Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BMF3 Histologia do Sistema Endócrino O sistema endócrino produz e secreta várias substâncias denominadas hormônios, que regulam a atividade de diversas células, tecidos e órgãos do corpo. Suas funções são essenciais para a manutenção da homeostasia e para a coordenação do crescimento e desenvolvimento do corpo. As glândulas endócrinas são desprovidas de ductos excretores, e suas secreções são transportadas até os destinos específicos por meio da matriz extracelular do tecido conjuntivo e por meio do sistema circulatório. HIPÓFISE A hipófise é uma glândula endócrina composta, do tamanho de uma ervilha, que pesa 0,5 g nos homens e 1,5 g nas mulheres multíparas. Localiza-se na base do encéfalo, onde se situa em uma depressão em formato de sela do osso esfenoide, denominada sela turca. A hipófise é conectada ao hipotálamo por meio de um pedículo curto, o infundíbulo, e por uma rede vascular. A hipófise apresenta dois componentes funcionais: • o lobo anterior (adeno-hipófise), constituído pelo tecido epitelial glandular; • o lobo posterior (neuro-hipófise), constituído pelo tecido secretor neural. Neuro-hipófise – principal região: pars nervosa Adeno-hipófise – principal região: pars distalis N e u r o - h i p ó f i s e Apresenta organização folicular. As células parenquimatosas da parte intermédia circundam os folículos repletos de coloide. A parte intermédia contém células basófilas e células cromófobas. Adeno-hipófise Células secretoras da adeno-hipófise: a pars distalis (75% da adeno-hipófise) secreta vários hormônios, fatores de crescimento e citocinas. Pelo menos seis importantes hormônios são produzidos, porém só três tipos de células costumam ser reconhecidos por colorações rotineiras. Essas células são classificadas em cromófobas (pouco coradas) e cromófilas (contêm grânulos bem corados). • células cromófobas - não contém grânulos de secreção; • células cromófilas - acidófilas e basófilas. As células cromófilas são constituídas de dois subtipos, as acidófilas e as basófilas, de acordo com sua afinidade por corantes ácidos ou básicos. As células cromófobas têm poucos grãos (ou nenhum) de secreção e são mais difíceis de serem reconhecidas que as células cromófilas. É possível que algumas das cromófobas sejam células cromófilas degranuladas ou que possam ser células-tronco da adeno- hipófise, pois se sabe que há renovação celular nessa glândula. Gonadotrópicas, tireotrópicos e corticotrópicas → basófilas. Somatotrópicas e lactotrópicos → acidófilas. Neuro-hipófise A neuro-hipófise é uma extensão do sistema nervoso central (SNC) que armazena e libera produtos. A neuro-hipófise, também conhecida como lobo posterior da hipófise, consiste na parte nervosa e no infundíbulo que a conecta ao hipotálamo. A parte nervosa, o lobo neural da hipófise, contém os axônios não mielinizados e suas terminações nervosas de aproximadamente 100.000 neurônios neurossecretores, cujos corpos celulares estão localizados nos núcleos supraópticos e nos núcleos paraventriculares do hipotálamo. Os axônios formam o trato hipotálamo- hipofisário e são singulares em dois aspectos. Em primeiro lugar, eles não terminam em outros neurônios ou em células-alvo, e sim em estreita proximidade com a rede de capilares fenestrados da parte nervosa. Em segundo lugar, contêm vesículas secretoras em todas as regiões das células (i. e., no corpo celular, no axônio e na terminação axônica). Em virtude de sua intensa atividade secretora, os neurônios apresentam corpúsculos de Nissl bem desenvolvidos e, nesse aspecto, assemelham-se às células do corno anterior e às células ganglionares. A neuro-hipófise consiste na pars nervosa e no infundíbulo. A pars nervosa, diferentemente da adeno-hipófise, não contém células secretoras. Apresenta um tipo específico de célula glial muito ramificada, chamada pituícito, tem a função de sustentação. O componente mais importante da pars nervosa é formado por cerca de 100 mil axônios não mielinizados de neurônios secretores cujos corpos celulares estão situados nos núcleos supraópticos e paraventriculares Os neurônios secretores têm todas as características de neurônios típicos, inclusive a habilidade de liberar um potencial de ação, mas têm corpos de Nissl muito desenvolvidos relacionados com a produção de neurossecreção. A neurossecreção (que pode ser observada por colorações especiais, como a hematoxilina crômica de Gomori) é transportada ao longo dos axônios e se acumula nas suas extremidades, situadas na pars nervosa. Seus depósitos formam estruturas conhecidas como corpos de Herring, visíveis ao microscópio de luz. Quando os grânulos são liberados, a secreção entra nos capilares sanguíneos fenestrados que existem em grande quantidade na pars nervosa, e os hormônios são distribuídos pela circulação geral. Essa neurossecreção armazenada na pars nervosa consiste em dois hormônios, ambos peptídios cíclicos compostos de nove aminoácidos. A composição de aminoácidos desses dois hormônios é ligeiramente diferente, resultando em funções muito diferentes. Cada um desses hormônios – a ocitocina e a vasopressina-arginina, também chamada hormônio antidiurético (ADH) – é unido a uma proteína chamada neurofisina. O complexo hormônio-neurofisina é sintetizado como um único longo peptídio, e por proteólise há a liberação do hormônio de sua proteína de ligação. TIREOIDE A tireoide é uma glândula que apresenta como função sintetizar os hormônios tiroxina (T4) e tri- iodotironina (T3), que regulam a taxa de metabolismo do corpo. Situada na região cervical anterior à laringe, a glândula tireoide é constituída de dois lóbulos unidos por um istmo. Essa glândula, em sua arquitetura, apresenta características como: capsula de tecido conjuntivo, milhares de folículos e boa vascularização. Folículos tireoidianos: a tireoide é composta de milhares de folículos tireoidianos, que são pequenas esferas de 0,2 a 0,9 mm de diâmetro. A parede dos folículos é um epitélio simples (cuboide ou colunar baixo) cujas células são também denominadas tireócitos. A cavidade dos folículos contém uma substância gelatinosa chamada coloide. A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo que envia septos para o parênquima. Os septos se tornam gradualmente mais delgados ao alcançar os folículos, que são separados entre si principalmente por fibras reticulares. O coloide é uma substância gelationosa que possui uma glicoproteína conhecida como tireoglobulina, que possibilita o armazenamento T3 e T4 O epitélio folicular é composto de dois tipos de células: foliculares e células parafoliculares. As células foliculares (células principais) são responsáveis pela produção dos hormônios tireoidianos T4 e T3. Elas são estimuladas pelo TSH e variam quanto ao formato e tamanho, de acordo como o estado funcional da glândula. Em preparações de rotina coradas por hematoxilina e eosina (H-E), as células foliculares exibem um citoplasma basal ligeiramente basófilo, com núcleos esféricos que contêm um ou mais nucléolos proeminentes. Na região basal, observa-se a existência de numerosos perfis de retículo endoplasmático rugoso (RER). Pequenas vesículas presentes no citoplasma apical são morfologicamente semelhantes às vesículas associadas ao complexo de Golgi. No citoplasma apical, observa-se também a existência de numerosas vesículas endocitóticas, identificadas como gotículas de reabsorção coloidal, e lisossomos Além disso, outras ações das células foliculares são: síntese de tireoglobulina (constituição do coloide); captação de iodeto; reabsorção de coloide e degradação da tireoglobulina iodada; e encaminhamento de T3 e T4 para os capilares perifoliculares. O formato das células foliculares varia de acordo com o estado metabólico do indivíduo: As células parafoliculares(células C) estão localizadas na periferia do epitélio folicular e situam- se dentro da lâmina basal dos folículos. Essas células não estão expostas ao lúmen do folículo. Secretam calcitonina, um hormônio que regula o metabolismo do cálcio. Em preparações de rotina coradas por H-E, as células C apresentam coloração pálida e ocorrem como células solitárias ou pequenos agrupamentos de células. PARATIREOIDE As glândulas paratireoides são pequenas glândulas endócrinas intimamente associadas à tireoide. São ovoides, com alguns milímetros de diâmetro, e estão dispostas em dois pares, constituindo as glândulas paratireoides superiores e inferiores. Em geral, estão localizadas no tecido conjuntivo da superfície posterior dos lobos laterais da glândula tireoide. Características gerais: cordões de células secretoras; entremeados de capilares sanguíneos fenestrados; e predomínio de células principais, com núcleo redondo e bem corado. As células principais e as células oxífilas constituem as células epiteliais da glândula paratireoide. As células principais predominam amplamente sobre as outras, têm forma poligonal, núcleo vesicular e citoplasma fracamente acidófilo; essas células são secretoras do hormônio das paratireoides, o paratormônio. Na espécie humana, as células oxífilas aparecem por volta dos 7 anos de idade e a partir daí aumentam progressivamente de número. São poligonais, maiores e mais claras que as células principais. A função dessas células é desconhecida. ADRENAIS As adrenais são duas glândulas endócrinas cordonais achatadas com forma de meia-lua, cada uma situada sobre o polo superior de cada rim. Em humanos podem também ser chamadas suprarrenais, porque se situam sobre os rins. Esse órgão é encapsulado e dividido nitidamente em duas camadas concêntricas: uma periférica espessa, de cor amarelada, denominada camada cortical ou córtex adrenal, e outra central menos volumosa, acinzentada, a camada medular ou medula adrenal. Medula e córtex apresentam origem embriológica, morfologia e funções distintas: Zonas corticais – Zona glomerulosa É a zona externa mais delgada que constitui até 15% do volume cortical. • fina camada logo abaixo da cápsula; • células secretoras altas (piramidais ou colunares); • se organizam em agrupamentos ovoides ou arcos; • secretam o principal mineralocorticoide: aldosterona. Zonas corticais – Zona fasciculada É a zona média espessa que constitui quase 80% do volume do córtex. • células arranjadas em cordões retilíneos semelhantes a feixes/fascículos, entremeados por capilares; • células com gotículas citoplasmáticas (espongiócitos)→ as células da zona fasciculada são poliédricas, contêm um grande número de gotículas de lipídios no citoplasma e aparecem vacuoladas em preparações histológicas rotineiras devido à dissolução de lipídios durante a preparação do tecido. Por causa dessa vacuolização, essas células são também chamadas espongiócitos.; • a principal secreção dessa zona consiste em glicocorticoides, como o cortisol. Zonas corticais – Zona reticulada É a zona interna que, embora represente 5% a 7% do volume do córtex, é a mais espessa que a zona glomerulosa, em virtude de sua localização mais central. • região mais interna do córtex; • células menores, organizadas em cordões que se anastomosam, formando uma rede; • a principal secreção dessa zona consiste em gonadocorticoides. O principal glicocorticoide secretado também é o cortisol. Medula É composta de um parênquima com grandes células epitelioides, de coloração pálida, denominadas células cromafins (células medulares), tecido conjuntivo, numerosos capilares sanguíneos sinusoidais e nervos. As células cromafins são, de fato, neurônios modificados. • células cromafins (neurônios modificados – ausência de axônios); • organizadas em grupamentos ovoides; • ao contrário das células do córtex, que não armazenam esteroides, as células da medula armazenam os seus hormônios em grânulos. PÂNCREAS O pâncreas é uma glândula alongada que apresenta uma cabeça, um corpo e uma cauda. A cabeça é uma porção expandida situada na curva em formato de C do duodeno. Está ligado ao duodeno por tecido conjuntivo. O corpo do pâncreas, de localização central, cruza a linha média do corpo humano, e a cauda estende-se na direção do hilo do baço. O ducto pancreático (de Wirsung) estende-se através do comprimento da glândula e deságua no duodeno, na ampola hepatopancreática (de Vater), através da qual o ducto colédoco do fígado e da vesícula biliar também entra no duodeno. O esfíncter da ampola hepatopancreática (de Oddi) circunda a ampola e não apenas regula o fluxo de bile e do suco pancreático para dentro do duodeno, mas também impede o refluxo do conteúdo intestinal para dentro do ducto pancreático. Em alguns indivíduos, existe um ducto pancreático acessório (de Santorini), um vestígio da origem do pâncreas a partir de dois primórdios endodérmicos embrionários que se evaginam do intestino anterior. • uma fina camada de tecido conjuntivo frouxo forma uma cápsula ao redor da glândula. A partir dessa cápsula, estendem-se septos até a glândula, dividindo-a em lóbulos mal definidos; • o componente exócrino sintetiza e secreta no duodeno enzimas essenciais para o processo de digestão no intestino – ácinos pancreáticos; • o componente endócrino sintetiza e secreta os hormônios insulina e glucagon no sangue. Esses hormônios regulam o metabolismo da glicose, dos lipídios e das proteínas no corpo – ilhotas de Langerhans. Ilhotas de Langerhans • células poligonais de núcleo arredondado; • arranjo cordonal; • capilares fenestrados; • tipos celulares: o Célula ⍺: glucagon – 20% o Célula β: insulina – 70% o Célula δ: somatostatina – 5% o Células PP: polipeptídio pancreático– 4% o Células ε: grelina – 1% Referências PAWLINA, Wojciech; Ross Histologia – Texto e Atlas, 8ed. Capítulo 18 – Sistema Digestório 3 | Fígado, Vesícula Biliar e Pâncreas. PAWLINA, Wojciech; Ross Histologia – Texto e Atlas, 8ed. Capítulo 21 – Órgãos Endócrinos. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, José. Histologia Básica – Texto & Atlas, 13ed. Capítulo 20 – Glândulas Endócrinas.
Compartilhar