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Semiologia | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 1 Aparelho genital feminino INTRODUÇÃO A genitália externa, representada pela vulva, inclui o monte de Vênus, os grandes e os pequenos lábios, o vestíbulo (meato uretral, introito vaginal, hímen, glândulas parauretrais ou ou de Skene e glândulas de Bartholin) e o clitóris. A vulva constitui a entrada da vagina e, em condições normais, protege-a, assim como ao meato uretral. A parte externa da vulva é recoberta por um tipo especial de pele (semimucosa) na junção dos grandes e pequenos lábios. Os grandes lábios projetam-se em direção ao períneo para formar a comissura posterior ou fúrcula. Enquanto, os pequenos lábios (ninfas) separam-se anteriormente para abraçar o clitóris, formando o freio e o prepúcio. As glândulas de Bartholin localizam-se em cada lado do introito vaginal, abaixo do hímen, estando seus orifícios de saída situados na parte posterior do vestíbulo, entre os pequenos lábios e o hímen O útero tem como função reter o óvulo fecundado, propiciando-lhe condições para seu desenvolvimento e seu crescimento. ANAMNESE É indispensável o conhecimento dos antecedentes pessoais fisiológicos, principalmente no que diz respeito ao ciclo menstrual. Deve-se registrar a idade da menarca (primeira menstruação), o ritmo e a duração das menstruações subsequentes. Com esses dados, define-se o padrão menstrual da paciente, formado de três números: o primeiro corresponde à idade da menarca; o segundo, à duração do fluxo; e o terceiro, à periodicidade ou ao intervalo entre as menstruações. Exemplo: 12/03/28, o que significa que a menarca ocorreu aos 12 anos, a duração do fluxo é de 3 dias e o intervalo entre as menstruações é de 28 dias. A atividade reprodutiva importa conhecer o número de gestações, anotando-se o número de partos e de abortamentos, seus tipos, idades e complicações. Se for o caso, as épocas do último parto ou aborto devem ser registradas. O uso de anticoncepcionais deve ser investigado com atenção. Semiologia | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 2 Nos antecedentes pessoais patológicos, devem ser valorizados doenças infectocontagiosas (p. ex., tuberculose), diabetes melito, doenças sexualmente transmissíveis, doenças ginecológicas anteriores, radioterapia, hormonoterapia, cauterizações, curetagens e antibioticoterapia. Na história familiar, valoriza-se a ocorrência de tuberculose, de diabetes melito, neoplasias, endocrinopatias e anomalias genéticas, principalmente câncer de mama, do endométrio, do ovário e do cólon. São importantes, também, todas as doenças hereditárias ou de ocorrência familiar. SINAIS E SINTOMAS Os principais sinais e sintomas das afecções dos órgãos genitais femininos são: HEMORRAGIAS. Quaisquer sangramentos sem as características da menstruação normal são chamados de hemorragia (ou sangramento) uterina anormal (HUA), DISTÚRBIOS MENSTRUAIS. O ciclo menstrual pode apresentar anormalidades quanto ao intervalo entre os fluxos, duração e intensidade. Exemplo: • Polimenorreia: sangramento menstrual frequente (intervalo menores que 21 dias) • Hipermenorreia: Sangramento menstrual prolongado (duração maior que 8 dias) DOR. A dor representa uma das queixas mais frequentes, sendo necessário um interrogatório correto para poder fazer o diagnóstico diferencial. As principais causas de dor pélvica são os processos inflamatórios, as distopias genitais, as neoplasias anexiais, a gravidez ectópica e a endometriose. ALTERAÇÕES DOS PELOS. Alterações na distribuição dos pelos podem acompanhar certos desequilíbrios hormonais. A produção aumentada de androgênios pelas suprarrenais ou pelos ovários, como na síndrome dos ovários policísticos, pode provocar crescimento excessivo de pelos no buço, face, lobos das orelhas, triângulo púbico superior, tronco ou membros. EXAME FÍSICO É composto pelas etapas: • Exame das manas • Exame do abdome o Inspeção o Palpação o Percussão o Ausculta • Exame da genitália O exame físico dos órgãos genitais femininos, denominado exame ginecológico, deve ser feito de acordo com uma rigorosa sistematização, não se restringindo a um simples toque vaginal. A paciente não deve estar completamente despida durante o exame, mas sim usando avental e lençol. Faz-se o desnudamento progressivo da paciente de acordo com a região a ser examinada. Convém iniciar o exame pelas mamas em respeito ao pudor da paciente. Constitui pré-requisito a bexiga estar esvaziada antes do exame ginecológico. O esvaziamento intestinal também pode ser necessário em casos especiais, solicitando-se, então, o uso de laxativos na véspera. Deve ser recomendado à paciente não fazer duchas vaginais higiênicas na véspera ou no dia do exame. EXAME DA GENITÁLIA O exame da genitália constitui a parte principal do exame ginecológico. A paciente deve ser colocada na posição ginecológica, de modo a expor mais facilmente a genitália externa. Contudo, quando é preciso analisar melhor a parede anterior da vagina, no seu terço superior, torna-se necessária a posição genupeitoral ou de “prece maometana”. O examinador coloca-se entre as pernas da paciente; apoia o pé na escada e repousa o cotovelo da mão que examina na coxa. A finalidade disso é evitar tensão muscular e fadiga que embotem a sensibilidade. A presença de um bom foco luminoso é indispensável. Semiologia | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 3 Posição genupeitoral ou posição de precimal metana a qual o joelho fica perto do peito. O intuito de examinar uma região mais anterior da vagina na região superior. Mas na prática é pouco utilizada. Nos casos de prolapso e de incontinência urinária de esforço, a paciente deve também ser examinada de pé, com as pernas entreabertas. INSPEÇÃO À inspeção, em repouso, examinam-se a vulva, o períneo e o ânus. Na vulva, observam-se implantação dos pelos, aspecto da fenda vulvar (fechada, entreaberta, aberta), umidade, secreções, hiperemia, ulcerações, distrofias, neoplasias, lesões cutâneas, distopias e malformações. No períneo, investiga-se se está íntegro ou se há ruptura de I, II ou III grau, complicada com extensão ao esfíncter e ao canal anal, cicatrizes de episiorrafias ou perineoplastia. No ânus, procuram-se hemorroidas, fissuras, prolapso da mucosa e malformações. A seguir, o examinador entreabre os grandes lábios e passa a observar o clitóris, o óstio uretral, o hímen e o introito vaginal. Terminada a inspeção em repouso, o examinador solicita à paciente fazer esforço semelhante ao de evacuar ou de urinar, observando se há protrusão das paredes vaginais ou do colo que denuncie a presença de distopia. EXAME ESPECULAR Tem como finalidade inicial a coleta de material para exame citológico, bacteriológico, cristalização e filância do muco cervical. Após a coleta de material, devem ser analisados os seguintes itens: presença e aspecto das secreções, coloração, epitelização e superfície do colo, forma do orifício externo, lacerações, neoplasias, ulcerações, pólipos, aspecto do muco cervical e das paredes vaginais durante a retirada lenta do espéculo (para observação pormenorizada das paredes vaginais, recobertas pelo espéculo). Semiologia | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 4 TOQUE VAGINAL O toque vaginal pode ser unidigital, bidigital e combinado. Unidigital Por ser bem tolerado, deve ser o inicial, pois propicia a indispensável colaboração da paciente. A seguir executam-se as seguintes manobras: expressão da uretra, palpação das glândulas vestibulares e palpação das paredes vaginais, observando-se elasticidade, capacidade, extensão, superfície, irregularidades, sensibilidade e temperatura. Ainda no toque unidigital, obtém-se uma primeira impressão sobre os fundos de saco e o colo do útero. Bidigital No toque bidigital, analisam-seo colo do útero e os fundos de saco vaginais. No colo do útero analisam-se orientação, forma, volume, superfície, consistência, comprimento, sensibilidade, mobilidade, orifício externo (puntiforme, entreaberto, permeável à polpa digital) e lacerações. Nos fundos de saco, ou fórnices, verificam-se distensibilidade, profundidade, sensibilidade, se estão livres ou ocupados, rasos ou bombeados. Quando ocupados, definir se trata-se de tumoração sólida ou cística, dolorosa ou indolor, fixa ou não. Combinado O toque combinado é realizado da seguinte maneira: enquanto uma das mãos palpa o hipogástrio e as fossas ilíacas, a outra realiza o toque vaginal, retal ou o combinado (retovaginal). O toque combinado é a melhor maneira de obter uma ideia tridimensional da pelve da mulher; confirma e complementa os dados obtidos com as técnicas anteriores. TOQUE RETAL Exame opcional na avaliação dos órgãos genitais internos, mas se torna indispensável quanto é necessária a avaliação dos paramétrios. Deve-se também verificar a presença de afecções do canal anal ou do reto. Quando se tem um câncer de colo de útero, os paramétrios se tornam endurecidos. Nas pacientes com hímen integro não se deve fazer o toque vaginal. As informações sobre a genitália interna deverão ser obtidas pelo toque retal. O exame especular também não deve ser feito nas mulheres virgens
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