Buscar

APOSTILAS EAD

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 324 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 324 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 324 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Internacional 
Público e Privado
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Introdução ao Direito Internacional Público 
• Introdução
• Definição e Objeto de Estudo
• Direito Interno e Direito Internacional 
• Denominação da Disciplina
• Fontes do Direito Internacional
 · Entender o que é o Direito Internacional Público e qual é o seu ob-
jeto de estudo. Em seguida, conhecer cada uma de suas fontes, utili-
zando, em especial, aquelas indicadas no Estatuto da Corte Interna-
cional de Justiça.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Introdução ao Direito
Internacional Público
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
Introdução
Em geral, as questões de nosso cotidiano e os litígios que inevitavelmente nele 
ocorrem são regidos pelo nosso sistema jurídico interno (Constituição Federal, leis, 
decretos e diversos outros atos normativos), sendo que, em nossa falha percepção 
da realidade, desconhecemos a existência de uma ordem jurídica internacional que 
tem importantes reflexos em nossas vidas.
É essa jurídica internacional, que rege as relações entre os estados e as 
organizações internacionais e que traz uma série de reflexos na vida de todos nós, 
o objeto de estudo do Direito Internacional Público.
Definição e Objeto de Estudo
Podemos definir o Direito Internacional Público como:
O conjunto de normas jurídicas que rege a comunidade internacional, 
determina direitos e obrigações dos sujeitos, especialmente, nas relações 
mútuas dos Estados e, subsidiariamente, das demais pessoas internacionais, 
como determinadas organizações, bem como dos indivíduos (ACCIOLY, 
2014, p. 28).
O Direito Internacional Público surgiu com a preocupação de reger as relações 
que envolviam os estados, sendo que, com o surgimento da Sociedade das Nações 
(ou Liga das Nações), em 1919, as organizações internacionais também passaram 
a ser objeto de especial interesse desse ramo da Ciência Jurídica. Isso se deu, em 
especial, pela importância que essas organizações, pouco a pouco, foram ganhando 
nas relações internacional, pois elas se tornaram um importante canal institucional 
para o trato de questões que envolvem interesses conjuntos dos estados.
Embora as relações internacionais tragam importantes reflexos para a vida dos 
indivíduos, o Direito Internacional Público, originalmente, não reconhecia a pessoa 
humana como sujeito de direitos internacionais. Nessa visão, as pessoas integram os 
estados e esses é que podem ser sujeitos de obrigações das relações internacionais.
Essa concepção começa a se modificar com a sucessão de situações decorrentes 
do término da Segunda Guerra Mundial, quando se viu a necessidade de que o 
Direito Internacional Público deixasse de ter como objeto somente as relações 
interestatais, passando a se preocupar com os indivíduos.
Nesse Direito Internacional da Pós-Modernidade, o ser humano tem um 
crescente papel, especialmente, em razão da preocupação em se estabelecer e 
proteger direitos a ele inerentes, os quais devem ser universalmente observados.
Há, contudo, uma série de importantes autores que não reconhecem os 
indivíduos como sujeitos de direito internacional, é essa a posição, por exemplo, 
de Rezek (2000, p. 146):
8
9
Não têm personalidade jurídica de direito internacional os indivíduos, 
e tampouco as empresas, privadas ou públicas. A proposição, hoje 
frequente, do indivíduo como sujeito do direito das gentes pretende 
fundar-se na assertiva de que certas normas internacionais criam direitos 
para as pessoas comuns, ou lhes impõem deveres. É preciso lembrar, 
porém, que os indivíduos – diversamente dos estados e das organizações 
– não se envolvem, a título próprio, na produção do acervo normativo 
internacional, nem guardam qualquer relação direta e imediata com esse 
corpo de normas. Muitos são os textos internacionais voltados à proteção 
do indivíduo. Entretanto, a flora e a fauna também constituem objeto 
de proteção por normas de direito das gentes, sem que se lhes tenha 
pretendido, por isso, atribuir personalidade jurídica.
Direito Interno e Direito Internacional
Podemos afirmar que as relações jurídicas internas em nosso sistema são regidas, 
sobretudo, pela lei e pelo importante papel do Estado na pacificação dos conflitos. 
Precisamos entender que os conflitos são inevitáveis nas sociedades humanas, 
tendo o Estado o importante papel de resolvê-los aplicando o direito interno, o 
que, em muitos casos, acarreta a aplicação de sanções e a imposição de obrigações 
não desejadas pelas partes – mesmo que, para isso, seja necessário o uso da força. 
Nesse particular, é destacado o papel do Poder Judiciário que atua por meio de 
juízes e tribunais em diversas áreas.
Na ordem internacional, contudo, os mecanismos são diferentes. Em primeiro 
lugar, precisamos destacar os seguintes elementos:
• Nas relações internacionais sempre deve ser respeitada a soberania dos estados;
• Os organismos internacionais não são um poder central. Eles não têm 
características que possibilitem que suas decisões sejam impostas, pois isso 
afetaria a soberania dos Estados envolvidos;
• Nesses organismos internacionais, os estados possuem todos o mesmo poder 
de decisão. Dessa forma, por exemplo nas votações, o voto de um Estado 
possui o mesmo poder que o voto de qualquer outro Estado;
• Os principais mecanismos de decisão estão voltados para a negociação
e o consenso.
Podemos encontrar situações que excetuam os elementos acima apontados, 
mas, em geral, eles são respeitados.
No Direito Internacional, os tratados e outras fontes são importantes instrumentos 
para a solução de controvérsias, sendo que, em alguns casos, também podem ser 
utilizados tribunais 
9
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
Muitos de nós têm uma grande dificuldade de entender o funcionamento da solução 
de controvérsias sem que haja uma “lei” para reger as relações envolvidas; mas não 
podemos confundir “lei” e “Direito”. Como veremos, o Direito Internacional possui 
outras fontes que podem e devem ser exploradas!
Com isso, podemos afirmar que:
• O Direito Interno é marcadopor uma hierarquia de normas (constituição, 
normas legais, normas infralegais etc.), as quais formam um sistema que se 
destaca pela sua verticalização. Já o Direito Internacional, caracteriza-se 
pela horizontalização de seu sistema normativo, sem que haja uma noção de 
subordinação, em uma verdadeira coordenação normativa;
• As condutas interestatais são reguladas difusamente por acordos negociados 
e firmados bilateral ou multilateralmente entre os sujeitos de Direito 
Internacional, bem como por outras fontes, em especial, os costumes e 
princípios gerais. Há, contudo, nas últimas décadas, uma particular situação 
na Europa com a criação de seu bloco regional (União Europeia), que, dentre 
outras características, desenvolveu um órgão legislativo comum (para algumas 
questões), o Parlamento Europeu.
Pode o Direito Internacional interferir no Direito Interno de cada Estado?
Ex
pl
or
Essa é umas das questões mais complexas de nossa disciplina e que enseja dúvidas 
práticas e teóricas! Para respondê-la, é interessante examinar o que disciplina a 
Carta das Nações Unidas1 de 1945 sobre o tema:
Carta das Nações Unidas
Artigo 2º. A Organização e seus Membros, para a realização dos 
propósitos mencionados no Artigo 1º, agirão de acordo com os seguintes 
princípios: 
[...]
7. nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a 
intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qual-
quer Estado ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma 
solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudi-
cará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capitulo VII. 
Dessa forma, qualquer medida de Direito Internacional deve respeitar a ordem 
interna de cada Estado, ou seja, a soberania de cada Estado, mesmo que, com isso, 
ele esteja sujeito a sanções estabelecidas em tratados e acordos internacionais.
1 Disponível em <https://goo.gl/FV9xHj>.
10
11
Denominação da Disciplina
Historicamente devemos destacar a denominação Direito de Gentes2 (Law of 
Nations ou Völkerrecht) cunhada por Richard Zouch (1650), que é ainda mantida 
em uso por alguns autores. Já a expressão internacional foi criada por Jeremias 
Bentham, em seu Plano para a Paz Perpétua e Universal, publicado em 1831.
Embora haja críticas, a denominação Direito Internacional se firmou como 
a mais comum e de uso corrente, sendo que, em algumas situações, modifica-se 
para Direito Internacional Público, quando necessário fazer um confronto com o 
Direito Internacional Privado.
Fontes do Direito Internacional
Antes de esclarecer quais são as fontes do Direito Internacional, convém 
esclarecer o que essa expressão significa.
Por fontes do direito internacional, entendam-se os documentos ou 
pronunciamentos de que emanam direitos e deveres das pessoas 
internacionais, configurando os modos formais de constatação do direito 
internacional (ACCIOLY, 2014, p. 144).
As fontes do direito Internacional estabelecem padrões de comportamentos 
(direitos e deveres), servindo, em várias situações, como importante elemento nas 
decisões de controvérsias. O principal órgão judiciário da Organização das Nações 
Unidas (ONU) é a Corte Internacional de Justiça (CIJ)3, cujo estatuto está anexo à 
Carta da ONU4. Nele, especificamente em seu artigo 38, encontraremos quais são 
as principais fontes do Direito Internacional.
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 38. 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito 
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que 
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como 
sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
2 Ou na sua variação Direitos das Gentes.
3 O sítio da CIJ na internet está disponível em <http://www.icj-cij.org/en>.
4 Em nosso país, o Estatuto da Corte Internacional de Justiça foi promulgado, como anexo da Carta da ONU, pelo 
Decreto n. 19.841, de 22 de outubro de 1945. Disponível em: <https://goo.gl/9yMYWu>.
11
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina 
dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar 
para a determinação das regras de direito.
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir 
sobre uma questão ex aeque et bano, se as partes com isso concordarem.
Simplificando, podemos afirmar que essas fontes são as seguintes:
• Tratados e convenções internacionais;
• Costume internacional;
• Princípios gerais do direito; 
• Decisões judiciais das cortes internacionais;
• Doutrina dos juristas de maior competência de todas as nações.
Nessa listagem, devemos destacar que as duas últimas fontes são, na verdade, meios 
auxiliares para a determinação das regras de direito, ou seja, são fontes auxiliares.
Também deve ser destacado que o artigo 38.2 do estatuto permite que a Corte 
decida em uma questão ex aeque et bano, ou seja, “segundo a equidade e o 
bem” (SILVA, 1998), mas desde que as partes com isso concordem.
Julgar por equidade significa que o julgador deve se aproximar da consciência 
coletiva e percepção de justiça, sem buscar fundamento em outras fontes do Direito.
Sobre o emprego da equidade, menciona Rezek (2000, p. 141) que:
Parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na 
hipótese de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto 
naquela em que a norma, embora bastante, traz ao caso concreto solução 
inaceitável pelo senso de justiça do intérprete.
Embora haja essa diversidade de fontes indicadas pelo Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça (além de outras indicadas pela doutrina, tais como as 
resoluções emanadas de organizações internacionais e os atos unilaterais), não há 
entre elas qualquer forma de hierarquia.
Conheceremos cada uma dessas fontes.
Tratados Internacionais
Se nos afastarmos das definições apresentadas pela doutrina, podemos encon-
trar na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1986 uma escla-
recedora conceituação.
12
13
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1986
ARTIGO 2º - Expressões empregadas
1. Para os fins da presente Convenção:
a) “tratado” significa um acordo internacional regido pelo Direito 
Internacional e celebrado por escrito i) entre um ou mais Estados e uma ou 
mais organizações internacionais; ou ii) entre organizações internacionais, 
quer este acordo conste de um único instrumento ou de dois ou mais 
instrumentos conexos e qualquer que seja sua denominação específica;
Em 1969, foi firmada a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados5, 
sendo que essa norma somente reconhecia o direito de participação dos estados 
na formulação desse instrumento. Essa convenção, em razão de sua importância 
para disciplinar essa fonte elementar do Direito Internacional, é conhecida como 
Lei dos Tratados, Código dos Tratados ou Tratado dos Tratados. 
Em 1986, foi realizada uma segunda convenção na mesma cidade de Viena, 
que, complementando a primeira, expressamente, reconheceu a possibilidade de 
participação de organizações internacionais na formulação dos tratados. Também 
ficou estabelecida a possibilidade de que tratados sejam criados tendo por signatários 
somente organizações internacionais.
A grande vantagem dos tratados em relação às outras fontes é que eles possuem 
maior estabilidade e segurança. Isso porque pressupõem uma participação mais 
ativa e consensual dos pactuantes (em razão da oportunidade de ampla negociação 
e exercício da vontade livre), além de constituírem normas escritas (que permitem 
maior facilidade de comprovação de seu conteúdo).
Podemos apontar três fundamentos para a formação dos tratados:
• Princípio do Livre Consentimento;
• Princípio da Boa-fé;
• A regra pactasunt servanda6.
Esses três fundamentos são apresentados expressamente no preâmbulo da 
Convenção de Viena de 1969.
Convenção de Viena de 1969
Os Estados Partes na presente Convenção,
[...]
Constatando que os princípios do livre consentimento e da boa-fé e a 
regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos,
[...]
5 Promulgada em nosso país pelo Decreto n. 7.030, de 14 de dezembro de 2009. 
Disponível em: <https://goo.gl/9eSKBJ>.
6 Essa regra se fundamenta no princípio de que as partes são livres para estabelecerem acordos (pactos), contudo, após 
esses serem estabelecidos, precisam ser respeitados.
13
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
Deve ser destacado que a definição de tratado apresentada por essa convenção, 
em sua parte final, utiliza a expressão “qualquer que seja a sua denominação 
específica”, indicando que a denominação tratado é um termo genérico. 
Esse gênero possui diversas espécies, com variadas denominações usualmente 
empregadas; contudo, não há muita precisão técnica na escolha desses nomes:
• A expressão Carta indica os tratados mais relevantes, tais como a Carta das 
Nações Unidas;
• Já a expressão Estatuto acabou sendo utilizada para denominar as normas de 
regência da Corte Internacional de Justiça;
• Tem sido bastante comum o uso da denominação Convenção em tratados 
multilaterais, em especial aqueles que estabelecem codificações7;
• Já a expressão Concordata é utilizada em tratados assinados pela Santa Sé 
com estados que possuem população católica.
Condições de validade
As condições de validade dos tratados internacionais são as seguintes: 
• Capacidade das partes pactuantes;
• Os agentes que participam de sua elaboração devem estar habilitados; 
• Consentimento;
• Objeto lícito e juridicamente possível.
Capacidade das partes pactuantes
Seguindo as Convenções de Viena de 1969 e 1986, temos que os estados 
e as organizações internacionais têm capacidade para concluir tratados, ou seja, 
comprometerem-se a cumprir o pactuado nesse instrumento.
Convenção de Viena de 1969
SEÇÃO 1 - Conclusão de Tratados
Artigo 6º - Capacidade dos Estados para Concluir Tratados.
Todo Estado tem capacidade para concluir tratados.
Convenção de Viena de 1986
SEÇÃO 1 - CONCLUSÃO DE TRATADOS
ARTIGO 6º - Capacidade das organizações internacionais para concluir 
tratados
A capacidade de uma organização internacional para concluir tratados é 
regida pelas regras da organização.
7 Como exemplo, temos a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu 
Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, que foi incorporado ao Direito brasileiro 
pelo Decreto n. 6.949/09. Disponível em <https://goo.gl/iEpMpc>.
14
15
Habilitação dos agentes
Os representantes dos estados ou das organizações internacionais que participa-
rão da confecção do tratado ou a ele irão aderir precisam possuir habilitação, sendo 
essa dada pela chamada carta de plenos poderes, assinada pelo Chefe de Estado 
ou pelo seu Ministro das Relações Exteriores.
As Convenções de Viena de 1969 e 1986 apresentam situações em que a 
apresentação da carta de plenos poderes é dispensada, abrangendo, por 
exemplo, atos praticados pelos chefes de Estado, chefes de Governo e Ministros 
das Relações Exteriores.
Convenção de Viena de 1969
Artigo 7º - Plenos Poderes 
1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção 
ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento 
do Estado em obrigar-se por um tratado se: 
a) apresentar plenos poderes apropriados; ou 
b) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem 
que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante 
para esses fins e dispensar os plenos poderes. 
2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de 
plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado: 
a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações 
Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de
um tratado; 
b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado 
entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados; 
c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência 
ou organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do 
texto de um tratado em tal conferência, organização ou órgão.
Convenção de Viena de 1986
ARTIGO 7º - Plenos poderes
[...]
3. Uma pessoa é considerada representante de uma organização 
internacional para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou 
para expressar o consentimento da organização em obrigar-se por um 
tratado se:
a) apresentar plenos poderes apropriados; ou
b) as circunstâncias indicarem que a intenção dos Estados e organizações 
internacionais era considerar esta pessoa como representante da 
organização para esses fins, de acordo com as regras da organização, e 
dispensar os plenos poderes.
15
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
Consentimento
Nos tratados bilaterais, o consentimento dos Estados e das organizações 
internacionais participantes é essencial para a formulação e adoção de um tratado. 
Dessa forma, todos aqueles que participam de sua elaboração devem consentir 
seus termos.
Já se o tratado é formulado em uma conferência mundial (tratado multilateral), a 
adoção de seu texto se faz se houver o consentimento pela maioria de dois terços 
dos estados presentes e votantes.
Convenção de Viena de 1969
Artigo 9º - Adoção do Texto
1. A adoção do texto do tratado efetua-se pelo consentimento de todos 
os Estados que participam da sua elaboração, exceto quando se aplica o 
disposto no parágrafo 2. 
2. A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua-
-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se 
esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa.
Segundo o artigo 11 da Convenção de 1969, esse consentimento é demonstra-
do pela:
• Pela assinatura de seu representante habilitado;
• Pela troca dos instrumentos constitutivos do tratado;
• Aceitação;
• Aprovação;
• Adesão;
• Qualquer outro meio, se assim for acordado.
Em razão da necessidade de consentimento dos pactuantes, não pode um tratado 
criar obrigações para um Estado ou Organização Internacional que não participou 
de sua elaboração ou a ele não aderiu.
Objeto lícito e possível
Tal como ocorre em outras áreas do Direito, na formação dos tratados se 
faz necessária a presença do objeto lícito e possível, muito embora não haja 
disposição expressa na Convenção de Viena sobre esse ponto em particular.
16
17
Ratificação do tratado
Após o consentimento de um Estado a obrigar-se por um tratado, em geral, faz-
-se necessário realizar a sua ratificação.
A ratificação é o ato administrativo mediante o qual o chefe de estado 
confirma tratado firmado em seu nome ou em nome do estado, declarando 
aceito o que foi convencionado pelo agente signatário. Geralmente, só 
ocorre a ratificação depois que o tratado foi aprovado pelo Parlamento, 
a exemplo do que ocorre no Brasil, onde essa faculdade é do Congresso 
Nacional (ACCIOLY, 2014, p. 165).
Em nosso país, a ratificação decorre de duas disposições constitucionais:
• Em primeiro lugar, devemos destacar o artigo 84, inciso VIII:
Constituição Federal
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
[...]
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a 
referendo do Congresso Nacional;
Como vimos, é comum que um tratado seja adotado por um Estado mediante 
a ação de alguém que recebeu a carta de plenos poderes (denominada de 
ministro plenipotenciário), que tem a função de representar os interesses desse 
Estado naquele ato. Contudo, nos termos constitucionais, a celebração de atos 
dessa natureza cabe ao Presidente da República. Assim, dentre outras funções, 
a ratificação tem o condão de ajustar essaquestão ao dispositivo constitucional. 
Ocorre, contudo, que, em muitos casos, esse ato do Chefe do Poder Executivo 
precisa ser precedido de referendo do Congresso Nacional.
• Sobre o referendo dado pelo Congresso Nacional, é necessário observar o 
artigo 49, inciso I:
Constituição Federal
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
De forma esquemática, temos o seguinte procedimento:
17
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
ADOÇÃO DO 
TRATADO
REMESSA 
PARA O 
PRESIDENTE 
DA 
REPÚBLICA
ENCAMINHAMENTO 
AO CONGRESSO 
NACIONAL
POR MEIO 
DE UMA 
"EXPOSIÇÃO 
DE MOTIVOS"
APROVAÇÃO 
PELO 
CONGRESSO 
NACIONAL
APROVAÇÃO PELA 
CÂMARA DOS DEPUTADOS
APROVAÇÃO PELO 
SENADO FEDERAL
DECRETO LEGISLATIVO
ENCAMINHAMENTO 
AO PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA
RATIFICAÇÃO 
DO TRATADO
POR MEIO 
DE DECRETO
Figura 1
Após a adoção do tratado, o Presidente da República, por meio de uma 
Exposição de Motivos, encaminha o instrumento para o Congresso Nacional 
para referendo.
No Congresso Nacional, é elaborado um Projeto de Decreto Legislativo, que 
inicia a sua tramitação pela Câmara dos Deputados. Após a aprovação por essa 
Casa Legislativa, o projeto é remetido para o Senado Federal.
Com a aprovação do Senado, o Decreto Legislativo é promulgado pelo 
Presidente do Congresso Nacional (função essa desempenhada pelo Presidente do 
Senado Federal) e remetido para o Presidente da República que, por meio de um 
Decreto, ratifica o tratado.
Após essas providências, segue-se o depósito do instrumento de ratificação.
Depósito e Registro na Organização das Nações Unidades
Em geral, após a ratificação, os tratados são depositados e registrados na 
Secretaria da Organização das Nações Unidas. Nesse particular, dispõe a Carta da 
ONU o seguinte:
Carta das Nações Unidas
Artigo 102
1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer 
Membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente 
Carta, deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e 
publicados pelo Secretariado.
2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não 
tenha sido registrado de conformidade com as disposições do parágrafo 
1º deste Artigo poderá invocar tal tratado ou acordo perante qualquer 
órgão das Nações Unidas.
18
19
Como exemplo da necessidade de ratificação e de depósito na Organização das 
Nações Unidas, temos a Convenção de Viena de 1969.
Convenção de Viena de 1969
Artigo 82 - Ratificação 
A presente Convenção é sujeita à ratificação. Os instrumentos de ratificação 
serão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Há a possibilidade de que esse depósito e registro ocorra em outras organizações 
internacionais, tal como a Organização dos Estados Americanos – OEA.
Hierarquia dos Tratados Internacionais no Direito Interno Brasileiro
Os tratados são instrumentos próprios do Direito Internacional, estabelecendo 
regras e princípios que devem ser observados pelos estados e pelas organizações 
internacionais em suas relações. Contudo, em nosso sistema jurídico, essas normas 
podem passar por um processo de internalização e estabelecer direitos e obrigações 
no Direito Interno.
Especialmente após o julgamento do Recurso Extraordinário n. 466.343, 
o Supremo Tribunal Federal passou a entender que a hierarquia dos tratados 
internacionais (após a sua ratificação e internalização), dentro do ordenamento 
jurídico brasileiro, pode apresentar três situações distintas:
• Regra geral:
 » o decreto legislativo deve ser aprovado por maioria simples em cada uma 
das duas casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado 
Federal);
 » o tratado é incorporado ao Direito Interno com hierarquia Infraconstitucional, 
ou seja, equivalente à legislação federal ordinária.
• Se a matéria do tratado ou convenção se refere a direitos humanos, pode 
ocorrer duas situações diferentes:
 » Se o Decreto Legislativo foi aprovado por maioria simples em cada 
uma das duas casas do Congresso Nacional, o tratado é incorporado ao 
Direito Interno com hierarquia supralegal, ou seja, está acima das normas 
infraconstitucionais, mas ainda abaixo da Constituição Federal;
 » Se o Decreto Legislativo foi aprovado, em dois turnos de votação, pelo 
quórum de 3/5, em cada uma das duas casas do Congresso Nacional, o 
tratado é incorporado ao Direito Interno com hierarquia constitucional 
(norma constitucional).
Essa diferença em relação aos tratados de direitos humanos ocorre em razão de 
modificações no tratamento dessa questão em nossa Constituição Federal realizadas 
pela Emenda Constitucional n. 45/04, dessa forma:
19
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
• Os tratados de direitos humanos ratificados e internalizados antes dessa 
Emenda Constitucional somente necessitarão de decisão da maioria simples 
dos membros das casas do nosso Congresso;
• Após a Emenda Constitucional, esse tipo de procedimento precisa de um 
maior quórum de ratificação.
O primeiro tratado internacional que passou por esse procedimento estabelecido 
pela Emenda Constitucional n. 45/04 foi a Convenção sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso 
Nacional por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008.
Reservas
Durante as negociações de um tratado multilateral, o Estado pode divergir de 
determinado dispositivo, formulando uma reserva, desde que admitida por esse 
instrumento internacional. Da mesma forma, essa reserva pode ser inserida na 
tramitação do referendo perante o Congresso Nacional.
Em tratados bilaterais, esse direito não existe, em razão da necessidade de mútuo 
consenso de todas as cláusulas.
Na Convenção de Viena de 1986, encontramos a seguinte definição:
Convenção de Viena de 1969
ARTIGO 2º - Expressões empregadas
1. Para os fins da presente Convenção:
[...]
d) “reserva” significa uma declaração unilateral, feita por um Estado 
ou por uma organização internacional, seja qual for a sua redação ou 
denominação, ao assinar, ratificar, confirmar formalmente, aceitar, 
aprovar um tratado ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar 
o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a este 
Estado ou a esta organização;
Costume Internacional
O costume é uma prática geral e constante, aceita como sendo de direito, adotada 
em determinada situação de fato pelos sujeitos de Direito Internacional em razão da 
convicção de sua obrigatoriedade. O costume apresenta dois elementos constitutivos: 
• Elemento material (ou externo): são procedimentos repetidos, ou seja, realizados 
reiteradamente pela sociedade ao longo do tempo. O costume é mais amplo que 
o mero uso (que é um de seus elementos constitutivos) e tem natureza obrigató-
ria, pois é prática consagrada de longa data nas relações internacionais;
• Elemento subjetivo (ou psicológico): a opinio juris vel necessitatis, ou seja, 
a convicção de que tal prática funciona como lei, sendo jurídica e justa. 
20
21
Accioly (2014, p. 153), ao referir-se ao entendimento da Corte Internacional de 
Justiça sobre os costumes, menciona:
A Corte Internacional de Justiça teve oportunidade de exprimir seu entendi-
mento a respeito do costume, ao afirmar ser a base deste a prática reiterada 
acompanhada da convicção quanto a ser obrigatória essa prática, em razão 
da existência de norma jurídica, em que “os estados devem ter consciência 
de se conformarem ao que equivale a uma obrigação jurídica” [...].
Os costumes foram e continuam a ser uma importante fonte do Direito Inter-
nacional, não sendo incomum que tratados façam expressa menção a eles. Nesse 
particular, observe o que consta do preâmbulo da Convenção de Viena de 1969:
Convenção de Viena de 1969
Os Estados Partes na presente Convenção, 
[...]
Afirmando que as regras do Direito Internacionalconsuetudinário8 
continuarão a reger as questões não reguladas pelas disposições da 
presente Convenção [...]
Princípios Gerais do Direito
Tratando desses princípios, menciona Accioly (2014, p. 174-175):
Dentre as fontes de direito internacional, enumeradas pelo Estatuto da 
CIJ, os princípios gerais do direito, se considerados enquanto fonte formal, 
seriam os mais vagos, os de mais difícil caracterização, com consideráveis 
variações, desde autores que negam o seu valor, enquanto outros julgam 
que se trata, em última análise, de aspecto do costume internacional, ao 
passo que, considerados como fonte real, constituem o eixo de valores e 
princípios que poderá nortear a consolidação e interpretação das normas, 
por serem a fonte verdadeira ou fundamental, e a que pode fornecer 
elementos para a interpretação dos tratados e dos costumes, as duas 
grandes fontes incontestadas do direito internacional positivo, enquanto 
fontes formais ou positivas.
A doutrina e a jurisprudência internacional atuais consideram os princípios gerais 
do direito elemento importante para a interpretação dos tratados e a aplicação dos 
costumes. Particularmente no Direito brasileiro, o artigo 4º da Constituição Federal 
brasileira consagra os princípios que devem nortear as relações internacionais do 
Brasil. Apesar de serem considerados como fonte interna, o conteúdo desses 
princípios acabam por nortear as nossas relações internacionais.
8 Direito consuetudinário é o direito formado com base nos costumes.
21
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
Constituição Federal
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando 
à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Decisões Judiciais das Cortes Internacionais
A jurisprudência internacional e a doutrina são classificadas como fontes 
auxiliares de Direito Internacional Público. 
Como a própria terminologia sugere, não é somente a jurisprudência da Corte 
Internacional de Justiça que se considera fonte do Direito Internacional, sendo 
também considera aquela proveniente de outras cortes desse tipo.
Doutrina dos Juristas de Maior Competência de Todas as Nações
A doutrina é composta pelo trabalho dos profissionais que se dedicam ao estudo 
dos fenômenos jurídicos, buscando interpretar e aplicar o Direito para as diversas 
situações que se apresentam.
No caso do Direito Internacional, a doutrina daqueles autores notoriamente 
reconhecidos no âmbito internacional deve ser aplicada como meio auxiliar para a 
solução de litígios. 
Além desses trabalhos individuais, desenvolveu-se também a ideia de uma doutrina 
coletiva. Trata-se de trabalhos de caráter científico que são expedidas por organizações 
destinadas ao estudo e desenvolvimento desse ramo do Direito, tais como: o Institut 
du Droit International9 e a International Law Association10, as quais são 
formadas por professores, advogados e diplomatas de todo o mundo, tendo como 
principal atividade o estudo científico dos grandes temas do Direito Internacional.
9 Cujo site é o seguinte: <http://www.idi-iil.org/en/>.
10 Cujo site na internet encontra-se no seguinte endereço eletrônico: <http://www.ila-hq.org>.
22
23
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Carta das Nações Unidas e Estatuto da Corte Internacional de Justiça
https://goo.gl/FV9xHj
Sítio da Corte Internacional de Justiça (CIJ) na Internet
https://goo.gl/nyeoMA
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
https://goo.gl/9eSKBJ
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo 
https://goo.gl/iEpMpc
23
UNIDADE Introdução ao Direito Internacional Público
Referências
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E. do Nascimento; CASELLA, Paulo Borba. 
Manual de direito internacional público. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim. Curso de direito internacional público. 10. ed. 
Rio de Janeiro: Forense, 2002.
HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito Internacional Público. 14. ed. São 
Paulo: LTr, 2017.
REZEK, J.F. Direito internacional público. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 3. ed. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. 4. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012.
24
Direito Internacional 
Público e Privado
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Personalidade de Direito Internacional 
• Introdução
• O Estado
• Organização Internacional
 · Conhecer os dois mais destacados sujeitos de Direito Internacional 
Público, os estados e as organizações internacionais. Em relação aos 
estados, ver quais são seus elementos constitutivos e como eles são 
reconhecidos. Já em relação às organizações internacionais, conhe-
cer as suas características para, em seguida, conhecer duas das mais 
destacadas delas: a Organização das Nações Unidas e o Mecorsul.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Personalidade de Direito Internacional 
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Introdução
Tradicionalmente, os estados figuram como os únicos detentores de personalidade 
internacional, ou seja, podem ser titulares de direitos e obrigações estipuladas pelas 
fontes do Direito Internacional.
Porém, após a segunda metade do último século, passou-se a entender que as 
organizações internacionais também possuem esse mesmo qualificativo, ficando 
isso extremamenteevidente com a entrada em vigor da Convenção de Viena 
sobre o Direito dos Tratados de 1986, que expressamente menciona que essas 
organizações podem ser signatárias de tratados.
Nesse particular, ensina Rezek (2000, p. 145):
A personalidade jurídica do Estado, em direito das gentes, diz-se originária, 
enquanto derivada a das organizações. O Estado, com efeito, não tem 
apenas precedência histórica: ele é antes de tudo, uma realidade física, um 
espaço territorial sobre o qual vive uma comunidade de seres humanos. 
A organização internacional carece dessa dupla dimensão material. Ela 
é produto exclusivo de uma elaboração jurídica resultante da vontade 
conjugada de certo número de Estados.
Muito embora haja uma importante divergência doutrinária a respeito de um 
terceiro sujeito do Direito Internacional, o indivíduo, o foco de nossa aula está 
naqueles primeiros sujeitos, ou seja, os estados e as organizações internacionais 
sob a ótica do Direito Internacional.
O Estado
Como vimos, inicialmente o Direito Internacional estava voltado para a relação 
entre estados e, somente nas últimas décadas, ocorreu um alargamento para 
reconhecer a personalidade das organizações internacionais.
O estado é, antes de mais nada, uma realidade política e social, cabendo ao 
Direito Internacional estudar quais são seus elementos constitutivos e a forma 
como se dá o seu reconhecimento. 
Elementos constitutivos
Se verificarmos os diversos autores, não encontraremos unanimidade na 
identificação dos elementos constitutivos do Estado. Com essa observação, deve 
ser destacado o ensinamento de Rezek (2000, p. 153):
8
9
O Estado, sujeito originário de direito internacional público, ostenta três 
elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana 
estabelecida sobre essa área e uma forma de governo não subordinado a 
qualquer autoridade exterior.
Contudo, na Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados1 firmada 
por ocasião da Sétima Conferência Internacional Pan-americana, realizada em 
Montevidéu em 1938, estabeleceu-se que:
Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados
Artigo 1
O Estado como pessoa de Direito Internacional deve reunir os seguintes 
requisitos.
I. População permanente.
II. Território determinado.
III. Governo.
IV. Capacidade de entrar em relações com os demais Estados.
Seguindo o disposto nessa convenção, analisaremos cada um desses elementos 
constitutivos.
População permanente
É o elemento humano do Estado.
População é o conjunto de pessoas residentes em caráter permanente no território 
do Estado, abrangendo em sua maioria os nacionais e uma minoria de estrangeiros.
Embora na linguagem comum muitas vezes a palavra povo acabe sendo 
empregada como equivalente à população, elas não se confundem.
A palavra povo “tem sentido sobretudo social, ou seja, povo em oposição a 
governo, ou parte da coletividade determinada pelo aspecto social” (ACCIOLY, 
2014, p. 248).
Decorre da análise desse elemento a necessidade de sabermos o que é a 
nacionalidade.
Nacionalidade é um vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo, 
que faz deste um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal 
do Estado (REZEK 2000, p. 153).
1 Esta convenção foi ratificada em nosso país por meio do Decreto n. 1.570/37. Disponível em:
<https://goo.gl/j3nLSv>.
9
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Embora tenha importantes reflexos no Direito Internacional, cabe a cada Estado 
estipular em seu Direito Interno as regras que adotará para estabelecer o vínculo 
de nacionalidade.
Território
É o espaço onde o Estado exerce sua soberania, ou seja, espaço em cujos limites 
ocorre o exercício do poder estatal. Nele, o Estado soberano exerce uma jurisdição 
geral e exclusiva.
A generalidade da jurisdição significa que o Estado exerce no seu domínio 
territorial todas as competências de ordem legislativa, administrativa 
e jurisdicional. A exclusividade significa que, no exercício de tais 
competências, o Estado local não enfrenta concorrência de qualquer outra 
soberania. Só ele pode, assim, tomar medidas restritivas contra pessoas, 
detentor que é do monopólio do uso legítimo da força pública (REZEK, 
2000, p. 154).
Governo e a capacidade de manter relações com os demais estados
Esses requisitos se referem à capacidade do Estado de tomar decisões sobre a 
sua gestão interna e suas relações internacionais de forma livre de interferências.
Para ser reconhecido como tal, o Governo não pode sofrer interferências dos de-
mais estados, seja no âmbito interno (gestão interna do país), seja nas suas relações 
com outros atores do direito internacional, ou seja, o Governo deve ter soberania.
A soberania significa independência sem qualquer tipo de subordinação de suas 
decisões a qualquer tipo de autoridade ou ordem externa. Sem a sua presença, não 
podemos identificar um governo e, em decorrência, um Estado que possa manter 
relações em igualdade com os demais.
Identificamos o Estado quando seu governo [...] não se subordina a 
qualquer autoridade que lhe seja superior, não reconhece, em última 
análise, nenhum poder maior que dependa a definição e o exercício de 
suas competências (REZEK 2000, p. 216).
Para manter relações com outros sujeitos de direito internacional, é necessário 
que um Estado seja reconhecido como tal por esses sujeitos.
Reconhecimento de Estado
O reconhecimento de um Estado é uma manifestação de direito internacional 
diretamente relacionada à sua soberania.
O reconhecimento do Estado é a manifestação unilateral e discricionária 
de outros Estados ou Organizações Internacionais no sentido de aceitar a 
criação de um novo sujeito de direito internacional, portanto, com direitos 
e obrigações (VARELLA, 2012, p. 246).
10
11
Sendo assim, formado um Estado, surge a necessidade do seu reconhecimento 
internacional. Trata-se de ato discricionário, unilateral, irrevogável e incondicional, 
por meio do qual o surgimento de um novo sujeito de direito internacional é 
atestado pelos demais estados. Esse reconhecimento pode ser expresso ou tácito.
O reconhecimento expresso ocorre, por exemplo, em declarações conjuntas 
de reconhecimento e na confecção de tratados bilaterais. 
Já no reconhecimento implícito, não há atos formais, mas apenas o tratamento 
de questões comuns que demonstram esse reconhecimento mútuo. É o que ocorre, 
por exemplo, quando um Chefe de Estado em visita oficial é recebido por outro 
e esses passam a discutir questões internacionais comuns ou que se refiram ao 
relacionamento de seus estados.
Para que haja o reconhecimento, é preciso que o governo seja independente e 
tenha o controle de forma efetiva de seu território, bem como cumpra as obrigações 
internacionais. Duas observações se fazem necessárias:
• Não cabe à Organização das Nações Unidas decidir sobre a existência e o 
reconhecimento de um determinado Estado. Cada Estado, no uso da sua 
soberania e de acordo com seus interesses e conveniências, deve decidir se 
realiza esse reconhecimento de outro Estado;
• Quando o Estado participa da elaboração ou adere a um tratado multilateral, 
ele não está reconhecendo outros estados que também se comprometeram 
nesse instrumento.
Deve ficar claro que o reconhecimento mútuo da personalidade 
internacional só configura pressuposto necessário da celebração de 
tratados bilaterais. No plano da multilateralidade, a situação sempre foi 
diversa. Ninguém discute a certeza deste princípio costumeiro: o fato de 
certo Estado negociar em conferência, assinar ou ratificar um tratado 
coletivo, ou de a ele aderir, não implica, por sua parte, o reconhecimento 
de todos os demais pactuantes (REZEK, 2000, p. 219).
Reconhecimento de Governo 
O reconhecimento de governo não se confunde com o reconhecimento do Estado. 
O reconhecimento de um novo governo dá-se quando a comunidade internacional 
vislumbra, em um Estado anteriormente já reconhecido, a alteração de sua direção. 
Em geral, quando não há uma ruptura da linha política interna,esse 
reconhecimento se dá sem maiores problemas. Tanto é assim que, normalmente, os 
países que mantêm relações diplomáticas com aquele Estado enviam representantes 
para a posse do novo mandatário.
Contudo, a instalação de um novo governo em um Estado a partir da desconsi-
deração do ordenamento jurídico vigente, tal como em casos de golpes de Estado 
e revoluções, acarreta a necessidade de que essa nova direção do Estado tenha que 
passar por um claro reconhecimento que, muitas vezes, chega a ser expresso.
11
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Extinção e sucessão de estados
O desaparecimento de qualquer dos elementos constitutivos do Estado ocasiona 
a sua extinção total ou parcial. Será total, quando decorrente da fusão, anexação 
total ou desaparecimento do território, e parcial, quando estiver caracterizada, de 
qualquer forma, a restrição de sua soberania.
A Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados 
(1978) dispõe que a “sucessão de estados significa a substituição de um Estado 
por outro na responsabilidade das relações internacionais de um território”, 
ou seja, há uma transferência de direitos e obrigações do Estado extinto para outro 
Estado – anteriormente existente ou formado nesse ato.
As principais modalidades de sucessão de estados são: 
• Emancipação: é a aquisição da independência de uma colônia em relação ao 
estado controlador. Ex.: Brasil, em relação a Portugal; 
• Fusão: é a união de dois ou mais Estados para formar um terceiro, com nova 
personalidade jurídica internacional. Ex.: Unificações alemã e italiana;
• Anexação total: ocorre quando um Estado é absorvido (anexado) plenamente 
por outro, extinguindo-se a personalidade internacional do primeiro. Ex.: 
Etiópia, quando anexada à Itália de Mussolini;
• Anexação parcial: ocorre quando um Estado perde parcela de seu território em 
favor de outro. Ex.: transferências de territórios depois das guerras mundiais.
Organização Internacional
As primeiras organizações internacionais surgiram com a finalidade de criar 
condições para a cooperação e solução de problemas bastante específicos, tais 
como garantir a liberdade de navegação em determinados rios. Na verdade, 
o escopo da organização é conjugar forças, recursos e interesses em torno de 
objetivos transnacionais comuns. 
A primeira grande experiência de organização internacional de âmbito mundial 
foi a Liga das Nações. As organizações internacionais (ou intergovernamentais) 
são pessoas jurídicas de direito internacional que se caracterizam por possuir ordens 
jurídicas próprias que não se confundem com as dos estados que as integram.
Como elas resultam da manifestação de vontade de sujeitos de direito 
internacional público, ou seja, de Estados ou de outras organizações 
internacionais, não são aceitos, em suas composições, sujeitos de 
direito interno, tais como indivíduos, empresas e organizações não 
governamentais (VARELLA, 2012, p. 285).
12
13
Podemos dizer que uma organização internacional é a associação voluntária 
de sujeitos de direito internacional (estados e outras organizações internacionais) 
constituída mediante ato internacional (um tratado), de caráter relativamente 
permanente, dotada de regulamento e de órgãos de direção próprios, cuja finalidade 
é a de atingir os objetivos comuns determinados por seus membros constituintes.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1986 buscou dis-
ciplinar as normas de direito internacional aplicáveis ao poder convencional das 
organizações internacionais. Essas organizações intergovernamentais, uma vez 
constituídas, adquirem personalidade internacional independente da de seus mem-
bros constituintes, podendo, portanto, adquirir direitos e contrair obrigações em 
seu nome próprio – inclusive por intermédio da celebração de tratados com outras 
organizações internacionais e com estados, nos termos do seu ato constitutivo. 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1986
ARTIGO 6º – Capacidade das organizações internacionais para concluir 
tratados
A capacidade de uma organização internacional para concluir tratados é 
regida pelas regras da organização.
Vamos então conhecer a Organização das Nações Unidas e o Mercosul, duas 
das organizações mais importantes para o nosso Direito.
Organização das Nações Unidas – ONU
Antecedentes históricos
É comum imaginar que somente no século XX os estados passaram a se preocupar 
em criar organizações internacionais mais estruturadas para a solução de problemas 
comuns, que necessitavam de uma coordenação de 
esforços para que fossem solucionados; contudo, não 
é essa a realidade. No século XIX, surgiram algumas 
iniciativas desse tipo, as quais redundaram na criação 
das mais antigas organizações internacionais, as quais 
ainda estão em plena atividade:
• A União Internacional de Telecomunicações 
(International Telecommunication Union – ITU2) foi 
fundada em 1865 em Paris, tendo o nome inicial de 
International Telegraph Union;
2 O site da ITU na internet é <https://goo.gl/lsZEm>. Desde 1947, essa organização é uma agência especializada da ONU.
Figura 1 − Símbolo da União 
Internacional de Telecomunicações
13
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
• A União Postal Universal (Universal Postal Union – UPU3) foi fundada 
em 1874. 
Figura 2 − Símbolo da União Postal Universal
Também deve ser destacada a Conferência de Paz em Haia de 1899 (Países 
Baixos), que estabeleceu mecanismos para a criação de tribunais arbitrais para 
resolver conflitos e disputas que envolvessem estados. Fazia parte desses mecanismos 
a criação de um escritório permanente localizado em Haia para registro judicial e 
secretariado dos tribunais quando fossem criados. Esse escritório acabou sendo 
denominado de Corte Permanente de Arbitragem (The Permanent Court of 
Arbitration), sendo estabelecido em 1900 e iniciado seus trabalhos em 1902. Essa 
corte é a predecessora da Corte Internacional de Justiça4 da ONU.
Outro ponto histórico marcante é a criação da Liga das Nações (ou Sociedade 
das Nações), que foi instituída em 28 de junho de 1919, pelo Tratado de Versailles, 
durante a conferência organizada em razão do final da Primeira Guerra Mundial 
(1914-1918). 
Antes mesmo do final da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow 
Wilson, já havia apresentado uma proposta de criação dessa organização. Contudo, 
apesar desse entusiasmo, o Senado de seu país não ratificou o tratado, razão pela 
qual não houve a adesão daquele país àquela Liga.
O grande propósito da Liga das Nações era o de estabelecer mecanismos para a 
manutenção da paz, evitando a ocorrência de um grande, conflito como a Primeira 
Guerra Mundial.
Tratado de Versailles
Art.11. Fica expressamente declarado que toda guerra ou ameaça de 
guerra, quer afete diretamente ou não um dos Membros da Sociedade, 
interessará à Sociedade inteira e esta deverá tomar as medidas apropriadas 
para salvaguardar eficazmente a paz das Nações. Em semelhante caso, 
o Secretário Geral convocará imediatamente o Conselho a pedido de 
qualquer Membro da Sociedade.
3 O site da UPU na internet é <http://www.upu.int/en.html>, sendo essa organização uma agência especializada da 
ONU.
4 O site da Corte Internacional de Justiça na internet é <http://www.icj-cij.org/en>.
14
15
Além disso, fica declarado que todo Membro da Sociedade tem o direito 
de, a título amigável, chamar a atenção da Assembleia ou do Conselho 
sobre qualquer circunstância de natureza a afetar as relações internacionais 
e que ameace, consequentemente, perturbar a paz ou o bom acordo entre 
as Nações, do qual depende a paz.
Em razão do disposto no artigo 14 do Tratado de Versailles5, a Liga das Nações 
realizou a criação de um Tribunal a ela vinculado que tinha a função de resolver 
conflitos e de emitir pareceres consultivos em disputas que envolvessem estados 
que faziam parte da Liga.
Tratado de Versailles
Art. 14. O Conselho será encarregado de preparar um projeto de Tribunalpermanente de justiça internacional e de submetê-lo aos Membros da 
Sociedade. Esse Tribunal tomará conhecimento de todos os litígios de 
caráter internacional que as Partes lhe submetam. Dará também pareceres 
consultivos sobre toda pendência ou todo ponto que lhe submeta o 
Conselho ou a Assembleia.
Esse tribunal, denominado Corte Permanente de Justiça Internacional (The 
Permanent Court of International Justice), foi instalado em Haia em 1922, 
dividindo o mesmo edifício da Corte Permanente de Arbitragem – o Palácio 
da Paz.
Também decorrente do Tratado de Versailles se deu a criação da Organização 
Internacional do Trabalho6 (International Labour Organization – ILO), que 
também se vinculava à Liga das Nações.
Apesar dos avanços, a Liga das Nações acabou sendo extinta em 1946. Entre 
outros fatores, isso se deu em razão de sua incapacidade de evitar a ocorrência de 
grandes conflitos, como a Segunda Guerra Mundial. Em consequência, foi realizada 
a criação da Organização das Nações Unidas – ONU (United Nations – UN7).
Figura 3 − Palácio da Paz – Haia
Fonte: Wikimedia Commons
5 Disponível em: <https://goo.gl/gH4EK7>.
6 O site da ILO na internet é <https://goo.gl/BeSYV>.
7 O site da ONU na internet é <https://goo.gl/RBr4VZ>.
15
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Criação
A Organização das Nações Unidas foi fundada 
oficialmente em 24 de outubro de 1945, em São 
Francisco, Estados Unidos, por 51 países, logo 
após o fim da Segunda Guerra Mundial, sendo que 
a sua primeira Assembleia Geral foi realizada em 10 
de janeiro de 1946 no Westminster Central Hall, 
localizado em Londres. 
Em 1952, foi inaugurada a sua atual sede, na ci-
dade de Nova York, devendo ser destacado que entre 
as pessoas envolvidas na elaboração do projeto de 
suas instalações estava o brasileiro Oscar Niemayer.
Seu principal documento de regência é a Carta das Nações Unidas8 que, 
dentre outros vários assuntos, indica seus propósitos.
Carta das Nações Unidas
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, 
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os 
atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios 
pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito 
internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que 
possam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito 
ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, 
e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e 
para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a 
consecução desses objetivos comuns.
Em razão de suas características, a Organização das Nações Unidas tem como 
línguas oficiais as seguintes: chinês, francês, russo, inglês e espanhol.
8 Esse documento foi elaborado por ocasião da Conferencia de Organização Internacional da Nações Unidas, em São 
Francisco (Estados Unidos), sendo assinada em 26 de junho de 1945. Em nosso país, essa Carta foi ratificada pela 
Decreto n. 19.841/45 – disponível em: <https://goo.gl/FV9xHj>.
Figura 4 − Símbolo da ONU
16
17
Membros
Atualmente9 a ONU é composta por 193 estados-membros, que participaram 
de sua criação ou que, posteriormente, solicitaram a sua filiação nos termos do 
artigo 4 da Carta.
Carta das Nações Unidas
Artigo 4. 
1. A admissão como Membro das Nações Unidas fica aberta a todos os 
Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações contidas na presente 
Carta e que, a juízo da Organização, estiverem aptos e dispostos a cumprir 
tais obrigações.
2. A admissão de qualquer desses Estados como Membros das Nações 
Unidas será efetuada por decisão da Assembleia Geral, mediante 
recomendação do Conselho de Segurança.
Para ser admitido na ONU, um Estado deve, inicialmente, apresentar um pedido 
para o Secretário Geral atestando que se compromete com os princípios da Carta e 
solicita a sua admissão. Essa solicitação é encaminhada ao Conselho de Segurança 
(CS), onde precisa ser aprovado. Em seguida, esse requerimento é remetido para a 
Assembleia Geral (AG), na qual, novamente, precisa obter a aprovação.
Estrutura
Os principais órgãos da estrutura da ONU são:
• Assembleia Geral;
• Conselho de Segurança;
• Conselho Econômico e Social;
• Secretariado;
• Conselho de Tutela;
• Corte Internacional de Justiça.
Carta das Nações Unidas
Artigo 7
1. Ficam estabelecidos como órgãos principais das Nações Unidas: uma 
Assembleia Geral, um Conselho de Segurança, um Conselho Econômico 
e Social, um conselho de Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e
um Secretariado.
9 Em agosto de 2017.
17
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Assembleia Geral
É o mais importante órgão deliberativo da ONU, sendo constituído por todos 
os membros dessa organização que se reúnem em sessões anuais (iniciadas em 
setembro de cada ano). Nela, cada membro tem um voto e não existe, tal como 
ocorre no Conselho de Segurança, o direito a veto.
Figura 5 − Salão de Reuniões da Assembleia Geral
Fonte: iStock/Getty Images
Em cada sessão, é eleito um presidente desse órgão. Além das sessões anuais 
regulares, podem ocorrer sessões especiais, as quais podem ser convocadas, nos 
termos do artigo 20 da Carta da ONU, a pedido:
• do Secretário Geral; 
• do Conselho de Segurança;
• da maioria dos Membros das Nações Unidas.
Há duas formas de os assuntos serem decididos:
• Nas chamadas questões importantes, a decisão se dá pela maioria de dois 
terços dos membros presentes e votantes. As questões importantes são as 
seguintes: recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança 
internacionais; eleição dos Membros não permanentes do Conselho de 
Segurança; eleição dos membros do Conselho Econômico e Social; eleição 
dos Membros do Conselho de Tutela; admissão de novos Membros das 
Nações Unidas; suspensão dos direitos e privilégios de Membros; expulsão 
dos Membros; questões referentes ao funcionamento do sistema de tutela e 
questões orçamentárias;
• Nas demais questões apreciadas pela Assembleia Geral, a decisão se dá por 
maioria de votos dos países presentes e votantes.
18
19
Muito embora tenha sido estabelecido o quórum de aprovação das suas 
deliberações, o costume desse órgão é que se busque, ao máximo, a formação de 
consenso para as questões de sua competência, assim sempre se persegue o ideal 
de que as decisões sejam unânimes, muito embora nem sempre isso seja possível.
No que concerne às suas funções, a Assembleia deve discutir e fazer recomen-
dações sobre temas relacionados às competências da ONU; discutir e fazer reco-
mendações relativas sobre desarmamento e regulamentação de armamentos; 
considerar os princípios gerais de cooperação na manutenção da paz e da 
segurança internacionais” e fazer recomendações relativas a tais princípios 
(artigo 11); fazer estudos e recomendações sobre cooperação internacional, nos 
diferentes domínios econômicos, culturais e sociais, codificação e desenvolvimento 
do Direito Internacional e fazer recomendações para a solução pacífica de qualquer 
situação internacional. 
Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança (CS) é órgão permanente da ONU, vale dizer, e 
permanece em funcionamento ao longo do ano. Não obstante, embora se reuna 
ordinariamente na sede da ONU, em Nova Iorque, nada impede que o Conselho 
realize encontros em outras localidades.
Figura 6 − Salão do Conselho de Segurança
Fonte: Wikimedia Commons
É formado por quinze membros, sendo:
• Cinco Membros Permanentes:
 » China;
 » Estados Unidos;
 » Rússia;
 » França; e 
 » Reino Unido.
19
UNIDADEPersonalidade de Direito Internacional 
• Dez Membros Não Permanentes: que são escolhidos pela Assembleia Geral 
(AG) para um mandato de dois anos.
Os Cinco Membros Permanentes ou Cinco Grandes são os cinco Grandes 
Vitoriosos da Segunda Guerra Mundial que, nessa qualidade de protagonistas, 
angariaram privilégios e poderes diferenciados dos demais estados. Vale ressaltar 
que os membros permanentes possuem o poder de veto. 
Na eleição dos Dez Membros Não Permanentes, devem ser considerados os 
seguintes elementos descritos no artigo 23.1 da Carta da ONU: 
• a contribuição dos Membros das Nações Unidas para a manutenção da paz e 
da segurança internacionais e para os outros propósitos da Organização;
• a distribuição geográfica equitativa.
Os membros do Conselho de Segurança (permanentes e não permanentes) 
se alternam na presidência desse órgão, sendo que a troca ocorre mensalmente, 
considerando para tanto a ordem alfabética (em inglês) do nome dos estados que 
fazem parte dele.
Dentre as funções do Conselho de Segurança, devem ser destacadas as 
mencionadas no artigo 24 da Carta da ONU:
Carta da ONU
Artigo 24
1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações 
Unidas, seus Membros conferem ao Conselho de Segurança a principal 
responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais 
e concordam em que, no cumprimento dos deveres impostos por essa 
responsabilidade, o Conselho de Segurança aja em nome deles.
Ao fazer suas recomendações, o Conselho de Segurança deve levar em 
consideração que as controvérsias de caráter jurídico devem, em regra geral, 
serem submetidas pelas partes à Corte Internacional de Justiça. Ao lado disso, o 
Conselho de Segurança ostenta atribuições outras, como a participação na escolha 
dos membros da Corte Internacional de Justiça.
Pautando-se pelos princípios orientadores da ONU, o Conselho de Segurança 
deve buscar, precipuamente, uma solução pacífica para conflitos. Em casos 
extremos, ele pode impor as seguintes sanções: 
• A interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de co-
municação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, radiofônicos, ou 
de qualquer outra espécie e o rompimento das relações diplomáticas (art. 41);
• Se infrutíferas as sanções do art. 41, poderá levar a efeito, por meio de forças 
aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou 
restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender 
demonstrações, bloqueios e outras operações por parte das forças aéreas, 
navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas (art. 42).
20
21
Na verdade, a imposição das sanções pelo Conselho de Segurança ou outro 
órgão da ONU representa uma forma de trazer o Estado em litígio para negociação, 
buscando prevenir a eclosão de conflitos armados ou a sua interrupção.
Forças de Paz
Embora o processo de manutenção da paz não seja especificamente mencionado 
na Carta das Nações Unidas, essa norma confere ao Conselho de Segurança 
responsabilidade primária pela manutenção da paz e da segurança internacionais. 
Para desempenhar essa sua missão, o Conselho, em muitos casos, cria missões 
de manutenção da paz. Isso é feito por meio da estipulação de um mandato – 
uma descrição das tarefas e dos objetivos que devem ser perseguidos pela Missão 
de Paz. Além disso, os países membros da ONU e que não tenham ligação com 
o conflito são convidados a participar da formação dessa missão, sendo que eles 
devem disponibilizar pessoal e equipamentos para a sua realização.
A Força de Paz apresenta periodicamente ao Conselho de Segurança relatórios 
sobre as dificuldades e as tarefas desempenhadas, para que esse acompanhe essas 
medidas e, se for o caso, realize outras deliberações para que os objetivos que 
motivaram a sua criação sejam atingidos. Muito embora deva haver a aceitação do 
Estado onde a Força de Paz atuará, ela não se subordina ou se reporta a autoridades 
locais, sendo que somente há vinculação de suas ações ao Conselho de Segurança.
Processo decisório do Conselho de Segurança
Para que uma matéria seja aprovada pelo Conselho de Segurança, deve haver a 
concordância de, pelo menos, nove de seus quinze membros. Nesse particular, os vo-
tos dos Membros Permanentes e dos Membros Não Permanentes se equivalem.
Contudo, para a aprovação, também é necessário que nenhum dos Membros 
Permanentes se utilize do poder de veto. Se algum ou alguns deles apresentar veto 
para a questão, não se considera aprovada a deliberação, muito embora tenham 
sido colhidos nove ou mais votos dos demais membros.
Também é possível que um Membro Permanente se abstenha de participar 
da deliberação, situação em que não haverá qualquer prejuízo para a aprovação
da questão em votação, sendo somente necessário que se atinja o quórum mínimo 
de deliberação – nove votos10.
Secretariado
É um órgão permanente composto pelo Secretário Geral e pelo pessoal 
necessário à gestão administrativa da Organização. Nos termos do artigo 97 da 
Carta da ONU, o Secretário Geral é o principal funcionário administrativo da 
Organização, sendo que nessa qualidade atuará em todas as reuniões da Assembleia 
Geral, do Conselho de Segurança e do Conselho Econômico e Social.
10 Membros Não Permanentes também podem se abster de participar de votações.
21
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
O Secretário Geral, no desempenho de suas funções, poderá chamar a atenção 
do Conselho de Segurança para qualquer assunto que, em sua opinião, possa 
ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais. Além disso, fazem 
parte de suas atribuições: 
• exercer tarefas conferidas pela Assembleia Geral, Conselho de Segurança, de 
Tutela, Econômico e Social; 
• fazer relatórios à Assembleia Geral sobre os trabalhos da Organização; 
• nomear os demais integrantes do Secretariado, seguindo o regramento 
estabelecido pela Assembleia Geral; 
• atuar na fase inicial de ameaças à paz. 
No desempenho de suas funções, o Secretário Geral e os demais membros do 
Secretariado devem estrito respeito ao disposto no artigo 100.1 da Carta:
Carta da ONU
Artigo 100. 
1. No desempenho de seus deveres, o Secretário-Geral e o pessoal 
do Secretariado não solicitarão nem receberão instruções de qualquer 
governo ou de qualquer autoridade estranha à organização. Abster-se-ão 
de qualquer ação que seja incompatível com a sua posição de funcionários 
internacionais responsáveis somente perante a Organização.
O Secretário Geral é eleito pela Assembleia Geral após prévia aprovação pelo 
Conselho de Segurança para um mandato de cinco anos, podendo ser reeleito. 
O Secretário Geral também é Presidente do Conselho de Coordenação dos 
Chefes Executivos do Sistema das Nações Unidas (CEB), que reúne os Chefes 
Executivos de todos os fundos, programas e agências especializadas das Nações 
Unidas duas vezes por ano a fim de promover a coordenação e a cooperação de 
todos eles em questões de maior relevância e para a gestão de desafios enfrentados 
pelo Sistema das Nações Unidas.
Também é no secretariado que os tratados internacionais são registrados e 
depositados após a ratificação pelos estados que participaram de sua formação 
ou após a adesão de outros que, mesmo não participando de sua formação, 
concordaram expressamente com suas disposições.
Conselho Econômico e Social
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é composto por cinquenta e quatro 
Membros das Nações Unidas eleitos pela Assembleia Geral, sendo que anualmente 
há uma renovação de um terço deles (18 Membros) em novas eleições.
22
23
Figura 7 − Salão do Conselho Econômico e Social
Fonte: Wikimedia Commons
Suas atribuições estão descritas nos artigos de 62 a 66 da Carta da ONU, 
podendo ser destacadas as seguintes:
• Realizar estudos e relatórios a respeito de assuntos internacionais de caráter 
econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos, podendo fazer 
recomendações a respeito deles para a Assembleia Geral, paraos Membros 
das Nações Unidas e para as entidades especializadas interessadas;
• Fazer recomendações destinadas a promover o respeito e a observância dos 
direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos;
• Preparar projetos de convenções a serem submetidos à Assembleia Geral 
sobre assuntos de sua competência;
• Poderá convocar, de acordo com as regras estipuladas pelas Nações Unidas, 
conferências internacionais sobre assuntos de sua competência;
• Estabelecer acordos com qualquer organização internacional, a fim de 
determinar as condições em que ela poderá se vincular à ONU, devendo esses 
atos serem submetidos à aprovação da Assembleia Geral;
• Coordenar as atividades das entidades especializadas;
• Pode fornecer informações ao Conselho de Segurança e, a pedido desse, 
prestar a ele assistência.
Por meio do Conselho Econômico e Social há a integração de diversas 
organizações internacionais à Organização das Nações Unidas, sendo que essas 
formam as chamadas agências especializadas. Elas também são chamadas de 
integrantes da família das Nações Unidas.
23
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Apesar de laços formais com as Nações Unidas, as organizações 
especializadas não podem ser consideradas como sendo seus órgãos, 
tanto especiais quanto subsidiários. Elas conservam uma independência 
jurídica e de conteúdo. Assim, por exemplo, países que não fazem 
parte das Nações Unidas podem integrar os organismos especializados 
(SEITENFUS, 2003, p. 149-150).
Como vimos, algumas das agências especializadas foram criadas antes da 
Organização das Nações Unidas, sendo que, posteriormente, vincularam-se a ela. 
As agências especializadas podem participar das reuniões da Assembleia Geral e 
nelas apresentar manifestações; contudo, não possuem direito de voto.
Como exemplos de agências especializadas que fazem parte da família das 
Nações Unidas, temos as seguintes:
• FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) – 
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura;
• ICAO (International Civil Aviation Organization) – Organização da Aviação 
Civil Internacional;
• IFAD (International Fund for Agricultural Development) – Fundo 
Internacional de Desenvolvimento Agrícola;
• ILO (International Labour Organization) – Organização Internacional 
do Trabalho;
• IMF (International Monetary Fund) – Fundo Monetário Internacional;
• IMO (International Maritime Organization) – Organização Marítima 
Internacional;
• ITU (International Telecommunication Union) – União Internacional de 
Telecomunicações;
• UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organiza-
tion) – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura;
• UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) – Organização 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial;
• UNWTO (World Tourism Organization) – Organização Mundial de Turismo;
• UPU (Universal Postal Union) – União Postal Universal;
• WHO (World Health Organization) – Organização Mundial da Saúde;
• WIPO (World Intellectual Property Organization) – Organização Mundial da 
Propriedade Intelectual;
• WMO (World Meteorological Organization) – Organização Meteorológica 
Mundial;
• WORLD BANK GROUP – Banco Mundial;
• WTO (World Trade Organization) – Organização Mundial do Comércio.
24
25
• As agências especializadas se ligam ao Conselho Econômico e Social e à 
Assembleia Geral. Há, contudo, duas agências que reportam suas atividades 
para o Conselho de Segurança e para a Assembleia Geral, são elas:
• IAEA (International Atomic Energy Agency) - Agência Internacional de 
Energia Atómica;
• OPCW (Organization for the Prohibition of Chemical Weapons) – 
Organização para a Proibição de Armas Químicas.
Conselho de Tutela
Ao final da Segunda Guerra Mundial ainda existiam no mundo onze territórios 
aos quais a Carta das Nações Unidas se referia como: territórios cujos povos não 
tenham atingido a plena capacidade de se governarem a si mesmos (artigo 
73). Eles eram constituídos, em geral, de ex-colônias de estados europeus.
Figura 8 − Salão do Conselho de Tutela
Fonte: Wikimedia Commons
Para resolver a essa situação, a ONU estabeleceu o sistema de tutela, com 
o objetivo de dar aos povos desses territórios condições estruturais para que 
pudessem criar novos estados. Para tanto, foram designados sete estados-membros 
para que, nos termos do Capítulo XII da Carta da ONU, realizassem juntamente 
com o Conselho de Tutela essa transição.
Todos esses territórios adquiriram a sua independência ou se juntaram a outros 
estados já constituídos, sendo que o último deles foi República de Palau (na Oceania), 
em 1994.
Atingido o seu objetivo, o Conselho de Tutela suspendeu suas atividades em 
novembro de 1994, mas poderá se reunir quando necessário:
• por decisão de seu Presidente;
• a pedido da maioria de seus membros;
• por decisão da Assembleia Geral ou do Conselho de Segurança.
25
UNIDADE Personalidade de Direito Internacional 
Parte de suas competências, contudo, foi destinada ao Quarto Comitê da 
Assembleia Geral, que foi encarregado de tratar da política de descolonização das 
Nações Unidas.
Corte Internacional de Justiça
Como parte dos esforços pela paz que resultaram na criação da Organização das 
Nações Unidas, também houve a criação da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Figura 9 − Brasão da Corte Internacional de Justiça
Fonte: icj-cij.org
Trata-se de um órgão permanente da ONU, dotado de dupla função jurisdicional:
• Consultiva;
• Contenciosa – em matéria não penal.
Esse órgão jurisdicional, cuja sede está instalada no Palácio da Paz, em Haia, 
foi criado na mesma Convenção de São Francisco que finalizou as tratativas para 
a criação da Organização das Nações Unidas, razão pela qual seu Estatuto (seu 
principal instrumento normativo) encontra-se anexado à Carta das Nações Unidas.
O Estatuto da CIJ só admite a jurisdição de estados, dessa forma, indivíduos 
e organizações internacionais não têm legitimidade para apresentar seus litígios 
junto a esse órgão.
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 34
1. Só os Estados poderão ser partes em questões perante a Corte.
Todos os membros da ONU podem apresentar questões a serem submetidas à 
CIJ, contudo, excepcionalmente, esse órgão também estará aberto a questões que 
envolvam estados que não fazem parte das Nações Unidas.
26
27
Estatuto da Corte Internacional de Justiça
Artigo 35. 
1. A Corte estará aberta aos Estados que são parte no presente Estatuto.
2. As condições pelas quais a Corte estará aberta a outros Estados serão 
determinadas pelo Conselho de Segurança, ressalvadas as disposições 
especiais dos tratados vigentes; em nenhum caso, porém, tais condições 
colocarão as partes em posição de desigualdade perante a Corte.
Uma característica dos litígios apresentados na CIJ é que os estados-parte não 
precisam firmar qualquer compromisso prévio de reconhecimento da jurisdição 
desse órgão. Também deve ser destacado que a apresentação do litígio por um 
Estado não precisa contar com a prévia concordância do outro Estado litigante.
Os juízes têm mandatos de nove anos, sendo franqueada a recondução. 
Sobre a composição desse órgão, estabelece seu estatuto que:
Estatuto da CIJ
Artigo 2. A Corte será composta de um corpo de juízes independentes, 
eleitos sem atenção à sua nacionalidade, entre pessoas que gozem de alta 
consideração moral e possuam as condições exigidas em seus respectivos 
países para o desempenho das mais altas funções judiciárias, ou que sejam 
jurisconsultos de reconhecida competência em direito internacional.
Artigo 3. 1. A corte será composta de quinze membros, não podendo 
configurar entre eles dois nacionais do mesmo Estado.
O processo de escolha dos juízes da CIJ envolve três etapas:
• Escolha realizada pela Corte Permanente de Arbitragem;
• Eleição pelo Conselho de Segurança da ONU;
• Eleição pela Assembleia Geral da ONU.
Estatuto

Outros materiais