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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE FARMÁCIA TOXICOLOGIA Bianca Helena dos Santos Lima Cristiano Max Celestino Negrão Giovanna Carolinny Diniz da Silva Letícia Rocha Dias Góes Rafael da Silva Medeiros Wanessa Modesto Costa Toxicologia dos Praguicidas Belém - Pará 2020 Bianca Helena dos Santos Lima Cristiano Max Celestino Negrão Giovanna Carolinny Diniz da Silva Letícia Rocha Dias Góes Rafael da Silva Medeiros Wanessa Modesto Costa Toxicologia dos Praguicidas Belém - Pará 2020 RESUMO Por muito tempo os alimentos consumidos não apresentavam nenhum tipo de intervenção humana. Com o crescimento da humanidade e a necessidade de maior produção, surgiram diversas substâncias capazes de controlar os danos causados à agricultura, os praguicidas. Compostos como os organofosforados e carbamatos passaram a ser bastante utilizados devido sua eficácia como inseticidas agrícolas agindo contra uma variedade de pragas. Além disso, compostos raticidas desempenham papel importante no controle de roedores, seja no ambiente doméstico como na produção agrícola. Estas classes merecem atenção e deve-se conhecer suas manifestações de intoxicação, bem como seu manejo clínico. Contudo, o uso desenfreado trouxe consequências pois tais substâncias químicas apresentam riscos ambientais e humanos, sendo imprescindível a regulação para o uso dos mesmos. Uma das principais formas de se avaliar o risco humano é através da classificação toxicológica, a qual separa os produtos por grau de toxicidade, regulada no Brasil pela ANVISA. Apesar de diversas normas e legislações, ainda há muito o que fazer para evitar a contaminação e intoxicação por meio de exposições indevidas a estes insumos. Palavras Chaves: Praguicidas, Pesticidas, Intoxicação, Carbamatos, Rodenticidas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 1.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................. 1 1.2 CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................ 2 1.3 PRINCIPAIS CLASSES ............................................................................................... 4 1.4 EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................................ 6 2 INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS .............................................. 7 2.1 ESTRUTURA QUÍMICA .............................................................................................. 9 2.2 MECANISMO DE TOXICIDADE ................................................................................ 11 2.3 TOXICOCINÉTICA E TOXICODINÂMICA ................................................................. 11 2.4 EMPREGO DOS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS ................................. 13 2.5 INTOXICAÇÃO AGUDA POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS ............. 14 2.6 MANIFESTAÇÕES TARDIAS .................................................................................... 17 2.7 TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS ............................................................................................................... 18 2.9 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E HUMANA POR PRAGUICIDAS ........................... 21 3 RODENTICIDAS – RATICIDAS ....................................................................................... 22 3.1 RODENTICIDAS DE USO AGUDO ........................................................................... 23 3.2 RODENTICIDAS DE USO CRÔNICO ....................................................................... 24 3.2.1 CUMARÍNICOS................................................................................................... 25 3.2.2 INDADIÔNICOS .................................................................................................. 25 3.2.3 MECANISMO DE AÇÃO E SINTOMATOLOGIA ................................................. 26 3.2.4 TÓXICOCINÉTICA .............................................................................................. 26 3.2.5 ATENDIMENTO CLÍNICO ................................................................................... 26 4 LEGISLAÇÃO .................................................................................................................. 27 5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 31 6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 32 1 1 INTRODUÇÃO Por muito tempo os alimentos consumidos pelos povos eram originados da produção própria da natureza, sem nenhuma intervenção humana. No entanto, há registros das civilizações antigas que apontam para o uso de substâncias químicas no controle de pragas. A civilização egípcia e uso de metais para controlar pragas domésticas e na agricultura é descrito na literatura, bem como chineses e romanos, os quais utilizavam substâncias como arsênio e enxofre. Além disso, há registros dos séculos XVII e XIX do uso de nicotina e compostos das folhas de crisântemo com propriedades inseticidas, respectivamente (MOSSINI; NISHIYAMA, 2017). Com o passar dos anos a humanidade cresceu e a necessidade emergente de produzir alimentos em maior quantidade acelerou a busca por substâncias capazes de aumentar a produtividade da agricultura, controlando os danos causados por pragas e organismos daninhos (GODINHO; ALMEIDA, 2009). Assim, a indústria dos praguicidas ganhou força pelo mundo e principalmente nas lavouras, com o surgimento dos primeiros praguicidas sintéticos como o DDT. No Brasil, o período crescente de uso destes agrotóxicos foi marcado pela Revolução Verde, ocorrida entre as décadas de 40 e 70. Esse movimento trouxe mudanças nas produções agrícolas e consequentes impactos para a saúde humana e ambiental. Diversos agentes químicos, conhecidos hoje como agrotóxicos ou praguicidas, passaram a ser usados amplamente como incentivo à expansão alimentar (SANTOS; POLINARSKI, 2012; BORSOI et al, 2014). Contudo, o uso desenfreado trouxe consequências pois tais substâncias químicas apresentam riscos ambientais e humanos, sendo imprescindível a regulação para o uso dos mesmos. Apesar de diversas normas e legislações, ainda há muito o que fazer para evitar a contaminação e intoxicação por meio de exposições indevidas a estes insumos. 1.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Diante da importância de estudar os agrotóxicos e os efeitos consequentes de seu uso, é primordial conhecer e distinguir todos os termos empregados na literatura, muitas vezes de forma errônea, como sinônimos para tal conceito. É quase unânime entre os estudiosos que o termo mais correto é “agrotóxico”, empregado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA e previsto em lei. Do grego ágros (campo) 2 e toxicon (veneno), termo originado na obra de um escritor brasileiro (GRIGORI, 2019), descreve a natureza tóxica dos produtos químicos. Pela lei são definidos como: os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos;substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento (BRASIL, 1989). Ocorre ainda o uso dos termos praguicida e pesticida, os quais não condizem e nem expressam o verdadeiro significado dessas substâncias. Quando se usa “praguicida” como definição entende-se que tal produto serve para matar pragas e com isso não se pode aplicá-lo a todos as substâncias, pois possuem formas de ação diferente e não somente voltadas para pragas. Por outro lado, “pesticida”, comumente adotado fora do país, é também criticado por expressar um significado de matar pestes, e não abrange os diversos organismos envolvidos nos danos (DE SOUZA; BELAIDI, 2016). Já o termo defensivo agrícola é adotado principalmente no ramo das indústrias produtoras. Contudo, restringe o significado pois induz pensar apenas na “defesa” da agricultura em detrimento da toxicidade de tais substâncias. Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva tal expressão fomenta a ideia de proteção aos cultivos e omite os riscos potenciais à saúde humana e ambiental (CARNEIRO, 2015). 1.2 CLASSIFICAÇÃO Existem diversos tipos de classificação para os praguicidas. O Ministério da Saúde (2001, p. 11) explica a importância de conhecer tais classificações para garantir a aplicação correta dos produtos com os menores riscos para a saúde humana e ambiental, afinal, por sua diversidade podem ser aplicados em diversas áreas como na agricultura e até mesmo no ambiente doméstico. 3 ● Quanto à origem: os praguicidas podem ser originados de diversos materiais e classificam-se em naturais ou sintéticos. Os naturais incluem compostos de origem vegetal ou mineral, enquanto os sintéticos abrangem praguicidas como organoclorados, piretroides e àqueles de origem inorgânica (BRASIL, 2001). ● Quanto o agente alvo: passa a identificar os praguicidas a partir dos seus alvos de ação, como insetos, fungos, roedores e outros (KLAASSEN; WATKINS, 2012). As classes mais abordadas pelos estudiosos são Inseticidas, Acaricidas, Moluscicidas, Rodenticidas, Avicidas, Piscicidas, Herbicidas, Reguladores de crescimento e desfolhantes, Fungicidas e Algicidas. ● Modo de penetração: recebem classificação segundo a via de exposição, ou seja, a forma como penetram no organismo. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) os classifica de três maneiras: pela via dérmica, quando são absorvidos por contato, através da pele. Também, pela via oral, ao penetrar no organismo pela da ingestão através do aparelho bucal. É possível também serem absorvidos pela via respiratória, por meio de vapores, sendo chamados fumigantes. ● Toxicidade: nem sempre são seletivos e podem causar danos à saúde. Por isso, existe uma preocupação em relação à intoxicação da população e trabalhadores expostos. A classificação adotada pela ANVISA foi reavaliada e atualmente segue padrões internacionais a partir do Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos – GSH (ANVISA, 2019a). As novas medidas ampliaram as categorias e também trazem um novo item, identificando os produtos como “não classificados” conforme tabela a seguir. Tabela-1. Classificação Toxicológica Aguda Categoria 1 Produto extremamente tóxico Faixa vermelha Categoria 2 Produto altamente tóxico Faixa vermelha Categoria 3 Produto moderadamente tóxico Faixa amarela 4 Categoria 4 Produto pouco tóxico Faixa azul Categoria 5 Produto improvável de causar dano agudo Faixa azul Categoria 6 Produto não classificado Faixa verde Fonte: ANVISA, 2019. É fundamental salientar que tal classificação leva em conta a toxicidade aguda, e irá promover a indicação dos danos que podem surgir conforme a via de contato com o produto (ANVISA, 2019). 1.3 PRINCIPAIS CLASSES ● Inseticidas: os inseticidas são produtos usados há bastante tempo com a finalidade de proteger as produções de pragas sob a forma de insetos. Atualmente, todos estes praguicidas agem no Sistema Nervoso do organismo- alvo, sendo, portanto, neurotóxicos. Os grupos de inseticidas mais utilizados são os Organofosforados e Carbamatos, os quais serão abordados posteriormente. Além destes, existem os Piretróides cujo uso advém da antiguidade; comumente aplicados no meio doméstico, como medicamentos para escabiose. Também, os organoclorados que inclui compostos como o DDT, Aldrin, Lindano e outras substâncias, representam um grande risco de toxicidade quando expostos cronicamente. Um de seus principais representantes, o DDT, foi amplamente usado em campanhas de erradicação da malária, contudo, seu emprego foi descontinuado por conta dos riscos que apresentava (BORSOI et al, 2014; KLAASSEN; WATKINS, 2012). ● Herbicidas: são substâncias químicas usadas para o controle de plantas, capazes de matar ou provocar danos naquelas consideradas prejudiciais ao cultivo (MARCHI; MARCHI; GUIMARÃES, 2008). Ainda, são classificados conforme seu mecanismo, o qual é de amplo espectro, ou conforme sua forma de aplicação. Podem também ser seletivos, para a planta nociva, e não seletivos, matando toda a vegetação. Um dos herbicidas mais comercializados no mundo é o glifosato, não seletivo e atua inibindo a enzima EPSPs, e no 5 geral demonstra baixa toxicidade aguda, mas significativa toxicidade crônica e potencial carcinogênico (AMARANTE JUNIOR, 2002). ● Fungicidas: são compostos químicos utilizados no controle de doenças causadas por fungos e bactérias. Nem sempre os fungicidas matam os fungos, em alguns casos, eles apenas inibem temporariamente a germinação dos esporos, e são denominados fungistáticos (MOTARJEMI, 2014). Há também os antiesporulantes, fungicidas que inibem a produção de esporos, sem afetar o crescimento vegetativo do fungo, cada fungicida é constituído por um ou mais princípios ativos, que são responsáveis pela ação do produto, e um ingrediente inerte, que serve de veículo e diluente para o princípio ativo. Um dos fungicidas amplamente utilizados são os Etilenobisditiocarbamatos (EBDC), são de amplo espectro, boa eficácia e baixo custo, utilizados na prevenção e controle de doenças fúngicas, em muitos vegetais, pequenas frutas e flores ornamentais (GULLINO et al., 2010). ● Rodenticidas: São os compostos utilizados na agricultura e no controle urbano de roedores, e são responsáveis por um elevado número de intoxicações em cães e em gatos, podendo levar a um aumento da morbilidade e mortalidade destes animais (OGA, 2003). Os rodenticidas, nomeadamente os anticoagulantes, são compostos classificados geralmente segundo a sua estrutura química em hidroxicumarínicos e indanodionas, estes químicos são comercializados sob a forma de produtos que possam atrair os roedores, ao serem inodoros e apresentarem um sabor agradável causado pelo teor de sacarose. Os rodenticidas agem acumulam-se no fígado e vão inibir tanto a ação da vitamina K epoxido redutase como da vitamina K redutase e consequentemente interferindo no ciclo de carboxilação dos fatores de coagulação II, VII, IX e X. Pela ação anticoagulante dos rodenticidas, há uma diminuição destes fatores de coagulação no sangue cerca de 12-14h após a administração de rodenticidas, resultando em graves hemorragias e levando ao óbito (OGA, 2003). ● Fumigantes: São compostos utilizados para combater insetos, nematóides, ervas daninhas e fungos, principalmente em locais de armazenagem de cereais, vegetais, frutas e roupas. São compostos voláteis e bem absorvidos pelas vias respiratória, cutânea e digestiva. Podem ser encontrados em diferentes estados: líquido, sólido ou gasoso. Um dos fumigantes mais usados 6 é o Brometo de Metila, gás incolor associado a cloropicrina, ele tende a ser lacrimogêneo e provocar odor intenso. A alta toxicidade desse agente acarreta depressão do sistema nervoso central e lesões dos túbulos renais o que pode acarretarum quadro de intoxicação aguda onde são apresentados os quadros de edema pulmonar, insuficiência circulatória e perturbações nervosas uma tríade característica desse tipo de intoxicação. 1.4 EPIDEMIOLOGIA A pesquisa epidemiológica sobre as intoxicações por agrotóxicos ainda é uma área com várias lacunas a serem preenchidas e em consequência disso, tornou-se um sério problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ocorrem, aproximadamente, três milhões de envenenamentos humanos anualmente em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento e emergentes. O Brasil se destaca no cenário mundial como um dos maiores consumidores de agrotóxicos, respondendo na América Latina por 86% dos produtos. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (SINDAG), do total de agrotóxicos consumidos no país, 58% são herbicidas, 21% inseticidas, 12%, fungicidas, 3% acaricidas e 7% outros. A Organização Internacional do Trabalho estima que agrotóxicos causam anualmente cerca de 70.000 intoxicações agudas e crônicas fatais entre os trabalhadores rurais e um número ainda maior de intoxicações não fatais. Além da intoxicação de trabalhadores que têm contato direto ou indireto com esses produtos, a contaminação de alimentos tem-se mostrado crescentes (TRAPÉ, 1993). Esses números de casos ainda têm sua procedência comprometida pelos elevados índices de subnotificações dos casos de intoxicações por agrotóxicos, uma vez que, segundo a OMS, para cada caso notificado de intoxicação têm-se outros 50 não notificados. A notificação é ferramenta imprescindível à vigilância epidemiológica, por constituir fator desencadeador do processo, informação/decisão/ação, tríade que sintetiza a dinâmica de suas atividades, propiciando o monitoramento constante da saúde da população local (TRAPÉ, 1993). Além disto, deve disponibilizar o suporte necessário para que o planejamento, decisões e ações dos gestores baseiam-se em dados concretos para encontrar as devidas soluções para os casos. 7 2 INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS Os organofosforados foram desenvolvidos primeiramente nas décadas de 1930 e 1940 para serem utilizados como armas químicas durante a Segunda Guerra Mundial (BRAIBANTE e ZAPPE, 2012). O primeiro organofosforado surgiu na Alemanha com a finalidade de substituir a nicotina que estava em falta no país durante a Segunda Guerra Mundial, conhecido como tetraetilpirofosfato (TEPP). Em 1936, descobriu-se acidentalmente o “tabun'', um gás tóxico que causa sérios danos ao sistema nervoso central, sendo conhecido por este motivo como “gás dos nervos”. A substância possui absorção cutânea, sem necessidade de inalação para a contaminação, além de apresentar a vantagem de ser quatro vezes mais eficiente que o gás mostarda como gás de guerra (COLASSO e AZEVEDO, 2011). Posteriormente, em 1944, foi sintetizado o principal produto o Paration com o intuito de substituir os compostos organoclorados em virtude de sua toxicidade e outras características indesejáveis, tais como a bioacumulação. Sua comercialização iniciou-se a partir de 1960, sendo que em 1999, já eram responsáveis por 40% do mercado mundial de agrotóxicos (BARBOZA et al., 2018; SOUZA, 2017). Esses compostos, juntamente com os carbamatos passaram a ser bastante utilizados devido sua eficácia como inseticidas agrícolas agindo contra uma variedade de pragas. Outro fato é que são pesticidas baratos e mais práticos já que se degradam rapidamente na natureza tendo um impacto ambiental menos significativo (Ex.: baixa bioacumulação) quando comparado aos organoclorados. No entanto, o fato de se degradarem rapidamente implica aplicações mais frequentes, o que associado à sua alta toxicidade faz destes compostos uma causa comum de intoxicação (SILVA, 2015). Alguns desses compostos estão listados na Tabela 1 e 2 abaixo: 8 Tabela 2. Exemplos de organofosforados disponíveis no mercado Nome Genérico Nome Comercial Cianofos Cyanox Clortion Chlorthion Malation Cythion, Malatol Metamidofos Tamaron, Filitox Menazon Sayfos Acefato Orthene Ciantoato Tartan Tabela 3. Exemplos de carbamatos disponíveis no mercado. Nome Genérico Nome Comercial Aldicarb Temik Aminocarb Metacil 9 Carbaril Sevin Metiocarb Mesurol Carbofuran Furadan Mexacarbato Zectran Propoxur Unden, Baygon 2.1 ESTRUTURA QUÍMICA Os organofosforados são, principalmente, ésteres de ácido fosfórico e seus derivados (LINHARES, 2013). A estrutura química geral de um organofosforado representada pela Figura 1, compreende um átomo central de fósforo e a ligação característica envolvendo um grupo fosforila (P=O) ou um grupo tiofosforila (P=S), grupos R1 e R2 que podem ser alquilas, arilas, alcoxi (geralmente OCH3 ou OC2H5) ou grupos substituintes amina (grupos lipofílicos). O grupo X representa Oxigênio, Enxofre ou Selênio. E, por fim, o grupo L é liberado pelo átomo de fósforo após hidrólise e pode pertencer a uma variedade de grupos, tais como halogênios, alquila, arila ou heterocíclicos (ELERSEK, et al., 2011; SILVA, 2015). Figura 1. Estrutura química geral de organofosforados (SANTOS, et al, 2007). Com base nas características estruturais, essa classe é subdividida em pelo menos 12 tipos que incluem: fosfina, fosfonito, fosfinito, fosfito, amino fosfina, diamino 10 fosfinas, triamino fosfinas, sal de fosfônio, oxido de fosfina, fosfinato, fosfonatos e fosfato, podendo ter as seguintes variações pela troca do oxigênio (P=O) pelo enxofre (P=S) ou selênio (P=Se) (ELERSEK, et al., 2011; BARBOZA et al., 2018) como mostra a Figura 2: Figura 2. Exemplos das classes mais importantes dos compostos organofosforados. Já os carbamatos, também conhecidos como uretanos, apresentam a estrutura química geral representada pela Figura 3. Os carbamatos são ésteres ou derivam do ácido carbâmico, o grupo R são geralmente, substitutos orgânicos como metil ou etil. Os carbamatos possuem um pequeno espectro de atividade inseticida quando se comparado aos organofosforados. Três classes de carbamatos são conhecidas: Carbamatos inseticidas e nematicidas, carbamatos herbicidas e carbamatos fungicidas (LINHARES, 2013). Figura 3. Estrutura química geral dos Carbamatos. 11 A razão que torna os carbamatos menos perigosos que os organofosforados é o fato de que a diferença entre a dose requerida para produzir os efeitos mínimos e a dose letal é significativamente maior nos carbamatos (LINHARES, 2013). 2.2 MECANISMO DE TOXICIDADE A principal ação tóxica dos organofosforados no organismo humano é a inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE) nas sinapses químicas através de uma ligação irreversível. Esta é uma enzima cuja função é a degradação do neurotransmissor acetilcolina (ACh) presente na fenda sináptica durante a transmissão do impulso nervoso (BORSOI, et al., 2014). A administração de organofosforados faz com que esses compostos se liguem ao sítio ativo da enzima inibindo sua ação. Consequentemente, ocorre o acúmulo de acetilcolina nos colinoreceptores provocando alto grau de toxicidade no organismo como sinais e sintomas muscarínicos, nicotínicos e no Sistema Nervoso Central (KATZUNG, 2014). O mecanismo pelo qual os carbamatos inibem a acetilcolinesterase é idêntico aos organofosforados, entretanto, para os carbamatos essa inibição é mais reversível. Isso ocorre primeiramente, com a formação de um complexo reversível carbamato- colinesterase, seguido da reação de carbamilação irreversível da enzima, e, finalmente a descarbamilação, por hidrólise, sendo liberada a acetilcolinesterase original e o carbamato fica dividido e sem atividade da acetilcolinesterase (OGA, 2003) ao contrário do que acontece com os organofosforados em que a enzima sofre fosforilação. 2.3 TOXICOCINÉTICAE TOXICODINÂMICA Absorção e distribuição Os organofosforados e carbamatos são absorvidos pelo organismo pelas vias cutânea, respiratória e digestiva, ressaltando o fato de que mais de 90% da absorção ocorre através da pele e o restante por via digestiva. As vias respiratória e cutânea 12 são mais frequentes nos casos acidentais. O trato gastrointestinal é comum em casos de tentativa de suicídio, ingestão de água e alimentos contaminados (PARRA, et al., 2017). A via dérmica, contudo, é a via mais comum de intoxicações ocupacionais seguida da via respiratória. Os organofosforados, dependendo de sua solubilidade nos tecidos, vão apresentar mais rapidamente ou lentamente os sinais clínicos da intoxicação. Desse modo, por exemplo, por inalação de vapores do produto no ambiente os primeiros sintomas aparecem em poucos minutos, enquanto pela ingestão oral ou exposição dérmica pode haver o aparecimento tardio dos sintomas. Se ocorrer uma exposição cutânea localizada, o efeito tende a se limitar a área exposta, sendo a reação exacerbada se houver lesão cutânea ou dermatite. Exemplo: sudorese intensa e miofasciculações localizadas no membro afetado; visão borrada e miose do olho exposto; ou sibilância e tosse no caso de exposição pulmonar de pequenas quantidades. A absorção prolongada e insidiosa dos organofosforados pode causar a agudização da resposta à doses baixas deste praguicida (CALDAS, et al., 2000). No caso dos carbamatos, a exposição dérmica torna-se crítica quando o organismo se encontra em temperatura ambiente elevada. Experimentalmente, quantidades apreciáveis de alguns carbamatos e seus metabólitos têm sido encontradas no leite de mães a eles expostas. Pode-se também esperar a presença de resíduos de carbamatos em produtos comestíveis quando estes forem aplicados como inseticidas em hortifrutigranjeiros (CALDAS, et al., 2000). A distribuição nos tecidos depende da lipossolubilidade do composto. Se a lipossolubilidade for alta, o composto atinge o sistema nervoso central e o tecido adiposo, surgindo efeitos de acumulação de acetilcolina no SNC. Se a lipossolubilidade for baixa, os músculos são os primeiros a serem afetados pelo excesso de acetilcolina, surgindo os sintomas musculares (SILVA, 2015; GUEVARA & PUEYO, 1995). Biotransformação Após absorvidos, os organofosforados e seus metabólitos são rapidamente distribuídos por todos os tecidos. Destes, os compostos mais lipofílicos podem atingir concentrações significativas no tecido nervoso, e/ou outros tecidos ricos em lipídios. As reações de biotransformação de organofosforados em mamíferos ocorrem de modo acelerado incrementando a detoxificação destes compostos e, no caso dos 13 tiofosforados (P=S), o tempo necessário para sua bioativação, sem a qual abole-se ou reduz-se muito a sua atividade inibitória enzimática, ou seja, a toxicidade do composto. Ainda, dependendo da persistência da forma bioativada no organismo, pode-se inferir que a mesma poderá interagir com os seus sítios de ação vários dias após a última exposição. São basicamente os fatores metabólicos e toxicocinéticos que determinam a toxicidade e resistência aos organofosforados (CALDAS, et al., 2000). As principais reações de biotransformação dos organofosforados são: Oxidações bioquímicas, Clivagem hidrolítica e redução. Já os carbamatos possuem como principais reações: hidrólise, hidroxilação do grupo metil, do anel aromático, N- demetilação e conjugação com UDPGA e PAPS (CALDAS, et al., 2000). Excreção A eliminação dos organofosforados e carbamatos ocorre principalmente pela urina e fezes. No caso da eliminação pela via biliar, ocorre circulação entero-hepática, prolongando a sintomatologia (no caso do Aldicarb, cerca de 30% é excretado conjugado pela bile) (CALDAS, et al., 2000). 2.4 EMPREGO DOS ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS Tais produtos que anteriormente eram empregados como armas químicas em guerras, atualmente, são muito utilizados como inseticidas fitossanitários, nematicidas, larvicidas e acaricidas sistêmicos ou como zoossanitários, no campo ou no lar, sendo responsáveis por intoxicações humanas e em animais domésticos (CALDAS, et al., 2000). Os organofosforados são extremamente importantes para as atividades agrícolas em todo o mundo, compondo uma família muito diversificada de produtos químicos orgânicos com muitas utilidades. Os herbicidas são os mais utilizados, no entanto, a toxicidade deste grupo de substância, geralmente, é inferior à dos inseticidas (BARBOZA et al., 2018). Os inibidores da acetilcolinesterase estão sendo desenvolvidos com o intuito de atuarem como fármacos combatendo diversas patologias. Como exemplo, pode- se citar o bisfosfonato (um organofosforado) que têm sido utilizados no tratamento de doenças ósseas, assim como alguns fosfatos e fosforamidatos que possuem ação eficaz como anti-retrovirais. Alguns organofosforados e carbamatos têm sido usados 14 como agentes anti-helmínticos em animais domésticos. Pois, estes compostos afetam parasitas por acumulação de ACh atribuídos à inibição da AChE, conduzindo à interferência com a transmissão neuromuscular e, consequentemente, a paralisia, seguido de expulsão de parasitas do corpo do animal (BARBOZA, et al., 2013). Além do amplo emprego como pesticidas, alguns organofosforados têm potencial medicamentoso, com ações que os tornam passíveis de serem utilizados no tratamento do glaucoma e da miastenia gravis, embora sejam subutilizados, por serem medicamentos de risco, pois possuem sua dose tóxica próxima à dose terapêutica. Estes compostos são ainda utilizados em saúde pública no controle de vetores como o da malária e dengue (MORAES,1999). Além dessas aplicações, recentemente se tem dado atenção à doença de Alzheimer. A doença é marcada pela diminuição das concentrações de ACh no córtex cerebral especialmente devido a disfunção e perda de neurônios colinérgicos. Essa situação é ainda acentuada pela presença de AChE na fenda sináptica por causa da hidrólise da ACh. Para melhorar as diminuições cognitivas, os inibidores da AChE são clinicamente prescritos em quantidades moderadas. Estes podem competir com ACh para ligação no sítio ativo do AChE e assim limitar a taxa de ACh hidrolisada. Dessa maneira, pode-se manter a quantidade de ACh disponíveis nos receptores pós- sinápticos para a potencialização a longo prazo (ISLAM, et al., 2018; MATOS, 2012). Os carbamatos também são empregados na produção de polímeros como o poliuretano, encontrados comercialmente sob a forma de espumas, adesivos de alto desempenho, selantes, fibras, vedações, preservativos, carpetes, tintas, peças de plásticos rígidos e elastômeros (MARCILIO, et al., 2016). 2.5 INTOXICAÇÃO AGUDA POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS A intoxicação por inibidores da acetilcolinesterase têm um quadro clínico característico de hiperestimulação colinérgica. Podem provocar três tipos de intoxicação ao homem: aguda, subaguda, crônica. A intoxicação aguda é caracterizada por sinais que surgem rapidamente, cerca de algumas horas após a exposição excessiva aos produtos e a sintomatologia atinge o seu pico 5-8 horas após o contato dependendo da via de administração. Ainda assim, a intoxicação pode ser 15 leve, moderada ou grave, que dependerá da quantidade de substância tóxica absorvida (VINHAL, et al., 2018). Os efeitos clínicos devem-se à estimulação dos receptores muscarínicos e nicotínicos. No estágio leve aparecem sintomas como fadiga, cefaleia, vertigem, dormência nas extremidades, dores abdominais, náuseas, vômitos, sudorese excessiva e salivação. No estágio moderado já envolve fraqueza, dificuldade para falar, miose e fasciculação muscular. No estágio severo, ocorre inconsciência, paralisia flácida, dificuldade respiratória, cianose, e em alguns casos morte (SILVA, 2015). Em alguns casos, após a exposiçãoaguda de alguns organofosforados altamente lipofílicos como o fention, dimetoato e monocrotofos, pode surgir a “síndrome do intermediário” que se desenvolve entre 24 a 96 horas e apresenta sintomas como uma fraqueza muscular difusa que afeta principalmente os músculos respiratórios e os músculos proximais dos membros, sendo que pode ocorrer uma paralisia suficientemente intensa para provocar falência respiratória. A síndrome intermediária geralmente desaparece espontaneamente nos dias subsequentes, podendo a sua evolução prolongar-se até 21 dias (KING & AARON, 2015). De uma a seis semanas após a exposição aguda ao organofosforado, pode-se ocorrer a síndrome denominada de neuropatia tardia, devido a inativação da enzima neurotoxicoesterase, causando fraqueza muscular distal, câimbras musculares dolorosas, formigamento, reflexos diminuídos e um quadro caracterizado por incoordenação motora, hipertonia ou espasticidade e parkinsonismo. Porém, a recuperação pode ser lenta, variando de meses a anos podendo não haver a completa reversão dos sintomas. Geralmente, essa síndrome está associada ao uso de malation, paration, metamidofos e pesticidas usados no combate a pragas em lavouras e combate a vetores de doenças (LOZA, 2015; VINHAL, et al.,2018). Já nos casos de intoxicações agudas por carbamatos, os sinais e sintomas incluem diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais, salivação e sudorese excessivas, visão borrada, dificuldade respiratória, dor de cabeça, fasciculações musculares. A maioria dos carbamatos não causam sintomatologia exuberante a nível de sistema nervoso central, possivelmente devido esses compostos terem maior dificuldade de atravessar a barreira hematoencefálica. Entretanto, quando esses sinais estão presentes são considerados sinais de gravidade (SILVA, 2015; CALDAS et al., 2000). 16 Tabela 4. Sintomas resultantes do excesso de ACh (King & Aaron 2015). LOCAL DE AÇÃO SINAIS E SINTOMAS SINTOMAS MUSCARÍNICOS Glândulas Sudoríparas Sudorese Pupilas Miose Corpo Ciliar Visão Turva Glândulas Lacrimais Lacrimejo Glândulas Salivares Sialorreia Árvore Brônquica Pieira, Broncorreia, Broncoespasmos Sistema Gastrointestinal Cólicas, Vômitos, Diarreia, Tenesmo Sistema Cardiovascular Bradicardia, Hipotensão Sistema Urinário Incontinência urinária SINTOMAS NICOTÍNICOS 17 Músculo Estriado Fasciculações, Cãibras, Fraqueza, Espasmos, Paralisia Gânglios Simpáticos Taquicardia, Hipertensão EFEITOS SOBRE O SISTEMA NERVOSO CENTRAL Sinapses do SNC Cefaleias, Ansiedade, Ataxia, Convulsões, Insônia, Arreflexia, Coma, Depressão respiratória e circulatória 2.6 MANIFESTAÇÕES TARDIAS Síndrome Intermediária Ocorre em pacientes extubados precocemente (ou não intubados) após longo período de hiperestimulação colinérgica dos músculos cervicais, pares cranianos (motores) e da respiração. Esta síndrome consiste de uma sequência de sinais neurológicos que surgem de 24 a 96 horas após a crise colinérgica aguda. Clinicamente, esta síndrome não foi descrita em intoxicações por carbamatos, apenas experimentalmente em ratos. Os óbitos são incomuns e podem ocorrer por insuficiência respiratória por hipoventilação (CALDAS et al., 2000). Neuropatia Tardia “Neurotóxica Tardia” ou “Polineuropatia Retardada” é uma síndrome induzida por alguns organofosforados como mipafós, triclorvon, clorpirifós, leptofós, entre outros, a qual relaciona-se à inibição da enzima esterase. Caracteriza-se por uma neuropatia sensitivo-motora que se manifesta de modo ascendente nas extremidades de membros superiores e inferiores em até quatro semanas após a exposição. O paciente primeiramente apresenta um formigamento e queimação dos dedos que vai tomando todos os membros superiores seguido por fraqueza e ataxia dos membros inferiores. A sensibilidade cutânea é pouco afetada. Possui relatos de ocorrência principalmente em aplicadores de pesticidas de áreas agrícolas ou por ingestão de 18 hortaliças contaminadas. Esta síndrome foi descrita também com alguns carbamatos: Carbofuram e Carbaril (CALDAS et al., 2000). 2.7 TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS O diagnóstico dessas intoxicações é baseado em anamnese e na sintomatologia típica do paciente, no entanto, nem sempre é revelada a exposição durante a análise. Dessa forma é necessário realizar exames laboratoriais como por exemplo, a dosagem de AChE eritrocitária, da qual são detectados níveis diminuídos em pacientes intoxicados devido a exposição a esses tipos de inseticidas (LOZA, 2015). O tratamento das intoxicações agudas a organofosforados e carbamatos pode ser dividido em medidas gerais e medidas específicas, que conforme a gravidade do caso, deverão ser realizadas simultaneamente (CALDAS et al., 2000). Medidas de ordem geral Nos casos graves, deve-se manter a função cardiovascular e respiratória, desobstruir e aspirar as secreções para uma boa oxigenação e evitar possíveis convulsões. Deve-se realizar a ventilação mecânica sempre que necessário em pacientes torporosos (CALDAS et al., 2000). O procedimento de lavagem gástrica é indicado nos casos em que ocorra ingestão de até 24 horas. Não é recomendado provocar êmese por causa da toxicidade dos compostos, cujo vapores ao serem aspirados e/ou inalados podem resultar no desenvolvimento de uma pneumonite química. Para limitar a adsorção gástrica desses compostos, o carvão ativado deve ser administrado após o término da lavagem. Após uma hora da administração do carvão ativado, deve-se infundir catártico salino (REBELO, 2006). No caso de exposição dérmica, é necessário remover roupas, calçados, lavar pele, cabelo, unhas, área genital, com muita água e sabão durante 20-30 minutos. Pode ser usada uma solução de bicarbonato, pois os organofosforados e carbamatos são instáveis em meio alcalino. Caso os olhos tenham entrado em contato com o agente tóxico, deve-se lavar com água ou solução salina morna durante 15-20 19 minutos. Para facilitar o procedimento, previamente pode-se administrar gotas de anestésico (REBELO, 2006). Medidas específicas No tratamento farmacológico de intoxicação por organofosforados geralmente utiliza-se três tipos de fármacos. Primeiro é administrado um fármaco anticolinérgico, em especial a atropina, para antagonizar os efeitos muscarínico provocados pelo acúmulo de acetilcolina, seguido da administração de um depressor do SNC para prevenir as convulsões, como por exemplo o Diazepam. Caso não ocorra o envelhecimento enzimático, é usada uma oxima para reativar a acetilcolinesterase (PETRONILHO; FIGUEROA-VILLAR, 2014). Para reverter a clínica proveniente da toxicidade muscarínica é usada a atropina, que é um fármaco inibidor competitivo dos receptores muscarínicos tanto no sistema nervoso central como no sistema nervoso periférico. Não reverte os sintomas nicotínicos sendo administrada somente quando os sintomas muscarínicos são evidentes. Este composto é indicado para reverter principalmente dificuldades respiratórias causadas pela broncorreia, broncoespasmo e edema pulmonar (KING & AARON, 2015). O esquema de administração é por via intravenosa na dose de 2-4 mg para adultos e de 0,05 mg/kg para crianças, sendo necessário a repetição a cada cinco a dez minutos até o paciente atingir a atropinização caracterizada por permeabilidade traqueobronquial, ressecamento de secreções e das mucosas, rubor facial, não excedendo pulso de 120 batimentos por minuto. A retirada do medicamento é feita com cautela e caso as manifestações colinérgicas retornem é necessário voltar ao tratamento que dura em média 24 horas (DALL’ACQUA et al., 2011). Em doses elevadas pode causar delírios que duram de 24 a 48 horas, entretanto se voltarem os sinais de intoxicação é necessário retornar o tratamento com a atropina (LOZA, 2015). Para evitar ou cessaras convulsões e outras manifestações do SNC usa-se o diazepam ou midazolam em doses de 0,1-0,2 mg/kg, intravenosa, para crianças durante três minutos e para adultos 10 mg, intravenosa, não ultrapassando 5 mg/minuto, podendo repetir a dose, caso necessário, a cada 4 horas (DALL’ACQUA et al., 2011). A terapia com oxima tem como principal objetivo reverter os sintomas nicotínicos e a fraqueza/paralisia muscular nas intoxicações por organofosforados. A oxima mais utilizada e disponível no Brasil é a pralidoxima. Este fármaco libera a 20 acetilcolinesterase para sua função normal. A administração de oximas deve ser preferencialmente em fase precoce da intoxicação, pois é incapaz de reativar a AChE quando envelhecida; sugere-se que deve ser usada entre as primeiras 24 até 48 horas após intoxicação. O uso de pralidoxima pode não ser necessário nos casos de intoxicação leve devendo ser reservado para casos de intoxicações moderadas e severas (KING & AARON, 2015). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é indicado a administração de pralidoxima na dose inicial de 30 mg/kg, intravenosa (IV), seguido de infusão IV de 8 mg/kg/h e de 20 a 50 mg/kg inicialmente para crianças, de acordo com a gravidade dos sintomas, seguido de uma infusão IV de 10 a 20 mg/kg/h. Caso não seja possível realizar a infusão contínua, deve-se administrar 30 mg/kg de pralidoxima por via intramuscular ou intravenosa de 4 em 4 horas. A velocidade de administração deve ser lenta com duração de cerca de 30 minutos para evitar efeitos adversos como parada cardíaca bem como prevenir a fraqueza muscular (LOZA, 2015). O uso de oximas não substitui a atropina, já que elas atuam sinergicamente e devem ser utilizadas ao mesmo tempo. No caso de intoxicação por carbamatos, o tratamento é idêntico ao dos organofosforados, com exceção do uso de oximas, visto que estas substâncias não são tão eficazes, já que elas não interagem com a acetilcolinesterase envelhecida (GUEVARA & PUEYO, 1995). 2.8 O “Chumbinho” Dentre os carbamatos, há um composto químico com uma situação bem característica: o aldicarb, conhecido com o nome vulgar de “Chumbinho”. É um produto clandestino cujo aspecto físico geralmente é de grânulos cinza escuro ou grafite. Consiste em um veneno agrícola o qual é usado na agricultura como inseticida, acaricida e nematicida. Também é utilizado ilegalmente como raticida (ANVISA, 2015). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, cancelou o registro do Temik 150, cujo princípio ativo é o aldicarb pois apresenta elevada toxicidade e tinha aprovação para uso exclusivamente agrícola para aplicação em culturas de batata, café, citros, cana de açúcar e feijão. Os motivos para o banimento consistem na alta incidência de intoxicações humanas, seja nas tentativas de suicídio ou por ingestão acidental, e de envenenamento de animais, principalmente cães e gatos, devido ao desvio de uso como agrotóxico. O produto está relacionado com 21 quase 60% dos 8 mil casos de intoxicação relacionados a chumbinho, no Brasil, todos os anos (ANVISA, 2015). Os sintomas típicos de intoxicação por chumbinho ocorrem em menos de uma hora após a ingestão e os principais sinais clínicos são: náuseas, vômitos, sudorese, salivação excessiva, visão borrada, contração da pupila, dor abdominal, diarreia, tremores, taquicardia, entre outros (ANVISA, 2015). 2.9 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E HUMANA POR PRAGUICIDAS As exposições podem ser ocupacionais e/ou ambientais. Os trabalhadores do setor agropecuário são o grupo principal, mais sujeitos aos efeitos danosos dos praguicidas, tanto os que têm contato direto (Ex.: aplicadores, preparadores da calda e almoxarifes) quanto os de contato indireto como capinadores, roçadores, colhedores. Visto que, no trabalho agrícola, ocorre a combinação de agrotóxicos/pesticidas e/ou ainda a multi-exposição (MURAKAMI et al., 2017). Os trabalhadores de indústrias químicas e da área da saúde que também utilizam inseticidas organofosforados como no combate de vetores da dengue Aedes aegypti e malária Anopheles spp., também estão expostos a riscos de contaminação por estes praguicidas. Apesar da exposição normalmente ocorrer com produtos de baixa toxicidade, o contato com esses produtos é contínuo durante muitos anos (VALE et al., 2017; VINHAL et al., 2018). A sensibilização ocorre durante a pulverização, transporte, armazenamento, preparo das caldas, manuseio e limpeza dos equipamentos e durante o descarte de embalagens vazias. Os trabalhadores que aplicam os agrotóxicos ficam expostos a esses produtos, principalmente sem o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) (VINHAL et al., 2018). As exposições ambientais ocorrem devido a capacidade destes agrotóxicos em se acumular no solo, ar, água, podendo causar danos aos seres humanos (VALE et al., 2017). Quando aplicados de forma inadequada na lavoura, essas substâncias podem contaminar cursos de água, além de gerarem resíduos em produtos agrícolas. Animais que ingerem água ou alimentos contendo essas substâncias podem depositá-las na gordura e músculos podendo ser encontradas também no leite (BORSOI et al., 2014). 22 Córdova et al. (2017) identificaram alterações clínicas e neurológicas em agricultores de tomate (Solanum lycopersicum L.) expostos a praguicidas organofosforados e carbamatos dos quais apresentaram instabilidade psiconeurovegetativa, irritabilidade, astenia e déficit de concentração e memorização. A exposição prolongada, em especial de organofosforados, pode acarretar desordem neuropsiquiátrica crônica que alteram as funções neurocomportamentais, cognitivas e neuromusculares, provocando uma síndrome psicológica e sintomas neuropsiquiátricos gerais, desenvolvimento de câncer, efeitos teratogênicos e toxicidade reprodutiva (VINHAL et al., 2018). A exposição aos agrotóxicos pode desencadear diversas alterações celulares e, geralmente, pode estar relacionada a alguns tipos de câncer, como neoplasias no cérebro, Linfoma Não-Hodgkin (NHL), melanoma cutâneo, câncer no sistema digestivo, sistemas genitais masculino e feminino, sistema urinário, sistema respiratório, câncer de esôfago e câncer de mama (LOPES e ALBUQUERQUE, 2018). Boccolini et al (2017) encontraram relações positivas entre mortalidade por NHL de agricultores quando comparados ao grupo não exposto. A perda auditiva é outra consequência provocada pela exposição de agrotóxicos em trabalhadores rurais. Em estudos de Kós et al (2013) mostraram que a exposição aos agrotóxicos induz a prejuízos nas vias auditivas. Em relação ao impacto dos praguicidas no meio ambiente, Chelinho et al (2014), encontraram indícios de danos causados sobre os insetos, água, solo e os peixes pelo emprego desses compostos que, consequentemente, provocam uma alteração em seu habitat natural. Outro estudo realizado por Sanches et al (2017), no estado de São Paulo, constatou que os peixes também podem ser intoxicados pela exposição em águas contaminadas por agrotóxicos, principalmente se elas contiverem mais de uma substância simultaneamente. Já Mendez et al (2016), Rabitto et al (2011) e Mendes et al (2016) identificaram acumulações do praguicida DDT em solo e peixes destinados ao consumo humano em algumas cidades brasileiras. 3 RODENTICIDAS – RATICIDAS 23 Factualmente, com o advento e criação da agricultura para o consumo humano, o desenvolvimento e de cidades, metrópoles e megalópoles, além da alta taxa de subdesenvolvimento humano criou-se o ambiente mais propício a relação comensal entre roedores e o ser humano. Devido a precariedade dos processos de urbanização, com problemas cada vez maiores de disposição e deposição de resíduos sólidos, drenagem inadequada de águas pluviais e detrimento da rede de saneamento urbana – os esgotos, estimulou o desenvolvimento de roedores nomeio urbano (FUNASA, 2003). O desenvolvimento desenfreado de ninhadas de roedores, ocasionou em: perigos em saúde pública, no qual os roedores são transmissores de doenças como a Leptospirose; e de prejuízo comercial, onde os roedores são responsáveis por perdas de produtos na agricultura ou no comércio urbano. Atualmente, os roedores sinantrópicos são considerados pragas urbanas, no qual faz-se necessário o uso de métodos para o controle de tais pragas. O principal controle a ser explanando neste trabalho será o controle químico, abrangendo a classe chamada de Rodenticida. Essencialmente os Rodenticidas/Raticidas/Muricida são pesticidas utilizados no controle de roedores, agindo como venenos de alta toxicidade para o extermínio de ratos e roedores em geral. A utilização de tais compostos é datado desde a antiguidade onde grupos de lavradores do mediterrâneo sabendo que ao cultivar uma cebola típica da região (Scilla maritima) os casos de roedores que atacavam as plantações diminuíam. Esta cebola apresentava um composto chamado cilirosida, composto altamente tóxico do qual foi originado a Cila Vermelha, um dos primeiros Raticidas registrados (FUNASA, 2003). O termo mais correto quando se aprofunda nesta classe de compostos é “rodenticida”, no entanto no Brasil são chamados genericamente como Raticidas. Segundo o Manual de Controle de Roedores, publicado em dezembro de 2002, classifica esses compostos quanto a rapidez de sua ação: Agudos, provocam a morte nas primeiras 24 horas após a ingestão; e Crônicos, provocam a morte após as primeiras 24 horas após a ingestão. 3.1 RODENTICIDAS DE USO AGUDO 24 O grupo desenvolvido de forma inicial ao combate de roedores, foram amplamente utilizados até metade do século XX, altamente tóxicos, são agentes que atuam bloqueando o sistema nervoso central do animal afetado. São compostos inespecíficos, ou seja, não há uma semelhança química ou estrutural entre os componentes deste grupo e a sua maioria não possui antídotos para o combate a intoxicação. Entre os exemplos podem ser citados: a Estricnina, o Arsênico, o Antu (Alfa- naftil-til-ureia), o Sulfato de Tálio, o Fosfeto de Zinco, o Monofluoroacetato de Sódio (1.080) e a Fluorocetamida (1.081). Devido a sua elevada taxa de toxicidade, e seus frequentes acidentes fatais ocorridos no Brasil, em 1982, todos os rodenticidas de uso agudo foram proibidos de serem utilizados no Brasil. Devido ao inicio das substâncias serem proscritas ao longo dos anos, foram utilizados como forma alternativa ao combate às pragas urbanas (especificamente aos roedores), o uso de agentes fumigantes. Os Fumigantes são compostos tóxicos, na forma gasosa, entre os mais utilizados como raticidas encontram-se: o Monóxido de Carbono, o Bissulfeto de Carbono, a Cloropicrina, o Brometo de Metila, o Fosfeto de Alumínio, etc. No entanto, apesar da maioria dos fumigantes apresentarem um ótimo resultado entre as famílias de roedores, principalmente em ratazanas, eles compartilham de um grave problema operacional. Por se tratarem de gases, nem sempre havia a possibilidade de controle total sobre os gases empregados no ambiente ocasionando em consequências imprevisíveis. Devido a este risco, o uso de fumigantes como Raticidas está proibido em todo o território nacional, segundo a Portaria n° 321, do Ministério da Saúde/SNVS, de 08/08/1997. 3.2 RODENTICIDAS DE USO CRÔNICO Desenvolvido durante a II Guerra Mundial, a partir da casca de uma árvore africana denominada de cumaru (Haba tonka), o composto de ação coagulante denominado de Warfarina (Cumafeno, no Brasil) se tornou o precursor de um série de substâncias correlatas que findaram o grupo dos Hidroxicumarínicos ou Cumarínicos e tem sido amplamente utilizados como rodenticidas com enorme sucesso. A descoberta dos raticidas anticoagulantes, trouxe uma nova era de combate aos roedores, que até então não agia de forma massiva e era praticamente impossível de ser 25 praticado. Esses novos raticidas trouxeram os resultados mais notáveis encontrados neste grupo de pesticidas, envolvendo a relativa segurança de uso e a confiabilidade trazida pela presença de um antídoto (a Vitamina K1), dominando o mercado de pesticida doméstico até os dias atuais. O grupo de rodenticidas anticoagulantes são dividos em dois grupos: os Cumarínicos, derivados do 4-hidroxicumarina e os Indadiônicos, derivados da Indadiona 3.2.1 CUMARÍNICOS O primeiro grupo anticoagulante descoberto como raticida, divido em dois grupos (1° e 2° geração) representam os compostos mais notáveis entre os pesticidas contra roedores. A) 1° GERAÇÃO OU DE DOSE MÚLTIPLA Neste subgrupo se apresentam substâncias que devem ser ingeridas de forma múltipla, e em grandes proporções, pois seus efeitos são acumulativos fazendo-se necessário ingestão sucessiva das doses. A quantidade de doses utilizadas para se notar um efeito satisfatórios é uma medida de segurança para evitar altas taxas de intoxicação por seres humanos, no entanto, no âmbito doméstico é comum encontrar casos que ocorreram com crianças devido a seu baixo peso e concentração da dose intoxicante (REBELO, 2006). Entre seus representantes comercias, encontram-se: a Warfarina (Cumafeno), Cumatetralil, o Cumaclor e o Bromadiolone. São eficazes nas formulações de iscas e pós de contato, e são bem tolerados por aves e ovelhas, mas cães, gatos e suínos são altamente sensíveis (FUNASA, 2003). B) 2° GERAÇÃO OU DE DOSE ÚNICA Em 1958 na Escócia, colônias de ratos em algumas vilas demonstraram resistência à Warfarina. Devido a este processo de sensibilidade genética, pesquisas foram desenvolvidas para suprir essa necessidade de combater esses “Super Ratos”. Assim entre 1976 e 1977, foram lançados no mercado as Supervarfarinas, anticoagulantes de efeito duradouro e mais eficaz contra as superpopulações de ratos. Entre seus principais representantes comerciais, verificam-se: o Bradifacum e o Difenacum. São encontrados formulados principalmente como iscas de cor rosa, onde a dose necessária para o efeito desejado é única. Possui efeito prolongado de mais ou menos 7 semanas, com ampla Meia-Vida e coagulopatia de início rápido. 3.2.2 INDADIÔNICOS Seu primeiro composto foi descoberto em 1963 (Pindona), com efeitos análogos aos do grupo dos cumarínicos, ou seja, são anticoagulantes. Seus principais representantes são: 26 a Pindona, a Clorfacinona e a Difacinona. Apresentam-se em formulações de iscas na cor amarela, com DL 50 aproximada de 2,1 mg/Kg. 3.2.3 MECANISMO DE AÇÃO E SINTOMATOLOGIA Os raticidas anticoagulantes são agonistas da vitamina K, atuam inibindo a etapa dependente da vitamina, a qual é necessária na formação e atuação de vários fatores de coagulação no fígado. O bloqueio da enzima vitamina K epóxido redutase, que converte a vitamina K epóxido em vitamina K1, reflete em processos de hemorragias para ratos os levando ao óbito. Os anticoagulantes ainda aumenta a fragilidade dos vasos sanguíneos pelo processo de vasodilatação e Ingurgitamento. Entre os sintomas é possível se observar: epistaxes, hemorragia conjuntival, hematomas, hematúrias, sangramento excessivo em pequenos cortes; em casos mais graves: sangramento gastrointestinal severo, hemorragia retroperitoneal, acidente vascular encefálico e hemorragia interna – choque. 3.2.4 TÓXICOCINÉTICA A) Absorção: estudos demonstram boa absorção no trato gastrointestinal, com tempo de 2-4 horas. A absorção cutânea é incrivelmente baixa. B) DISTRIBUIÇÃO: a distribuição é elevada nos tecidos cutâneos. C) METABOLIZAÇÃO: são constantemente metabolizados pelo citocromo P450, conjugando-se com o ácido glicurônico e liberação Biliar. D) EXCREÇÃO: A principal via é a renal. E) SUBSTÂNCIAS POTENCIALIZADORAS: Aluperidol, Amiodarona, Antidepressivos Triciclos, AINE’s Cefalosporinas, Etanol, Metronidazol,Paracetamol, Propranolol, Sulfoniureia. D) SUBSTÂNCIAS MINIMIZADORAS: Anticoncepcionais, Barbitúricos, Carbamazepina, Vitamina C, Vitamina K. 3.2.5 ATENDIMENTO CLÍNICO Casos de intoxicação, são tratados de imediato nos hospitais seguindo um esquema de atendimento clínico. O primeiro passo para que o atendimento ocorra de maneira rápida e eficaz, seria o questionamento sobre como ocorreu a intoxicação com as seguintes perguntas: 1. O intoxicante é legal ou Ilegal? 2. A exposição ao intoxicante foi intencional ou não? 3. A dose tomada foi única ou Múltipla? 27 4. O paciente intoxicado possui coagulopatias? 5. O paciente intoxicado apresenta algum sangramento ativo? Sendo feita a investigação relacionada a Intoxicação, seguimos para a forma de tratamento, que varia dependendo se foi uma intoxicação acidental ou intencional: 1. Conduta em caso acidental: nesse aspecto, sem presença de sangramento, a conduta é orientar o paciente e os acompanhantes para o retorno ao domicílio. Não há nenhuma parâmetro laboratorial para acompanhamento. E não é administrado o Kanakion (Antídoto – Vitamina K1). 2. Conduta em caso intencional ou com sangramento ativo: neste caso, é obrigatorio a dosagem do Tempo de Ativação de Protrombina (TAP)/Tempo de Protrombina (TP) de 24h ou 48h. Em casos assintomáticos, o paciente recebe alta após 6h. Quando há alteração de TAP/TP é administrado o Kanakion. 4 LEGISLAÇÃO A Lei N° 7.802/1989 é a lei dos agrotóxicos que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem, a rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. O Art. 2 considera os agrotóxicos como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, híbridos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Assim como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento. Já os componentes são considerados como princípios ativos, produtos técnicos, matérias- primas, ingredientes inertes e aditivos usados na fabricação de agrotóxicos e afins. Os agrotóxicos, seus componentes e afins só poderão ser produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados, se previamente registrados em 28 órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde (Anvisa), do meio ambiente (Ibama) e da agricultura (Ministério da Agricultura), conforme prevê o Art. 3. A lei ainda prevê sobre o registro, cancelamento ou impugnação, embalagens, rótulos, bulas, propagandas, competências do poder público, fiscalização, vendas, entre outros fatores relacionados ao uso dos agrotóxicos. No Brasil, a Lei N° 7.802/1989, surgiu após intensas manifestações por parte de ambientalistas e foi um ganho retórico para a população brasileira, embora a fiscalização da lei seja pouco eficiente. A discussão gerada acerca dos agrotóxicos ganha cada vez mais importância e espaço, uma vez que a discussão referente a novos modelos de produção que possam ser sustentáveis e limpos começam a ocupar espaços. O Projeto de Lei N° 6.299/2002 trata da alteração dos Art. 3 e Art. 9 da lei de N° 7.802/1989, que regulamenta, até então, basicamente tudo o que está relacionado aos agrotóxicos. As principais propostas do projeto envolvem: I. A segurança jurídica: simplifica os procedimentos e evita inovações não previstas ou pretendidas, como o decreto, etc, propondo eficiência e aplicabilidade. II. A adequação a acordos internacionais: deixa claro que as exigências para o controle de pesticidas, de produtos de controle ambiental e afins deverão observar os acordos internacionais dos quais o país é signatário. III. Sistema informatizado: atualmente qualquer pedido feito aos órgãos registrantes de pesticidas precisam ser protocolados em papel, portanto, a nova lei propõe agilidade e transparência, onde qualquer pessoa poderá acompanhar o processo, criando o Sistema Unificado de Informação, Petição e Avaliação Eletrônica (SISPA) e Sistema Unificado de Cadastro de Utilização de Pesticidas e Produtos para Controle Ambiental Informatizado. IV. Competência dos órgãos técnicos: reduz processos e burocracias na tramitação de pedidos de registros de pesticidas, o que evita o retrabalho entre os órgãos durante o processo. O Ministério da Agricultura passará a centralizar a decisão de autorizar registros de novas substâncias. A Anvisa e o Ibama, que antes dividiam a 29 autorização de registros com o Ministério da Agricultura, ficarão responsáveis pela avaliação do risco ambiental e toxicológico. V. Análise de risco: o Brasil ainda está atrasado na prática. A avaliação de risco é um conjunto de procedimentos que possibilita avaliar com profundidade e identificar quais os possíveis efeitos indesejáveis que o emprego de defensivos agrícolas pode causar à saúde e ao meio ambiente. É uma ferramenta científica de sistematização das informações disponíveis para a tomada de decisões. A categoria do risco aceitável será criada para os novos agrotóxicos. VI. Prazos mais curtos: atualmente demora cerca de 8 anos para um novo produto ser aprovado. A nova lei estabelece como 24 meses o tempo máximo para aprovação para que produtos melhores, mais seguros e mais modernos possam ser incluídos no mercado. VII. Agrotóxico - termo polêmico: substituição do termo “agrotóxico” para “pesticidas/defensivos agrícolas/produtos fitossanitários” para nomeá- los no mesmo formato da comunidade internacional. O Projeto de Lei foi aprovado na Câmara pelos parlamentares, no entanto é alvo de muitas críticas. É chamado pelos grupos contrários de “PL do veneno”. Eles afirmam que o projeto beneficiará a bancada ruralista do Congresso Nacional, os grandes produtores agrícolas do Brasil e prejudicará a população com alimentos menos saudáveis. O primeiro ponto que causa discórdia é a mudança do termo, porque o sufixo “tóxico” representa a ideia de algo que não faz bem à saúde, dessa maneira, o nome alerta para o perigo da substância. A Anvisa, um dos órgãos competentes responsáveis pela regulamentação do uso dos agrotóxicos, é contrária ao PL N° 6.299/2002, uma vez que a nova lei exclui a instituição do processo de registro, normatização e reavaliação dos agrotóxicos. O PL delega ao Ministério da Agricultura uma série de ações que são competências estabelecidas, atualmente, para os setores da saúde e do meio ambiente. Além disso, o substitutivo apresentado desvaloriza todo o trabalho de monitoramento realizado pela Anvisa e pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), que coleta alimentos nas redes atacadistas e varejistas, locais cujo escopo de atuação da agricultura não alcança, para verificar os níveis de agrotóxicos presentes nos alimentos consumidos pela população. Para a Anvisa, o PL não contribui com a 30 melhoria, disponibilidade de alimentos mais seguros ou novas tecnologias para o agricultor e nem mesmo com o fortalecimento do sistema regulatório de agrotóxicos, não atendendo, dessa forma, a quem deveria ser o foco da legislação: a população brasileira. Outra instituição contrária ao projeto de lei é o Ministério Público Federal, onde afirma que é inconstitucional os estados brasileiros não terem a possibilidade de legislar sobre o tema. ONGs (OrganizaçõesNão Governamentais) que trabalham com o meio ambiente, artistas, cozinheiros renomados e o Instituto do Câncer (Inca) também se posicionaram contra as propostas do PL do agrotóxico. Em contrapartida, quem é a favor afirma que o PL desburocratiza a criação e o uso de agrotóxicos novos e mais modernos. O debate é importante, uma vez que o uso de agrotóxicos no Brasil afeta diretamente a alimentação do dia a dia do brasileiro, portanto, é importante que o cidadão se inteire sobre o tema. O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo e acredita-se que isso se dá por diversas razões. A mais óbvia é que o país é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, de soja principalmente. Uma outra é que as sementes melhoradas já são pensadas para usar agrotóxicos. São selecionadas até um certo ponto em que, realmente, dependem destes produtos. E, para dar a produtividade que se espera, demandam grandes quantidades. Em terceiro lugar, vale reforçar que o país não tem mais pragas, mas, por usar agrotóxicos há tantos anos, as pragas ficaram mais resistentes. É um espiral que vai aumentando. Diferente do Brasil, os demais países limitam o uso de agrotóxicos mais tóxicos. Aqui usamos agrotóxicos que foram proibidos em 1985 na União Européia (UE), Estados Unidos e Canadá. No Brasil, estamos tentando revisar o uso de 14 tipos há dois anos e não conseguimos, porque dependemos do parecer do Ministério da Agricultura, do Ministério do Meio Ambiente e o parecer do próprio sindicato dos produtores. Na UE existe uma fiscalização mais rigorosa. Aqui aplicamos dezenas de agrotóxicos por avião, coisa que é proibida lá. Jogamos agrotóxicos por avião perto de casas, animais, gado, nascentes de rios e córregos. Outro fator importante é a conscientização da população europeia, que cobra este tipo de cuidado do governo e dos produtores. Nos cinco primeiros meses de 2020, em plena pandemia, o Ministério da Agricultura já havia publicado o registro de 150 agrotóxicos para uso no Brasil. Destes, 31 118 agrotóxicos foram liberados só entre março a maio, com 84 deles destinados à agricultura e 34 para usos na indústria. A Anvisa aponta que parte dessas novas mercadorias devem ser reavaliadas pelas possíveis ligações a casos de câncer. O número de aprovações é preocupante. 5 CONCLUSÃO 32 Os praguicidas têm desempenhado um papel importante nas últimas décadas devido a necessidade de garantir uma produção com menores perdas devido aos organismos invasores. Contudo, é necessário pensar nos riscos que essas mesmas substâncias causam à saúde humana e ambiental. Com regras aparentemente menos rígidas, cada vez mais somos expostos a níveis diferentes de toxicidade, tudo para garantir o produto perfeito na mesa, com poucos esforços para manter o meio ambiente saudável. Além disso, a falta de compromisso com os registros de intoxicações no país leva a uma falsa redução dos números reais, escondendo o perigo destes produtos. 6 REFERÊNCIAS 33 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGIL NCIA SANITÁRIA. RDC nº 294, de 29 de julho de 2019. Diário Oficial da União, Brasília, 31 jul. 2019, Seção 1, p. 78. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/254028411/dou-secao-1-31-07-2019-pg-78. Acesso em: 20 jan. 2021. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGIL NCIA SANITÁRIA (ANVISA). Publicada reclassificação toxicológica dos agrotóxicos. 08 ago. 2019ª. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2019/publicada- reclassificac ao-toxicologica-de-agrotoxicos. Acesso em: 20 jan. 2021. AMARANTE JUNIOR, O. P. de et al. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e legislação. Quím. Nova, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 589-593, 2002. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Agrotóxico utilizado como chumbinho é retirado do mercado brasileiro. 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