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PSICOLOGIA GERAL DEFINIÇÕES Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique, "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que um organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)". O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante (veja também etologia). A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos (psiquismo), cabe agora definir tais termos. Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis do método científico as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo, baseado em fatos empíricos. Comportamento é a atividade observável dos organismos na sua busca de adaptação ao meio em que vivem. Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção. Os processos mentais são a maneira como a mente humana funciona - pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base. Como toda a ciência, o fim da psicologia é a descrição, a explicação, a previsão e o controle do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Descrever o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível objetivos e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - desde complexos padrões de comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual. A introspecção é uma forma especial de observação. A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar, esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meios ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.) BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA "A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta". Com essa frase descreveu Herrmann Ebbinghaus, um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da psicologia - tanto em 1908, quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à natureza humana - a percepção, a consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da filosofia no final do século XIX. Ivan Petrovich Pavlov (em russo: Иван Петрович Павлов) (14 de Setembro de 1849 — 27 de Fevereiro de 1936) foi um fisiólogo russo. Foi premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1904, por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais. Ivan Pavlov veio, no entanto, a entrar para a história por sua pesquisa em um campo que se apresentou a ele quase que por acaso: o papel do condicionamento na psicologia do comportamento (reflexo condicionado). O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879 em Leipzig, na Alemanha. Seu interesse se havia transferido do funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos. Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo americano William James propôs em seu livro The Principles of Psychology (1890) - para muitos a obra mais significativa da literatura psicológica - uma nova abordagem mais centrada na função da mente humana do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na América do Norte. O estruturalismo Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base verdadeiramente científica para a nova ciência. Assim realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objetivos que poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a estímulos realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da mente e do comportamento, sobretudo as sensações. William James concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia - os processos conscientes. Para ele, no entanto, o estudo desses processos não se limitava a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências religiosas e místicas - enfim, tudo o que faz cada ser humano ser único. As idéias de James foram desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação. Gestalt, a psicologia da forma Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos como um todo e não través da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra gestalt significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas partes". Distinta da psicologia da gestalt, escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls). ALGUMAS PERSPECTIVAS DA PSICOLOGIA ATUAL Segue uma descrição sucinta de algumas das principais correntes de pensamento que influenciam a moderna psicologia. A perspectiva psicodinâmica: Psicanálise Segundo a perspectiva psicodinâmica o comportamento é movido e motivado por uma série de forças internas, que buscam dissolver a tensão existente entre os instintos, as pulsões e as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro. O objetivo do comportamento é assim a diminuição dessa tensão interna. A perspectiva psicodinâmica teve sua origem nos trabalhos do médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) com pacientes psiquiátricos, mas ele acreditava serem esses princípios válidos também para o comportamento normal. O modelo freudiano foi o primeiro a afirmar que a natureza humana não é sempre racional e que as ações podem ser motivadas por fatores não acessíveis à consciência. Além disso Freud dava muita importância à infância, como uma fase importantíssima na formação da personalidade. A teoria original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e influenciou fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua origemnão em experimentos científicos, mas na capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela idéia de descobrir os mistérios mais profundos do ser humano. A perspectiva comportamentista: Behaviorismo A perpectiva comportamentista (ou comportamentalista) procura explicar o comportamento em relação aos estímulos do meio ambiente que o influenciam. A atenção do pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado indivíduo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições (comportamento) e para as consequências que essa reação traz para ele (ver também condicionamento). O comportamentismo baseia-se sobretudo em experimentos feitos com animais, mas levou ao descobrimento de muitos princípios válidos para o ser humano e foi uma das mais fortes influências tanto para a pesquisa como para a prática psicológica posterior. Um de seus principais representantes foi Burrhus Frederic Skinner (Susquehanna, Pensilvânia, 20 de Março de 1904 — Cambridge, 18 de Agosto de 1990) um autor e psicólogo norte americano. Conduziu trabalhos pioneiros em psicologia experimental e foi o propositor do Behaviorismo Radical, abordagem que busca entender o comportamento em função das interrelações entre a filogenética, o ambiente (cultura) e a história de vida do indivíduo. A perspectiva humanista: Psicologia humanista Em reação às limitações das correntes comportamentista e psicodinâmica surgiu nos anos 50 do século XX a perspectiva humanista, que vê o homem não como um ser controlado tanto por pulsões interiores quanto pelo ambiente, mas ainda assim como um ser ativo, que busca seu próprio crescimento e desenvolvimento. A principal fonte de conhecimento do humanismo psicológico é o estudo biográfico, com o fim de descobrir como essa pessoa vivencia sua existência, ao contrário do comportamentismo, que dava mais valor à observação externa. A perspectiva humanista procura assim um acesso holístico para o ser humano, está intimamente relacionada à fenomenologia e exerceu grande influência sobre a psicoterapia. Os expoentes desta linha psicológica são Carl Rogers, (8 de janeiro de 1902, Oak Park, Illinois, EUA - 4 de fevereiro de 1987, La Jolla, Califórnia, EUA), Psicólogo estadunidense com sua abordagem centrada na pessoa, nessa abordagem quem direciona o rumo da psicoterapia é o paciente e não o psicoterapeuta, e Abraham Maslow (1 de Abril de 1908, Nova Iorque — 8 de Junho de 1970, Califórnia.) A Contribuição de Maslow para a psicologia foi a hierarquia das necessidades, na qual ele considera que as pessoas passam por fases da vida onde buscam determinadas necessidades. As necessidades que estão na base dessa hierarquia são: água, comida, sexo. A perspectiva cognitiva: Psicologia Cognitiva A "virada cognitiva" foi uma reação às limitações do comportamentismo, que afirmava ser impossível estudar os processos mentais e se concentrava somente no comportamento. O foco central desta perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no conhecimento - atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc. O termo começou a ser usado com a publicação do livro Cognitive Psychology de Ulrich Neisser em 1967. No entanto a abordagem cognitiva foi divulgada por Donald Broadbent no seu livro Perception and Communication em 1958. Desde então o paradigma dominante na área foi o do processamento de informação, modelo defendido por Broadbent. Neste quadro de pensamento, considera-se que os processos mentais são comparáveis a software a ser executado num computador que neste caso seria o cérebro. As teorias do processamento de informação têm como base noções como: entrada; representação; computação ou processamento e saídas. A perspectiva evolucionista A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria da evolução, explicar o desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais como parte da adaptação humana ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas contam somente com sua capacidade de observação e com o conhecimento adquirido por outras disciplinas como a antropologia e a arqueologia. A perspectiva sociocultural Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski criticava a psicologia - na época a psicanálise de Freud - por ser centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o cerne da perspectiva sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a psicologia a observar diferenças entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a importância da cultura na formação da personalidade[3]. A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa psicológicos corresponde à enorme complexidade do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se completarem mutuamente demonstra que o homem pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse modelo afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e influenciados por três grupos de fatores: Fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.; Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.; Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, etc., modelos de papéis socias, etc. PSICOTERAPIA A Psicoterapia é um método terapêutico, uma aplicação dos conhecimentos de diversas áreas da Psicologia (Psicologia do Desenvolvimento, Psicopatologia, etc) na construção de uma prática também conhecida como Psicologia Clínica. A psicoterapia é um valioso recurso para lidar com as dificuldades da existência em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir, como transtornos psicopatológicos, distúrbios psicossomáticos, traumas, crises existenciais, conflitos interpessoais, estados de sofrimento etc. A psicoterapia é também um espaço favorável ao crescimento e amadurecimento, um lugar/tempo/modo privilegiado de criar intimidade consigo mesmo, de estabelecer diálogos construtivos e transformar padrões estereotipados de funcionamento, restabelecendo o processo formativo e criativo de cada um. A Psicoterapia oferece uma oportunidade de compreender e mudar os padrões relacionamento interpessoal. Os problemas vinculares são fonte de incontáveis sofrimentos, favorecendo a ocorrência de inúmeras doenças e sofrimentos. Em alguns casos, a Psicoterapia cumpre também uma função de educação para a vida, oferecendo um espaço de aprendizado, com instrumentos e conhecimentos que podem ajudar na orientação e condução da vida. Esta função torna-se fundamental em situações de desestruturação decorrente de crises ou casos de imaturidade psicológica, quando a pessoa se sente verdadeiramente inapta para lidar com os enfrentamentos e dificuldades em sua vida. ALGUMAS APLICAÇÕES DA PSICOTERAPIA A psicoterapia é um processo que permite transformações profundas da pessoa, com resultados evidentes em diversas situações como: • tratamento de transtornos psicológicos como transtornodo pânico, fobias, transtorno dissociativo, depressão, anorexia, estresse pós traumático etc. • tratamento de transtornos de personalidade como transtorno borderline, transtorno esquizóide, transtorno paranóide, etc • trabalho sobre conflitos pessoais, conjugais, familiares, interpessoais e grupais que podem produzir ou contribuir para o sofrimento psicológico. • elaboração de crises existenciais, de transições difíceis (luto, crises profissionais, etc) e dificuldades nas mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa, envelhecimento, etc.) A Psicoterapia pode trazer enormes benefícios como: • desenvolvimento da capacidade de autogerenciamento, ensinando a dialogar com os estados internos, a regular os estados emocionais e adquirir autonomia. • desenvolvimento da capacidade de auto-observação, auto-reflexão e mentalização • sair dos padrões estereotipados e criar novas narrativas de si,novos modos de compreender e conduzir a própria vida • desenvolver habilidades interpessoais como capacidade empática – saber se colocar no lugar do outro -, capacidade de comunicação, assertividade, resolução de conflitos, etc. • fortalecimento psicológico – ampliação da resiliência – para aumentar a tolerância e a capacidade de crescer com as dificuldades que a vida apresenta. • favorecer um estado de saúde integrado, físico, psicológico e social. • auxiliar na busca de um sentido existencial para a vida • amadurecimento psicológico UMA ABORDAGEM INTEGRADA A Psicologia Clínica ocupa um lugar fundamental na área da saúde, por oferecer uma visão integrada do ser humano, incluindo as dimensões psíquica, orgânica, social e espiritual agindo conjuntamente na produção da existência humana, assim como de seus equilíbrios e desequilíbrios. Não é possível hoje se falar em “doenças orgânicas” sem uma consideração pela dimensão psicológica e emocional, sendo evidente a natureza psicossomática da existência humana. Já há algum tempo as pesquisas científicas tem demonstrado que as experiências de vida influenciam diretamente o processo de ativação genética, assim como influenciam as mudanças estruturais que ocorrem no cérebro. Deste modo torna-se cada vez mais artificial a distinção entre doenças mentais e doenças orgânicas (1). Cada ser humano – psicossomático por natureza – vive uma história de interações, encontros e acontecimentos em que as doenças, quer se manifestem mais no corpo ou na “mente”, sofrem forte influência dos desequilíbrios existenciais e de soluções inadequadas de vida. Os aspectos psicológicos participam não somente da formação de muitas doenças como tem um papel fundamental na sua recuperação. A psicoterapia oferece recursos importantes para uma compreensão mais ampla do processo de adoecimento assim como estratégias para uma vida mais saudável e integrada. AS ABORDAGENS TEÓRICAS Há diversas escolas teóricas na Psicologia que podem ser agrupadas em cinco principais perspectivas, com seus ramos e derivações: – Psicodinâmica (Psicanálise, Psicologia Analítica, etc) – Humanista (Gestalt, Psicodrama, etc) – Corporal (Reichiana, Bioenergética, etc) – Cognitivo-comportamental – Sistêmica A diversidade decorre tanto da complexidade do tema – a psique humana – como da origem e desenvolvimento da Psicologia a partir da influência de diferentes ramos do conhecimento, da Filosofia, da Medicina, das Religiões, etc. No geral, todas as diferentes abordagens teóricas em Psicologia apresentam alguns elementos básicos. Todas, por exemplo, contém uma teoria que busca explicar: (1) o funcionamento mental, (2) o desenvolvimento humano, (3) os processos de adoecimento psicológico (psicopatologia) e (4) como acontece o processo terapêutico. Ultimamente tem sido comum que terapeutas de uma abordagem teórica utilizem técnicas originadas em outras escolas. A busca de melhores resultados na clínica parece estar promovendo estes intercâmbios. Isto parece indicar um movimento de integração entre as diferentes abordagens teóricas na Psicologia. OS TIPOS DE PSICOTERAPIA Há alguns tipos de psicoterapia, conforme as necessidades e a configuração dos problemas, sendo os principais: • Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos. • Psicoterapia de Grupo • Psicoterapia de Casal • Psicoterapia de Família • Psicoterapia Institucional OS PRAZOS VARIAM COM OS OBJETIVOS Um século de pesquisas e desenvolvimento permitem que a Psicoterapia alcance resultados cada vez maiores e mais significativos. No geral, os prazos de tratamento são relativos aos objetivos almejados e à gravidade do problema. Há vários desenvolvimentos recentes em psicoterapias breves, que são focadas em objetivos específicos. Atualmente é possível atingir resultados significativos em períodos de 6 a 12 meses e há processos terapêuticos profundos que se encerram satisfatoriamente em prazos inferiores a 3 anos. Há casos que demandam um trabalho terapêutico mais longo, geralmente com problemática mais séria, envolvendo traumas precoces, desorganização psicológica, imaturidade psicológica etc. Algumas pessoas encontram na terapia um ambiente fundamental de acompanhamento de seu processo de vida, de auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal, onde são trabalhadastransformações profundas ao longo de vários anos. São situações em que o processo terapêutico não tem um prazo definido, em comum acordo entre o profissional e o cliente. Apesar de poder parecer, à primeira vista, um tratamento oneroso em termos de tempo e dinheiro, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um modo econômico de tratamento. Pesquisas indicam, por exemplo, que a psicoterapia diminui os índices de consumo de medicamentos, de internações hospitalares, de faltas no trabalho, etc(2). A psicoterapia tem se mostrado também um tratamento economicamente compensador por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados, trazem enormes prejuízos financeiros para a pessoa, sua família e mesmo para a economia do país (3). Os tratamentos psicológicos demonstram uma grande potência de transformação das vidas, compensando os investimentos realizados. O VÍNCULO NA PSICOTERAPIA O ser humano nasce, cresce e vive em ambientes vinculares . Destes ambientes depende seu bem estar e suas realizações na vida. Os problemas vinculares – da primeira infância à terceira idade – afetam profundamente a capacidade que as pessoas têm de amar, trabalhar e viver. A psicoterapia é um espaço para se esclarecer e transformar estas dificuldades vinculares. Este processo ocorre através de uma relação saudável com um profissional eticamente comprometido e tecnicamente qualificado. A base de uma boa terapia está na relação terapêutica. A boa terapia se desenrola num enquadre clínico com um vínculo que favorece este processo. Aí está um dos segredos desta arte e ciência: criar um ambiente que permita a revelação do mundo interno e favoreça o desenvolvimento do processo singular de cada um. Neste clima é possível que o ser mais oculto e amedrontado se mostre, seja ouvido e transforme-se, que o processo formativo possa prosseguir formando vida. POR QUE A PSICOTERAPIA FUNCIONA ? As pesquisas demonstram uma grande eficácia da psicoterapia (4).Mesmo as recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar como o tratamento psicológico age transformando o funcionamento cerebral. A eficácia do tratamento psicológico, que já era conhecida há várias décadas, tem sido corroborado recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências (5). Existem centenas de livros e pesquisas explorando e explicando porque a psicoterapia funciona. Porém, como simples exercício de compreensão, vamos listar alguns motivos para tentar entender um pouco sobre a efetividade da psicoterapia. No início da lista, organizada num continuum que vai do mais simples aomais complexo, temos aqueles motivos que são comuns a outras relações de ajuda, mesmo não profissionais, como uma conversa íntima com um amigo, uma conversa sobre um problema pessoal com um professor, um médico, etc. Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são próprios da psicoterapia, até aqueles que lhe são exclusivos – possíveis pelo meticuloso treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em sua trajetória de formação profissional. Eis alguns motivos pelos quais a psicoterapia funciona: 1 Ao dividir um problema você passa a ter “meio” problema. Compartilhar ajuda a aliviar a carga emocional e o sofrimento 2 Os vínculos de ajuda têm um poder curativo. É mais fácil superar as dores através de uma relação autêntica de respeito mútuo do que sozinho. A relação terapêutica é uma relação de ajuda, de compreensão e apoio. 3 O psicólogo clínico (psicoterapeuta) é um outro , com o olhar e a perspectiva de um outro, o que lhe ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe fazer perguntas diferentes, ajudá-lo a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível. Assim, a psicoterapia faz você parar para refletir sobre a própria vida e seu funcionamento mental. Parar, observar e refletir permite muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e aprofundamento da experiência de vida. 4 O psicoterapeuta conhece teorias psicológicas que ajudam na compreensão do que ocorre com você, auxiliam a identificar o que pode estar errado em sua vida, a direção que você está seguindo e as mudanças de rumo necessárias. A partir de seu conhecimento, o psicólogo pode apontar o queolhar, como olhar e o que fazer com o que se descobre, para que estas descobertas possam ser construtivas em sua vida. 5 O psicoterapeuta conhece métodos de investigação que tornam possível descobrir aspectos da sua personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada ou a uma conversa comum. Há um amplo espectro de técnicas de investigação psicológica que permitem esclarecer problemas de modo extremamente eficaz. 6 O psicoterapeuta domina técnicas terapêuticas que ajudam a realizar mudanças psicológicas. 7 O psicoterapeuta está preparado para te compreender a partir do vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita nele. Em seu treinamento ele afinou a si mesmo como instrumento de trabalho para reconhecer pequenas nuances do que você mostra na relação com ele (e consequentemente com “os outros”) e assim poder compreender seus modos de vinculação e suas dificuldades nos relacionamentos. 8 O psicoterapeuta é capaz de oferecer uma presença autêntica no vínculo com você. Esta relação funciona como catalisador de processos de mudança necessários em sua vida, incluindo a superação dos efeitos de traumas de relacionamentos anteriores. 9 O psicoterapeuta passou por todos estes passos anteriores, tendo estado em todos os papéis, como paciente, como profissional e como observador, o que o habilita a “sentir-se em casa” em situações difíceis, poder caminhar por terrenos inóspitos, cheios de sofrimento e problemas emocionais e saber ajudar seu paciente a encontrar um caminho de melhora. 10 O psicoterapeuta inicia seu paciente num caminho de transformação pessoal. Isto é possível porque o psicoterapeuta tem um know-how, um saber fazer que vai além do conhecimento formal, da teoria e da técnica. É um saber baseado na experiência, experiência pessoal e experiência clínica. Esta lista poderia ser estendida e aprofundada, mas pretendemos com ela apenas dar uma idéia ao público leigo da natureza do trabalho da Psicologia Clínica numa linguagem diferente daquela do universo teórico, técnico e científico habitual na Psicologia. UM CAMINHO DE MUDANÇA O processo terapêutico é como atravessar um túnel. Neste túnel você vai rever muitas cenas da historia da sua vida de um ângulo completamente novo, fazendo conexões inusitadas entre os eventos e percebendo a potência do passado para moldar quem você é hoje e a potência do presente para construir novas possibilidades de vida. Na travessia deste túnel você vai aprender a reconhecer os seus padrões de comportamento que levam você a se comportar de modo parecido em situações diferentes, muitas vezes “repetindo os mesmos erros”. Você vai aprender a reconhecer o “como” do seu comportamento, como você age,como se relaciona, como pensa,como sente e vai aprender caminhos para poder influenciar e transformar estes padrões. PSICOTERAPIA INDIVIDUAL É efetuada por psicoterapeuta credenciado. Pode ser Psiquiatra, Psicólogo, ou possuir outra formação académica, desde que tenha formação psicoterapêutica reconhecida e idónea efetuada por Associação ou Sociedade Científica com reconhecimento Internacional. Trata-se de um processo terapêutico de sessões de 50 minutos, com uma periodicidade semanal ou quinzenal. As sessões decorrem num espaço de associação livre de ideias. O terapeuta não sugere um tema no início da sessão. O paciente introduz e fala livremente dos temas que lhe ocorrem. Habitualmente são as preocupações que no momento o atormentam, mas livremente outros temas são também depois abordados. O terapeuta vai ajudando o cliente a olhar para os seus problemas de outros vértices de observação. Vai levantando outras questões que ainda não tinham sido descortinadas pelo paciente. Vai estabelecendo ligações entre acontecimentos atuais e vivências passadas marcantes, das quais o paciente muitas vezes não tem consciência. Confronta o paciente com aspectos da realidade para os quais não estava alerta, nomeadamente o impacto que os seus comportamentos podem ter nas suas relações interpessoais. Tudo isto num espaço relacional de confiança e proteção. Este trabalho é mútuo e interativo, é uma construção progressiva na direção da cura, sendo esta entendida como um processo de crescimento e desenvolvimento pessoal que resulta num maior grau de liberdade no funcionamento global. Existe um conjunto de regras que fazem parte deste tratamento e que são importantes conhecer. Confidencialidade mútua (terapeuta e cliente) Pontualidade/ assiduidade Caso as sessões sejam desmarcadas na hora ou na véspera haverá lugar a pagamento das mesmas Não deverão ocorrer contatos entre o terapeuta e o paciente fora do espaço do consultório Pode ser complementado com acompanhamento farmacológico psiquiátrico. Indicações para Psicoterapia Psicanalítica Individual: Perturbações ansiosas e /ou depressivas Conflitos laborais e dificuldades na adaptação à vida profissional Conflitos familiares Problemas na relação de casal (infertilidade, conjugalidade, parentalidade, infidelidade, sexualidade, monotonia, etc.) Stress Lutos (perdas de familiares - pais, filhos; amigos, colegas) Fobias e outros sintomas psiquiátricos Insegurança, baixa auto estima, timidez excessiva Problemas de identidade e/ou orientação sexual Problemas do comportamento e/ou agressividade Perturbações psicossomáticas diversas Dificuldade na integração em grupos sociais Dificuldades na intimidade/ sexualidade Este processo terapêutico ajuda à estruturação de uma personalidade mais saudável e adaptada à vida em sociedade. O aconselhamento para as diversas modalidades psicoterapêuticas não contempla regras gerais rígidas. Para cada caso deve ser feita uma avaliação personalizada que pode implicar consulta com diferentes especialistas (psiquiatra, psicólogo, ou outro) que avalia aspectos da personalidade do paciente (funcionamento relacional, carácter, temperamento, limites do eu, tendência para passagem ao ato, capacidade de cumprir regras, etc.), disponibilidade (geográfica, horários, económica), motivação.PSICOTERAPIA DE GRUPO A psicoterapia de grupo costuma ser um processo mais rápido do que a psicoterapia individual, além do custo financeiro ser menor, viabilizando o acesso para um número maior de pessoas. Em contrapartida, é uma modalidade de atendimento bastante rica, oferece oportunidades valiosas para ampliar o autoconhecimento, o crescimento pessoal e a assertividade nas relações. A dinâmica do grupo remete ao que vivenciamos no contexto social, familiar e profissional. Diferentemente da psicoterapia individual, onde a relação é composta somente pelo terapeuta e o cliente, restringindo aos recursos desses. Nesse contexto ampliado de psicoterapia, composto por vários indivíduos, passamos a nos conhecer melhor, a partir das observações dos nossos incômodos nessas interações e do feedback dos outros integrantes do grupo, a respeito do nosso jeito de ser e discursos. Os comportamentos aparecem mais claramente, principalmente a partir do impacto dos outros em nós, além de termos mais devolutivas quanto as nossas atitudes. As pessoas são diferentes e com as sessões vai-se ampliando a percepção não só de nós mesmos, mas também do outro e das realidades a nossa volta, acessando novos conhecimentos, experimentando olhares distintos e possibilitando diversos insights. Permitindo que crenças limitantes possam ser questionadas e que outras mais sustentadoras sejam desenvolvidas. Nesses contatos a singularidade de cada um também é confirmada, contribuindo para uma maior autoconfiança nos relacionamentos interpessoais e amorosidade consigo, estimulando o aprimoramento de habilidades sociais e a autoaceitação, que é imprescindível para mudanças. No decorrer dos encontros, vivenciam-se também sentimentos de pertencimento e empatia, atitudes de acolhimento e inclusão, tentativas de controle, desenvolvimento de afetividades e intimidades, assim como a dispersão e diluição. Ou seja, assim como bem disse Ribeiro (1994), “O grupo é uma miniatura da vida”. E para lidar melhor com ela, nada é mais propício do que se proporcionar participar de um grupo terapêutico, composto por pessoas que buscam assim como você, se melhorarem, evoluírem, contando também com o terapeuta como “guardião” dessas relações. Ou seja, “o outro deixa de ser o problema para ser a solução”. PSICOTERAPIA DE GRUPO COM CRIANÇAS 1 – Uma estrutura técnica para a Ludoterapia em Grupo: Dois fatores são responsáveis pela mudança de pensamento em relação a terapia de grupo, o primeiro: desenvolveu-se uma teoria sistemática com princípios e processos que podem ser testados cientificamente, segundo: a necessidade. O Objetivo do grupo é realizar mudanças básicas no equilíbrio intrapsíquico de cada paciente. Através do relacionamento, catarse, insight, prova de realidade e sublimação. A terapia da origem a um novo equilíbrio na estrutura da personalidade com um ego fortalecido, superego modificado e uma auto imagem melhorada. No grupo o paciente é compreendido e aceito por muitas pessoas que também estão honestamente partilhando seus sentimentos numa busca conjunta de um modo de vida mais satisfatório. O que avaliar no método da terapia e nos resultados: se o método facilita ou dificulta o estabelecimento de um relacionamento terapêutico; se acelera ou retarda a evocação da catarse; se auxilia ou obstrui a consecução do insight; se aumenta ou diminui as oportunidades para a prova da realidade e libera ou bloqueia canais para a sublimação. É menos ameaçador para a criança quando ela inicia a terapia acompanhada de duas ou três crianças juntas. “Na ludoterapia em grupo a presença de outras crianças parece diminuir a tensão e estimular a atividade e a participação.” O relacionamento com o terapeuta é desenvolvido de forma mais rápida e a confiança no tratamento de grupo. “A identificação é o processo crucial por meio do qual a experiência de grupo pode tornar-se terapêutica” Criança tem novos modelos de identificação, saindo da identificação apenas com os pais e passando para a identificação com os amigos do grupo e o terapeuta. A criança tímida e a hiperativa alcançam um equilíbrio saudável entre o mundo interior(fantasia) e o mundo exterior (realidade). O foco do tratamento é a criança individualmente, não são fixadas metas de grupo nem procura-se a coesão grupal. O membro do grupo não é só um receptor mas também um doador. (Formação do ego grupal). Na terapia individual a catarse acontece através do brincar, no grupo a catarse acontece também pelo brincar e pela verbalização (expressão simbólica). No grupo a catarse acontece pela associação livre e pela indução. “O grupo acelera a tomada de consciência da criança pela permissividade do contexto.” A catarse só acontece em um relacionamento que se tenha confiança para regredir e reviver as emoções primitivas. Insight é alcançado por pessoas que se tornaram emocionalmente preparadas para conhecer seu inconsciente. “Na ludoterapia o insight é tanto direto quanto derivativo e não verbal.” No grupo a estimulação mútua de ideias e sentimentos traz insights profundos. “Na ludoterapia de grupo as crianças são forçadas a reavaliar seu comportamento a luz das reações de seus pares.” A ludoterapia de grupo fornece um ambiente social tangível para a descoberta e experimentação de novos e mais sofisticados modos de relacionamento com os iguais. O grupo constitui um ambiente onde podem ser testadas novas técnicas visando o domínio da realidade e relacionamento inter-individuais. As crianças se ajudam no que diz respeito a tomar consciência das suas responsabilidades nas relações. O grupo proporciona uma segurança terapêutica as crianças podem ser defrontar direta e honestamente e experimentar uma proximidade emocional com os outros participantes do grupo. O grupo oferece motivação e apoio para as mudanças e uma zona segura para testar novas modalidades de comportamento. Na ludoterapia de grupo se reduz a propensão da criança a repetição, pois as crianças ensina umas ás outras a empregar uma variedade de materiais e a se empenhar num atividade, aumentando dessa forma a reserva das recursos sublimatórios em cada criança. Por exemplo, no grupo a criança pode usar de jogos competitivos para simbolizar a hostilidade contra os irmãos. Capitulo 2: A seleção de crianças para a Ludoterapia em grupo Casos de ajustamento social são indicados para terapia de grupo. Terapia de grupo não substitui a terapia individual, ela é benéfica apenas em casos especifico que devem ser cuidadosamente selecionados. Se a seleção é ao acaso a terapia não é apenas ineficaz mas também pode trazer prejuízos. Fome Social: desejo de uma pessoa ser aceito pelos outros. Em troca da aceitação de seus pares uma criança sente-se motivada a mudar seu comportamento. Crianças que não tiveram afeto e foram privados do contato com a mãe não são indicados para o grupo. Estudos de caso sobre o encaminhamento da criança, sua aparência, seu nível de maturidade ou imaturidade, seus modos pessoais de reagir a frustração, seu ajustamento a escola e aos colegas e o uso específico que faz nas horas de lazer auxiliam na escolha das crianças para o grupo. CASOS INDICADOS PARA A TERAPIA DE GRUPO: 1) Crianças tímidas: Nessa categoria incluímos crianças inibidas, esquizoides, submissas, medrosas, retraídas, isoladas, incomunicativas, reprimidas e humildes. Essas crianças tem dificuldade de se relacionar apenas com o terapeuta em um tratamento individual pois repetem o comportamento de isolamento. Devido ao grupo ser ativo trona-se difícil para a criança continuar na sua “concha”. 2) Crianças Imaturas: Aqui se encaixa as crianças que são aparentemente desejadas e amadas pelos pais mas não como indivíduo em crescimento com necessidades próprias. Crianças superprotegidas que não estão preparadas para a realidadeda vida e por isso precisam de uma experiência social fora da incubadora familiar. O grupo oferece motivação e apoio para o crescimento bem como uma arena segura para testar novos padrões de comportamento. Aprendem sobre seus comportamentos inadequados e se esforçam para mudar. 3) Crianças com reações fóbicas: Na terapia individual crianças fóbicas podem contornar sua ansiedade evitando as situações ameaçadoras. No grupo as outras crianças tendem a empenhar- se em atividades que exigirão da criança fóbica que ela faça algo a respeito dos seus temores neuróticos. 4) Meninos afeminados: São aqueles meninos que são criados em família apenas com mulheres ou se relacionam muito mais com mulheres. Sua identificação primária se deu com modelos femininos. Não gostam de brincadeiras agressivas. Nesses casos o grupo é indicado e o recomendado é que o terapeuta também seja homem. No grupo esses meninos vão ser expostos a situações que vão precisar usar da sua agressividade e assim vão desenvolvendo sua masculinidade. 5) Crianças “boazinhas”: São aquelas crianças que são excessivamente preocupadas com os outros, com a mãe, com as finanças dos avos, e querem cuidar do outro mais do que delas mesmas. No grupo a criança é obrigada a assumir uma posição ativa. 6) Crianças com Desordens nos Hábitos: São crianças com hábitos como roer as unhas, chupar o dedo. Suas lutas por maior independência são encorajadas por um adulto consistentemente permissivo e pela identificação com os membros do grupo mais autônomos. 7) Crianças com problemas de conduta: São as crianças que brigam ou são muito agressivas. Difícil estabelecer um vínculo de confiança com essas crianças. O grupo ajuda a aliviar a tensão que essas crianças sentem. “Quando a agressividade origina-se de psicopatia ou de outras condições caracterológicas ela não pode ser trabalhada exclusivamente em terapia de grupo”. CONTRA INDICAÇÃOES PARA A TERAPIA DE GRUPO: 1) Rivalidade intensa em relação aos irmãos: Essas crianças veem todos os integrantes do grupo como irmãos substitutos. Atormentam os companheiros de mil maneiras. Está hostilidade implacável não pode ser trabalhada em grupo. 2) Crianças sociopatas: Podem ser identificadas entre sete e oito anos, são crianças que são capazes de praticar extrema crueldade sem sentimento de culpa ou ansiedade, não tem empatia para com os outros integrantes do grupo. Tornam a vida das outras crianças miserável. Bloqueiam o progresso do grupo. Não são indicados para grupo e nem para o tratamento individual. 3) Crianças com impulsos sexuais precoces: São crianças que foram expostas a hiper estimulação ou presenciaram o ato sexual dos pais. No grupo estas crianças podem estimular seus colegas para os impulsos sexuais precoces. Estas crianças precisam de tratamento individual estabelecendo forte transferência para chegar nas interpretações diretas dos insights. 4) Crianças que passaram por abuso sexual: Crianças que passaram por essas experiências podem ou querer repetir isso no grupo ou influenciar o grupo para tendências sexuais. 5) Crianças que roubam: Essas crianças apresentam grande hostilidade para com a sociedade, podendo roubar dos colegas do grupo ou da sala de brinquedos. Geralmente roubam por sentir prazer e emoção e falam do roubo. As crianças que roubam apenas em casa podem ser colocadas no grupo pois elas não estão roubando os objetos mas sim o afeto que gostariam de receber dos pais. 6) Crianças extremamente agressivas: Essa agressividade deve ser profundamente avaliada antes de indicar tratamento para a criança, se a agressividade está relacionada a tendências masoquistas e homicidas, punição, não é recomendado o grupo. A atmosfera permissiva só encoraja os impulsos destrutivos da criança. 7) Reações a uma grande tensão: Crianças que estiveram expostas a graves traumas como guerras. “Uma terapia individual imediata é o melhor tratamento para estas crianças traumatizadas. A ansiedade gerada por eventos traumáticos recentes pode ser dissipadas através da repetida reinterpretação simbólica dos eventos pela criança” O principal fator a ser considerado na aceitação de crianças para a terapia de grupo é a fome social. Capitulo 3: A organização dos grupos A eficiência da ludoterapia em grupo, como de todo tratamento em grupo, depende grandemente da combinação harmoniosa dos pacientes. 1) Identificação corretiva: “O grupo deve consistir de crianças com síndromes diferentes, de forma que cada criança tenha a oportunidade de associar-se com personalidades diferentes e complementares a sua própria” (p.39) No grupo deve-se ter crianças ativas e passivas. Todo grupo de ludoterapia deve conter diversidades de modelo de identificação a fim de encorajar relações corretivas. 2) Libertação do Ridículo: No grupo a criança deve se sentir livre para efetuar seus comportamentos sem ser estigmatizado, por exemplo o menino que tem comportamentos de menina, no grupo ele consegue ser o que quer e elabora esse comportamento. “A sala de brinquedos deve ser um porto seguro contra a perseguição e essas relações devem favorecer a libertação do medo.” (p.40) 3) Tensão ótima: Os grupos tem seus limites para a tolerância a tensão e ansiedade. “Um grupo de terapia deve ser formado de tal forma que suporte elevações momentâneas de tensão, contudo, quando estouram as tempestades elas não devem durar muito.” (p.40) Grupos de crianças tranquilas são contraindicados. 4) Amigos e irmãos: Não devem ser colocados no mesmo grupo crianças que tenham contato umas com as outras fora do contexto da terapia. “Um dos objetivos da psicoterapia é substituir atitudes e relacionamentos antigos por novos.” (p.40) 5) Heróis Errados: Crianças antissociais não devem se tornar figuras dominantes no grupo. As crianças podem querer se identificar com este herói errado. 6) Neutralizadores: Precisa-se de crianças que coloquem um equilíbrio no grupo, estas seriam as neutralizadoras, as que num grupo agitado não sejam por demais perturbadas e que tenha um comportamento controlado. 7) Tamanho do grupo: O grupo de ludoterapia deve ser formado por no máximo cinco crianças, um grupo muito maior se torna muito agitado. No mínimo duas crianças. 8) Idade: Num mesmo grupo as crianças não devem divergir em idade mais do que doze meses. Deve- se prestar atenção ao nível de maturidade ou imaturidade da criança, sendo a criança muito madura para sua faixa etária pode participar de um grupo mais velho, isto é válido para as crianças imaturas que podem participar de grupo com a faixa etária mais baixa que a sua. 9) Inteligência: Crianças com retardo mental grave não são aceitas para tratamento de grupo de ludoterapia comum. Crianças mais “lentas” vão usar do brinquedo da mesma forma que as outras para elaborar seus problemas. 10) Grupos aberto ou fechados: Nos grupos abertos novas crianças podem ser aceitas durante o tratamento. Nos grupos fechados as crianças iniciam juntas o tratamento em grupo e nenhum outro integrante é aceito. “Na prática, os grupos de terapia infantil tendem a ser abertos.” (p.42) As crianças terminam ou interrompem o tratamento e têm que ser substituídas. 11) Grupos mistos: Mesclar meninos e meninas no mesmo grupo, cuidar com a idade. Segundo a autora antigamente as crianças menores participavam de grupos mistos e as crianças no período da latência participavam de grupos nos quais todos tinham o mesmo sexo. Capitulo 4: Diagnóstico diferencial através da observação do brinquedo da criança É importante observar as crianças para coloca-las no grupo, antes de iniciar o tratamento de grupo propriamente dito deve-se excluir qualquer possibilidade de autismo, lesão cerebral ou retardo mental grave. Com o brincar a criança demonstra facilidade em estabelecer relações pessoais, prazer no uso de materiais de brincar, habilidades em usar de saídassubstitutas para os impulsos primitivos, tendência de evitar exagero emocionais. 1) Relações Pessoais: “A criança normal aprecia a companhia de outras crianças e dispõe de uma variedade de técnicas sociais para lidar com elas.” (p.46) É sensível ao sentimento de seus companheiros e está disposta a partilhar com eles brinquedos e ideias. Consegue brincar e fazer trocas afetivas. 2) Materiais para brincar: A criança normal utiliza os materiais de uma forma imaginativa e suas criações são funcionais. O sentimento de segurança da criança normal é manifestado através da tranquilidade com que ela afasta problemas que provocam grande preocupação ás crianças perturbadas. 3) Saídas Substitutas: Crianças normais aceitam as sugestões do terapeuta, por exemplo, pintar no papel ao invés de pintar a parede. 4) Evitar Extremos: Criança normal mantem um equilíbrio emocional e age sem timidez ou violência. Suas ações e reações são flexíveis. O BRINQUEDO DAS CRIANCAS DESAJUSTADAS: 1) Inibição excessiva: Crianças desajustadas não interagem com o grupo. Tem dificuldade de se separar da mãe e entrar na sala de ludoterapia. Sente-se cm vergonha e tem tendência a criticar tudo que é feito no grupo. 2) Agressividade Excessiva: (desajuste emocional) Essas crianças tendem a tomar conta da sala de brinquedos. Tendem a dominar e explorar as outras crianças. “Atacam outras crianças, quebra deliberadamente os brinquedos e projeta nos outros suas más ações.” (p.49) Essas crianças não aceitam o limite e não assumem seus sentimentos. MANIFESTAÇÃO DE LESÃO CEREBRAL: 1) Hiper-atividade: é uma característica de lesão cerebral. Tem energia em abundância mas pouca concentração. Distrai-se facilmente. 2) Perseverança: Crianças com lesão cerebral são incapazes de mudar espontaneamente de um tipo de brinquedo para o outro, ela continuará a executar as ações mesmo depois que elas perderam seus significado. Faz os mesmos comportamentos e os mesmo questionamentos. 3) Controle Motor: é característica da criança com lesa cerebral um mau controle motor. Demonstra aptidão no pegar e segurar as coisas, tropeça com frequência. 4) Inaptidão social e emocional: Crianças com lesão cerebral desejam a companhia das outras, mas podem demonstrar atos de contato físico excessivo. É incapaz de aprender e seguir as regras do jogo. 5) Atenção Excessiva a minucias (detalhes): Crianças com lesão cerebral prestam o máximo de atenção aos detalhes. Também apresenta reação exagerada a ferimentos fiscos, chora com facilidade. 6) Afasia (ausência de fala): Dificuldade em falar ou compreender a linguagem, ou de usa-la para o raciocínio logico. Grande parte da fala da criança com afasia é automática. SINAIS DA DEFICIENCIA MENTAL: 1) Desempenho ao brincar: Criança com deficiência mental não é capaz de usar o brinquedo de forma adequada, não conseguem inventar outras utilidades para o brinquedo. 2) Comportamento Social: Em seus brinquedos a criança com retardo mental procura o auxílio do terapeuta. Tem reações adequadas a situações mas não á sua idade cronológica. Seu desempenho é adequado á sua idade mental. MANIFESTAÇÕES DE PSICOSE: Comportamento bizarro, extremo auto isolamento, distúrbio da linguagem, reações aberrantes á dor física e uma insistência inflexível na preservação da uniformidade. 1) Comportamento Bizarro: Na sala de brinquedos a criança psicótica pode permanecer estática numa só posição, não mostra sinal de medo. Não demonstra traço cultural, masturba-se abertamente, urina em público e suja-se sem constrangimento. Leva tudo a boca indiscriminadamente. Evita olhar nos olhos das pessoas e não corresponde aos sorrisos dos colegas. 2) Auto isolamento: Não são os outros que excluem a criança psicótica, ela mesma faz isso, sempre se exclui, não responde de forma diferenciada ao fracasso ou a cordialidade de alguém. 3) Distúrbios da Linguagem: Podem ir desde o fracasso em desenvolver a fala até o uso extremo das palavras. Não demonstra interesse na comunicação. 4) Reação a dor (extrema): Crianças psicóticas ou sentem dor demais ou não sente dor alguma. 5) Insistência na uniformidade: A insistência da criança psicótica na preservação da uniformidade reflete-se em atividades ritualísticas. Seu comportamento é voltado para o seu próprio eu. Faz tudo sempre da mesma forma e tem dificuldade para aceitar uma mudança na rotina. RESUMINDO: “As crianças neuróticas apresentam excesso de inibição ou agressividade. As crianças com lesão cerebral evidenciam um comportamento caracterizado por hiperatividade, perseverança, mau controle motor, inaptidão social, reação excessiva a minucias e uma variedade de dificuldades de linguagem. As crianças mentalmente retardadas demonstram pouca consciência das funções dos brinquedos e nenhuma inventividade ou variedade em seu uso. O comportamento das crianças psicóticas na sala de brinquedos é marcado pela estranheza, auto isolamento extremo, incansável na preservação da uniformidade,.” (p.57) ABORDAGENS - PSICOTERAPiA Abordagem centrada na pessoa A abordagem centrada na pessoa, originalmente terapia centrada na pessoa, é uma abordagem psicoterapêutica desenvolvida por Carl Ransom Rogers e seus colaboradores. Carl Rogers é tido como o primeiro psicólogo a abordar as questões principais da Psicologia sob a ótica da “Saúde Mental”, ao contrário de outros estudiosos cuja atenção se concentrava na ideia de que todo ser humano possuía uma neurose básica. Rogers rejeitou essa visão, defendendo que, na verdade, o núcleo básico da personalidade humana era tendente à saúde, ao bem-estar. Tal conclusão sobreveio a um processo meticuloso de investigação científica levado a cabo por ele, ao longo de sua atuação profissional. A partir dessa concepção primária, o processo psicoterapêutico consiste em um trabalho de cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse núcleo da personalidade, obtendo-se com isso a descoberta ou redescoberta da autoestima, da autoconfiança e do amadurecimento emocional. Há três condições básicas e simultâneas defendidas por Rogers como sendo aquelas que vão permitir que, dentro do relacionamento entre psicoterapeuta e cliente, ocorra a descoberta desse núcleo essencialmente positivo existente em cada um de nós. São elas: • a consideração positiva incondicional • a empatia • a congruência Em linhas gerais, ter consideração positiva incondicional é receber e aceitar a pessoa como ela é e expressar um afeto positivo por ela, simplesmente por ela existir, não sendo necessário que ela faça ou seja isto ou aquilo; a empatia, por sua vez, consiste na capacidade de se colocar no lugar do cliente, ver o mundo pelos olhos deles e sentir como ele sente, comunicando tal situação para ele, que receberá esta manifestação como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo compreendido, não julgado; por último, é a congruência a condição que permitirá ao profissional, embora nutra um afeto positivo e incondicional por seu cliente e tenha a capacidade de “estar no lugar” dele, a habilidade de expressar de modo objetivo seus sentimentos e percepções, de modo a permitir ao cliente as experiências de reflexão e conclusão sobre si mesmo. O interessante na abordagem rogeriana é que a aplicação do seu método em psicoterapia, passa por um processo de amadurecimento do próprio psicoterapeuta, já que ele não pode simplesmente apropriar-se da “técnica”, antes que lhe seja próprio e natural agir conforme as condições desenhadas por Rogers. Percebe-se então, por exemplo, que a expressão de uma afetividade incondicional só ocorre devidamente se brotar com sinceridade do psicólogo; não há como simular tal afetividade. O mesmo ocorre com a empatia e com a congruência. Por isso se dizque não existe uma “técnica rogeriana”, mas sim psicólogos cuja conduta pessoal e profissional mais se aproximam da perspectiva de Carl Rogers. Outro ponto a considerar é que após longos estudos, Carl Rogers chegou a conclusão de que as três condições que descobriu são eficazes como instrumento de aperfeiçoamento da condição humana em qualquer tipo de relacionamento interpessoal, tais como: na educação entre professor e aluno; no trabalho entre chefes e subordinados; na família entre pais e filhos ou entre marido e mulher. ABORDAGEM CORPORAL Psicoterapia corporal também chamado de psicoterapia orientada para o corpo, é uma abordagem para psicoterapia que aplica princípios básicos de psicologia somática. Originou-se no trabalho de Pierre Janet, Sigmund Freud e particularmente Wilhelm Reich que o desenvolveu como vegetoterapia. Dentre as modalidades de terapia corporal, a análise bioenergética é uma psicoterapia relacional enraizada nas diferentes funções do self: sua função energética, sensorial, muscular, emocional e representações mentais. A abordagem terapêutica combina o trabalho com processos energéticos, movimento, postura, expressão emocional, imagens, análise psicológica e experiência relacional. Lida com a liberação do organismo das tensões musculares crônicas. Facilita a aprendizagem da auto-regulação dos afetos; como lidar com intimidade afetiva e dificuldades sexuais; como compreender e dissolver formas repetitivas e dolorosas de se relacionar. O processo terapêutico inclui experiência corporal e interação entre cliente e terapeuta. "Quando você não tem palavras para seus sentimentos, para o que lhe aconteceu, para o que está faltando em você, ouvimos a sua ressonância interna - os segredos silenciosos - que vivem em seu corpo. Ajudamos a sentir e amplificar esta ressonância interna até que o seu movimento esteja suficientemente próximo da superfície para penetrar na consciência." (Robert Lewis, M.D) O processo metodológico se baseia na compreensão dos padrões primários de apego e das respostas caracterológicas aos déficits, traumas e conflitos que se desenvolveram durante a vida. Examina-se a história pessoal, como ela influencia a estrutura do self, assim como a forma e a motilidade do corpo, e particularmente o impacto nos relacionamentos e na capacidade para o prazer, a alegria e socialização. ABORDAGEM PSICANALÍTICA A psicanálise preocupa-se em entender como funciona a mente humana, partindo do princípio de que muitos dos processos psíquicos são inconscientes. Na abordagem psicanalítica, nossas emoções e atitudes são o resultado de fatores dos quais não temos consciência. O paciente é levado a refletir e se enxergar de outra maneira durante a abordagem psicanalítica. Com o auxílio do psicólogo, durante as sessões de análise, o paciente passa a conhecer melhor a própria mente e a identificar a razão de seus sentimentos, conflitos e emoções. A pessoa é vista como um todo na abordagem psicanalítica. Não são considerados somente os sintomas e circunstâncias atuais, mas é feito um acompanhamento muitas vezes durante anos, observando o cotidiano do paciente e suas reações diante de várias situações e, também, suas relações interpessoais. Entendendo o problema e identificando sua origem Quando ouvimos falar em psicanálise, logo nos vem em mente o retorno ao passado para entender o presente. Porém, nem sempre acontecimentos vividos na infância ou a influência dos pais têm reflexos diretos em nossas atitudes. É necessário entender o problema e identificar a origem, se remete ao passado ou pertence ao presente e tratá-lo da forma correta, sempre respeitando as condições do paciente em falar sobre determinado assunto. O tratamento psicanalítico não se propõe somente a tratar de distúrbios psíquicos, mas também é válido para aquelas pessoas que procuram se conhecer melhor e buscam novas perspectivas. O papel do psicólogo Outra associação que fazemos ao pensar em psicanálise é a imagem do paciente no divã em conversa com o psicólogo. Nem sempre é exatamente assim. O paciente senta numa poltrona ou cadeira confortável e fala frente a frente com o psicólogo. Tudo baseado em uma relação de respeito e confiança entre os dois. O diálogo é a principal ferramenta para a abordagem psicanalítica. O psicólogo leva o paciente a se voltar para dentro e descobrir no inconsciente a razão para seus sofrimentos psíquicos, suas atitudes e sensações. Desta forma, ele colabora para que o objetivo da abordagem psicanalítica seja alcançado. Psicólogo e paciente não precisam necessariamente se tornar amigos. Porém, para o tratamento ser eficaz, é importante que a relação seja próxima, principalmente no que se refere à confiança. Ajustando comportamentos É fundamental que haja sinceridade e disponibilidade por parte do paciente para falar livremente sobre situações de sua vida, seus sentimentos, suas fantasias, sua história. Cabe ao profissional ouvir atentamente e desvendar o que leva o paciente a apresentar certos desequilíbrios. A partir da identificação da origem de uma determinada emoção ou atitude, inicia-se o tratamento para ajustar o comportamento e, assim, aliviar o sofrimento psíquico do paciente. A terapia leva o paciente, na maioria das vezes, a resultados duradouros e melhora significativamente a qualidade de vida dele. ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Terapia Cognitiva é um sistema de psicoterapia, proposto e desenvolvido pelo Dr. Aaron Beck e seus colaboradores, que integra um modelo cognitivo de psicopatologia e um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas baseadas diretamente nesse modelo. Em meados da década de 1950, o Dr. Beck, Professor de Psiquiatria da Universidade da Pennsylvania em Philadelphia e um eminente Psicanalista, conduziu estudos empíricos para comprovar princípios psicanalíticos. A partir de seus estudos, propôs um modelo de depressão, que, evoluindo em seus aspectos teórico e aplicado, constitui-se em um novo sistema de psicoterapia, que ele denominou inicialmente de Terapia Cognitiva e que hoje é mais amplamente conhecida como Terapia Cognitivo-Comportamental. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) baseia-se na hipótese de vulnerabilidade cognitiva como um modelo de transtorno emocional. Seu princípio básico, que reflete uma postura construtivista, é de que nossas representações de eventos internos e externos, e não um evento em si, determinam nossas respostas emocionais e comportamentais. Nossas cognições ou interpretações, as quais refletem formas idiossincráticas de processar informação e representar o real, constituiriam a base dos transtornos emocionais, os quais seriam definidos, em TCC, mais propriamente como transtornos de processamento de informação. Fundamentada no princípio básico da TCC e, em particular, na hipótese de primazia das cognições sobre as emoções e comportamentos, em TCC busca-se a reestruturação cognitiva, a partir de uma conceituação cognitiva do paciente e de seus problemas. Inicialmente, objetiva devolver ao paciente a flexibilidade cognitiva, através da intervenção sobre as suas cognições, a fim de promover mudanças nas emoções e comportamentos que as acompanham. Ao longo do processo terapêutico, no entanto, atua diretamente sobre o sistema de esquemas e crenças do paciente a fim de promover sua reestruturação. Em paralelo à reestruturação cognitiva, o terapeuta cognitivo utiliza ainda uma abordagem de resolução de problemas. A TCC reflete aspectos interessantes em sua praxis. Baseia-se na noção de esquemas, construídos ao longo do desenvolvimento, cujo conjunto resume as percepções pelo indivíduo de regularidades do real com base em suas experiências históricas relevantes. Esquemas são definidos como superestruturas cognitivas que, em uma relação circular, organizam nossas experiências do real e são atualizados por elas, ao mesmo tempo em que guiam o foco denossa atenção. TCC adota uma abordagem estruturada, mas apóia-se em uma relação colaborativa entre o terapeuta e o paciente, na qual ambos têm um papel ativo através do processo psicoterápico. Objetiva não apenas a resolução dos problemas imediatos do paciente, mas, através da reestruturação cognitiva, busca dotá-lo de um novo conjunto de técnicas e estratégias cognitivas para, a partir daí, processar e responder ao real de forma funcional, sendo o funcional definido como formas que concorrem para a realização de suas metas. Características que a distinguem de outras formas de psicoterapia são o tempo curto e limitado e a eficácia comprovada através de estudos empíricos, em várias áreas de transtornos emocionais, como depressão, transtornos de ansiedade (transtorno de ansiedade generalizada, fobias, pânico, hipocondria, transtorno obsessivo-compulsivo), dependência química, transtornos alimentares, dificuldades interpessoais (terapia de casal e de família), transtornos psiquiátricos, etc., para adultos, crianças e adolescentes, nas modalidades individual e em grupo. Sua utilização no tratamento de psicoses apresenta resultados encorajadores. TCC ainda é indicada como coadjuvante no tratamento de transtornos orgânicos, e em intervenções nas áreas de educação, organizações e esportes. ABORDAGEM EXISTENCIAL Não sendo uma verdadeira escola psicológica, é uma atitude que tem influenciado quase todas as formas de terapia que surgiram em oposição à psicanálise ortodoxa. Aliando-se à chamada terceira força em psicologia, a psicologia humanista passou a ser considerada existencial-humanista. Por existencialismo entende-se “o conjunto de doutrinas segundo as quais a filosofia tem como objetivo a análise e a descrição da existência concreta, considerada como ato e como uma liberdade que se constitui afirmando-se que tem unicamente como gênese ou fundamento esta afirmação de si” (Jolivet, 1975). Não se trata de uma única doutrina. Entretanto, existe algo de comum entre eles, que é a preocupação em compreender e explicar a existência humana. O existencialismo moderno surgiu na França e na Alemanha há mais de 40 anos. Parece não haver dúvidas em que o pensamento filosófico existencial procede das meditações de Kierkegaard, mas Heidegger, Sartre, Jaspers, Nietzsche, Buber são também nomes importantes na expressão da convicção de que a realidade última somente pode ser encontrada na existência individual e concreta. O existencialismo caracteriza-se primeiramente pela afirmação de que a “existência precede à essência”. Até o século XIX, o pensamento predominante era intelectualista. Hegel faz uma tentativa de compreender o mundo racionalmente. Acreditando em uma razão universal, acredita também que nossos pensamentos e sentimentos apenas têm significado por que cada sentimento ou pensamento está ligado à nossa personalidade; toma lugar em uma história e um estado, isto é, em uma época específica na evolução dessa idéia universal. Não há como compreender a nossa interioridade, segundo ele, se não formos primeiro à totalidade do nosso self, depois para a totalidade da espécie humana e chegando à totalidade maior que é a idéia absoluta. O homem era visto como uma idéia universal. A essência ficava, pois em primeiro plano. O existencialismo focaliza o ser particular e concreto cuja responsabilidade e liberdade se fazem presentes. É o homem a categoria central da existência na expressão de Kierkegaard. E o que são essência e existência? A essência de uma coisa é o que resta, despojando-se-lhe de todo o contingente. É a coisa em si sem precisar de algo que a qualifique. A existência não é caracterizada como uma entidade estável, senão como uma relação constante consigo mesma e como o mundo; é uma contínua criação, um contínuo vir-a-ser. “Existência precede à essência” significa dizer que o homem precisa escolher a cada momento o que será no momento seguinte; só existindo poderá ser. Significa dizer que o indivíduo é um ser de quem não se pode afirmar nenhuma essência, uma vez que a essência invocaria uma idéia permanente e contraditória como a proposta de autocriação. Segundo Tillich (1952), o existencialismo “é um elemento inserido no essencialismo. A fim de descrever o negativo no ser e na vida, é necessário considerar seu impacto sobre o positivo, mas somente através desse impacto o negativo adquire realidade. Não existe nenhuma descrição existencialista do negativo na situação humana sem uma imagem subjetiva do que o homem é essencialmente e, por fim, deveria ser”. Para ele, é possível descrever a natureza essencial do homem, assim como a sua situação existencial. Na sua expressão existe uma natureza particular, que é a capacidade para criar-se. O que se questiona é a forma pela qual essa capacidade é possível e como é estruturada. O existencialismo puro não existe, nem na teologia nem na filosofia, já que só pode existir dentro do marco essencialista. Assim, só pode haver liberdade de criação se houver uma infra-estrutura na qual o indivíduo atua. ABORDAGEM ANALÍTICA Carl Jung é o pai da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana ou complexa. Essa teoria é muito importante para a compreensão do inconsciente e da personalidade humana. Vida e obra de Carl Jung Nascido em Kresswil, Suíça, em 26 de julho de 1875, Carl Gustav Jung formou-se em Medicina, em 1900, passando a trabalhar no hospital psiquiátrico Burgholzi, em Zurique. Em 1903, publicou “Psicologia e Patologia dos Fenômenos ditos Ocultos” e posteriormente, mais três trabalhos que tratavam sobre a relação entre complexos afetivos e sintomas das psicoses. No ano de 1907, conheceu Sigmund Freud e, a partir daí, eles desenvolveram muitos trabalhos juntos. Porém, em 1912, por conta de divergências, tiveram atritos e se distanciaram. Após o rompimento, Freud continuou estudando a psicanálise, enquanto Carl Jung criou a psicologia analítica. Jung também era estudioso da alquimia, mitologia e da história das religiões. Isso foi importante para a construção da sua teoria. A abordagem da psicologia analítica O analista é um ouvinte e observador, que se atenta a tudo o que o paciente fala. Procura deixá-lo à vontade, mas faz pequenas interrupções no seu discurso, de modo a orientá-lo para que ele mantenha o foco e reflita sobre as próprias palavras e pensamentos. O profissional se coloca como um indivíduo suscetível a passar pelos mesmos problemas do outro, com a diferença de que ele foi treinado para ajudar as pessoas a enfrentarem isso. Dessa forma, o analista e o paciente mantém uma relação de troca de aprendizado. Ferramentas usadas na psicologia analítica Além do discurso verbal, a psicologia utiliza outras ferramentas, como manifestações artísticas variadas e a amplificação, que possibilita a associação de mitologia aos relatos do paciente. Outra ferramenta usada é a caixa de areia: uma caixa, contendo areia e diversas miniaturas, é colocada para que o sujeito manuseie e crie a cena que quiser. Também utiliza a imaginação ativa, que consiste em usar o potencial imaginativo do paciente para integrar conteúdos internos ainda não conscientes. Carl Jung e os principais arquétipos da personalidade Para Carl Gustav Jung, todas as pessoas possuem uma herança biológica e outra psicológica, que definem o comportamento. Ele afirma que existem estruturas universais provenientes do inconsciente coletivo, os arquétipos. São eles: Ego Emerge do inconsciente e, juntamente com ele, forma o centro da consciência. O ego faz com que o indivíduo planeje as ações antecipadamente e o protege do que ameaça a sua consciência. Persona A forma como o indivíduo se apresenta para o mundo: vestimenta, comportamento, vocabulário. Sombra É o centro do inconsciente pessoal. É tudo o que a consciência reprime, como desejos que são considerados incompatíveis com a persona do indivíduoe com padrões sociais. Anima ou Animus Representa a estrutura inconsciente do sexo oposto, presente em cada indivíduo. Para o homem é anima e, para a mulher, animus. As maiores influências desse arquétipo são os pais. Self O centro do ser e tudo o que diz respeito ao inconsciente e consciente, que se completam. Significa a totalidade do ser e a reconciliação de polaridades. O desenvolvimento do self é consequência de um longo processo de compreensão de si mesmo. ABORDAGEM GESTÁLTICA “Gestalt-Terapia, embora formalmente apresentada como um tipo de psicoterapia, é baseada em princípios que são considerados como uma forma saudável de vida. Em outras palavras, é primeiro uma filosofia de vida, uma forma de ser, e com base nisto, há maneiras de aplicar este conhecimento de forma que outras pessoas possam beneficiar-se dele.” (Perls) Há um tempo atrás, quando se falava em Psicologia ou psicoterapia, a maioria das pessoas logo pensava na Psicanálise de Freud ou comentava de um filme com um divã e um profissional atrás só ouvindo sem falar nada, ou confundia com a Psiquiatria, especialidade da Medicina… Enfim, muitas dúvidas surgiam e ainda surgem! Mas a Gestalt-terapia veio cada vez mais conquistando seu espaço e hoje já é considerada uma das principais abordagens da Psicologia. E algumas pessoas têm me perguntado sobre ela! Por isso, vou falar um pouco sobre essa abordagem que é minha grande paixão. Nela que me baseio para formar minha visão de homem e de mundo e que utilizo como método de trabalho. Para contextualizar, a Gestalt-Terapia surgiu em 1951, fundada por Fritz Perls, mas ganhou força na década de 60, nos Estados Unidos, em um movimento de contra-cultura, com o objetivo de ser anti- intelectualista, anti-racionalista, anti-mecanicista, anti-explicativa e anti-determinista, bem diferente das psicoterapias disponíveis, sendo revolucionária para o cenário da época. Em um momento em que se dava mais valor à razão, ao intelecto, que se entendia o funcionamento do homem com uma visão mais determinista ou biológica, em que o foco do tratamento era a doença ou o sofrimento… Ela surgiu com uma visão mais integrada de homem e de mundo, valorizando sensações, sentimentos e emoções, focando no campo/meio/ambiente, enfatizando as relações, o contato, a conscientização organísmica e não mais a racional, com mente e corpo como uma unidade, sem cisão, e com foco na saúde e no crescimento. Isso se deu pois a Gestalt-terapia possui uma visão holística de homem e de mundo,enxergando-os como um todo, em relação, onde um afeta o outro o tempo todo, integrados, sem essa cisão entre mente e corpo já citada, onde o sentir, o pensar e o agir precisam estar em congruência, em sintonia, sendo confirmados e respeitados pelo sujeito para que haja saúde. Quando há um sintoma, por exemplo, como ansiedade, fobia, depressão, tique, entre outros, a Gestalt- terapia entende isso como apenas uma parte do sujeito, que tem sua totalidade, portanto o foco não fica nessa questão especificamente, mas em sua vida, seu funcionamento, seus gostos, medos, expectativas, enfim, no sujeito como um todo. E entende que essa é sua melhor forma de estar no mundo naquele momento, ou seja, foi seu ajustamento possível, mas que pode ser ressignificado e atualizado e desenvolvido e melhorado! É que a Gestalt-terapia acredita no potencial humano, na mudança e no crescimento e enxerga a vida como um processo, em constante movimento, fluido, que se atualiza sempre… Com o homem em busca da sua melhor forma de estar no mundo no momento presente! (A palavra Gestalt é alemã e não tem tradução literal para o português, mas possui o sentido de “forma”, de “configuração”.) E cada pessoa à sua maneira, pois a Gestalt-terapia compreende cada sujeito como um ser único e singular, que se percebe e percebe o mundo do seu jeito, jeito este construído a partir das suas relações e experiências vividas ao longo de toda sua vida. Ok, mas como isso acontece na prática? Então vamos lá… O processo terapêutico tem como objetivo principal a busca pela awareness, palavra também sem tradução, mas que quer dizer uma ampliação ou tomada de consciência ou ainda conscientização, que é baseada na experiência atual do sujeito, de uma forma integrada sobre seu próprio funcionamento: o que sente, o que pensa e como age (ou como se bloqueia) para suprir suas necessidades atuais devem ser percebidos, permitindo-o fazer escolhas que atendam a isso, em busca de sua auto-realização, equilíbrio e bem-estar. Para que isso ocorra, o foco do processo terapêutico está na relação terapêutica, onde o terapeuta caminha junto com o cliente, a fim de que ele perceba suas necessidades genuínas, baseadas no sentir, pensar e agir congruentes, e ampliando seus recursos e seu auto-suporte, tornando-o capaz de fazer suas melhores escolhas, assumindo responsabilidade sobre as mesmas. Isso resulta em uma atitude mais autônoma e integrada no mundo, dentro de suas possibilidades naquele momento! Diversos estudos já demonstraram que a relação terapeuta-cliente, baseada em empatia, vínculo e confiança, entre outros elementos, é o fator decisivo no sucesso de um processo psicoterapêutico. E a Gestalt-terapia é uma abordagem que considera a própria relação terapêutica como sua maior técnica e sua principal ferramenta de trabalho, que visa ao crescimento e desenvolvimento do cliente, que encontra sua melhor forma de estar no mundo no momento presente! ABORDAGEM PSICODRAMÁTICA A palavra drama designa-se “ação” no grego. Portanto, entende-se por psicodrama como um método de trabalho que se propõe em investigar os fenômenos psicológicos através da ação, isto é, um modelo terapêutico que explora a representação dramática, que possibilita o livre desempenho de papeis e seus vínculos, trabalhando para ampliá-los. O Psicodrama pode ser definido como uma ciência que busca a verdade por meio de métodos dramáticos e usa a ação como uma forma de investigar a alma humana (MORENO, 1999). O método foi criado por Jacob Levy Moreno (1889-1974) um psiquiatra romeno que viveu na Áustria e nos Estados Unidos. Assim, essa forma de trabalho surge no teatro de improviso. No ano de 1925 o psiquiatra fundou o Teatro da espontaneidade, no qual, convidava, ousadamente as pessoas para exporem sua história de forma espontânea. A principal característica do método é a dramatização. Durante a sessão, esse processo pode ser feito de modo grupal ou individual; o coordenador convida o sujeito a protagonizar uma situação conflituosa e realiza intervenções específicas a fim de aprofundar as relações e vínculos no aqui e agora. Assim, o psicodrama se constitui uma prática eficaz no tratamento de diversas situações psicológicas, propiciando saúde, mudanças de atitude, transformamações, percepção de fenômenos, e desenvolvimento de papeis. Sendo assim, profissionais da área clínica tem se dedicado em estudar e desenvolver o método como conhecimento teórico e prático no manejo do sofrimento humano. 2. A Origem do Psicodrama O origem do psicodrama se deve a Jacob Levy Moreno (1889-1974) que foi um psiquiatra romeno, de origem judaica, que estudou Medicina em Viena entre os anos de 1909 a 1917, ano em que completara 28 anos. Sua paixão pelo teatro vem da infância. Conta-se que gostava de reunir amigos para representar. A adolescência em Viena foi uma fase mais mística de sua vida. Segundo seu biógrafo René F. Marineau, Moreno começou a reunir um grupo de amigos e discípulos à sua volta em 1908. Juntos criaram a religião centrada em criatividade, encontros e anonimato. Ajudavam pobres e refugiados, deixavam crescer a barba e dedicavam um bocado de tempo a discutir questões teológicas e filosóficas (MARINEAU, 1992, p. 41). Em 1922, Moreno alugou um teatro, propriedade do pai de uma famosa atriz na época, a que dá o nome de Teatro de Espontaneidade. Todas as noites ali
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