranulocitose Risco de convulsões Não produz discinesia tardia Risperidona Antipsicótico Atípico Antagonista de D1 e D2 Maior potência Menor risco de sintomas extrapiramidais Não produz discinesia tardia Ganho de peso Aripiprazol Antipsicótico Atípico Antagonista de D1 e D2 Ação longa Menor risco de efeitos colaterais Sem efeito na secreção de prolactina Quetiapina (Seroquel) Antipsicótico Atípico Antagonista de D1 e D2 Agonista parcial de 5-HT1a → antidepressivo em menores doses Menor risco de síndrome extrapiramidal Sonolência Ganho de peso 31 Lucas Moreira – 73C Rivastigmina (Exelon) Inibidor da Acetilcolinesterase Tratamento de Alzheimer Alterações gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, dispepsia, dor abdominal, aumento da secreção ácida; cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia; e sistema nervoso central: tonturas, cefaleia, agitação, insônia, câimbras, sudoreses, aumento da secreção brônquica Donepezila (Epez) Inibidor da Acetilcolinesterase Tratamento de formas leves à graves de Alzheimer Alterações gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, dispepsia, dor abdominal, aumento da secreção ácida; cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia; e sistema nervoso central: tonturas, cefaleia, agitação, insônia, câimbras, sudoreses, aumento da secreção brônquica Galantamina Inibidor da Acetilcolinesterase Tratamento de Alzheimer Alterações gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, dispepsia, dor abdominal, aumento da secreção ácida; cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia; e sistema nervoso central: tonturas, cefaleia, agitação, insônia, câimbras, sudoreses, aumento da secreção brônquica Memantina (Ebix) Antagonista não competitivo do receptor NMDA Procura retardar a progressão da Alzheimer - Levodopa Substituto da dopamina Tratamento de Parkinson Associar à carbidopa para evitar sua descarboxilação periférica Alucinações Efeito on-off Hipotensão postural Discinesia Bromocriptina Pergolida Cabergolina Agonistas D1 e D2 Tratamento de Parkinson náuseas e vômitos, sonolência e risco de reações fibróticas nos pulmões, retroperitônio e pericárdio Pramipexol e Ropinirol Agonistas D2 e D3 Tratamento de Parkinson sonolência e às vezes alucinações, e evidências recentes sugerem que eles podem levar à predisposição de comportamento compulsivo, como vício em apostas, em alimentos e excesso sexual, relacionado com a função de “recompensa” da dopamina 32 Lucas Moreira – 73C Tolcapona Inibidor da COMTT Tratamento de Parkinson Amantina Facilitador da Ação da Dopamina Tratamento de Parkinson Semelhante à levodopa Valproato (Depakene) Anticonvulsivante Todas os tipos de crises convulsivas, menos as de ausência Atua em várias frentes: inibe enzimas GABA-T e DSS, inibe canais de sódio e inibe canais de Ca 2+ Tratamento de manutenção Náuseas, perda de cabelos, ganho de peso, malformações fetais Tiagabina Anticonvulsivante Gabaérgico Tratamento agudo de crises focais e tonico-clônicas Náuseas Ataxia Sedação Gabapentina Anticonvulsivante Gabaérgico Uso em pacientes com epilepsia parcial e em pacientes com crises tônico-clônicas. Topiramato (Topamax) Anticonvulsivante Crises Parciais e tônico-clônicas Também atua em vários frontes: bloqueia os disparos dos canais para Na+, potencializa GABA antagoniza os receptores AMPA e Cainato; evidências de inibição em canais para Ca2+ Lamotrigina Anticonvulsivante Inibidorde canais de Na+ Todos os tipos Carbamazepina Anticonvulsivante Inibidor de canais de Na+ Fármaco de primeira escolha para crises parciais, especialmente as complexas, tônico – clônicas generalizadas. Pode ser utilizado em todos os tipos, exceto as de ausência Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações e hipersensibilidade, leucopenia, insuciência hepática(raras) 33 Lucas Moreira – 73C Fenitoína Anticonvulsivante Inibidor de canais de Na+ Todos os tipos, exceto de ausência Ataxia, vertigem, hipertrofia gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, malformação fetal, reações de hipersensibilidade Causa indução enzimática Etossuximida (Zarotin) Anticonvulsivante Inibidor de canais de Ca2+ Crises de Ausência Trimetadiona Anticonvulsivante Também utilizado para tratamento de crises de ausência Sua forma pós metabolismo hepático, a dimetadiona, que é o fármaco ativo Propofol Anestésico IV Baixa latência (30s) Baixo tempo de meia vida Indutor anestésico Uso possível como infusão contínua Depressão Cardiorrespiratória Tiopental Anestésico IV Barbitúrico Baixa latência (20s) Tempo de meia vida maior Indutor anestésico Acúmula-se no TA + tempo de meia vida maior (48 horas) → ressaca Se liga muito à albumina plasmática (85%) → interação medicamentosa perigosa Depressão Cardiorrespiratória Etomidato Anestésico IV Baixa Latência Recuperação relativamente rápida Indutor anestésico Menos depressão cardiovascular e respiratória que o tiopental. Causa supressão suprarrenal Cetamina Anestésico IV Alta latência (2 a 3 minutos) Indutor anestésico Atua antagonizando NMDA Baixa depressão cardiorrespiratória Pode aumentar pressão intracraniana Causa liberação sistêmica de catecolaminas. Assim, aumenta a PA, FC e DC e o consumo de oxigênio pelo miocárdio. Midazolam Anestésico IV Benzodiazepínico Maior latência Maior tempo de duração Indutor anestésico Menor depressão cardiovascular e respiratória 34 Lucas Moreira – 73C Óxido Nitroso (N2O) Anestésico Inalatório Manutenção de Anestesia Menor CAM e pequeno CPSG → baixa potência (precisa ser associado) Rápida indução e recuperação Acumula-se nas cavidades gasosas (menos presente no sangue) Deve sempre ser administrado com oxigênio; devido ao seu potencial de indução de hepatotoxicidade Poucos efeitos adversos Hipertemia maligna Isoflurano Anestésico Inalatório Manutenção da anestesia Média indução e recuperação Alternativa ao halotano Útil em cirurgias pequenas Diminuição do DC e da PA dose- dependente → risco de isquemia miocárdica em pacientes vulneráveis Hipertermia maligna Desflurano Anestésico Inalatório Manutenção da anestesia Melhor indução e recuperação Potência intermediária Determina irritação do trato respiratório, deste modo, ocasionando tosses e broncoespamos → não utilizar em DPOC Hipertermia Maligna Sevoflurano Anestésico Inalatório Manutenção da anestesia Melhor indução e recuperação Potência intermediária Não determina irritação respiratória e relaxa a musculatura brônquica → bom para pacientes com DPOC Halotano Anestésico Inalatório Manutenção da anestesia Maior potência Tende a gerar mais arritmias (não utilizar em cardiopatas), é o com maior sensibilidade de catecolaminas (aumenta por conta do feedback gerado pela diminuição do DC e PA), tende a diminuir o DC e diminuir, por consequência, a PA (PA=DCxRVP). Risco de eventos isquêmicos no geral
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