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Cuidados Paliativos
conhecimento técnico refinado, aliado à percepção do ser humano
Princípios éticos e filosofia dos cuidados paliativos.
Baseados no princípio bioético da autonomia do paciente através do consentimento informado, possibilitando que ele tome suas próprias decisões, no princípio da beneficência e da não maleficência, os Cuidados Paliativos desenvolvem o cuidado ao paciente visando à qualidade de vida e à manutenção da dignidade humana no decorrer da doença, na terminalidade da vida, na morte e no período de luto.
Conceito
· Organização Mundial de Saúde – OMS, revista em 2002, 
“Cuidado Paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”. 
introdução 
- O cuidado paliativo visa oferecer cuidados adequados e dignos aos pacientes com e sem possibilidade curativa.
- Cuidado Paliativo não é uma possível última alternativa para a vida de alguém, não significa morte certa nem retirar tratamentos médicos ou negar às pessoas o melhor que a
medicina e as demais ciências da saúde podem lhe oferecer, mas ajudar a pensar em tratamentos hierarquizados e proporcionais entre os benefícios a serem buscados e os malefícios a serem evitados em cada fase da doença.
- Todo e qualquer paciente que possui doença crônica e/ou ameaçadora da vida poderá se beneficiar com os Cuidados Paliativos - crianças, adultos e idosos. 
 
- A necessidade de cuidados paliativos está presente em todos os níveis de atendimento, primário, secundário e serviços especializados. 
- Podem ser prestados como abordagem, por todos os profissionais de saúde que sejam educados e qualificados através de treinamento apropriado; como cuidados paliativos gerais, fornecido por profissionais de atenção primária e por profissionais que tratam doenças potencialmente fatais com um bom conhecimento básico de cuidados paliativos; ou ainda como cuidados paliativos especializados, prestados por equipes especializadas neste tipo de cuidado.
- As principais doenças que requerem cuidados paliativos segundo as estimativas globais da OMS no contexto dos adultos (indivíduos com 15 anos ou mais) são doenças cardiovasculares (38%), neoplasias (34%), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC – 10%), HIV/Aids (10%) e outras, como demonstrado na figura abaixo:
- Não se fala mais em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida.
- Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, expandindo nosso campo de atuação. 
- Não se fala em impossibilidade de cura, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da doença, desta forma afastando a ideia de “não ter mais nada a fazer”. 
- Há a inclusão da espiritualidade entre as dimensões do ser humano.
- A família é lembrada, portanto assistida também após a morte do paciente, no período de luto.
princípios
1. Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis - prescrição de medicamentos 
- adoção de medidas não farmacológicas 
- abordagem dos aspectos psicossociais e espirituais 
Analisar o que caracteriza o “sintoma total”, dentro do conceito de DOR TOTAL, onde todos estes fatores podem contribuir para a exacerbação ou atenuação dos sintomas, devendo ser levados em consideração na abordagem.
2. Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida 
Bernard Lown em seu livro “A arte perdida de curar” afirma: “As escolas de medicina.. preparam (os futuros médicos) para tornarem-se oficiais-maiores da Ciência e gerentes de biotecnologias complexas. Muito pouco se ensina sobre a arte de ser médico. Os médicos aprendem pouquíssimo a lidar com moribundos... ´´ 
O Cuidado Paliativo resgata a possibilidade da morte como um evento natural e esperado na presença de doença ameaçadora da vida, colocando ênfase na vida que ainda pode ser vivida. 
3. Não acelerar nem adiar a morte 
O Cuidado Paliativo nada tem a ver com eutanásia. Um diagnóstico objetivo e bem embasado, o conhecimento da história natural da doença, um acompanhamento ativo, acolhedor e respeitoso e uma relação empática com o paciente e seus familiares nos ajudarão nas decisões
4. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente 
A doença costuma trazer uma série de perdas, com as quais o paciente e família são obrigados a conviver sem estarem preparados para isto. 
As perdas da autonomia, da autoimagem, da segurança, da capacidade física, do respeito, sem falar das perdas concretas, materiais, como de emprego, de poder aquisitivo e consequentemente de status social, podem trazer angústia, depressão e desesperança, interferindo objetivamente na evolução da doença, na intensidade e frequência dos sintomas que podem apresentar maior dificuldade de controle. 
A abordagem desses aspectos sob a ótica da psicologia se faz fundamental. A alternativa é a possibilidade de abordá-los também sob o ponto de vista da espiritualidade, que se confundem e se sobrepõem invariavelmente à questão religiosa. Noventa e cinco por cento dos americanos creem numa força superior e 93% gostariam que seus médicos abordassem essas questões, se ficassem gravemente enfermos. 
É mais este aspecto, o da transcendência, do significado da vida, aliado ou não à religião, que devemos estar preparados para abordar. Sempre lembrando que o sujeito é o paciente, sua crença, seus princípios. 
5. Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte 
Não devemos nos esquecer que qualidade de vida e bem-estar implicam a observância de vários aspectos da vida. Problemas sociais, dificuldades de acesso a serviços, medicamentos e outros recursos podem ser também motivos de sofrimento e devem ser incluídos entre os aspectos a serem abordados pela equipe multiprofissional.
Viver ativamente, e não simplesmente viver, nos remete à questão da sobrevida “a qualquer custo”, que esperamos combater. 
6. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto 
Todo o núcleo familiar e social do paciente também “adoece”. A família, tanto a biológica como a adquirida (amigos, parceiros, etc.), pode e deve ser parceira e colaboradora. 
Essas pessoas conhecem de forma profunda o paciente, suas necessidades, suas peculiaridades, seus desejos e angústias, muitas vezes não verbalizados pelo próprio paciente. Da mesma forma, essas pessoas também sofrem e seu sofrimento deve ser acolhido e paliado. 
7. Abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto 
A integração sugerida pelo Cuidado Paliativo é uma forma de observarmos o paciente sob todas as suas dimensões e a importância de todos estes aspectos na composição do seu perfil para elaboração uma proposta de abordagem. Ignorar qualquer dessas dimensões significará uma avaliação incompleta e consequentemente uma abordagem menos efetiva e eficaz dos sintomas. 
O sujeito da ação é sempre o paciente, respeitado na sua autonomia. Incluir a família no processo do cuidar compreende estender o cuidado no luto, que pode e deve ser realizado por toda a equipe e não somente pelo psicólogo. A equipe multiprofissional com seus múltiplos “olhares” e percepção individual pode realizar este trabalho de forma abrangente.
8. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença 
Com uma abordagem holística, observando este paciente como um ser biográfico mais que um ser simplesmente biológico, poderemos, respeitando seus desejos e necessidades, melhorar sim o curso da doença e, segundo a experiência de vários serviços de Cuidados Paliativos, também prolongar sua sobrevida. 
Vivendo com qualidade, ou seja, sendo respeitado, tendo seus sintomas impecavelmente controlados, seus desejos e suas necessidades atendidas, podendo conviver com seus familiares, resgatandopendências, com certeza os pacientes também viverão mais. 
9. Deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como a quimioterapia e a radioterapia e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes 
Esses devem ser iniciados desde o diagnóstico da doença potencialmente mortal, para proporcionar o cuidado do paciente em diferentes momentos da evolução da sua doença. 
Portanto não devemos privá-lo dos recursos diagnósticos e terapêuticos que o conhecimento médico pode oferecer. Devemos utilizá-los de forma hierarquizada, levando-se em consideração os benefícios que podem trazer e os malefícios que devem ser evitados. 
Uma abordagem precoce também permite a prevenção dos sintomas e de complicações inerentes à doença de base, além de propiciar o diagnóstico e tratamento adequados de doenças que possam cursar paralelamente à doença principal. Uma boa avaliação embasada nos exames necessários, além da definição da capacidade funcional do paciente são indispensáveis para a elaboração de um plano integral de cuidados, adequado a cada caso e adaptado a cada momento da evolução da doença.
Princípios éticos 
Existem cinco princípios relevantes na atenção aos pacientes terminais. Eles também se associam com os princípios da bioética (beneficência; autonomia; equidade ou justiça; não maleficência):
· Princípio da Proporcionalidade terapêutica 
Propõe-se a eleger a solução mais razoável para o problema jurídico concreto, dentro das circunstâncias sociais, econômicas, culturais e políticas que envolvem a questão, sem se afastar dos parâmetros legais. Segundo este critério existe a obrigação moral de implementar todas as medidas terapêuticas que tenham relação de proporção entre os meios empregados e o resultado previsível.
· Princípio do Duplo Efeito - se refere à permissibilidade de ações das quais dois efeitos seguem-se simultaneamente, sendo um bom e outro mau.
· Princípio da Prevenção - prever as possíveis complicações e/ou os sintomas que com maior frequência se apresentam na evolução de determinada condição clínica. 
· Princípio do não abandono - salvo em casos de grave objeção de consciência, seria eticamente condenável abandonar o paciente porque este recusa determinadas terapias, mesmo quando o médico considere esta recusa inadequada. 
· Veracidade - decorrente da necessidade de proteger todos aqueles que não tinham capacidade para exercer o seu direito de autonomia, surgiu o princípio da vulnerabilidade, como resposta à sacralidade da autonomia como valor máximo da relação clínica.
quem são os pacientes indicados para o cp?
Pela definição da OMS, todos os pacientes portadores de doenças graves, progressivas e incuráveis, que ameacem a continuidade da vida e que apresentem sintomas de sofrimento, deveriam receber a abordagem dos Cuidados Paliativos desde o seu diagnóstico.  Porém, como não existem profissionais nem recursos humanos ainda para suprir tamanha necessidade, foram estabelecidos alguns critérios de recomendação para Cuidados Paliativos, considerando a possibilidade de indicação para aqueles pacientes que esgotaram todas as possibilidades de tratamento de manutenção ou prolongamento da vida, que apresentam sofrimento moderado a intenso e que optam por manutenção de conforto e dignidade da vida.
Existem, por exemplo, os critérios mais discutidos que se referem ao prognóstico de tempo de vida do paciente, implantado pelo Medicare norte-americano que estabelece o tempo de sobrevida esperado como um dos critérios de indicação para assistência de HOSPICE:
· a expectativa de vida avaliada é menor ou igual a seis meses; 
· o paciente deve fazer a opção por Cuidados Paliativos exclusivos e abrir mão dos tratamentos de prolongamento da vida; 
· o paciente deve ser beneficiário do Medicare.
A avaliação do prognóstico do paciente pode ser relacionada com a capacidade funcional do paciente. Porém, O maior perigo desse exercício de avaliar tempo de sobrevida de uma pessoa é determinar a “morte social” antes da morte física propriamente dita. Uma vez que se estabelece que um paciente tem uma expectativa de vida pequena, em dias ou semanas, corremos o risco de subestimar suas necessidades e negligenciar a possibilidade de conforto real dentro da avaliação do paciente e de sua família. Vale ressaltar que todos os pacientes com indicação de transplante de órgãos sólidos, inclusive transplante cardíaco, são candidatos formais para Cuidados Paliativos, pois têm doença avançada e podem ter alcançado sintomas de grande intensidade e desconforto.
Uma das ferramentas que temos disponíveis na avaliação de prognóstico diz respeito à capacidade funcional do paciente. Entretanto, sabemos que a capacidade funcional pode estar diretamente relacionada com uma condição de sofrimento intensa, não avaliada ou não tratada adequadamente e que deforma a avaliação de prognóstico. 
Por exemplo, um paciente com câncer de próstata pode estar comprometido em sua funcionalidade por causa de uma dor óssea intensa não tratada e não por deterioração sistêmica causada por sua doença de base. Neste caso, a deterioração sistêmica se deve ao sofrimento e não ao avanço da doença para órgãos vitais. 
Quanto à avaliação de capacidade para as atividades da vida diária, temos as recomendações de Cuidados Paliativos para pacientes dependentes em determinadas atividades como incapacidade para se locomover, alimentar-se e incontinências
A avaliação funcional pode ser feita por escalas e é um elemento valioso para determinar as condutas, previsões e diagnósticos. Uma das escalas desenvolvidas no Canada é a PPS – palliative performance scale, dividida em 11 níveis, baseada em deambulação, evidencia da doença, autocuidado, ingesta, nível de consciência associados o a outros sintomas como edema, delirium, dispneia e baixa ingesta alimentar.
A escala de performance status de Karnofsky foi desenvolvida para pacientes com câncer como um meio objetivo de documentar o declínio clínico do paciente, avaliando a capacidade de realizar determinadas atividades básicas. 
· Pacientes com escala Karnofsky inferior a 70% tem indicação precoce de assistência de Cuidados Paliativos. 
· Performance de 50% nesta escala é um indicador de terminalidade, reafirmando que estes são pacientes elegíveis para Cuidados Paliativos, a menos que exista um ganho previsivelmente benéfico em sustentar terapia para a doença de base, que seja simultaneamente disponível e possam ser tolerados.
Comunicação
Modalidades de atuação em Cuidados Paliativos
· Ambiente Hospitalar
O Cuidado Paliativo em ambiente hospitalar pode ser feito de três maneiras:
1- Uma Unidade de Cuidados Paliativos – Implica um conjunto de leitos em uma determinada área do Hospital onde se trabalha dentro da filosofia dos Cuidados Paliativos. Existe uma equipe treinada e capacitada para trabalhar nessa unidade com foco em alívio de sintomas físicos e resolução de problemas psicossócioespirituais, bem como entender a morte como um processo natural da vida.
- vantagens de se ter uma unidade específica para Cuidados Paliativos, observa-se a oportunidade de a equipe trabalhar de forma mais coesa, com expertise e com probabilidade maior de atingir as metas do cuidado. 
- desvantagens estão a estigmatização da unidade como “o lugar que mandam para morrer”, a percepção equivocada dos referenciadores que é uma Unidade para cuidado de final de vida exclusivamente.
2- Equipe Consultora ou Volante – Não existem leitos específicos para Cuidados Paliativos. Existe uma Equipe Interdisciplinar Mínima que é acionada conforme a percepção do médico assistente, e que se dirige até onde o paciente está. Geralmente, a equipe consultora não assume a coordenação dos cuidados, servindo como um grupo de suporte que orienta condutas.
3- Equipe Itinerante – Também é acionada conforme a percepção do médico assistente, mas, nesse caso, assume os cuidados, sendo uma prerrogativa do médico assistente continuar acompanhandoo caso em conjunto ou não.
· Ambiente domiciliar
· Ambulatório
Em uma consulta de Cuidados Paliativos em nível ambulatorial, não apenas os aspectos físicos são passíveis de serem abordados, mas é inerente a esse tipo de consulta que tenham que ser dadas más notícias, discutir a morte, explorar emoções profundas e explicar as opções complexas de manejo. Há pouca matéria escrita sobre os Cuidados Paliativos em nível ambulatorial, muito menos sobre Cuidado Paliativo na Atenção Primária.
O papel da Unidades Básicas de Saúde, ou mais contemporaneamente falando, da Unidades de Saúde da Família, no âmbito dos Cuidados Paliativos, tem que ser entendido dentro de um modelo de atenção à saúde que pode ser descrito como um modelo de atenção compartilhada, ou modelo de atenção em rede e linhas de cuidado. Desta forma, as unidades de Cuidados Paliativos devem compartilhar a responsabilização pelo cuidado dos pacientes em etapa final de enfermidade, oferecendo suporte do nível II ou III, com equipes especializadas em resolução de problemas difíceis. No modelo de atenção compartilhada, a estrutura de comunicação bem como a presença de protocolos terapêuticos e diretrizes clínicas, além dos procedimentos padrões para a dimensão administrativa do serviço são vitais para o bom funcionamento e oferta de assistência adequada para o paciente e sua família.
Outro problema que não pode deixar de ser abordado na organização de serviço no nível ambulatorial é a dispensação de analgésicos, principalmente os opioides. É um desafio a ser enfrentado no nosso país, dada a legislação fortemente controladora do armazenamento, prescrição e dispensação desses medicamentos no território brasileiro conforme determina a Portaria 344 da ANVISA que normatiza e regula o tema. Na atenção básica, a tarefa de prescrever e dispensar os opioides ainda permanece uma situação de difícil desfecho.
profissionais envolvidos nos cp 
Em Cuidados Paliativos, a atuação multiprofissional é essencial para que o paciente tenha qualidade de vida e uma sobrevida digna. Respeito, ética, sensibilidade e sinceridade devem sempre nortear a equipe durante o tratamento.
Todavia, não basta ter uma equipe multiprofissional para se realizar esse cuidado, essa equipe precisa estar preparada isso, precisa conhecer o que é esse trabalho, precisa ter uma preparação para isso. 
E algo que é muito ignorado ainda, é que um profissional para realizar um cuidado paliativo de qualidade para os seus pacientes, ele precisa antes cuidar da própria vida (no âmbito físico, emocional, familiar, social e espiritual), porque sua vida precisa ter um sentido próprio para assim ser capaz de enxergar sentido na vida das outras pessoas e então poder ajuda-las nesse processo de finitude. 
Estão envolvidos nos cuidados paliativos profissionais das mais variadas áreas de atuação, Sendo eles: médico; enfermeiro; psicólogo; assistente social; nutricionista; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; terapeuta; assistente espiritual. 
· Médico 
O médico tem sua formação acadêmica toda voltada para o diagnóstico e tratamento de doenças. Quando defronte de um paciente necessitado de Cuidados Paliativos, onde o foco deixa de ser a doença e passa a ser a pessoa doente nas suas dimensões biológica, psicológica, familiar, social e espiritual, ele obrigatoriamente tem que rever seus conceitos de saber e aprender a trabalhar em equipe.
É necessário deixar de lado toda a hierarquia construída dentro da equipe de saúde e exercer uma medicina focado no indivíduo de forma integral. 
É função do médico realizar os diagnósticos clínicos; conhecer a doença, assim como sua história natural; os tratamentos já realizados; qual a evolução da doença que seria esperada para aquele paciente no momento atual. Se necessário, o médico deve também contactar outras especialidades médicas, que já trataram ou estejam tratando do paciente, para discutir a melhor conduta a ser adotada. 
É também do médico a responsabilidade de propor tratamentos, medicamentosos ou não, que sejam compatíveis com o momento de vida do paciente. De forma a garantir não só alívio de sintomas desconfortáveis, mas também a dignidade de vida até o fim, evitando, dessa forma, procedimentos que poderiam aumentar o sofrimento do paciente.
Tem também o importante papel de coordenar a comunicação entre a equipe, o paciente e sua família, sendo a forma dessa comunicação de grande impacto para a vida das pessoas envolvidas. 
· Enfermeiro 
Suas habilidades deverão estar voltadas para a avaliação sistemática dos sinais e sintomas; para o auxílio da equipe multiprofissional no estabelecimento de prioridades para cada cliente, para a interação da dinâmica familiar e especialmente para o reforço das orientações clínicas, a fim de que os objetivos terapêuticos traçados pela equipe multidisciplinar sejam alcançados. 
É necessário que este profissional tenha habilidades de comunicação, pois estas asseguram o melhor desenvolvimento de suas práticas clínicas. Logo, é papel do enfermeiro atuar em prol da comunicação eficaz, aberta e adaptada ao contexto terapêutico, visando à negociação de metas assistenciais acordadas com o paciente e sua família de modo a coordenar o cuidado planejado.
· Psicólogo 
Este deve criar sentidos para a prática dentro das possibilidades/limites de seu campo de conhecimento. Atribui-se a seu papel estimular o doente e sua família a pensarem e falarem livremente sobre sua situação. Desse modo procura legitimar seu sofrimento e contribuir para a elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte e luto.
· Assistente social 
Em equipes de atenção paliativa pode ser resumida em: conhecer paciente, família e cuidadores nos aspectos socioeconômicos, visando ao oferecimento de informações e orientações legais, burocráticas e de direitos, imprescindíveis para o bom andamento do cuidado ao paciente, e para a garantia de morte digna. Cabe a esse profissional também avaliar a rede de suporte social dos envolvidos, para junto a estes acioná-la em situações apropriadas; conhecer e estabelecer uma rede intrainstitucional, no intuito de garantir atendimento preciso ao paciente, além de constituir-se como interlocutor entre paciente/ família e equipe nas questões relacionadas aos aspectos culturais e sociais que envolvem o cuidado de forma geral. Soma-se a isso a importância da escuta e da acolhida em momento tão especial.
· Nutricionista 
Ele é um dos profissionais que pode auxiliar na evolução favorável do paciente. A prática assistencial deve compreender o cuidado nutricional necessário em todos os estágios da doença e na estratégia terapêutica. Em Cuidados Paliativos, a nutrição tem especial papel preventivo, possibilitando meios e vias de alimentação, reduzindo os efeitos adversos provocados pelos tratamentos, retardando a síndrome anorexia-caquexia e ressignificando o alimento. 
· Fisioterapeuta
A partir de uma avaliação específica, vai estabelecer um programa de tratamento adequado com utilização de recursos, técnicas e exercícios, objetivando, por meio de abordagem multiprofissional e interdisciplinar, alívio do sofrimento, alívio da dor e outros sintomas estressantes. Oferece suporte para que os pacientes vivam o mais ativamente possível, com impacto sobre a qualidade de vida, com dignidade e conforto, além de auxiliar os familiares na assistência ao paciente, no enfrentamento da doença e no luto.
· Terapia ocupacional 
É de fundamental importância, sendo seus objetivos:
· Atendimento espiritual 
É parte do serviço de saúde e permitir ao beneficiado expressar seus sentimentos e emoções conversando abertamente sobre a morte e o morrer e ajudando-o a participar de todas as decisões referentes a seu tratamento e aos desejos finais.
Como são realizados no brasil e no mundo?
Em 2014 a OMS publicou o Atlas Global de Cuidado Paliativo, onde apresentou os resultados de seu levantamento sobre o desenvolvimento de cuidado paliativo ao redor do mundo. O Brasil recebeu a Classificação 3 A, classificação que caracteriza países onde a provisão de cuidadospaliativos é oferecida de maneira isolada. 
No grupo 3A o desenvolvimento dos cuidados paliativos é irregular no escopo e não bem apoiado; com fontes de financiamento fortemente dependente de doações; disponibilidade limitada de morfina; e um pequeno número de serviços de cuidados paliativos comparado ao tamanho da população. 
As equipes de CP no Brasil podem ter excelência, porém o sistema de saúde brasileiro está muito atrasado na integração e apoio a estas equipes. Segundo a OMS, o Sistema de Saúde do Brasil apresenta o mesmo nível de desenvolvimento de CP que Angola, Bangladesh, Congo, Moçambique e Ira.
Os Cuidados Paliativos atuam nas necessidades do paciente e de sua família, comprometendo-se a avaliar e tratar os sintomas físicos de desconforto, como dor, fadiga, cansaço, falta de ar e outros que possam causar sofrimento e piora da qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que trata os sintomas da dimensão física, orienta-se no sentido de avaliar e cuidar das necessidades emocionais, sociais, familiares e espirituais do paciente e de sua família, respeitando seus valores e crenças. Lembrando que tratamentos curativos e paliativos são complementares entre si.
O Reino Unido fica com o primeiro lugar em qualidade de morte, e é um exemplo da importância de se reconhecer os Cuidados Paliativos na medicina. Lá, desde 1987, a medicina paliativa é considerada uma especialidade médica. No Brasil, somente em agosto de 2011 é que a medicina paliativa veio se tornar uma área de atuação médica, segundo resolução 1973/2011 do Conselho Federal de Medicina (CFM). Segundo resolução do CFM, os profissionais terão de cursar um ano a mais para receber o título de paliativista, que será concedido pela Associação Médica Brasileira (AMB).
CP no Âmbito do sus 
Em novembro de 2018 foi publicada a resolução nº 41, pelo Ministério da Saúde, oficializando o uso dos cuidados paliativos em todos os hospitais públicos do Brasil, tornando a prática uma política de saúde. 
No SUS, entende-se que os cuidados paliativos devam ser oferecidos o mais cedo possível, juntamente com o início do tratamento da doença.  Estes englobam a promoção do alívio da dor (com uso de analgésicos) e de outros sintomas físicos, do sofrimento psicossocial com apoio psicológico, incluindo o cuidado apropriado para familiares e cuidadores a lidar com a doença do paciente e o luto.
curiosidades 
12 de outubro – Comemora-se o dia mundial dos cuidados paliativos.
Em 2017 o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) lançou o “Manual da Residência em Cuidados Paliativos”

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