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- ESCON - ESCOLA DE CURSOS ONLINE CNPJ: 11.362.429/0001-45 Av. Antônio Junqueira de Souza, 260 - Centro São Lourenço - MG - CEP: 37470-000 MATERIAL DO CURSO INTRODUÇÃO À ANÁLISE CLÍNICA APOSTILA ANÁLISES CLÍNICAS – EXAMES LABORATORIAIS ANÁLISES CLÍNICAS – EXAMES LABORATORIAIS As análises clínicas por meio de exames são cotidianamente requisitadas por médicos de diversas especialidades, para complementar o exame clínico e acompanhar as condições de saúde de um paciente. Isso significa que além dos postos de coleta de fluidos (laboratórios, clínicas e outras unidades), as análises clínicas são marcadas pelo trabalho dos profissionais e tecnologia envolvidos. O VERDADEIRO SIGNIFICADO DAS ANÁLISES CLÍNICAS As análises clínicas fazem parte de um conjunto de exames que possui a finalidade de verificar o estado de saúde de um paciente ou investigar doenças, estamos falando dos exames de rotina, check-ups, dentre outros. Por intermédio do estudo de material biológico colhido do paciente, como por exemplo, sangue, urina, saliva, fezes, esperma, fragmentos de tecido, líquido sinovial, pleural, líquido cefalorraquidiano, pus, etc, a análise é realizada. A coleta pode ser feita no próprio laboratório onde são feitas as análises ou em locais como um hospital, clínica, postos de coleta ou até mesmo no domicílio e local de trabalho do paciente. Os laboratórios de análises clínicas estudam cada uma dessas amostras em setores específicos, conforme o composto bioquímico ou suspeita clínica que se pretende investigar. Alguns deles são: Uroanálise Microbiologia Parasitologia Hematologia Bioquímica Imunologia EXAMES DE LABORATORIAIS Até aqui já sabemos que os laboratórios de análises clínicas são divididos em setores, que estudam com cautela cada uma das amostras biológicas colhidas. No setor de hormônios, moléculas produzidas por glândulas e que possuem efeito específico sobre uma ou mais partes do corpo, os exames dizem respeito a função tireoideana, reprodutora, entre outros. Dosagens de PSA e TSH são exemplos de exames que compõem este grupo. Doenças relacionadas a alterações na capacidade de defesa do organismo (imunidade) e resposta contra infecções como a rubéola, a toxoplasmose e a dengue, são investigadas no setor de imunologia. No setor de bioquímica, os exames realizados dizem respeito a investigação do funcionamento dos processos metabólicos do organismo. Exemplos: glicose, colesterol, triglicerídeos, exames de função hepática, função renal, função cardíaca, eletrólitos, etc. O setor de hematologia, por sua vez, investiga condições relacionadas ao sangue e suas frações, sendo o Hemograma o exame mais comum entre as solicitações médicas dentro deste grupo. Este tipo de exame é frequentemente solicitado devido à relevância do sangue em sinalizar alterações em diferentes partes do organismo, já que este sistema de vasos conecta todo o corpo. O setor de microbiologia realiza exames como cultura de urina, orofaringe e outras secreções. Esses exames balizam o diagnóstico de doenças infecciosas relacionadas, por exemplo, à atividade bacteriana nociva no organismo. Assim como o hemograma, a análise de urina pode ser muito importante para a detecção de determinadas substâncias capazes de indicar a presença de alguma patologia que não apresente sintomas. É no setor de uroanálises que essa investigação irá começar. Por fim, o setor de parasitologia é responsável por pesquisar a presença de determinados microrganismos como vermes e alguns protozoários. São realizados exames como: parasitológico das fezes, pesquisa de sangue oculto, entre outros. O que muitos não sabem é que as análises microscópicas de células e tecidos provenientes de biópsias também são uma categoria de exame de análises clínicas. ETAPAS DOS EXAMES No laboratório ou outra unidade de coleta, o paciente terá as amostras biológicas recolhidas pelo profissional habilitado que manipulará e armazenará adequadamente. Logo após, as amostras são encaminhadas para os setores específicos no laboratório, onde serão analisadas para, ao final, ser emitido um laudo diagnóstico. Hoje, com os avanços tecnológicos, essas análises são feitas com o auxílio de aparelhos automatizados que garantem resultados mais precisos. O uso deles evita erros comuns, como uso de unidades erradas, erros de digitação, etc. Por isso, na hora de escolher um laboratório para realizar seus exames, investigue se este utiliza aparelhos tecnológicos modernos, além de possuir uma equipe de profissionais qualificados. PROFISSIONAIS DAS ANÁLISES CLÍNICAS A análise dos fluidos pode ser executada por vários profissionais da saúde, sendo farmacêuticos, médicos, veterinários, biólogos, bioquímicos, e biomédicos. Para a coleta do material, enfermeiros ou técnicos em análises clínicas costumam ser mobilizados, na rotina dos laboratórios e hospitais. Ao profissional bacharel cabem as responsabilidades e competências legais sobre efetuar liberação de laudos, resultados e perícias, assim como responder sobre o laboratório e possíveis erros cometidos. A IMPORTÂNCIA DAS ANÁLISES CLÍNICAS O médico conta com alguns recursos para acompanhar a saúde de um paciente, como o relato do paciente, sua própria observação dos sintomas, entre outras práticas similares. Com esses recursos, os médicos geralmente chegam a uma hipótese sobre uma possível patologia que possa estar em desenvolvimento. Neste sentido, os exames de análises clínicas são um dos recursos mais eficientes que um profissional de saúde tem a sua disposição. Com eles, é possível avaliar parâmetros e analisar de forma minuciosa a condição de saúde de determinado paciente. A recomendação médica é que um check-up com exames laboratoriais seja feito anualmente. Ao submeter-se a essa rotina, o paciente ganha a vantagem de diagnosticar doenças ou qualquer outra alteração no organismo a tempo de um tratamento mais eficiente. CUIDADOS NA FASE PRÉ-ANALÍTICA E A PRECISÃO DOS RESULTADOS DOS EXAMES Uma das principais finalidades dos testes laboratoriais é auxiliar o raciocínio médico após a obtenção da história clínica e a realização do exame físico. Para tanto, todas as fases de execução dos testes, sobretudo a pré-analítica, devem ser conduzidas seguindo o rigor técnico necessário para garantir a segurança do paciente e resultados exatos. De acordo com a literatura científica, a fase pré-analítica concentra a maior parte dos equívocos que podem gerar resultados não consistentes com o quadro clínico do paciente. Estima-se que problemas nessa etapa sejam responsáveis por cerca de 70% dos erros ocorridos nos laboratórios. Entre eles, vale destacar os aspectos relacionados à orientação do paciente, como a necessidade ou não do jejum e o intervalo adequado deste, o tipo de alimentação, a prática de exercício físico, o uso de medicamentos capazes de interferir na análise e mudanças abruptas nos hábitos da rotina diária precedendo a coleta. Apesar de o controle do laboratório sobre tais variáveis ser limitado, é possível contornar muitas dessas inadequações por meio da orientação do paciente, seja pelo médico que solicita o exame, seja pelo laboratório clínico, que fornece as informações pelos diversos canais de comunicação com o cliente. Por fim, é importante lembrar que a escolha inapropriada de testes ou de seus painéis também pode constituir um erro pré-analítico. Nesse sentido, a interação entre o médico-assistente e o patologista clínico sempre se mostra salutar. AS FASES DA ANÁLISE LABORATORIAL A realização de exames divide-se, classicamente, em: • FASE PRÉ-ANALÍTICA: começa na coleta de material, seja ela feitapelo paciente (urina, fezes e escarro), seja feita no ambiente laboratorial. • FASE ANALÍTICA: corresponde à etapa de execução do teste propriamente dita. • FASE PÓS-ANALÍTICA: inicia-se no laboratório clínico e envolve os processos de validação e liberação de laudos, encerrando-se após o médico receber o resultado final, interpretá-lo e tomar sua decisão. O controle do laboratório sobre os erros em cada uma dessas fases é variável, porém todos têm impacto na conduta adotada pelo médico assistente. FATORES PRÉ-ANALÍTICOS QUE MAIS INTERFEREM NOS EXAMES As condições pré-analíticas comumente abordadas no laboratório clínico incluem gênero, idade, posição, prática de atividade física, dieta, jejum, variação cronobiológica, e uso de drogas para fins terapêuticos ou não. Em uma abordagem mais ampla, outras circunstâncias também precisam ser consideradas, a exemplo da realização de procedimentos terapêuticos ou diagnósticos, cirurgias, transfusão de sangue e infusão de soluções, entre outras. A coleta e a adequação de amostras igualmente têm papel essencial para um exame confiável. GÊNERO Alguns exames de sangue e urina apresentam níveis significativamente distintos entre homens e mulheres devido a variações hormonais, metabólicas e de massa muscular, entre outras. As alterações típicas do ciclo menstrual também se refletem em outras substâncias. A aldosterona fica cerca de 100% mais elevada na fase pré-ovulatória do que na folicular. De qualquer modo, os intervalos de referência para esses parâmetros são específicos para cada gênero. FAIXA ETÁRIA Certos indicadores bioquímicos possuem nível sérico dependente da idade, o que se deve a fatores como maturidade funcional dos órgãos e sistemas, conteúdo hídrico e lipídico, massa corporal, limitações funcionais da senilidade, etc. Em situações especiais, os intervalos de referência devem considerar essas diferenças. Convém ponderar que as mesmas causas de variações pré- analíticas que afetam os resultados laboratoriais em jovens interferem nos resultados de idosos, mas com intensidade maior nestes últimos. Doenças subclínicas também são mais comuns na maturidade e precisam ser levadas em conta na interpretação dos resultados. POSIÇÃO A mudança rápida na postura corporal determina variações no teor de alguns componentes séricos. Quando o indivíduo se move da posição supina para a ereta, ocorre um afluxo de água e substâncias filtráveis do espaço intravascular para o intersticial. Assim, proteínas de alto peso molecular e elementos celulares elevam-se relativamente até que o equilíbrio hídrico se restabeleça. Por essa razão, níveis de albumina, colesterol, triglicérides, hematócrito e hemoglobina, além de drogas que se ligam a proteínas e também os leucócitos, podem ser superestimados (em torno de 8% a 10%) se a coleta de sangue for feita antes da estabilização do equilíbrio hídrico. ATIVIDADE FÍSICA O efeito dos exercícios sobre alguns componentes sanguíneos é, em geral, transitório e decorre da mobilização de água e outras substâncias entre os diferentes compartimentos corporais, das variações nas necessidades energéticas do metabolismo e da modificação fisiológica que a atividade condiciona. Desse modo, dá-se preferência à coleta de amostras com o paciente em condições basais, que são mais facilmente reprodutíveis e padronizáveis. O esforço físico ainda é capaz de aumentar a atividade sérica de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase (CK), a aldolase e a aspartato aminotransferase, pelo aumento da liberação celular. Pode haver ainda hipoglicemia, elevação da concentração de ácido láctico em até dez vezes e aumento nas atividades das enzimas renina e CK em até quatro e dez vezes, respectivamente. As variações chegam a persistir por 12 a 24 horas, a depender da intensidade do exercício e do grau de condicionamento físico do indivíduo. DIETA A amplitude das alterações de parâmetros no plasma ainda depende da composição da dieta e do tempo decorrido entre a ingestão e a coleta da amostra. Alimentos que contêm muita gordura, por exemplo, fazem subir a concentração de triglicérides, da mesma forma que dietas ricas em proteínas promovem níveis elevados de amônia, ureia e ácido úrico. JEJUM A necessidade do jejum decorre do fato de os valores de referência dos testes terem sido estabelecidos em indivíduos nessa condição. Ademais, a refeição pode alterar a composição sanguínea momentaneamente – sem o pré- requisito, cada exame teria de ser analisado à luz do que a pessoa ingeriu. A maioria dos exames exige três horas de jejum, com exceção da glicemia (oito horas) e do perfil lipídico (12 horas), dentro do qual, vale lembrar, existe considerável variação intraindividual nos lipídios plasmáticos, da ordem de 5% a 10%, para o colesterol total, e superior a 20%, para os triglicérides. Na população pediátrica e de idosos, o tempo sem alimentação deve guardar relação com os intervalos das refeições. Para crianças mais novas, o jejum pode ser de uma ou duas horas. VARIAÇÃO CRONOBIOLÓGICA Essa alteração envolve as alterações cíclicas na concentração de determinados parâmetros em função do tempo, podendo ser diária, mensal, sazonal, anual etc. A circadiana, por exemplo, ocorre nos níveis séricos de cortisol e ferro. As coletas realizadas à tarde fornecem resultados mais baixos do que os obtidos nas amostras coletadas pela manhã. ÁLCOOL E FUMO Da mesma forma que os medicamentos, o álcool e o fumo determinam variações nos resultados de exames laboratoriais por seus efeitos in vivo e in vitro. Mesmo o consumo esporádico de etanol pode ocasionar alterações significativas e quase imediatas na glicose, no ácido lático e nos triglicérides. Já o uso crônico eleva a atividade da gamaglutamiltransferase. O tabagismo, por sua vez, aumenta a concentração de hemoglobina, a quantidade de leucócitos e de hemácias e o volume corpuscular médio, além de reduzir o HDL-colesterol e elevar a adrenalina, a aldosterona, o antígeno carcinoembriogênico e o cortisol. GESTAÇÃO Existem mecanismos que mudam o nível das substâncias no plasma durante a gravidez, os quais decorrem de vários fatores, como a hemodiluição de proteínas totais e albumina, as deficiências relativas em função do maior consumo de ferro e ferritina e o aumento das proteínas de fase aguda, como a velocidade de hemossedimentação, apenas para citar alguns. MEDICAMENTOS EM USO Uma vez que podem se constituir em interferentes, os fármacos usados pelo paciente devem ser protocolados para evitar alterações que acabem induzindo o médico a erros na interpretação dos valores encontrados. Tais interferências ocorrem in vivo, quando o medicamento modifica o resultado, como a hiperglicemia causada pelo uso de corticoides ou a elevação da atividade da CK total pelo uso de estatinas. COLETA E ADEQUAÇÃO DA AMOSTRA E SEU PAPEL PARA UM EXAME CONFIÁVEL Entre os fatores pré-analíticos, devemos citar ainda as variáveis de coleta, que têm como agentes as condições do material biológico (como a temperatura), o tempo excessivo de garroteamento, o sangue colhido em locais de acesso venoso com infusão de líquidos e até a hospitalização, que pode afetar os resultados. No que concerne a amostras obtidas pelo paciente, merece atenção a coleta de urina de 24 horas, que exige cuidado para evitar perdas das micções e garantir sua conclusão no mesmo horário em que foi iniciada. Abaixo, confira alguns dos fatores mais importantes nesse contexto. TEMPERATURA A temperatura ideal para a coleta deve ser de 22-25º C. Já a necessária para o armazenamento das amostras tem de ficar entre 2ºC e 8ºC para inibir o metabolismo das células e estabilizar certos constituintes termolábeis. Para a dosagem de potássio,a refrigeração de amostra não centrifugada não pode passar de duas horas, uma vez que tal processo é capaz de impedir a glicólise, que alimenta a bomba de potássio, e promover sua saída para o meio extracelular, elevando o resultado do teste. É oportuno lembrar que as amostras para alguns exames requerem transporte refrigerado, tais como catecolaminas, amônia, ácido láctico, piruvato, gastrina e paratormônio. HEMÓLISE Durante a coleta, os fatores que provocam hemólise devem ser prevenidos. Desse modo, os tubos precisam permanecer na posição vertical até a completa coagulação do sangue, quando, então, é possível centrifugá-los. A hemólise afeta substancialmente a dosagem de alguns elementos, como desidrogenase láctica, aspartato aminotransferase, potássio e hemoglobina. Outros testes, como os que medem ferro, alanina transferase e T4, são moderadamente influenciados por soros hemolisados. E há aqueles que sofrem pequenas influências desse processo, tais como fósforo, proteína total, albumina, magnésio, cálcio e fosfatase ácida. LUZ Alíquotas para dosagem de bilirrubina, betacaroteno, vitamina A, vitamina B6 e porfirinas devem ser preservadas ao abrigo da luz, pois sofrem interferência desta. INFUSÃO DE LÍQUIDOS E MEDICAMENTOS A coleta de sangue tem de ser realizada sempre em local distante da instalação do cateter, preferencialmente no outro braço e, se possível, pelo menos uma hora após o fim da infusão. Produção, Edição, Elaboração e Revisão de Texto: ESCON - Escola de Cursos Online Proibida a reprodução total ou parcial sem permissão expressa da ESCON. (Lei 9.610/98)