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CINA TRADI SENSEI VALÉRIO LIMA PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA JAPONESA KANGENDÔ: Escola Brasileira de Terapias Japonesas FICHA TÉCNICA DIRETOR/FUNDADOR: Sensei Valério Lima PROFESSOR CONTEUDISTA: Prof. Sensei Valério Lima 4ª EDIÇÃO - 2020 |ACUPUNTURA JAPONESA 2 SUMÁRIO HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA ACUPUNTURA NO JAPÃO_________________________________ 4 IMPORTAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E SEU DESENVOLVIMENTO NO JAPÃO _________ 7 A FORMALIZAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL JAPONESA ___________________________________ 9 OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA JAPONESA _______________________________________ 12 NANJING: CARACTÉRISTICAS E DIFERENÇAS ENTRE A ACUPUNTURA JAPONESA E A CHINESA _______ 25 3 HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA ACUPUNTURA NO JAPÃO A acupuntura surgiu na China há aproximadamente 3 mil anos, no período da Dinas a Shang, e se desenvolveu juntamente com os vários ramos que compõem a medicina tradicional chinesa, como a herbologia, a moxabustão, a terapia alimentar, as massagens e os exercícios sico-energé cos do Chikung. Toda medicina an ga da China era pautada e elaborada dentro de vários sistemas que obje vavam a manutenção da saúde e longevidade deste povo. Para que a medicina chinesa chegasse e se desenvolvesse no Japão, um longo processo de intercâmbio cultural, educacional, econômico e religioso perdurou por vários séculos. Como bem se sabe, o Japão importou, tanto da China quanto da Coreia, todas as bases que formaram os alicerces socioculturais e filosófico/educacionais de seu povo, inicialmente incorporando à sua cultura as escritas pictográficas dos kanjis, posteriormente as religiões budistas e taoístas, os conceitos filosóficos e espirituais do confucionismo e, ainda, os sistemas médicos oriundos da China. Da an guidade até os dias atuais, os japoneses mostraram-se especialistas em aprimorar e desenvolver todo e qualquer conhecimento adquirido e importado de outra cultura. Na acupuntura, isto não se fez diferente e, ao longo dos séculos, os japoneses aprimoraram este conhecimento até desenvolverem sua medicina tradicional própria e em um sistema bem refinado e par cular de acupuntura. 4 Existem aspectos socioculturais e econômicos que diferem de forma marcante tanto o desenvolvimento quanto o es lo de ambos os sistemas de acupuntura. Ao contrário da China, que teve a acupuntura associada especialmente à herbologia e a padronizou como parte integrante do estado, disponibilizando seu acesso à população de massa; o Japão manteve sempre uma ín ma relação da acupuntura com a massagem, sua atuação sempre foi voltada para o âmbito privado. Diante desses aspectos, subentende-se que no Japão a prá ca da acupuntura tomou um rumo bem peculiar, pois, tendo em vista o ganho monetário, o pra cante japonês se viu naturalmente pressionado a desenvolver uma técnica altamente refinada e indolor e que produzisse resultados imediatos, para que cada centavo pago por ela fosse valorizado pelos adeptos dessa arte de cura. Outro aspecto que difere claramente a prá ca chinesa da japonesa, refere-se ao âmbito da diagnose, tanto nas técnicas empregadas, quanto no próprio material u lizado nas prá cas da acupuntura. Considerando que a arte japonesa se desenvolveu e se adequou para pra cantes com deficiência visual, foi dado um grande enfoque na palpação para o diagnós co, desenvolvendo no pra cante japonês uma sensibilidade tá l especial na localização de pontos, meridianos e na pulsologia, além do diagnós co do hara, que caracteriza uma das especialidades do acupunturista japonês; enquanto que no es lo chinês prevalece o interrogatório que, em alguns es los, associa-se também com a pulsologia e a análise da língua. No que diz respeito às agulhas, há uma grande disparidade entre os es los, pois os chineses preferem agulhas maiores e de calibre mais espesso, os japoneses, no entanto, fazem uso de agulhas muito delgadas que são inseridas obrigatoriamente com mandril (shinkan), de maneira muito superficial e com es mulo muito suave, uma vez que o es lo japonês busca atuar sobre o Wei chi (energia defensiva), enquanto que nas técnicas chinesas a es mulação é mais forte e profunda produzindo o que é conhecido como techi, visando a ngir o Yong chi (energia nutridora). Outro aspecto marcante da acupuntura nipônica é o uso bem par cular da moxabustão como parte integrante e complementar do tratamento da acupuntura. Essa forma japonesa de u lização da moxaterapia é uma prá ca muito an ga que teve seu 5 conhecimento perdido na China e chegou ao Japão através da Coreia, tornando-se uma arte muito popular no país do sol nascente. Conhecida formalmente no Japão por ÔKyu, esse es lo é muito forte e clássico no país, que já teve grandes mestres ao longo da história, como Sawada Ken e Isaburo Fukaya, dois grandes especialistas na moxaterapia japonesa. Essa arte faz uso de pequenos cones da moxa amarela de forma direta e indireta na pele, tanto em pontos clássicos da acupuntura como em pontos não convencionais. 6 IMPORTAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E SEU DESENVOLVIMENTO NO JAPÃO Entre os séculos V e VI, a medicina tradicional chinesa foi levada da China para o Japão através da península coreana, devido ao intercâmbio religioso e econômico promovido pela famosa rota da seda. Durante esse período, vários monges budistas especializados em herbologia, acupuntura e massagens transitaram por essa rota, possibilitando a expansão do budismo e levando consigo as ciências médicas da China e da Coréia. Por volta do século VII, o governo japonês estabeleceu contato direto com a China, enviando para a capital chinesa inúmeros sacerdotes e eruditos para estudarem, traduzirem e copilarem várias fontes da cultura chinesa, dentre elas os principais textos médicos. Em 701, houve a promulgação do código Taihõ, que estabeleceu o primeiro sistema legal no Japão voltado para os assuntos médicos, o Ishitsuryo, que se aplicava à pra ca e ao ensino médico no Japão, dando origem ao Tenyaku-ryo, o an go ministério da saúde, trabalho e bem-estar, responsável por criar o departamento oficial de acupuntura e moxabustão, outorgando os três graus de professor, terapeuta e 7 estudante de acupuntura. No período subsequente, Nara, todos os aspectos da medicina oriental foram estudados e pra cados assiduamente, dando o pontapé inicial para a profissionalização e qualificação da acupuntura no Japão que, em períodos precedentes, man nha uma estreita relação com a religião, pois grande parte desse conhecimento ainda estava muito atrelada aos monges budistas que pra cavam tanto a acupuntura quanto a medicina herbária do kampo, sendo os primeiros a difundirem essas artes no Japão. Com a ins tuição do código Taihõ, a formalização da profissão e do ensino da acupuntura, o número de monges terapeutas tornou-se cada vez menor. 8 A FORMALIZAÇÃO DA MEDICINA TRADICIONAL JAPONESA Até o início do século X (período Heian), o sistema médico pra cado no Japão nada mais era que uma imitação do sistema médico chinês. Nessa época, os médicos japoneses tomaram a inicia va de compilar suas próprias farmacopeias, e, em 984 dC, Yasuyori Tamba compilou o Ishimpô, o primeiro tratado e o mais an go livro de medicina existente no Japão, com 30 volumes de citações de numerosos textos médicos chineses. O Ishimpô tornou-se um texto defini vo, no qual se podia rastrear todas as raízes da medicina japonesa até a medicina chinesa. Nele foram compiladas citações sistemá cas de vários textos clássicos chineses de mais de 200 tulos que envolviam não somente medicina, mas também história e aspectos filosóficos e espirituais do Tao, confucionismo e budismo. Muitas dessas citações estavam perdidas na própria China.Isso fez do Ishimpô uma das mais importantes fontes para o estudo da medicina chinesa an ga, pois Tamba não copiou simplesmente os textos originais, mas traçou uma visão par cular dos textos an gos, por exemplo, sobre a definição de energia espiritual como sendo superior à energia do corpo. Isso permi u edificar na visão posterior da acupuntura japonesa que o processo de adoecimento acontece inicialmente no nível espiritual, passando para o energé co (canais de energia), para aí culminar no sico, por meio das inúmeras patologias e sintomatologias, visão superior à chinesa que focaliza tão somente entre os níveis energé co e sico, e é obscurecida nos padrões das síndromes. | 9 Já em meados do século XII, o Japão passou por um período de transição, em que o controle da família imperial caiu novamente e se estabeleceram novas relações comerciais com a China, após três séculos de rela vo isolamento; com isso, novas ideias médicas adentraram o Japão. Durante este período de tumulto polí co no Japão medieval, o poder e o controle dos médicos sofrerem um drás ca queda, fazendo com que os monges budistas novamente voltassem a exercer um papel de destaque na importação do conhecimento médico chinês e adaptação de novos conceitos, bem como a retomada da sua atuação como terapeutas e acupuntores, difundindo os cuidados médicos entre a população em geral nessa mesma época, a prá ca da moxabustão tornou-se bastante difundida, sobretudo através dos monges nos templos budistas, como parte da prá ca religiosa. As primeiras escolas de medicina tradicional japonesa No final do século XVI, em meio a uma crise polí ca e social que precedeu a unificação do Japão, muitos textos clássicos foram importados e traduzidos para o japonês. Nesse período, um médico se destacou entre os demais: seu nome era Manase Dosan (1507-1594) e, apesar de destacado fitoterapeuta da arte médica do kampô, cuja medicina herbária havia roubado o terreno da acupuntura, paradoxalmente foi o grande responsável pela revivificação dessa técnica. O que podemos considerar como japonização da medicina tradicional chinesa ocorreu entre os séculos XIV, período Muromachi, e o século XVII, período Edo esse processo foi favorecido pelo retorno do mestre Sanki Tashiro ao Japão, trazendo consigo o que era considerada a medicina mais avançada da China: Jin Yuan ou Li Zhu. Seu principal discípulo foi Dosan Manase, que se tornou o responsável por estabelecer as bases para escola Gosei ou Goseihoha de Acupuntura. Entre os séculos XVI e XVII, juntamente com a escola Gosei de Manase, floresceram mais duas novas e diferentes abordagens da medicina no Japão: as escolas Koho e Rampo. A escola Koho ou Kohoha, conhecida como escola das fórmulas clássicas, surgiu no final do século XVII (período Edo) e foi essencial para a aceleração da | 10 japonização da medicina chinesa, pois foi inspirada pela revivificação dos conceitos médicos da discussão de desordens induzidas por frio, eliminando as teorias especula vas da escola Gosei. A escola Koho defendia o retorno às teorias prá cas da medicina chinesa. Foi nessa escola que se defendeu a teoria de kiketsusui (energia vital, sangue e fluidos corporais), trazendo a ideia inicial das toxinas doku (venenos) e Oketsu (sangue estagnado) na área abdominal do hara, estabelecendo um método inovador de diagnós co abdominal: o Fukushin. Já a escola Rampo surgiu entre médicos japoneses influenciados pela medicina ocidental trazida por jesuítas holandeses através do intercâmbio comercial e religioso entre esses dois países após os trezentos anos de isolamento do Japão. | 11 OS PRINCIPAIS ESTILOS DA ACUPUNTURA JAPONESA Waichi Sugyama e a invenção do mandril Temos em Sugiyama uma linha divisória, um marco na acupuntura do Japão, pois ele é o grande responsável pela criação do tubo-guia ou mandril, conhecido no Japão por Shinkan e, ainda, reconhecido pela criação das quatorze técnicas secretas de manipulação e es mulo através do uso do mandril. Wachi Sugiyama era cego e descendia de uma família de samurais do clã Uemon. Naquela época no Japão, os cegos só nham duas formas de ganhar a vida: como pra cantes da massagem tradicional japonesa (Anma) ou acupunturistas. Sugyama optou por se tornar acupuntor e foi estudar em uma escola tradicional da época do es lo Yamase. No entanto, após alguns anos de estudo, foi desencorajado pelo próprio mestre do es lo, que afirmou que ele jamais conseguiria se tornar um bom acupunturista, pois não havia desenvolvido a habilidade de inserir a agulha de forma indolor. Após esse acontecimento, Sugiyama resolveu empreender em um re ro na caverna de Benzaiten Munakata, a equivalente no Japão à Deusa hindu da sabedoria Sarasva , buscando a iluminação e inspiração espiritual para sua vida. Após 21 dias de jejum e recitação de | 12 mantras para Benzaiten, Sugiyama saiu da caverna sem ter recebido a inspiração que tanto buscava, mas ao deixar a caverna, tropeçou em uma grande pedra e ao cair teve seu pé perfurado por uma farpa de pinho. Sem conseguir extrair o espinho do pé, ao tatear o chão encontrou um pequeno tubo de bambu, que u lizou contra a pele extraindo por dentro do tubo a farpa do espinho de forma completamente indolor. Após essa experiência teve a inspiração de criar o tubo guia para a condução da agulha de forma indolor, criando seu próprio es lo que revolucionou a acupuntura no Japão, abrindo caminho para a abertura de mais de 45 escolas de acupuntura voltadas para deficientes visuais. Sugiyama foi um dos grandes responsáveis pela popularização da acupuntura e moxabustão no Japão, pois consegui o patrocínio e apoio do governo. 1. O ESTILO DASHIN DE ACUPUNTURA ABDOMINAL Foi também durante o período Edo que se desenvolveram inúmeros es los de acupuntura, pois, a par r dessa época foram introduzidas, pela primeira vez no Japão, as agulhas de prata e ouro, favorecendo a criação de vários es los como o da escola Dashin, criada por Mubunsai, monge zen budista do séc. XVII, responsável pela criação de um sistema totalmente não invasivo, aplicado somente na área do abdôme (hara) através de agulhas espessas, tanto de prata quanto de ouro, com a ponta abaulada e es mulada por leves ba das de um pequeno martelo de madeira de formato chato sobre as áreas reflexas dos órgãos no abdômen, com o obje vo de expurgar do corpo tanto os Dokus (venenos, toxinas), como o Oketsu (sangue estagnado nos grandes | 13 órgãos). Ambos são os principais responsáveis pelo bloqueio de Ki quanto de sangue, na região do hara, considerada pelos japoneses a principal sede ou centro vital do corpo. Isai Misono, Filho de Mubun e acupunturista da corte do Shogun, foi quem difundiu e ensinou a arte secreta do Mubun Dashin. O clássico Shindo Hiketsu Shu (Compilação de Acupuntura Secreta) descreve as principais caracterís cas e formas de tratamento através do es lo de Mubun, que promove um es mulo muito peculiar através do movimento de ondas (hado) emi do pela vibração da ba da do martelo nas agulhas de prata ou de ouro. 2. ESTILO SAWADA KEN (1877 / 1938) - E o es lo não universitário de acupuntura Sawada foi um dos mais famosos e eminentes mestres Hari e kyu do período Meiji no Japão, estudante de Taijutsu, uma an ga arte samurai e de seitai: a arte japonesa de alinhamento osteo-ar cular. Aperfeiçoou e desenvolveu grande parte de seus estudos no longo período que viveu na Coreia. Sawada pertenceu à famosa classe de es lo de acupuntura não universitária, que via na prá ca a maior aliada ao desenvolvimento e aprimoramento da acupuntura. Seu es lo não priorizava os pontos tradicionais da acupuntura, mas os pontos vivos e pessoais dos pacientes, pontos estes que man nham uma relação intrínseca não só com o sintomaapresentado pelo paciente, | 14 Mas, a priori, com a raiz original da doença. Esses pontos, segundo ele, eram diferentes e únicos em cada paciente e cabia ao acupuntor e moxaterapeuta localizá-los através de técnicas específicas de palpação, sobretudo na região do hara e das costas, principalmente aqueles pontos que se apresentavam endurecidos (koris) e sensíveis à palpação em geral. Sawada fazia uso da técnica de uma única agulha (ippon hari), es mulando a superficialização da energia Jaki (energia perversa, maléfica), para depois eliminá-la do corpo através da queima de moxa nesses pontos que, em geral, após a inserção superficial da agulha, apresentavam-se avermelhados nas áreas próximas da agulha. Sawada ficou muito famoso no Japão e, pelo que consta, ele atendia quase 100 pacientes por dia e ob nha resultados expressivos em seus tratamentos. Com o passar dos anos ele voltou às agulhas. 3. ESTILO FUKAYA (1901 – 1974) - O Grande Mestre da Moxaterapia no Japão Isaburo Fukaya nasceu em Tóquio em 1901 e, até os dias atuais, é considerado um dos maiores mestres de moxa (ôkyu) no Japão. Sua história de vida é muito curiosa, pois, quando estudava direito na universidade Nippon Nichidai e se preparava para tornar-se monge budista, contraiu uma grave doença que o impossibilitou de con nuar seus estudos e o deixou acamado por cinco anos. Inconformado, buscou o tratamento de moxaterapia e curou-se completamente, fazendo com que se sen sse renascido. A | 15 par r daí resolveu devotar-se ao estudo e prá ca da moxaterapia, criando um es lo próprio de ensino e tratamento, através da moxa (Artemísia vulgaris). Seu es lo, assim como o de Sawada, preconizava a localização e tratamento através dos famosos pontos vivos ou operantes, descobertos por meio de um minucioso exame palpatório em cada um dos pacientes. A sua grande inovação foi a u lização de um tubo de bambu oco com a abertura em um dos lados, para que, quando pressionado ao término da queima da moxa, aproximadamente a 1mm da pele, promovesse não só a interrupção da queima dos cones de moxa antes que esses a ngissem a pele produzindo bolhas, mas também produzisse um efeito único de penetração do calor nos pontos e meridianos. 4. ESTILO MANAKA (1911-1989) - E as pesquisas cien ficas da acupuntura Japonesa Yoshio Manaka foi um grande médico japonês do séc. XX, graduado pela Kyoto Imperial University Medical School e PhD pela Kyoto Imperial University Medical School. Manaka também era poeta, escritor, ar sta e pesquisador; um mediador cultural entre a China e Japão. Cirurgião do Exército Japonês, responsável por tratar com a acupuntura inúmeros soldados feridos, Manaka atuou como pesquisador da acupuntura e sistema zou um novo mapa dos pontos de alarme (Boketsu) na década de 70. Esteve sempre envolvido com inúmeras pesquisas comprobatórias do fenômeno de óxido- | 16 redução nos pontos de acupuntura. Também é reconhecido pela criação dos fios magné cos de Ion Pumping, que permite o fluxo de elétrons em um único sen do, tendo por obje vo criar uma espécie de ponte de transferência de energia a par r da polaridade contrária, posi vo e nega vo, transferindo os íons posi vos para lugares saudáveis. 5. ESTILO AKABANE- Hinaishin e Kyutoshin Kobei Akabane foi um grande acupuntor, moxaterapeuta e pesquisador da acupuntura japonesa. Sua grande contribuição se deu em 1952, quando, ao tratar um paciente de mesmo nome (Akabane), que era portador de diabetes, optou por tratar os pontos insensíveis nos pés com moxa (kyu), os famosos pontos Seiketsu, localizados nos cantos ungueais dos dedos. Ao dar con nuidade ao tratamento, ele percebeu a melhora drás ca em seu paciente. Com isso, resolveu direcionar sua pesquisa aos pontos seiketsu. A par r das experiências com esses pontos, Akabane percebeu que poderia avaliar os meridianos através da sensibilidade ao calor nos pontos seiketsu. Suas pesquisas apontaram para a energia maléfica Jaki, sobre tudo aquela proveniente do frio e do vento, como sendo a principal responsável pelo desequilíbrio e alterações energé cas nos meridianos. Através desses estudos, Akabane resolveu u lizar pequenas agulhas hipodérmicas (Hinaishin) de forma subcutânea com o obje vo de es mular o corpo a expurgar a energia Jaki para fora do organismo e dos meridianos, fazendo com que o fluxo energé co dos meridianos se restabelecesse. Segundo a lei de | 17 Osamu presente no Nanjing, a presença da energia Jaki pode ser percebida através da vermelhidão formada ao redor da agulha. A u lização das agulhas hinaishin de forma subcutânea é completamente indolor e, em geral, é associada também por Akabane ao Kyutoshin. Kyu significa moxa, Shin, agulha e To, ponta; literalmente, a palavra kyutoshin significa moxa fixada no cabo da agulha. Associada com o Hinaishin, esse método é mui ssimo eficaz no tratamento de inúmeras doenças e dores crônicas. 6. ESTILO NAGANO - A combinação da medicina oriental com a fisiologia ocidental. Kyoshi Nagano foi um dos grandes mestres da acupuntura japonesa. Deficiente visual assim com Sugiyama, Nagano formou-se como fisioterapeuta e acupunturista pela escola especializada em deficientes visuais de Oita, no Japão. Desenvolveu uma nova abordagem para a acupuntura Japonesa ao combinar os princípios tradicionais com a visão da fisiologia ocidental e a teoria do estresse do Dr. Hans Seyle. O es lo de acupuntura japonesa desenvolvido por Nagano tornou-se um sistema completo, pois, além de abordar aspectos tradicionais da acupuntura assim como a u lização dos pontos dos cinco elementos, ele desenvolveu também uma abordagem própria de diagnós co pelo hara. | 18 Nagano u lizou uma visão e uma linguagem acessíveis ao mundo ocidental, por meio de seus estudos sobre o sistema nervoso autônomo, o sistema hormonal e o sistema imunológico. Além de seus tratamentos específicos do Inoki (sistema digestório), da desintoxicação hepá ca e sanguínea (oketsu), Nagano desenvolveu inúmeros protocolos de tratamento combinando os conceitos da medicina oriental com a ocidental, atuando sobre desde a parte estrutural do corpo como coluna, quadril e pescoço, até os aspectos mais su s da medicina oriental, assim como o seu tratamento tradicional de água e metal. O método Nagano tornou-se famoso pelo seu rápido efeito terapêu co na clínica diária, pois alivia instantaneamente os sintomas enquanto equilibra os meridianos através dos tradicionais pontos dos cinco elementos. 7. ESTILO TADASHI IRIE - E acupuntura não invasiva Tadashi Irie foi um famoso acupunturista e farmacêu co da década de 70, um dos primeiros alunos do Dr. Yoshio Manaka e um dos con nuadores de seu trabalho, pois foi através dos fundamentos de Manaka e da u lização dos fios de Ion pumping que Tadashi Irie desenvolveu seu método de tratamento voltado para os meridianos dis ntos e meridianos tendino musculares. Após anos de pesquisa, o Dr. Tadashi Irie desenvolveu um sistema próprio, o qual u lizava o Irie Finger Test, um método similar o teste bidigital O-ring test de Yoshiaki | 19 Omura para encontrar pontos pessoais do paciente e diagnose do pulso e de pontos de alarme assim como pontos do abdome (Hara). No caso do método desenvolvido por Tadashi, coloca-se o dedo indicador de uma mão no ponto ou área a ser testado, enquanto o dedo indicador da outra mão é esfregado sobre a parte superior do dedo adjacente. Uma experiência de resistência adesiva entre o polegar e o dedo indicador é um reflexo de que a área que está sendo testada está doente. Com o tratamento dos meridianos dis ntos, o dr. Tadashi tratava tanto com os fios de ion pumping, quanto com pequenas tachinhas metálicas com esparadrapo e papel de alumínio como eletrodos. Existe também o tratamento através de agulhas inseridas superficialmentena pele; no entanto, este método tem sido subs tuído pelas formas menos invasivas. A outra forma de trabalho do Dr. Irie está focada nos meridianos tedino musculares, através do uso da agulha de contato aquecida para tratar pontos de dor ou sintomas. Esse método foi desenvolvido inicialmente pelo Dr. Hirata através do nome Nesshin Shigeki Ryoho, em 1930, que u lizava a aplicação de calor para tratar várias doenças, nas chamadas 12 bandas do corpo ou zonas de Hirata. Existem várias formas de aquecer a agulha de contato, inicialmente isso era feito com uma vela e posteriormente foi desenvolvido um aparelho elétrico de emissão de calor em hastes metálicas po um ferro de solda. Essa agulha u lizada pelo Dr. Irie é conhecida por Nesshin ou terapia de agulha quente. Nesshin 热针" (Ne como calor = Netsu 热, shin = agulha 针) é um dos es los japoneses de terapia de meridianos através de uma forma de manuseio de uma haste de metal quente para es mular delicadamente meridianos e áreas do corpo. Ela foi desenvolvida pela acupunturista Yokoyama. A técnica é baseada na agulha irie aquecida para tratar meridianos tendino musculares, segundo Tadashi Irie, tal sistema é muito difundido tanto dentro quanto fora do Japão. | 20 8. ESTILO KEIRAKU CHIRYO - A terapia de meridiano e sua abordagem neoclássica da acupuntura. A Terapia de Meridiano é fruto do espírito nacionalista do povo japonês e de sua constante busca pela perfeição e aprimoramento. A terapia de meridiano desenvolveu- se no início da década de 20, tendo como líder Yanagiya Sorei, um jovem e genial acupuntor, que defendia o estudo sistemá co dos clássicos que já aos 16 anos entrou para a primeira escola de acupuntura para aqueles que possuíam o sen do da visão, pois, até então, as escolas de acupuntura eram exclusivas para os cegos. Ele devotou- se ao estudo integral desta arte adquirindo ainda bem jovem sua licença para pra car acupuntura, tornando-se um dos grandes pesquisadores da época através de uma nova abordagem da acupuntura baseada na compreensão dos clássicos, dentre eles o Nanjing (o clássico das dificuldades). Iniciando em 1927 sua própria escola de acupuntura e, reunido vários adeptos para o seu ideal, deu origem ao que ficou conhecido como Keiraku Chiryo (terapia de meridiano). Ao se graduar em filosofia oriental, Sorei tornou-se ainda mais fixo em seus estudo e ideais e, junto com Okabe Fukuji, um de seus primeiros alunos, Takeyama Shinichiro, jornalista deu um renomado jornal de Osaka e Inou, formaram em 1939 um sociedade voltada para o estudo intensivo dos clássicos da acupuntura. Através do estudo dos clássicos, a terapia de meridiano passou a desenvolver uma maneira sistemá ca de tratamento e diagnós co. Trazendo um grande respaldo para acupuntura pra cada no Japão, tornando-se até os dias de hoje um dos es los mais pra cados dentro e fora do Japão. | 21 9. ESTILO TOYOHARI- E o refinamento da Terapia de Meridiano O Es lo de acupuntura Toyohari foi desenvolvido pelo mestre Kodo Fukushima. O senhor Kodo fazia parte das forças armadas do Japão e, quando estava em ação, perdeu a visão, ficando completamente impossibilitado de con nuar a exercer sua profissão, sendo aposentado por invalidez. Após este momento traumá co, ele resolveu estudar acupuntura. 10. SISTEMA HARI - O retorno à abordagem espiritual da acupuntura O sistema Hari é fruto de anos de estudo e pesquisa do Mestre Koei Kuwahara, no campo da Terapia de meridiano, Aikidô, chikung medicinal, Kototama, Okidô e anos a | 22 fio de estudo da acupuntura com renomados mestres como: Kodo Fukushima, Ikeda, Shudo Denmei, Tanyoka, dentre outros. Com mais de 30 anos voltados para o Aikidô e anos de prá ca e estudo da acupuntura com afinco, como os 15 anos que ficou ao lado do mestre Kodo Fukushima, deram ao sensei Kuwahara experiência e conhecimentos suficientes para desenvolver um es lo próprio de acupuntura. O sistema Hari possui sua base na acupuntura clássica da terapia de meridiano e do sistema Toyohari; no entanto, o poder deste sistema emerge da combinação das prá cas e posturas corporais advindas do Akidô e do poder espiritual do kotodama/kototama. Na prá ca da acupuntura Hari, sua atuação vai além do sico e energé co e a nge o campo espiritual do indivíduo que está sendo tratado. Segundo o sensei Koei Kuwahara, o sistema Hari faz parte de um retorno à acupuntura original, que era considerada antes de tudo um tratamento espiritual, pois, segundo ele, adoecemos inicialmente no campo espiritual e a ressonância deste reflete-se nos demais campos, como o energé co, afetando os meridianos e, posteriormente, a ngindo o corpo sico. Assim como o es lo Keiraku Chiryo e Toyohari, o sistema Hari enfa za o tratamento de raiz, em detrimento ao tratamento sintomá co. Tendo como principal técnica o método de tonificação Ho Ho, através de uma finíssima agulha de prata conhecida por ute te ou agulha Inoue, a sua principal caracterís ca é possuir a ponta arredondada como a de um polegar, o que faz com que ela não seja inserida na pele. Com isso, o pra cante Hari toca suavemente essa agulha na pele, canalizando através de Kotodama/Kototama as vibrações adequadas que irão modificar o estado espiritual e energé co do paciente. O Mestre Koei Kuwahara atualmente está radicado na cidade de Boston - EUA, onde possui sua clínica par cular e sua escola de acupuntura. | 23 11. ESTILO SHONISHIN - A acupuntura pediátrica japonesa No Japão existe um es lo próprio de acupuntura, voltado quase que exclusivamente para o tratamento de crianças. Esse método é conhecido por "shonishin”, palavra que vem do chinês “Erzhen" e significa "agulha ou agulhamento de crianças”. Esse sistema surgiu durante o período Edo (do século XVII ao século XIX) e se popularizou na era Showa em meados do século XX. O método consiste em uma forma especializada de acupuntura que faz uso de instrumentos e agulhas metálicas, que, em geral, são deslizados de forma suave e superficial sobre a pele da criança ou bebê, com o intuito de regular e promover o livre fluxo de Ki nos meridianos do corpo da criança. Enquanto que a acupuntura realizada em adultos envolve a inserção de agulhas, o shonishin é uma forma completamente não invasiva de acupuntura, que u liza várias agulhas e instrumentos dos mais diferentes formatos e tamanhos somente sobre a pele do bebê. Segundo inúmeros relatos, a prá ca regular do shonishin ajuda a promover e manter tanto a saúde sica como mental da criança, tornando-as mais fortes e tranquilas, auxiliando inclusive em seu crescimento e desenvolvimento. | 24 NANJING: CARACTÉRISTICAS E DIFERENÇAS ENTRE A ACUPUNTURA JAPONESA E A CHINESA 1. No que diz respeito a tamanho e espessura da agulha O es lo japonês em detrimento ao chinês opta por agulhas bem finas, que são inseridas através do tubo guia (Shinkan), a par r de leves ba das no cabo da agulha. Sua inserção é bastante superficial e em geral a nge entre 2 a 4 mm de profundidade. Já o es lo chinês prefere agulhas maiores e mais grossas com inserção profunda de 4 a 15 mm. A acupuntura japonesa visa atuar sobre a energia defensiva Wei ki, enquanto que a chinesa realiza punções mais profundas e com manipulações fortes para despertar o techi, que é uma forte sensação de choque ou irradiação no percurso do meridiano. O obje vo da profundidade da inserção no es lo chinês e atuar sobre a energia yong ki (energia nutridora) Caracterís cas: Agulhas japonesas -Muito finas com espessuras de 0,10, 0,12, 0,14 e 0,16; - Inserção superficial- em geral de 2 a 4 mm, com tubo guia; Agulhas chinesas -Mais grossas e maiores 0,20, 0,25, 0,30; - Inserção profunda- em geral de 4 a 15 mm dependendo da região. Inserção manual sem tubo guia; 2. Tipo e intensidade do es muloEs lo Japonês Es mulo suave e gen l; | 25 Os japoneses possuem um senso muito forte de responsabilidade quanto à quan dade de es mulo oferecido em uma sessão de acupuntura, pois para eles uma quan dade um pouco maior de es mulo pode superar a capacidade fisiológica do corpo e, eventualmente, ocasionar uma piora dos sintomas apresentados. Es lo Chinês No es lo chinês não se tem este po de cuidado e muitas vezes afirma-se que pode haver uma piora após a sessão para depois o corpo reagir e obter uma melhora. 3. Quan dade de agulhas - Es lo japonês Número reduzido de agulhas em geral, no máximo 10 agulhas de retenção; Obs.: lembrando que alguns es los u lizam somente uma agulha no tratamento conhecido por Ipponhari. Inserção unilateral. Es lo chinês Em geral de 10 até 30 agulhas de retenção; Na maioria dos es los chineses as agulhas são fixadas de forma bilateral. 4. Habilidade técnica O es lo de acupuntura japonesa Neste es lo de acupuntura é exigido do pra cante uma habilidade aguçada no que diz respeito tanto à maneira da inserção da agulha, quanto à sensibilidade tác l de localização de pontos através da palpação. A inserção da agulha deve ser treinada por anos até que o pra cante consiga inserir a agulha de forma completamente indolor; além disso, os olhos do pra cante japonês devem estar nas mãos para que se possa localizar com precisão os tsubos e os pontos pessoais do paciente. Es lo chinês Já a maioria dos es los chineses de acupuntura não se preocupam muito com a forma de inserção da agulha e, para muitos, o fato de sen r dor durante a inserção faz | 26 parte do próprio processo terapêu co. Eles também desconsideram esse longo processo de palpação u lizado no es lo japonês. ●Diagnós co; ● Forma de u lização da moxabustão; ●Diretrizes e filosofia de tratamento; ●O estado da mente do pra cante; | 27