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A medicina centrada no paciente ou no cuidado é um tema muito amplo e com implicações diferentes quando se trata de saúde pública ou de atenção médica individual. Quando se opõe a atitude centrada no médico à atitude centrada no paciente, o ponto em discussão é o poder do médico versus a autonomia do paciente. Quando a oposição é entre doença e doente, a medicina centrada no paciente é mais abrangente, busca entender as necessidades e desejos do paciente e não se restringe à doença. O método clínico baseado em modelo biomédico – surgido no início do século 19 e que alcançou hegemonia durante o século 20 – trouxe grandes avanços para a ciência médica e conferiu grande poder ao médico, mas tornou o diagnóstico da doença preponderante sobre o doente. Acontece que nem todas as pessoas adoecem da mesma forma ou se enquadram numa doença bem definida. Com o avanço da tecnologia médica que o método clínico proporcionou, além da fragmentação corpo-mente, houve a fragmentação do próprio corpo, com a medicina se tornando cada vez mais especializada e subespecializada. Porém, em meados do século 20 estudos começaram a serem elaborados na perspectiva de implantação de uma nova maneira e pensar e agir no cuidado em saúde diferentemente do então modelo biomédico, chamado de Biopsicossocial. Ela proporciona uma visão integral do ser e do adoecer que compreende as dimensões física, psicológica e social. Quando incorporada ao modelo de formação do médico coloca a necessidade de que o profissional, além do aprendizado e evolução das habilidades técnico-instrumentais, evolua também as capacidades relacionais que permitem o estabelecimento de um vínculo adequado e uma comunicação efetiva. (MARCO, 2006) Pesquisa realizada com médicos que trabalham com atenção básica no Brasil revelou que os médicos pesquisados não reconhecem o paciente como capaz de assumir o cuidado com a própria saúde e não estimulam o paciente a desenvolver autonomia para as práticas de prevenção e promoção de saúde ou adesão ao tratamento. Além disso, os médicos não exploram aspectos relacionados a medos e ansiedades dos pacientes, pois eles seriam aspectos próprios da cultura do paciente com os quais o médico não estaria preparado para lidar. Para os autores, essa deficiência ocorre em consequência de uma formação médica que valoriza apenas ou predominantemente os aspectos biomédicos Há um reconhecimento da necessidade e da dificuldade de educar o aprendiz de medicina no sentido de formar um médico cuidador. Entretanto, acredita-se que a educação profissional implica transmitir, além de conhecimento, valores e atitudes de uma geração para outra. Embora a cura seja um objetivo apropriado para a medicina, ele é incompleto, pois não considera a promoção da saúde, prevenção de enfermidades e lesões, restauração de capacidade funcional, prevenção de morte prematura, alívio de sofrimento e o cuidado com aqueles que não podem ser curados. Por fim, a partir da perspectiva biopsicossocial é evidente a importância de uma comunicação efetiva, no sentido de criar um vínculo adequado, assegurando que os problemas e preocupações dos pacientes são entendidos por aqueles que oferecem cuidados, e que, informação relevante, recomendações e tratamento são entendidos, lembrados e efetivados pelos pacientes. Assim, uma boa comunicação é um processo de duas vias: requer tanto fala quanto escuta efetiva. Pacientes têm suas próprias crenças sobre seus corpos, saúde e doenças. Comunicação efetiva requer que os médicos percebam a perspectiva a partir da qual o paciente está se expressando e, quando necessário, tentem corrigir concepções distorcidas. Informações e recomendações devem ser fornecidas dentro do campo de conhecimento e compreensão dos pacientes. (MARCO, 2006) Referência Bibliográfica De Marco, Mario AlfredoDo modelo biomédico ao modelo biopsicossocial: um projeto de educação permanente. Revista Brasileira de Educação Médica [online]. 2006, v. 30, n. 1 [Acessado 11 Junho 2021] , pp. 60-72. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-55022006000100010>. Epub 09 Jan 2007. ISSN 1981-5271. https://doi.org/10.1590/S0100-55022006000100010.
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