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Gestão Tributária Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPEP) Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitoria de Administração Acadêmica (PROAC) Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch CATALOGAÇÃO NA FONTE NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO P289g Passos, Dayse de Lima. Gestão tributária / Dayse de Lima Passos. – Duque de Caxias, RJ: Unigranrio, 2019. 257 p. : il. ; 23 cm. Inclui bibliografia 1. Direito tributário - Brasil. 2. Impostos – Brasil. 3. Planejamento tributário. I. Título CDD – 343.8104 Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Desenvolvimento do material: Josane Mittmann Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitoria de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão (PROPEX) Nara Pires Sumário Impostos e Contribuições Objetivos ........................................................................................... 07 Introdução ......................................................................................... 09 1. Impostos e Contribuições .......................................................... 11 1.1 Tributos: Competência , Fato Gerador e Obrigação Tributária ........ 11 1.2 Normas de Direito Tributário .................................................. 12 1.3 Cobrança: Processo Administrativo e Processo Judicial ............... 25 Síntese ............................................................................................ 29 Referências Bibliográficas .................................................................... 31 Gestão Tributária Objetivos ........................................................................................... 35 Introdução ......................................................................................... 37 1. Gestão Tributária ..................................................................... 39 1.1 Pessoas Jurídicas (Previdência e FGTS) .................................... 41 1.2 Tributos sobre o Lucro (NBC TG 32 1.189/09) ........................ 48 1.3 Pessoas Físicas (IRPF) ........................................................... 53 Síntese ............................................................................................. 59 Referências Bibliográficas .................................................................... 61 Simples Nacional Objetivos ........................................................................................... 65 Introdução ......................................................................................... 67 1. Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte .......................... 69 2. Prática Contábil do Simples Nacional ....................................... 79 3. MEI - Microempreendedor Individual ........................................ 84 Síntese ............................................................................................. 89 Referências Bibliográficas .................................................................... 91 Aspectos Tributários das Empresas Objetivos ........................................................................................... 95 Introdução ......................................................................................... 97 1. Aspectos Tributários das Empresas ........................................... 99 1.1 Empresas Tributadas pelo Lucro Presumido ............................... 99 1.2 Pessoas Jurídicas Tributadas com Base no Lucro Real ................. 114 1.3 Sociedades Imunes e Isentas .................................................. 129 Síntese ............................................................................................. 131 Referências Bibliográficas .................................................................... 133 Reflexos dos Tributos nos Processos Gerenciais Objetivos ........................................................................................... 135 Introdução ......................................................................................... 137 1. Livro de Apuração do Lucro Real .............................................. 139 2. Impostos e Contribuições Retidos na Fonte ............................... 142 3. Obrigações Acessórias, Sped e Outros ...................................... 155 Síntese ............................................................................................. 163 Referências Bibliográficas .................................................................... 165 Operações Fiscais, Tributárias e de Contribuições Objetivos .......................................................................................... 169 Introdução ......................................................................................... 171 1. Conceitos ............................................................................ 173 2. Cálculo de Impostos (Federais, Estaduais e Municipais) ............. 173 3. Contabilização ...................................................................... 196 Síntese ............................................................................................. 205 Referências Bibliográficas .................................................................... 207 Planejamento Tributário Objetivos ........................................................................................... 211 Introdução ......................................................................................... 213 1. Planejamento na Esfera Federal .............................................. 215 2. Planejamento na Esfera Estadual ............................................ 225 3. Planejamento na Esfera Municipal ........................................... 231 Síntese ............................................................................................ 235 Referências Bibliográficas .................................................................... 237 Prática Contábil e Ética Profissional Objetivos ........................................................................................... 239 Introdução ......................................................................................... 241 1. Prática Contábil e Ética Profissional ......................................... 243 1.1 Código de Ética do Contador .................................................. 243 1.2 Legislação e Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicáveis ........ 246 1.3 Aplicação Prática Contábil ...................................................... 250 Síntese ............................................................................................. 255 Referências Bibliográficas .................................................................... 257 7Gestão Tributária 9Gestão Tributária 11Gestão Tributária 12 Gestão Tributária 13Gestão Tributária 14 Gestão Tributária 15Gestão Tributária 16 Gestão Tributária 17Gestão Tributária https://www.youtube.com/watch?v=4jC3X1j5T-k 18 Gestão Tributária 19Gestão Tributária 20 Gestão Tributária 21Gestão Tributária https://www.youtube.com/watch?v=4jC3X1j5T-k 22 Gestão Tributária 23Gestão Tributária 24 Gestão Tributária 25Gestão Tributária 26 Gestão Tributária 27Gestão Tributária 29Gestão Tributária 31Gestão Tributária 32 GestãoTributária 33Gestão Tributária Gestão Tributária Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Compreender o funcionamento da Gestão Tributária e identificar os tipos de Planejamentos Tributários existentes; ▪ Identificar e calcular os tributos incidentes sobre a folha de pagamento; ▪ Distinguir quais são os efeitos fiscais que ocorrem sobre as empresas, por meio da contabilização dos tributos no ativo ou passivo. 35Gestão Tributária Introdução A Gestão Tributária é muito importante para as empresas, pois, com ela, pode-se economizar no momento da apuração e recolhimento dos tributos, por meio do planejamento tributário. Esse planejamento envolve o estudo de todos os tributos que a empresa deve recolher para o governo, como incidentes sobre o lucro, faturamento e funcionários. Nesta unidade, você conhecerá diversas formas de regimes tributários, de que modo eles funcionam e como são calculados. Ao longo do nosso estudo, você estará em contato com conceitos e práticas que envolvem a Gestão Tributária das empresas. Agora, você começará a entender como se faz um planejamento tributário correto utilizando a elisão fiscal, bem como o conceito de evasão fiscal, que é a maneira incorreta de elaborar esse planejamento. Vamos enfatizar os tributos incidentes sobre a folha de pagamento: Imposto de Renda sobre Pessoa Física - IRPF; Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; além disso, você compreenderá como são contabilizados os tributos segundo a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral - NBCTG 32 (R1). 37Gestão Tributária 1. Gestão Tributária No Brasil, há uma gama de tributos incidentes sobre as empresas e pessoas físicas. Essas legislações são complexas e dificultam a correta apuração dos impostos; existem diversas obrigações acessórias que, se não forem cumpridas, geram multas. Dessa forma, os empresários ficam cada vez mais temerosos em fazer algo errado e, por isso, o papel do contador é de suma importância para estudar e aplicar corretamente as leis. Além disso, se não houver o enquadramento da empresa no melhor regime tributário, ela pode sofrer com pagamentos acima dos valores devidos, afetando o seu desempenho financeiro, o seu fluxo de caixa ou sua competitividade perante os concorrentes; portanto, é evidente a importância de um planejamento tributário correto nas empresas. O planejamento tributário também é conhecido como elisão fiscal, que é a forma preventiva de se estudar, de identificar mecanismos que permitam a redução de desembolso de recursos financeiros, permitindo o menor recolhimento dentro das regras legais. Frequentemente, por meio desse estudo, evita-se a incidência tributária, não havendo a ocorrência do fato gerador, isto é, o início do processo, que gera um sujeito passivo (quem deve pagar) e um sujeito ativo (quem deve receber). Também pode haver o estudo no intuito de pagar menor alíquota do imposto ou obter a menor base de cálculo (CREPALDI, 2017; FABRETTI, 2017). A finalidade da elisão fiscal é obter a maior economia fiscal possível, reduzindo a carga tributária para o valor realmente exigido por lei. “A elisão fiscal é legítima e lícita, pois é alcançada por escolha feita de acordo com o ordenamento jurídico, adotando-se a alternativa legal menos onerosa ou utilizando-se de lacunas da lei.” (FABRETTI, 2017, p.164) Todo administrador deve buscar o melhor para a empresa, seja estudando meios para aumentar os lucros, seja buscando formas de reduzir os prejuízos. O planejamento dos diversos setores, com suas metas e limites Importante 39Gestão Tributária de orçamentos, são recorrentes no dia a dia das organizações. O planejamento tributário também deve participar do planejamento da empresa, pois ele permite a efetiva economia nos recolhimentos dos tributos, podendo aplicar esses valores em outras áreas, como compras de mercadorias para revenda, compra de maquinários, marketing etc. O planejamento tributário é exaustivo e recorrente, pois constantemente existem modificações nas leis; sendo assim, as empresas devem estar sempre atentas às mudanças na legislação tributária, às possibilidades de compensações de tributos e às isenções e reduções que podem ser oferecidas para determinados produtos a serem ser comercializados. O intuito principal é o de sempre maximizar a utilização dos recursos financeiros da empresas, por meio da economia no recolhimento dos tributos. Como existe a forma lícita de se planejar, também existe a forma ilícita, que é conhecida como evasão fiscal. Diferentemente da elisão, a evasão é contrária à lei, pois não cumpre as determinações legais, sendo classificada como crime de sonegação fiscal. Na evasão fiscal, há ocultação do fato gerador, para que o Fisco não identifique que o sujeito passivo deveria recolher os devidos impostos aos cofres públicos (OLIVEIRA, 2017, p.189). O contribuinte, na evasão fiscal, pode também tentar reduzir ou postergar o recolhimento dos tributos por meios ilícitos. A Lei nº 8.137/90, que relaciona os crimes contra a ordem tributária, em seu artigo primeiro (BRASIL, 1990, art. 1) diz que: Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 40 Gestão Tributária O crime pode envolver a obrigação principal (pagar) ou a obrigação acessória, em que está prevista a pena de dois a cinco anos, incluindo a aplicação de multa. Entre a elisão e a evasão, existe a Elusão Fiscal. Quanto a isso, os autores Biffe Junior e Leitão Junior afirmam que: A elusão fiscal é a adoção de mecanismo artificioso ou atípico empregado pelo contribuinte para mascarar ou dissimular a materialização do fato gerador, visando a não incidência de ônus tributário sobre um determinado negócio jurídico. (BIFFE JUNIOR; LEITÃO JUNIOR, 2017) A elisão é o planejamento dentro das regras e leis – o que parece acontecer também na elusão –, mas não é legal, pois o sujeito passivo (contribuinte) se utiliza de determinada permissão legal, com o intuito de burlar a lei tributária. A elusão difere da evasão, pois, nesse caso, existe a fuga, afastamento ou tentativa de não recolhimento dos impostos. A elusão também é passiva de pena (OLIVEIRA, 2017; ABRAHAM, 2018). Para compreender melhor as diferenças entre elisão, evasão e elusão fiscal, assista ao vídeo indicado. 1.1 Pessoas Jurídicas (Previdência e FGTS) A maioria das empresas possuem empregados executando serviços para elas, sendo obrigação dessas empresas preparar, mensalmente, suas folhas de pagamento, recolhendo os tributos devidos sobre elas. A folha de pagamento é o documento no qual são relacionados os nomes dos empregados e dados, como: cargo, função ou serviço prestado, valor Assista agora Vídeo 41Gestão Tributária https://www.youtube.com/watch?v=lX2WW2amWqI bruto dos salários, descontos, valor das cotas do salário-família e valor líquido que cada empregado tem a receber. Dessa forma, o salário é a contraprestação devida ao empregado pela prestação de serviços em decorrência do contrato de trabalho. O salárioe a remuneração são coisas diferentes, pois a remuneração é a soma do salário contratualmente estipulado (mensal, por hora, por tarefa etc.) com outras vantagens percebidas na vigência do contrato de trabalho. Assim, integram a remuneração, além da importância fixa e estipulada, as comissões, as percentagens, as gratificações ajustadas, as diárias para viagem e os abonos pagos pelo empregador (OLIVEIRA, 2017). Sobre a remuneração dos empregados, existem os tributos que são despesas da empresa e os tributos que são retidos dos empregados para serem recolhidos para o Fisco. Portanto, o empregado é o contribuinte de fato, mas a empresa é o contribuinte responsável em recolher os impostos. Do total da remuneração, deverão ser retidos e recolhidos dos empregados o INSS e, por vezes, de acordo com a tabela de tributação e por faixas de rendimento, o Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF. Para as empresas, não existe somente a obrigação de recolhimento do INSS; elas devem igualmente recolher outros encargos incidentes sobre a folha de pagamento, onerando bastante o custo de contratação da mão de obra, como pode ser visto no Quadro 1. Tipo % Aplicada Contribuição ao INSS - Empregador 20% Salário-educação 2,5% Seguro/Risco de Acidentes do Trabalho (SAT/RAT) 1%, 2% ou 3% SESI (Serviço Social da Indústria), SESC (Serviço Social do Comércio) ou SEST (Serviço Social do Transporte) 1,5% SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) ou SENAT (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) 1% SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) 0,6% INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) 0,2% Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) 8% Total (com SAT/RAT de 2%) 35,8% Quadro 1: Encargos sobre a folha de pagamento Fonte: Pêgas (2017, p.303). 42 Gestão Tributária Para o Seguro contra Acidentes de Trabalho e Riscos Ambientais do Trabalho (SAT/RAT), existem três percentuais de recolhimento, pois a tributação depende do risco da atividade da empresa. Quanto mais arriscada é a atividade, maior é o percentual recolhido, sendo eles leve, médio ou risco grave (OLIVEIRA, 2017). Para alguns setores da atividade econômica, houve o benefício conhecido como “desoneração da folha de pagamento, em que o percentual de 20% do INSS não é recolhido, sendo substituído por percentuais entre 2% e 4,5%, que são aplicados sobre a receita bruta, de acordo como o enquadramento por setor (PÊGAS, 2017). A empresa pode fazer o planejamento tributário e optar pelo regime mais vantajoso para a empresa, permitindo o menor desembolso. Veja o seguinte exemplo: Uma empresa que optou pelo recolhimento normal e possui uma folha de pagamento de R$ 50.000,00, a título de INSS patronal, deverá recolher o valor de R$ 10.000,00 (20%). Considere o seguinte: se essa mesma empresa estiver enquadrada nos setores elencados em lei, fizer recolhimento pelas regras de desoneração e possuir uma receita bruta de R$ 200.000,00, se aplicarmos, hipoteticamente, o percentual máximo de 4,5%, ela recolherá o valor de R$ 9.000,00 em vez de R$ 10.000,00. A economia será de R$ 1.000,00. Em relação à contribuição previdenciária devida pelos funcionários, as empresas são obrigadas a calcular o INSS devido, retê-lo do funcionário e recolhê-lo para o Governo. Para se calcular o INSS, existe uma tabela fornecida pelo Ministério da Previdência Social, que possui as faixas salariais e as alíquotas devidas por cada faixa (PÊGAS, 2017). Essa tabela está sempre se alterando, de acordo com os aumentos do salário-mínimo vigente a cada época; sendo assim, é muito importante que se verifique qual é a tabela vigente no momento do cálculo do INSS devido. O Quadro 2 apresenta a tabela atual, de acordo com a publicação dos valores do salário-mínimo, em janeiro de 2018, que passou de R$ 937,00 para R$ 954,00. Houve, portanto, um aumento de R$ 17,00, levando a alterações 43Gestão Tributária sobre a tabela do INSS. A medida provisória foi assinada pelo Presidente Michel Temer, no dia 29 de dezembro de 2017 (G1, 2017). Tabela para Empregado, Empregado Doméstico e Trabalhador Avulso 2018 Salário de Contribuição (R$) Alíquota Até R$ 1.693,72 8% De R$ 1.693,73 a R$ 2.822,90 9% De R$ 2.822,91 a R$ 5.645,80 11% Quadro 2: Contribuição previdenciária sobre empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso. Fonte: INSS (2018). Vamos ver, agora, um exemplo de cálculo baseado na tabela vigente: Um funcionário que recebe R$ 2.000,00 mensais e obteve, em determinado mês, R$ 400,00 de horas extras, precisará contribuir para o INSS com R$ 216,00 (R$ 2.400,00 x 9%), enquadrando-se na segunda faixa. Se o empregado ultrapassar os seus rendimentos, a última faixa (acima de R$ 5.645,80 – teto máximo), deverá recolher o valor fixo de R$ 621,04 (contribuição máxima), de INSS. Veja no exemplo a seguir: Exemplo: Um Supervisor de Produção possui um salário de R$ 5.500,00 e ganhou uma bonificação por metas alcançadas de produção, no valor de R$ 1.000,00, em determinado mês. Ele deverá contribuir para o INSS com o valor máximo de R$ 621,04, pois o valor de R$ 6.500,00 ultrapassa o valor da última faixa, e a alíquota máxima de 11% não incidirá no valor da remuneração total recebida por esse funcionário. Além da contribuição previdenciária, existe ainda o recolhimento, a título de Imposto de Renda - IR, sobre a renda e os proventos recebidos 44 Gestão Tributária pelo empregado. A tabela de IR também possui alíquotas variadas de acordo com a renda dos contribuintes. Diferentemente do INSS, que incide sobre todos os contribuintes, o IR não incide sobre os contribuintes que recebem menos que R$ 1.903,99 por mês, como pode ser visto no Quadro 3. A tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) tem faixas diferentes para assegurar a chamada progressividade da tributação, ou seja, o funcionário que ganha menos não paga ou paga por uma alíquota menor em relação aos salários mais altos. Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF(R$) Até 1.903,98 - De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80 De Até 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 Acima 4.664,68 27,5 869,36 Quadro 3: Incidência mensal do Imposto de Renda - IR. Fonte: Receita Federal (2017). Para fins de apuração da base de cálculo a ser tributada pelo IR, poderão ser deduzidas do rendimento bruto (OLIVEIRA, 2017, p.147): ▪ R$ 189,59 por dependente; ▪ Contribuições ao INSS; ▪ As importâncias pagas a título de pensão alimentícia, em face das normas do direito da família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais. Veja, a seguir, como calcular o Imposto de Renda Retido na Fonte: 1° Some todos os vencimentos do mês: salário-base, gratificações, horas extras etc.; 45Gestão Tributária 2° Subtraia do total de vencimento, a contribuição previdenciária; 3° Subtraia a dedução dos dependentes, se houver (número de dependentes X a dedução permitida para cada); 4° Aplique a alíquota sobre esse resultado líquido; 5° Subtraia, do valor obtido, a parcela a deduzir, conforme tabela; 6° O valor encontrado é o Imposto de Renda Retido na Fonte do funcionário, que deve ser descontado na folha de pagamento e recolhido, junto com o IRRF dos demais, para a Receita Federal. Para entender esse cálculo, lembre-se do exemplo dado anteriormente, referente ao INSS. Um funcionário que ganha R$ 2.000,00 mensais e obteve, em determinado mês, R$ 400,00 de horas extras, precisará contribuir para o INSS com R$ 216,00 (R$ 2.400,00 x 9%), enquadrando-se na segunda faixa. Com base nessa informação, deve-se calcular o valor do IR. Considerando que esse funcionário não possui dependentes, a base de cálculo do IR será de R$ 2.4000,00 (remuneração total) deduzido do valor do INSS, de R$ 216,00, encontrando a base de cálculo de R$ 2.184,00. Em seguida,essa base deve ser verificada, por meio da tabela do IR em que ela se enquadra, e utilizando a alíquota determinada. Dessa forma, a alíquota a ser aplicada é de 7,5%; portanto, R$ 2.184,00 x 7,5% é igual ao valor de R$ 163,80. Consultando, ainda, a tabela do IR, existe um valor (parcela) que se permite deduzir do valor encontrado; então, finalizando o cálculo, encontra-se o valor de R$ 21,00 (R$ 163,80 - R$ 142,80) a ser recolhido para a Receita Federal. O mesmo exemplo será repetido, na Tabela 1, com a hipótese do funcionário ter dois dependentes. Nesse caso, não haverá o recolhimento do IR, pois o valor da base de cálculo encontrada será isenta. 1 Salário 2.000,00 2 Horas Extras 400,00 3 Total da Remuneração, (1+2) 2.400,00 4 INSS (9%) 216,00 5 Dependentes(2) 379,18 46 Gestão Tributária Por dependente - R$ 189,59 Base de cáclulo do IR (3 - 4 - 5) 1.804,82 IR Isento Tabela 1: Exemplo de cálculo do INSS e IR (com dois dependentes). Fonte: Do autor. Como listado no Quadro 1, a empresa deve recolher 8% a título de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS sobre as verbas salariais do empregado, é uma despesa exclusiva da empresa. O FGTS foi instituído pela Lei nº 5.107/66 para garantir o tempo de serviço do empregado, objetivando a proteção ao trabalhador – atualmente, é regido pela Lei nº 8.036/90. Antes da Constituição Federal de 1988, era opcional o seu recolhimento, mas após a CF, se tornou obrigatório para todos os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (PÊGAS, 2017; FABRETTI, 2017). Cada empregado devidamente registrado possui uma conta individual aberta na Caixa Econômica Federal - CEF, em que são recebidos os valores referentes ao FGTS. Essa conta tem atualização monetária pela Taxa Referencial - TR. É importante lembrar que o valor depositado em conta de FGTS só pode ser movimentado nas seguintes situações (PÊGAS, 2017, p.305): ▪ Demissão sem justa causa; ▪ Término do contrato por prazo determinado; ▪ Aposentadoria; ▪ Suspensão do trabalho avulso; ▪ Falecimento do trabalhador; ▪ Ter o titular da conta vinculada idade igual ou superior a 70 anos; ▪ Quando o trabalhador ou seu dependente for portador do vírus HIV; ▪ Quando o trabalhador ou seu dependente for acometido de neoplasia maligna (câncer); 47Gestão Tributária ▪ Permanência da conta sem depósito por três anos ininterruptos, para os contratos rescindidos até 13/JUL/90 e, para os demais, permanência do trabalhador por igual período fora do regime do FGTS; ▪ Rescisão do contrato por culpa recíproca, força maior, por extinção total ou parcial da empresa; ▪ Rescisão do contrato por decretação de nulidade do contrato de trabalho nas hipóteses previstas no art. 37 § 2o, da Constituição Federal, quando mantido o direito ao salário, ocorrida após 28/JUL/01; ▪ Utilização na compra da casa própria; ▪ Necessidade pessoal, urgente e grave, decorrente de desastre natural causado por chuvas ou inundações que tenham atingido a área de residência do trabalhador, quando a situação de emergência ou o estado de calamidade pública for assim reconhecido, por meio de portaria do Governo Federal; ▪ Pagamento/prestação/amortização/liquidação de saldo devedor do SFH; ▪ Em estágio terminal decorrente de moléstia grave. Quando o funcionário é despedido sem justa causa, como visto na lista acima, o empregador deve depositar mais 40% sobre o valor existente de saldo em conta de FGTS, a título de multa, enquanto o empregado pode retirar todo o valor da conta. 1.2 Tributos sobre o Lucro (NBC TG 32 1.189/09) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) elaborou, em 2009, o CPC 32 em consonância com o IAS 12 (International Accounting Standards 12), desenvolvido pelo International Accounting Standards Board - IASB, que é o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade. O IASB tem como objetivo fixar padrões internacionais de contabilidade para os países-membros, sendo o responsável por divulgar as Normas Internacionais de Informação Financeira ou International Financial Reporting Standards - IFRS, que são Normas Internacionais de Informação 48 Gestão Tributária Financeira. O Brasil é um dos países-membros, e desde o ano de 2008, vem harmonizando as normas brasileiras às normas internacionais, por intermédio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC. Dessa forma, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) recepcionou o CPC 32 emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis e emitiu a NBC TG 32 (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral). Essa norma permite que todas as empresas, desprovidas de órgãos reguladores específicos para suas atividades, sigam as determinações do CPC 32, que estabelece o tratamento contábil para os tributos sobre o lucro. O CPC 32 também foi recepcionado pelos órgãos reguladores, entre eles: a Comissão de Valores Mobiliários - CVM; a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL; a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS; a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, e a Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT. O Conselho Monetário Nacional - CMN, que é o órgão regulador das instituições financeiras brasileiras, ficou de fora da aplicação do CPC 32; portanto, as Instituições Financeiras não adotam as regras listadas no CPC 32. A questão principal na contabilização dos tributos sobre o lucro, conforme o CPC 32 (2009, p.2), é como calcular os efeitos fiscais atuais e futuros nas seguintes situações: (a) Futura recuperação (liquidação) do valor contábil dos ativos (passivos) que são reconhecidos no balanço patrimonial da entidade; (b) Operações e outros eventos do período atual que são econhecidos nas demonstrações contábeis da entidade. Existem impostos que podem ser recuperados e que serão reconhecidos no Ativo da empresa; e existem os impostos que devem recolhidos. Estes deverão ser reconhecidos no Passivo e, posteriormente, liquidados na data estabelecida em lei, que são conhecidos como Ativos Fiscais Correntes e Passivos Fiscais Correntes (referentes aos períodos correntes) (CPC, 2009, p.6). Existem, também, os valores diferidos, podendo ser um Ativo ou um Passivo. Cada entidade deve reconhecer todos os valores que possam ter efeitos fiscais e, assim, demonstrar a real situação econômica da empresa. Segundo a definição do CPC 32 (2009, p.3) o “Passivo Fiscal Diferido é o valor do tributo sobre o lucro devido em período futuro relacionado às 49Gestão Tributária diferenças temporárias tributáveis”; e o “Ativo Fiscal Diferido é o valor do tributo sobre o lucro recuperável em período futuro” (CPC 32, 2009, p.3), que pode estar relacionado às diferenças temporárias dedutíveis, que, por sua vez, resultam em valores dedutíveis para determinar o lucro tributável (prejuízo fiscal) de futuros períodos quando o valor contábil do ativo ou passivo é recuperado ou liquidado. Pode estar relacionado, também, com uma compensação futura de prejuízos fiscais não utilizados, ou com a compensação futura de créditos fiscais não utilizados. Ainda sobre a diferença temporária tributável, um passivo fiscal diferido deve ser reconhecido para todas as diferenças temporárias tributáveis, salvo algumas exceções, como: o reconhecimento inicial de ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill); ou o reconhecimento inicial de ativo ou passivo em transação, que seja combinação de negócios; e no momento da transação, não afeta nem o lucro contábil nem o lucro tributável (prejuízo fiscal) (CPC, 2009). Um exemplo clássico da diferença temporária tributável reconhecida no ativo ou no passivo é a da depreciação de bens imobilizados. A contabilidade, atualmente, analisa a vida útil do bem e se haverá valor residual ao final do tempo de depreciação. Assim, é possível reconhecer a depreciação de determinado bem, em que se dá a depreciação contábil (essa despesa vai para a Demonstração de Resultado do Exercício das empresas). Porém, pela legislação fiscal(Receita Federal), os diversos bens possuem prazo de depreciação preestabelecidos, de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) de cada um. A depreciação fiscal, dessa forma, acontecerá e geralmente difere-se da depreciação fiscal, ocasionando ajustes. As diferenças temporárias podem ser tributáveis (geram passivos; fiscais diferidos) ou dedutíveis (geram ativos; fiscais diferidos). A geração de um ativo fiscal diferido significa um direito que a empresa deve receber do governo, tornando-se corrente em períodos futuros, da mesma forma, a geração de um passivo fiscal diferido é uma obrigação da empresa, que deve ser liquidada em períodos futuros (RIBEIRO, 2013). Os ativos e passivos fiscais diferidos geram muitas dúvidas e confusões, mas que podem ser facilmente resolvidas, por meio da leitura e aplicação dos conceitos na prática. Para compreender melhor esse assunto, assista ao vídeo indicado. Assista agora Vídeo 50 Gestão Tributária https://www.youtube.com/watch?v=QM7UAYWAiMw Para entender melhor esses conceitos, vamos a um exemplo de Ativo Fiscal Diferido: Suponha que o Lucro Contábil de uma empresa foi de R$ 6.000,00, sendo que deve haver uma adição de R$ 3.000,00 de Perda Estimada em Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD). Essa perda ainda não pode ser reconhecida, de acordo com o Fisco, por não terem sido cumpridas todas as exigências do Regulamento do Imposto de Renda - RIR e, dessa forma, o Lucro Fiscal é de R$ 9.000,00. Essa empresa deverá contabilizar, como pode ser visto na Tabela 2, de acordo com o CPC 32 (R3). Nesse exemplo, utilizaremos, apenas o cálculo do IRPJ, pois também deveria incidir a CSLL sobre o lucro. Tabela 2: Cálculo de IRPJ (PECLD). Fonte: Do autor. Dessa forma, a contabilização deve ser efetuada conforme o Quadro 4, gerando um Ativo Fiscal Diferido, pois a base contábil é menor do que a base fiscal: D- Provisão para IRPJ (Conta de Resultado) 900,00 D- IRPJ diferido a recuperar (conta do Ativo) 450,00 C- IRPJ a recolher (conta do Passivo) 1.350,00 O Fisco entende que o valor de imposto sobre o PECLD deve ser recolhido, e somente com o cumprimento de todas as regras do Regulamento do Imposto de Renda, o PECLD pode ser considerado. Assim, haverá uma exclusão da base contábil, e ocorrerá a baixa do crédito existente no ativo, na conta “IRPJ diferido a recuperar”. Esse ajuste deve ser controlado na Parte B do e-Lalur, que é o Livro de Apuração do Lucro Real eletrônico. Lucro Contábil (1) 6.000,00 15% IP1 900,00 Adições PECLD (2) 3.000,00 15% IPJ 450,00 Lucro Fiscal 9.000,00 IRPJ (1.5%) 1.350,00 51Gestão Tributária Base Contábil > Base Fiscal Gera um Passivo Fiscal Diferido Base Contábil > Base Fiscal Gera um Ativo Fiscal Diferido Quadro 4: Base contábil x base fiscal. Fonte: Pêgas (2017, p.432). O exemplo a seguir de Passivo Fiscal Diferido utilizará a depreciação como base. Veja, então, como ficaria esse cálculo: A depreciação contábil deve se basear na vida útil estimada para determinado bem adquirido. Vamos analisar um bem que teve sua vida estimada em 14 anos, sem valor residual ao final desse período. Com o custo R$ 140.000,00, a depreciação anual desse bem será de R$ 10.000,00, porém, o Fisco divulga uma tabela com as depreciações aceitas por ele, de acordo com cada tipo de bem adquirido pelas empresas. Hipoteticamente, considerando que esse bem para o Fisco tenha sua vida útil estimada em 10 anos, a sua depreciação anual seria de R$ 14.000,00, R$ 4.000 a mais do que na depreciação contábil; dessa forma, esses R$ 4.000,00 poderiam ser excluídos da base contábil, conforme pode ser visto na Tabela 3. Lucro Contábil 50.000,00 15%IPJ 7.500,00 Exclusões Êxodo Depreciação Fiscal -4.000,00 15%IPJ 600 Lucro Fiscal (1+2) 46.000,00 IRPJ(15%) 6.900,00 Tabela 3: Cálculo de IRPJ (depreciação). Fonte: Do autor. Com base no exposto, a contabilização que deve ser efetuada, conforme o Quadro 4, indica que a base contábil é menor do que a base fiscal, gerando, dessa forma, um passivo fiscal diferido: 52 Gestão Tributária D- Provisão para IRPJ (Conta de Resultado) 7.500,00 D- IRPJ diferido a recuperar (conta do Ativo) 600,00 C- IRPJ a recolher (conta do Passivo) 6.900,00 Esse também é um ajuste temporário, que findará ao final dos quatro anos excedentes de vida útil estimada, contabilmente, para esse bem. 1.3 Pessoas Físicas (IRPF) O Imposto de Renda (IR) incide sobre os rendimentos do capital, do trabalho e da combinação de ambos. Em se tratando das pessoas físicas, são tributados todos os rendimentos provenientes do trabalho, de aluguel, de pensão alimentícia, de aplicações financeiras e demais proventos definidos em lei (Imposto de Renda Pessoa Física - IRPF). Na maioria das situações relativas à remuneração do trabalho (contratação como funcionário ou autônomo) e em alguns casos relativos à remuneração do capital (aplicações realizadas em instituições financeiras), o Imposto de Renda devido deve ser calculado e retido pela fonte pagadora (empresa contratante ou instituição financeira), à medida que os pagamentos são efetuados. Como o contribuinte pode saber se está obrigado a entregar a declaração anual? Ele deve estar atento aos valores divulgados pela Receita Federal, pois eles variam de ano para ano. No ano de 2017, foram obrigados a apresentar declaração de ajuste anual, até o dia 30 de abril, os contribuintes enquadrados em pelo menos uma das seguintes situações abaixo (PÊGAS, 2017, p.492): 1. Recebeu rendimentos tributáveis na declaração, cuja soma foi superior a R$ 28.559,70 ou recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40 mil; 2. Obteve, em qualquer mês, ganho de capital (tributável ou isento por conta da compra posterior em até 180 dias) na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas; 53Gestão Tributária 3. Relativamente à atividade rural: a) Obteve receita bruta em valor superior a R$ 142.798,50; b) Pretenda compensar, no ano-calendário de 2015 ou posteriores, prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário de 2015; 4. Teve a posse ou a propriedade, em 31/12/15, de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil; 5. Passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e, nessa condição, se encontrava em 31 de dezembro. A declaração de ajuste deve ser entregue nos meses de março e abril do ano seguinte (especificamente, até 30 de abril), possibilitando ao declarante consolidar suas fontes de renda, contabilizar as despesas dedutíveis e calcular o imposto devido, que, comparado ao imposto pago ao longo do ano, resultará em um saldo a pagar ou a restituir. Essa é uma obrigação acessória das pessoas físicas, e o seu não cumprimento é passível de multa (PÊGAS, 2017, p.491). Vejamos mais um exemplo: você pagou Imposto de Renda sobre o seu salário durante todo o ano de 2017; porém, só nos meses de março ou abril de 2018 você deverá fazer sua declaração. Nessa declaração, são consolidadas todas as informações relativas ao ano específico, sendo inseridas diversas informações, como: salário recebido do ano inteiro, outras fontes de receita, contribuição previdenciária, abonos recebidos, Imposto de Renda retido pelo empregador e recolhido para o Fisco. Adicionalmente, dependendo da forma da declaração que está sendo feita, que pode ser simplificada ou completa, você pode declarar despesas que o fisco considera como dedutíveis, como pagamento de plano de saúde, dentista, hospitais, educação (com algumas regras) entre outras que são computadas somente na declaração completa. A declaração de imposto de renda pessoa física pode ser efetuada em dois modelos: completo ou simplificado. Vejamos as características de cada uma: A declaração simplificada é uma opção permitida a todos os contribuintes, exceto aqueles que desejemcompensar um resultado positivo 54 Gestão Tributária da atividade rural com um resultado negativo (prejuízo) ou compensar imposto pago no exterior. O contribuinte que precisar retificar a declaração após o prazo de entrega (30 de abril do ano seguinte) não poderá modificar o modelo da declaração original entregue; dessa forma, se optar pela entrega da declaração simplificada, não poderá fazer a declaração retificadora como completa. No modelo simplificado, as empresas utilizam um desconto (padrão) de 20% sobre o total de rendimentos tributáveis, que substitui todas as deduções legais cabíveis (INSS, Previdência Privada, dependentes, saúde, educação, pensão alimentícia e livro-caixa). O percentual de 20% representa uma estimativa da Receita Federal do Brasil - RFB para as deduções feitas pela maioria dos contribuintes. No ano de 2016, esse valor estava limitado a R$ 16.754,34, com entrega das declarações feitas em 2017 (PÊGAS, 2017). Fique atento, pois os valores são alterados todos os anos! Para saber se a melhor opção é o modelo simplificado ou o modelo completo, o contribuinte deve somar as deduções permitidas no modelo completo e verificar se o valor encontrado é maior do que a dedução-padrão aceita pelo modelo simplificado. Aquele que apresentar maior valor de deduções permitidas, deve ser o escolhido; mas não se preocupe, pois, hoje, o cálculo é feito automaticamente pelo programa da RFB, demonstrando o efeito das duas regras (simplificada e completa), para que você opte pelo modelo mais adequado à sua realidade: imposto a restituir em vez de pagar; imposto a restituir maior do que na outra regra ou mesmo imposto menor a recolher das duas regras (PÊGAS, 2017). A declaração completa tem um grau de complexidade maior em relação à simplificada, em função de sua exigência de informações mais detalhadas. A declaração completa representa uma prestação de contas, com mais detalhes e informações dos contribuintes junto às autoridades fazendárias, que acompanham a evolução patrimonial de cada um. É importante que você saiba quais são as receitas tributadas e as deduções permitidas pelo Fisco na hora de fazer a sua declaração. Anualmente, a RFB desenvolve uma apostila em formato eletrônico (PDF), disponibilizada no site http://idg.receita.fazenda.gov.br/. Nela, Importante 55Gestão Tributária http://idg.receita.fazenda.gov.br/ você encontrará perguntas e respostas sobre o IRPF. A cada ano, surgem novidades nos programas, nos valores e limites que devem ser utilizados para o correto preenchimento da sua declaração, por isso, não deixe de consultar esse material. Lembre-se de que você não é o único com a obrigação de fazer a declaração; a empresa em que você trabalha também deve enviar informações dos seus empregados. Os médicos, dentistas e instituições financeiras também devem fornecer informações de seus clientes para o Fisco. Por isso, as autoridades possuem várias informações que são cruzadas para verificar se você está fornecendo as informações corretas, e saber realmente quanto é o seu débito de imposto. Cuidado ao fornecer informações sem as devidas notas e recibos que comprovem as suas despesas, pois o Fisco pode lhe intimar a comprovar tais informações. Ficha de Tributação Alíquota Parc. a Deduzir Até R$ 22.847,76 Isento - De R$22.847,77 até 33.919,80 7,5% 1.713,58 De R$33.919,81 até 45.012,60 15% 4.257,57 De R515.012,61 até R55.976,16 22,5% 7.633,51 Acima de R$55.976,16 27,5% 10.432,32 Quadro 5: Tabela de Imposto de Renda Pessoa Física Anual. Fonte: Pêgas (2017, p.434). A tabela progressiva anual, conforme o Quadro 5, está em vigor desde abril de 2015. O IR devido será confrontado com o valor do IR pago durante o ano. Caso o IR desembolsado durante o ano seja maior que o IR devido, a pessoa física apresentará IR a restituir; se o valor devido for maior, apresentará IR a pagar quando houver a entrega da declaração. 56 Gestão Tributária O IR a pagar poderá ser parcelado em até oito vezes, segundo a Lei nº 11.311/06 (BRASIL, 2006), com a cobrança de juros a partir do pagamento da 2ª parcela. A taxa Selic mensal será aplicada, com a inclusão de juros de 1% no mês do pagamento. O valor da cota não poderá ser inferior a R$ 50,00, não havendo parcelamento em saldo a pagar até R$ 100,00. A RFB diz que o pagamento poderá ser debitado diretamente na conta-corrente do contribuinte, se este desejar, caso ele entregue a declaração em março, a opção pelo débito em conta poderá ser paga já na primeira cota, mas se a declaração for entregue em abril, a opção se dará a partir da segunda cota. Para o pagamento da primeira cota, é gerado um Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) para o recolhimento do tributo até o último dia útil do mesmo mês. Além disso, existe a cobrança de multa do IR das pessoas físicas, que segue o mesmo modelo adotado para as multas cobradas nos tributos das pessoas jurídicas. A multa diária é de 0,33% ao dia, a partir do dia útil seguinte ao dia do vencimento, contando todos os dias a partir daí. A multa máxima espontânea é de 20%, ou seja, atrasos a partir do 60º dia limitam a cobrança da multa em 20%, não aumentando mais. Vejamos um exemplo de parcelamento: Um contribuinte pessoa física identificou, ao fazer sua declaração de Imposto de Renda anual, que ainda devia ao Fisco o valor de R$ 260,00. Ele viu que poderia haver o parcelamento em até 8 vezes, mas quando clicou nessa opção no programa da RFB, este informou que não poderia pelo seguinte motivo, R$ 260,00 divididos por 8, daria um valor de R$ 32,50, que seria menor que a cota mínima estipulada em R$ 50,00. Então, o contribuinte pegou sua calculadora e fez o seguinte cálculo R$ 260,00 dividido por R$ 50,00 dá 5,2, então o máximo que poderei parcelar o pagamento do imposto será em 5 parcelas de R$ 52,00. Quando ele clicou na opção em “5 vezes”, o sistema aceitou prontamente seu comando. Lembrando que sobre a primeira parcela, não haverá incidência de juros; na segunda parcela será de R$ 52,00 + 1% de juros, e na terceira parcela será de R$ 52,00 + 1% de juros + taxa SELIC. 57Gestão Tributária Síntese Nesta unidade de aprendizagem, vimos as formas existentes de planejamento tributário, sendo a Elisão Fiscal a forma lícita de analisar e planejar o melhor regime a ser adotado pelas empresas, e a Evasão e Elusão Fiscais as formas ilícitas, que não devem ser utilizadas pelos profissionais de contabilidade. Você conheceu os tributos que são retidos, pelas empresas, na fonte dos empregados e recolhidos para o Governo, aprendendo a calcular o IRPF e o INSS incidentes sobre a folha de pagamento dos funcionários. Além disso, aprendemos quais são os tributos incidentes sobre a folha de pagamento (SESC, SENAT, INCRA, FGTS etc.), que são de responsabilidade única e exclusiva das empresas, e vimos como é feito o cálculo do FGTS, incluindo a multa de 40% a ser recolhida pela empresa, se caso o funcionário seja demitido sem justa causa. Além disso, em nosso estudo, vimos que existem possibilidades de o funcionário movimentar o saldo em conta de FGTS. Mais adiante, aprendemos sobre o CPC 32, uma norma emitida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis específica para os Tributos Incidentes sobre o Lucro; e a NBC TG 32, emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade aprovando a adoção do CPC 32. Por meio dos exemplos práticos, compreendemos a geração de Ativos Fiscais Diferidos e Passivos Fiscais Diferidos. Por fim, vimos que as pessoas físicas também têm obrigatoriedade, em algumas situações, de declarar as suas rendas, anualmente, para o Fisco, gerando, assim, ajustes a serem pagos pelo contribuinte ou a restituídos a ele. Referências Bibliográficas ABRAHAM, Marcus. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2018. BIFFE JUNIOR, João; LEITÃO JUNIOR, Joaquim. Concursos públicos: terminologias e teorias inusitadas. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. BRASIL. Lei nº8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm>. Acesso em: 04 jan. 2018. CPC - COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 32 (R3) - 2009. Disponível em: http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/340_ CPC_32_rev%2004.pdf. Acesso em: 31 jan. 2018. CREPALDI, Silvio. Planejamento tributário. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade tributária. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2017. G1. Temer assina decreto definindo salário-mínimo de 2018 em R$ 954. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/temer-assina-decreto- definindo-salario-minimo-de-2018-em-r-954.ghtml. Acesso em: 04 jan. 2018. INSS - Instituto Nacional do Seguro Social. Tabela de contribuição mensal. Disponível em: https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia- da-previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/. Acesso em: 04 jan. 2018. 61Gestão Tributária http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/340_CPC_32_rev%2004.pdf http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/340_CPC_32_rev%2004.pdf https://g1.globo.com/politica/noticia/temer-assina-decreto-definindo-salario-minimo-de-2018-em-r-954.ghtml https://g1.globo.com/politica/noticia/temer-assina-decreto-definindo-salario-minimo-de-2018-em-r-954.ghtml https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade tributária. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2017. RECEITA FEDERAL. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Disponível em: http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf- imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal. Acesso em: 04 jan. 2018. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade geral fácil. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 62 Gestão Tributária http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal Simples Nacional Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Reconhecer os principais aspectos característicos do Simples Nacional; ▪ Identificar e calcular os tributos incidentes sobre o Simples Nacional; ▪ Reconhecer os principais aspectos característicos do Microempreendedor Individual - MEI. 65Gestão Tributária Introdução O Brasil possui vários regimes tributários vigentes, como o Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e o Simples Nacional. Nesta unidade de aprendizagem, entenderemos como funciona o Simples Nacional (micro e pequenas empresas) e o Microempreendedor Individual (MEI), que também faz parte do Simples Nacional. A pesquisa feita pelo Sebrae (2017) mostrou que, no Brasil, existem 6,4 milhões de estabelecimentos; desse total, 99% são micro e pequenas empresas (MPE), sendo que as MPEs respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado (16,1 milhões). Por meio dessa unidade de aprendizagem, você será capaz de reconhecer quem pode ou não optar por esse regime e aprenderá sobre os limites existentes. Veremos, também, como são calculados os tributos no Simples Nacional, pois já existem novas regras válidas a partir de 2018. Os procedimentos foram totalmente reformulados em comparação às regras vigentes até o ano de 2017. Trataremos, ainda, do procedimento a ser utilizado para cálculo da alíquota efetiva para posterior aplicação sobre a receita bruta para, assim, identificar o valor a ser recolhido. Em seguida, compreenderemos as repartições dos tributos a serem repassados após o recolhimento único, para cada ente tributário, ou seja, União, Estado e Município. Aproveite os exemplos demonstrados ao longo desta unidade, a fim de entender como funcionam os cálculos no dia a dia das empresas. 67Gestão Tributária 1. Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte O Brasil possui vários regimes tributários, entre eles: o Lucro Real, que tributa sobre o lucro real da empresa; o Lucro Presumido, que utiliza percentuais de presunção para achar a base de cálculo do lucro que será tributado; e o Lucro Arbitrado, que tem os percentuais de presunção iguais aos do Lucro Presumido, majorados para o cálculo do IRPJ, sendo esta última uma das duas opções existentes do Lucro Arbitrado, que será visto posteriormente. Considerando todos esses tributos e para que as Microempresas (MEs) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs) alcançassem uma vantagem competitiva diante das empresas de grande porte, que podem recolher mais tributos em virtude do faturamento mais alto, houve a necessidade de criar um tratamento diferenciado para elas. Para tal, foi criado o Simples Nacional, que está previsto na Constituição Federal de 1988, no artigo 179: Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. (BRASIL, 1988) O marco na regulamentação de lei específica para as micro e pequenas empresas foi a Lei Complementar nº 123/06. As modificações na regulamentação após essa lei foram feitas por meio das Leis Complementares nº 127/07, nº 128/08, nº 133/10, nº 139/11, nº 147/14, nº 154/16, e, por último, da LC nº 155/16, que serão vistas ao longo desta unidade. O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicáveis às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Importante 69Gestão Tributária Ele abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e é administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios (SIMPLES NACIONAL, 2017). Um grande diferencial na legislação do Simples Nacional é a permissão de recolhimento de percentuais de tributos mais baixos, em documento único e na inclusão dos encargos previdenciários nesse documento, havendo redução no custo do pessoal e incentivo a mais contratações. O ICMS (estadual) e o ISS (municipal), juntamente com os tributos federais, são recolhidos nesse documento único, facilitando o controle das empresas (PÊGAS, 2017). Vejamos, a seguir, os tributos recolhidos em documento único, de acordo com cada atividade exercida pela empresa: ▪ Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); ▪ Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); ▪ Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); ▪ Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); ▪ Contribuição para o PIS/PASEP; ▪ Contribuição Patronal Previdenciária (CPP); ▪ Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); ▪ Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). A opção pelo Simples Nacional deve ser formalizada pela internet e é válida para todo o ano-calendário. A opção pode ser feita até o último dia útil do mês de janeiro, para o próprio ano-calendário, e se a opção for deferida (aceita), retroagirá a 1º de janeiro daquele determinado ano. Se a empresa desejar mudar de regime tributário, só poderá realizar talopção em janeiro do ano seguinte. As empresas que estão em início de atividade têm o prazo de 30 dias, contados do último deferimento de inscrição (municipal ou estadual, 70 Gestão Tributária caso exigíveis), para solicitação, desde que não tenham decorridos 180 dias da data de abertura constante do CNPJ. Quando deferida, a opção produz efeitos a partir da data da abertura do CNPJ. Ultrapassados os prazos, a opção pelo Simples Nacional só poderá ser realizada, como dito anteriormente, em janeiro do ano seguinte (SIMPLES NACIONAL, 2017). Deferido é o particípio passado do verbo deferir, cujo significado é dar parecer favorável a uma solicitação de algo. Dar deferimento é o ato de aprovação ou concessão de um pedido ou requerimento (SIGNIFICADOS, 2017). Existem algumas restrições a respeito do Simples Nacional, descritas no artigo 3º, parágrafo 4º da LC 123/06 (BRASIL, 2006, art.3): Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; Importante 71Gestão Tributária VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IXI - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; XI - constituída sob a forma de sociedade por ações; XII - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014). Além das restrições acima, existem restrições de atividades elencadas na LC 123/06 e na LC nº 147/14 (BRASIL, 2006; BRASIL, 2014). Dessa forma, não podem optar pelo Simples Nacional as empresas: ▪ Que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; ▪ Que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; ▪ Que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; ▪ Que exerça atividade de importação de combustíveis; ▪ Que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes, cervejas sem álcool e bebidas 72 Gestão Tributária alcoólicas (exceto, a partir de 2018, as produzidas ou vendidas no atacado por micro e pequenas cervejarias, micro e pequenas vinícolas, produtores de licores e micro e pequenas destilarias); ▪ Que realize cessão ou locação de mão de obra; ▪ Que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis; ▪ Que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS (BRASIL, 2006; BRASIL, 2014). No ano de 2018, entra em vigor o novo limite, de acordo com a LC nº 155/16 (BRASIL, 2016). Para considerar que uma empresa seja enquadrada como Empresa de Pequeno Porte (EPP), ela deve auferir, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Até 2017, o limite máximo era de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). As microempresas (MEs) continuam tendo o mesmo limite de receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). A empresa que ultrapassar o limite máximo, em 2018, de R$ 4.800.000,00, será desenquadrada do Simples Nacional no próximo ano-calendário. Essa empresa deve fazer o planejamento tributário adequado e analisar qual é o melhor regime tributário para o ano de 2019: Lucro Real ou Lucro Presumido. De acordo com o tipo de atividade (comercial, industrial ou serviço), a empresa deve utilizar tabelas diferenciadas (veja os Anexos do I ao V) para cada tipo de atividade que ela desenvolve. As tabelas são usadas para calcular devidamente os tributos que serão recolhidos mensalmente para o Fisco. Se a empresa atua em diversas atividades, como comercial e industrial, por exemplo, a receita bruta de cada atividade deve ser controlada separadamente, para que haja o correto cálculo dos tributos. Os anexos estão disponibilizados na LC nº 123/06, atualizados recentemente pela LC nº 155/16, como veremos a seguir. Importante 73Gestão Tributária Uma empresa comercial enquadrada no Simples Nacional como ME ou como EPP e que apresenta receita com revenda de mercadorias, seguirá a tabela constante do Anexo I da LC nº 123/06, que foi alterada pela LC nº 155/16 (vigente a partir de 01/01/2018), conforme podemos observar no Quadro 1: Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$) 1ª Faixa Até 180.000,00 4,00% - 2ª Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,30% 5.940,00 3ª Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 9,50% 13.860,00 4ª Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 10,70% 22.500,00 5ª Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,30% 87.300,00 6ª Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19,00% 378.000,00 Quadro 1: Alíquotas partilha do Simples Nacional – Comércio. Fonte: Anexo I da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). A tabela vigente até o ano de 2017 já contemplava quais alíquotas seriam recolhidas referentes a cada tributo incidente, mas a partir de 2018, existem dois quadros que se complementam. O primeiro é utilizado para o cálculo da alíquota efetiva dos tributos a serem recolhidos, enquanto o segundo demonstra o percentual que será repartido para cada tributo incidente, conforme nos mostra o Quadro 2: Faixas Percentual de Repartição dos Tributos IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP ICMS 1ª Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 41,50% 34,00% 2ª Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 41,50% 34,00% 3ª Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 42,00% 33,50% 4ª Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 42,00% 33,50% 5ª Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,76% 42,00% 33,50% 6ª Faixa 13,50% 10,00% 28,27% 6,13% 42,10% - Quadro 2: Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional – Comércio. Fonte: Anexo I da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). 74 Gestão Tributária O mesmo é válido para as outras atividades das micro e pequenas empresas, além da comercial citada no Quadro 2. O Quadro 3 mostra as seis faixas de Receita Bruta e as respectivas alíquotas para atividades industriais. Já o Quadro 4 mostra o percentual de repartição dos tributos para essa atividade. Estes quadroscorrespondem ao anexo II da LC nº 123/06. Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$) 1ª Faixa Até 180.000,00 4,00% - 2ª Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,80% 5.940,00 3ª Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 10,00% 13.860,00 4ª Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,20% 22.500,00 5ª Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,70% 85.500,00 6ª Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,00% 720.000,00 Quadro 3: Alíquotas e partilha do Simples Nacional – Indústria. Fonte: Anexo II da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). Faixas Percentual de Repartição dos Tributos IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP IPI ICMS 1ª Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 2ª Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 3ª Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 4ª Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 5ª Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 6ª Faixa 8,50% 7,50% 20,96% 4,54% 23,50% 35,00%- Quadro 4: Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional – Indústria. Fonte: Anexo II da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). O anexo III da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006) abrange diversas atividades de prestação de serviço, como: creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental, escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios para concursos; agência terceirizada de correios; agência de viagem e turismo; centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de 75Gestão Tributária passageiros e de carga; agência lotérica; transporte municipal de passageiros; escritórios de serviços contábeis etc. Dessa forma, as empresas atuantes nessas atividades serão enquadradas na tributação demonstrada nos Quadros 5 e 6. Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$) 1ª Faixa Até 180.000,00 6,00% - 2ª Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 11,20% 9.360,00 3ª Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 13,50% 17.640,00 4ª Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 16,00% 35.640,00 5ª Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 21,00% 125.640,00 6ª Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33,00% 648.000,00 Quadro 5: Alíquotas e partilha do Simples Nacional - Receitas de locação de bens móveis e de prestação de serviços não relacionados no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar. Fonte: Anexo III da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). Faixas Percentual de Repartição dos Tributos IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP ISS 1ª Faixa 4,00% 3,50% 12,82% 2,78% 43,40% 33,50% 2ª Faixa 4,00% 3,50% 14,05% 3,05% 43,40% 32,00% 3ª Faixa 4,00% 3,50% 13,64% 2,96% 43,40% 32,50% 4ª Faixa 4,00% 3,50% 13,64% 2,96% 43,40% 32,50% 5ª Faixa 4,00% 3,50% 12,82% 2,78% 43,40% 33,50% 6ª Faixa 35,00% 15,00% 16,03% 3,47% 30,50% - (*) O percentual efetivo máximo devido ao ISS será de 5%, transferindo-se a diferença, de forma proporcional, aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta anual. Sendo assim, na 5ª faixa, quando a alíquota efetiva for superior a 14,92537%, a repartição será: IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP ISS 5ª Faixa, com alíquota efetiva superior a 14,92537% (Alíquota efetiva - 5%) x 6,02% (Alíquota efetiva - 5%) x 5,26% (Alíquota efetiva - 5%) x 19,28% (Alíquota efetiva - 5%) x 4,18% (Alíquota efetiva - 5%) x 65,26% Percentual de ISS fixo em 5% Quadro 6: Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional – Receitas de locação de bens móveis e de prestação de serviços não relacionados no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar. Fonte: Anexo III da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). 76 Gestão Tributária Para as atividades que estão sujeitas ao Anexo IV da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006), temos como exemplo: construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores; serviço de vigilância, limpeza ou conservação; e serviços advocatícios. A sua tributação pode ser vista nos Quadros 7 e 8. Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$) 1ª Faixa Até 180.000,00 4,50% - 2ª Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 9,00% 8.100,00 3ª Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 10,20% 12.420,00 4ª Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 14,00% 39.780,00 5ª Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 22,00% 183.780,00 6ª Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33,00% 828.000,00 Quadro 7: Alíquotas e partilha do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar. Fonte: Anexo IV da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). Faixas Percentual de Repartição dos Tributos IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep ISS 1ª Faixa 18,80% 15,20% 17,67% 3,83% 44,50% 2ª Faixa 19,80% 15,20% 20,55% 4,45% 40,00% 3ª Faixa 20,80% 15,20% 19,73% 4,27% 40,00% 4ª Faixa 17,80% 19,20% 18,90% 4,10% 40,00% 5ª Faixa 18,80% 19,20% 18,08% 3,92% 40,00%(*) 6ª Faixa 53,50% 21,50% 20,55% 4,45% - (*) O percentual efetivo máximo devido ao ISS será de 5%, transferindo-se a diferença, de forma proporcional, aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta anual. Sendo assim, na 5ª faixa, quando a alíquota efetiva for superior a 12,5%, a repartição será: IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep ISS 5ª Faixa, com alíquota efetiva superior a 12,5% (Alíquota efetiva - 5%)x 31,33% (Alíquota efetiva - 5%)x 32,26% (Alíquota efetiva - 5%)x 30,13% (Alíquota efetiva - 5%)x 6,54% Precentual de ISS fixo em 5% Quadro 8: Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar. Fonte: Anexo IV da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). 77Gestão Tributária Já os Quadros 9 e 10 são referentes ao anexo V da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006), sendo enquadradas as seguintes atividades: medicina veterinária; serviços de comissária, de despachantes, de tradução e de interpretação; engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia etc. Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$) 1ª Faixa Até 180.000,00 15,50% - 2ª Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 18,20% 4.500,00 3ª Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 19,50% 9.900,00 4ª Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 20,50% 17.100,00 5ª Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 23,00% 62.100,00 6ª Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,00% 540.000,00 Quadro 9: Alíquotas e partilha do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no § 5º-I do art. 18 desta Lei Complementar. Fonte: Anexo V da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). Faixas Percentual de Repartição dos Tributos IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP IPI ICMS 1ª Faixa 25,00% 15,00% 14,10% 3,05% 37,50% 28,85% 14,00% 2ª Faixa 23,00% 15,00% 14,10% 3,05% 37,50% 27,85% 17,00% 3ª Faixa 24,00% 15,00% 14,92% 3,23% 37,50% 23,85% 19,00% 4ª Faixa 21,00% 15,00% 15,74% 3,41% 37,50% 23,85% 21,00% 5ª Faixa 23,00% 12,50% 14,10% 3,05% 37,50% 23,85% 23,50% 6ª Faixa 35,00% 15,50% 16,44% 3,56% 23,50% 29,50%- Quadro 10: Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no § 5º-I do art. 18 desta Lei Complementar. Fonte: Anexo V da LC nº 123/06 (BRASIL, 2006). As atividades de prestação de serviços que não estiverem, explicitamente, enquadradas nos Anexos IV e V, conforme LC nº 123/06 (BRASIL, 2006), estarão automaticamente enquadradas no Anexo III. 78 Gestão Tributária 2. Prática Contábil do Simples Nacional Toda e qualquer empresa deverá manter escrituração contábil regular, porém, pela legislação fiscal, o contribuinte fica desobrigado da escrituração contábil, bastando escriturar o livro-caixa e o livro-registro de inventário. Neles, deverão constar os estoques existentes no final de cada ano, mas é importante frisar que a escrituração contábil é importante por inúmeros motivos (PÊGAS, 2017): a. O Código ComercialBrasileiro exige escrituração contábil completa para servir de instrumento de prova em juízo e em eventuais acertos de direitos dos sócios, acionistas, seus herdeiros ou sucessores; b. No Livro-Caixa, somente poderá ser contabilizada a movimentação financeira, não se registrando as compras e vendas a prazo, os empréstimos e demais valores a pagar e a receber; c. O levantamento de balancetes e balanços de forma adequada, reduzindo a insegurança e os prejuízos que podem ser acarretados pela falta de registro de seus direitos e suas obrigações. As empresas optantes pelo Simples Nacional devem emitir nota fiscal, como obrigação acessória, de acordo com suas vendas ou prestações de serviços. As empresas devem entregar declaração acessória anual, por meio do Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional - Declaratório (PGDAS-D) e da Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis). Para os anos-calendário a partir de 2012, não existe mais a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN). As informações importadas do antigo PGDAS passam a ter cunho declaratório no próprio Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional - Declaratório (PGDAS-D); já as informações econômicas e fiscais passam a ser declaradas na Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis), que têm como prazo o último dia útil de março do ano seguinte (SIMPLES NACIONAL, 2017). A LC nº 123/2006 diz que o prazo de pagamento do Simples Nacional será o último dia útil da primeira quinzena do mês seguinte ao mês de apuração, contudo, a Resolução nº 51/08 (art. 18) definiu o prazo de pagamento para o dia 20 do mês seguinte. 79Gestão Tributária Para fins de cálculo, segundo artigo 18 da LC nº 123/2006 (BRASIL, 2006, art. 18): Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional será determinado mediante aplicação das alíquotas efetivas, calculadas a partir das alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei Complementar, sobre a base de cálculo de que trata o § 3o deste artigo, observado o disposto no § 15 do art. 3o. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016). Para obter a alíquota efetiva, é utilizada a seguinte fórmula: Em que: RBT12: Receita bruta acumulada nos 12 meses anteriores ao período de apuração; Alíq: Alíquota nominal constante dos Anexos de I a V; PD: Parcela a deduzir constante dos Anexos de I a V. Assim, os percentuais efetivos de cada tributo serão calculados a partir da alíquota efetiva, multiplicada pelo percentual de repartição constante dos Anexos de I a V. Vamos trabalhar com um exemplo real para melhorar o entendimento? Exemplo 1: Uma empresa que é puramente comercial deve utilizar o Anexo I da LC nº 123/2006; ela teve a sua Receita Bruta apurada, no mês de Janeiro de 2018, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). A sua Receita Bruta Total (RBT) dos últimos 12 meses (de janeiro a dezembro de 2017) é de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). Com esse valor de RBT, a empresa se enquadra na 4ª faixa, em que é utilizada a alíquota de 10,70% e uma parcela a deduzir de R$ 22.500,00. Portanto, já temos informações suficientes para calcular a alíquota efetiva, conforme podemos observar na resolução a seguir: 12 . 12 RBT Alíq PD RBT × − 80 Gestão Tributária A alíquota calculada acima (8,83%) é a alíquota efetiva que deve ser aplicada sobre a Receita Bruta do mês (R$ 100.000,00), para obtermos o valor do tributo a ser recolhido, conforme podemos observar a seguir: Como a empresa se enquadrou na quarta faixa de receita bruta, conforme vimos no Quadro 1 (Anexo I da LC nº 123/2006), ela também se enquadrará na 4ª faixa no quadro de repartição dos tributos, de acordo com o Quadro 2 (Anexo I da LC nº 123/2006). Utilizando os percentuais de repartição, podemos ver os valores e alíquotas que serão repassados para cada ente federativo (União, Estado e Município), de acordo com cada tributo incidente, no Simples Nacional, conforme podemos observar no Quadro 11. Receita Bruta R$100.000,00 Alíquota efetiva 8,83% Total a recolher R$8.830,000 IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP ICMS Total 4ª Faixa 5,50% 3,50% 12,74% 2,75% 42,00% 33,50% 100,00% Alíquota 0,49% 0,31% 1,12% 0,24% 3,71% 2,96% 8,83% Valor R$485,65 R$309,05 R$1.124,94 R$243,71 R$3.708,60 R$2.958,05 R$8.830,00 Quadro 11: Repartição dos tributos, de acordo com o Exemplo 1. Fonte: Do autor. No momento do rateio, se houver diferença centesimal entre o total dos percentuais e a alíquota efetiva (a alíquota efetiva foi de 8,05%, mas quando houve o rateio, a soma totalizou 8,04%, sobrando a diferença de 12 . 1.200.000 10,70% 22.500 0,08825 100 8,83% 12 1.200.000 RBT Alíq PD RBT × − × − = = × = 100.000 8,83% 8.830,00× = 81Gestão Tributária 0,01%, por exemplo), essa diferença será transferida para o tributo com maior percentual de repartição na respectiva faixa de receita bruta (BRASIL, 2006). No caso exemplificado no Quadro 11, não houve diferença, mas caso houvesse diferença de 0,01% para alcançar a alíquota total efetiva, de 8,83%, essa diferença deveria ser adicionada à alíquota do CPP, que é a maior. Quando a empresa inicia suas atividades, ela não possui informação referente aos últimos 12 meses para poder calcular a alíquota efetiva, pois ela não estava funcionando ainda. Então, os valores de receita bruta acumulada constantes dos Anexos de I a V devem ser proporcionalizados ao número de meses de atividade no período (BRASIL, 2006). Por exemplo, uma empresa que inicia sua atividade em determinado mês, com uma Receita Bruta mensal de R$ 50.000,00, proporcionalizando, isso equivale a uma Receita Bruta Total de R$ 600.000,00 (R$ 50.000,00 x 12 meses). Dessa forma, ela conseguirá se enquadrar em alguma faixa dos Anexos de I a V (de acordo com a atividade), permitindo, assim, que o cálculo da alíquota efetiva seja feito. Existem algumas regras a serem observadas, após a verificação das alíquotas que serão realmente recolhidas para cada tributo, a partir da repartição. O Imposto Sobre Serviços (ISS) tem sua alíquota máxima estipulada em 5% (cinco por cento); se, após a verificação das repartições, a alíquota de ISS for maior do que 5%, o excesso deverá ser distribuído proporcionalmente aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta anual (BRASIL, 2006). Como seria a tributação de uma empresa, nesse mês especificamente, que tem uma Receita Bruta Total de R$ 3.200.000,00 (três milhões e duzentos mil reais), exercendo a atividade de transporte municipal de passageiros, enquadrada no Anexo III (Quadros 5 e 6), com uma Receita Bruta mensal de R$ 270.000,00? Utilizando a forma que você já aprendeu a calcular, a taxa efetiva encontrada será de 17,07%, sendo esse cálculo enquadrado na quinta faixa: Então, observe o Quadro 12 e veja que existe a necessidade de ajuste para obter as alíquotas corretas dos tributos, pois o ISS não pode ultrapassar o recolhimento de 5%: 12 . 3.200.000 21% 125.640 0,17074 100 17,07% 12 3.200.000 RBT Alíq PD RBT × − × − = = × = 82 Gestão Tributária Receita Bruta R$270.000,00 Alíquota efetiva 8,83% Total a recolher R$46.089,00 IRPJ CSLL- Cofins PIS/Pasep CPP ICMS Total 5ª Faixa 4,00% 3,50% 12,74% 2,75% 42,00% 33,50% 100,00% Alíquota 0,68% 0,31% 1,12% 0,24% 3,71% 2,96% 17,07% (Alíquota efetiva - 5%)x 6,02% (Alíquota efetiva - 5%)x 5,26% (Alíquota efetiva - 5%)x 19,28% (Alíquota efetiva - 5%)x 4,18% (Alíquota efetiva - 5%)x 65,26% Percentual de ISS fixo em 5% Alíquota (acerto proporcional) 0,73% 0,63% 2,33% 0,50% 7,88% 5,00% 17,07% Valor R$1.843,56 R$1.613,12 R$5.908,61 R$1.281,27 R$20.002,63 R$15.439,82 R$46.089,00 Quadro 12: Repartição dos tributos em empresa prestadora de serviço enquadrada no Anexo III. Fonte: Do autor. Observe que, se fizéssemos o cálculo sem o acerto, conforme vimos no Quadro 12, estaríamos recolhendo
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