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TROMBOEMBOLISMO VENOSO LAUE TROMBOEMBOLISMO VENOSO CONCEITOS: - Tromboembolismo Venoso (TEV) - Trombose Profunda (TVP) - Trombose Pulmonar (TEP) TROMBOEMBOLISMO VENOSO Tromboembolismo venoso: é o conjunto de eventos tromboembólicos que podem ser preveníveis. É constituído tanto por TVP como por TEP. ● TVP: formação de coágulo de forma patológica em qualquer leito venoso do corpo, sendo mais comum nos membros inferiores. O paciente irá se apresentar dor na região acometida, com edema distal e hiperemia. ➔ A TVP é divida em 2: Trombose venosa da perna - na qual o trombo fica confinado nas veias profundas da perna- e trombose venosa proximal, na qual o trombo envolve as veias poplíteas, femorais ou ilíacas, implicando num pior prognóstico. ● TEP: quando ocorre um TVP em uma veia proximal, esse trombo pode sair da circulação venosa, passar pelo coração e se impactar no pulmão do paciente. O paciente irá se apresentar com dor torácica, dispneia, chegando em alguns momentos a apresentar hemoptise. EPIDEMIOLOGIA ● Incidência anual de 60-70 casos/100.000 habitantes. ● Uma das principais, e mais frequente, causa de óbitos diretas em indivíduos hospitalizados. ● A profilaxia para TEV mostrou ser capaz de reduzir o risco em pacientes internados tanto clínicos quanto cirúrgicos. POPULAÇÃO PREDOMINANTE: ● Sexo masculino. ● Pacientes admitidos em UTI. ● Neoplasia. ● AVC. ● Outras: Gravidez, IAM, Insuficiência Cardíaca, Idade avançada (>60 anos), história pregressa de TEV, imobilização prolongada, insuficiência renal, obesidade, estado hereditário ou adquirido de hipercoagulabilidade. FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - O exame físico pode mostrar edema, eritema, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura e empastamento muscular com dor à palpação. Existem, no entanto, afecções que podem cursar com quadro semelhante, podendo levar à confusão diagnóstica, como a celulite. Dor progressiva e edema depressível em membro inferior, estando muitas vezes a dor localizada na panturrilha, que pode aumentar de volume. A assimetria e unilateralidade desses achados devem falar a favor da presença de trombose. SINTOMAS Classicamente existe um tríade: Prevalência de dispnéia, seguido pela dor torácica de caráter pleurítico e tosse, que pode se apresentar seca ou hemoptoica. Porém nem todos os pacientes apresentam essa sintomatologia. Na TEP, em casos mais graves, podem ser encontrados pacientes com hipotensão e até com choque obstrutivo, podendo ou não estar associado a arritmias. Existem sintomas que são menos comuns: síncope, dor retroesternal, ansiedade e redução do nível de consciência. SINAIS ● Taquicardia. ● Taquipneia. ● Sinais de instabilidade (hipotensão, sendo a PAS < 90). ● Distensão jugular. ● Hiperfonese de B2 na ausculta. ● Sibilos na ausculta respiratória. ● MV reduzido. ● Edema assimétrico em membros inferiores que pode ou não estar associado a dor, calor e rubor (sinais flogísticos) no local. DIAGNÓSTICO Diagnóstico Diferencial TEP: ● Pneumonia. ● ICC. ● DPOC. ● Asma. ● Pneumotórax. ● Edema agudo de pulmão. ● Ansiedade. ● Neoplasia de pulmão. ● Hipertensão pulmonar prévia. DIAGNÓSTICO Diagnóstico diferencial de TEV: ● Linfedema. ● Síndrome Nefrítica. ● Insuficiência renal. ● Doença hepática. ● Hematoma. ● Lesão de tecidos moles. ● Câimbra, contratura ou lesão muscular. ● Fratura por estresse. DIAGNÓSTICO TVP Escore de Wells para TVP: ● >=2: aumenta probabilidade de TVP. ● <=1: diminui probabilidade de TVP. DIAGNÓSTICO TVP Exames Complementares: ● D-dímero. ➔ D-dímero é um produto de degradação de da fibrina. ➔ Ele fica elevado na fase aguda da trombose, sendo mais importante para afastar, quando está normal, do que para fazer o diagnóstico, pois outras condições podem fazer com ele se eleve (cirurgia recente, gravidez, estados infecciosos, câncer). Por isso se der positivo é necessário outros exames para investigação. ● Ultrassonografia compressiva do membro inferior afetado. ● Angiotomografia e angioressonância (não são tão indicadas por não ter eficácia maior que a USG). ● Venografia: exame PADRÃO-OURO. DIAGNÓSTICO TEP Escore de Wells para TEP: ● 2 pontos = baixa probabilidade de TEP. ● Entre 2-6 = risco intermediário de TEP. ● >=7 pontos = alto risco de TEP. DIAGNÓSTICO TEP: Exames Complementares Radiografia de tórax: na maioria dos casos vem sem alteração, mas isso não quer dizer que não seja necessário pedir esse exame, pois pode avaliar os possíveis diagnósticos diferenciais. ● Podem encontrar achados inespecíficos, como atelectasias laminares, aumento da área cardíaca direita, derrame pleural unilateral e de pequeno volume e elevação da hemicúpula diafragmática. DIAGNÓSTICO TEP: Exames Complementares ● Existem também achados específicos, mais são raros: Corcova de Hampton: imagens hipotransparentes em formato de cunha em bases pulmonares referentes à área de infarto pulmonar. Sinal de Westermark: áreas de hipoperfusão pulmonar com diminuição da trama vascular; Sinal de Palla: dilatação da artéria pulmonar. DIAGNÓSTICO TEP: Exames Complementares Corcova de Hampton. DIAGNÓSTICO TEP: Exames Complementares ● Gasometria Arterial: sendo os principais achados a hipoxemia (PaO2 < 80 mmHg) e a hipocapnia (PaCO2 < 35 mmHg). Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da hipoxemia são as alterações na relação ventilação/perfusão e a redução da pressão parcial de oxigênio no sangue venoso, que chega aos pulmões para ser oxigenado (PvO2), em função da diminuição do débito cardíaco. ● ECG e ecocardiograma. 🡪 O eletrocardiograma (ECG) não é um exame sensível ou específico para o diagnóstico de TEP. As alterações eletrocardiográficas, na fase aguda do TEP, dependem do nível de gravidade da embolia e são, na maioria, inespecíficas. Entre tais alterações, podemos citar: flutter ou fibrilação atrial, onda P pulmonale, desvio do eixo para direita ou esquerda, bloqueio completo ou incompleto de ramo direito, complexos de baixa voltagem, depressão ou elevação do segmento ST e inversão da onda T. A maioria dos pacientes (90%) com TEP apresenta ritmo sinusal. Ainda não há um consenso, na literatura no manejo do eco no diagnóstico de TEP. DIAGNÓSTICO TEP: Exames Complementares ● Ultrassonografia à beira do leito: é um exame muito útil e prático para diagnóstico presuntivo de TEP. ● Tomografia computadorizada helicoidal (Angiotomografia). 🡪 Além de possibilitar a visualização direta do trombo, ela permite a identificação de alterações no parênquima pulmonar. Com isso, ela pode contribuir para o diagnóstico de TEP ou mostrar outras possibilidades diagnósticas. Na detecção de êmbolos localizados em artérias subsegmentares. ● Arteriografia pulmonar. 🡪 É o método ainda considerado como o padrão-ouro, no diagnóstico de TEP. Porém é pouco utilizada atualmente por ser um método invasivo. ● Cintilografia com relação V/Q: muito pouco utilizado na prática atualmente. TRATAMENTO ● Heparina Não Fracionada: Um bolus inicial de heparina deve ser ministrado (5000 U.I. ou 80 U.I./Kg). Pois ela vai impedir a formação de novos trombos e permitindo a fibrinólise endógena, diminuindo a mortalidade da doença. ● Heparina de Baixo Peso Molecular: tem vantagem de ser mais fácil de administração. OBS: As HBPM devem ser usadas com cautela em pacientes com peso > 100 Kg e pacientes com insuficiência renal (clearance de creatinina menor que 30 mL/min). TRATAMENTO ● Anticoagulantes Orais: 2 tipos de cumarínicos comercialmente disponíveis no Brasil: a Warfarina (Marevan) e a Femprocumona (Marcoumar). Devido a menor meia vida plasmática da warfarina, a droga apresenta melhor perfil para utilização clínica, com menores riscos de superdosagem e controle mais fácil da anticoagulação. No tratamento da TEV, a warfarina deve ser iniciada no 1º dia de tratamento. A dose atualmentepreconizada é de 1 comprimido de 5 mg 1 x ao dia, que inibe os fatores de coagulação dependentes da vitamina K (fatores II, VII, IX e X) e altera o tempo de protrombina (TP), expresso pelo INR (International Normalized Ratio). Devido ao intervalo de tempo para atingir o patamar ideal de INR (entre 2 e 3) ser de aproximadamente 5 dias, a warfarina oral não deve ser iniciada sem o uso concomitante de heparina, seja ela fracionada ou não. Esse tratamento simultâneo entre os anticoagulantes orais e as heparinas, fracionada ou não deve ser mantida por pelo menos 5 dias ou até ser atingido o patamar de INR entre 2 e 3. TRATAMENTO TVP: tratamento de escolha é HBPM ou heparina não fracionada, associada com anticoagulantes orais, sendo o principal a varfarina sódica e o rivaroxaban. ● Varfarina sódica (antagonista da vitamina K): dose inicial de 5 mg, via oral, em jejum, 1 vez/dia. A dose deve ser ajustada para manter o INR entre 2 e 3. A heparina pode ser suspensa apenas quando se conseguir o INR acima de 2 durante dois dias seguidos. ● Rivaroxabam: inibidor do fator Xa; a dose inicial é de 15 mg 2 vezes/dia por 3 semanas e, depois, dose de 20 mg 1 vez/dia. OBS: evitar AINES. TRATAMENTO ● Em pacientes com TEP será feita oxigenoterapia se SpO2 < 90%. ● No caso de pacientes com hipotensão deve ser feito um suporte hemodinâmico, sendo recomendada infusão de 500 a 1000 ml de cristalóides. Em caso de ausência de resposta adequada, deve ser instituída terapia com droga vasoativa. ● Após o evento trombótico, o tratamento consiste no uso parenteral de heparina ou outros anticoagulantes concomitantemente ao uso de antagonistas da vitamina K, que são administrados por um período de 3 a 6 meses, com objetivo de manter INR entre 2 e 3. TRATAMENTO Recomendações de duração da anticoagulação para TVP conforme os consensos da ACCP e da BTS: Indicação ACCP guideline BTS guideline Primeiro evento trombótico secundário a cirurgia ou outro fator identificável 3 meses 4 a 6 semanas Primeiro evento idiopático Pelo menos 3 meses de tratamento, reavaliar risco de recorrência posterior 3 meses Segundo episódio ou fator de risco mantido (p. ex., neoplasia) Anticoagulação prolongada Pelo menos 6 meses CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, negro, 60 anos, hipertenso, diabético e portador de insuficiência renal crônica (dialítico), foi encaminhado para o hospital por uma unidade satélite por estar há 14 dias cursando com edema em membro inferior direito, doloroso à palpação, com hiperemia e calor local. Sem demais queixas no momento da consulta. Nega alergias. Faz uso contínuo apenas de Cloridrato de Clonidina (Atensina®) 0,2 mg/dia [anti-hipertensivo]. Exame Físico Geral: REG, lúcido e orientado no tempo e espaço, eupnéico com padrão respiratório confortável, afebril, anictérico, acianótico, corado, tempo de enchimento capilar < 02 seg. Sinais Vitais: PA – 120×80 mmHg, FC – 85 bpm, FR – 18 ipm. Exame Respiratório: Murmúrio Vesicular presente e bem distribuídos bilateralmente em todo hemitórax sem ruídos adventícios, som claro pulmonar a percussão, expansibilidade preservada bilateralmente. Exame Cardíaco: Bulhas rítmicas em 2 tempos, normofonéticas, sem sopros ou ruídos adventícios. CASO CLÍNICO Exame Abdominal: Abdome globoso à custa de panículo adiposo, sem cicatrizes ou circulação colateral, cicatriz umbilical centralizada e normotrusa. RHA + e bem distribuídos por todo abdome. Timpanismo à percussão de todo abdome, espaço de Traube livre. Sem dor a palpação superficial ou profunda. Sinal de Murphy, Rovsing e Blumberg ausentes. Exame Membros Inferiores: Membro inferior direito com edema até joelho, doloroso, com hiperemia e empastamento. Ausência de varizes e circulação colateral. Diagnóstico Diferencial: Ruptura de cisto de Baker; Celulite; Síndrome pós-flebite/insuficiência venosa; Estiramento muscular; Lesão de torção direta da perna; Edema da perna em membro paralisado; Linfagite, obstrução linfática. Exame de Imagem: Ultrassom com Doppler de membro inferior direito com veia femoral comum incompressível, sem fluxo ao Doppler com trombo em sua luz. Diagnóstico: Trombose venosa profunda (TVP). REFERÊNCIAS ALVARES, Flávia; PÁDUA, Adriana Ignácio; TERRA FILHO, João. Tromboembolismo pulmonar: diagnóstico e tratamento. Medicina (Ribeirao Preto Online), v. 36, n. 2/4, p. 214-240, 2003. https://www.sanarmed.com/caso-clinico-trombose-venosa-profunda RIZZATTI, Edgar Gil; FRANCO, Rendrik F. Tratamento do tromboembolismo venoso. Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 34, n. 3/4, p. 269-275, 2001. https://www.sanarmed.com/caso-clinico-trombose-venosa-profunda
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