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Prova Teoria da Literatura

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1ª. questão . 
 A presença ou ausência da voz do poeta será fundamental para a diferenciação 
entre o gênero dramático e o gênero épico na teoria aristotélica. Leia atentamente o 
trecho abaixo, de obra lida/recomendada no semestre, e faça o que se pede: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a)- o trecho deve ser considerado como exemplar do gênero dramático ou, pelo 
contrário, do gênero épico? Explique por que, de acordo com os critérios aristotélicos. 
(2,5) 
R: O trecho deve ser considerado como um exemplar épico. No trecho destacado, o 
narrador descreve as falas dos personagens, onde o poeta ao descrever os 
acontecimentos e suas ações, forma uma narrativa mista. Além disso, a utilização de 
versos longos, dos quais o narrador se torna impassível, ou seja, não demonstra 
envolvimento com os fatos narrados, mantendo-se distanciado. Ademais, apresenta 
personagens místicos elevados, da qual é também uma das características do gênero 
épico segundo Aristóteles. 
 
b)- O trecho pode ainda servir como ilustração do que Platão condena na poesia, de 
acordo com os argumentos usados no Livro II da República (de 377 a 379 inclusive) 
Explique por quê. (2,5) 
R: Segundo Platão, a literatura seria dividida em duas, a verdadeira e a falsa. Conforme 
afirma no Livro II da republica, as fabulas seriam uma mentira, e deveriam ser vigiadas 
e selecionadas como boas ou más. Em seu pensamento, as fabulas maiores, como as de 
Homero e Hesideo, das quais descreviam mentiras sem nobrezas a maneira de ser dos 
deuses e dos heróis. Sendo essas, contadas de forma descuidada para os jovens, visto 
que nessa idade, eles ainda estariam modelando sua personalidade, e não teriam 
embasamento para distinguir uma alegoria com uma moral, de uma verdade absoluta. 
Entretanto, a doutrinação em que estariam submergidos com o tempo tornaria os 
ensinamentos das fabulas inalteráveis, sendo assim, as primeiras grandes historias 
deveriam ser mais nobres, afim de buscarem alguma virtude a quem conhecer. Como 
mostra no trecho destacado, onde Zeus se apresenta sem nobreza, impondo sua 
soberania sobre um mero mortal. 
 
 
deveriam examinar as fabulas maiores, antes das menores, pois essas teriam grande 
influencia na vida das crianças. As fabulas seriam mentiras, embora poderiam conter 
certa verdade, o modo como eram descritas sem nobreza ao retratar as ações dos deuses 
“Zeus, que acumula nuvens, respondeu-lhe 
assim: 
‘Demônio de mulher! Com tudo implicas! Não 
me largas! Contra mim nada podes no entanto. 
Se do meu coração te afastas, calafrios 
te esperam. O que vai ser, será como eu quero. 
Conserva-te em silêncio e observa o que eu 
digo. 
Se eu lançar sobre ti minhas mãos invencíveis, 
nenhum dos imortais poderá socorrer-te!’ 
Falou. E temerosa, a deusa, olhos de toura, 
sentou-se, silenciou, coração combalido.” 
 
(HOMERO, Ilíada. Canto I. Trad. de Haroldo 
de Campos) 
 
estariam os poetas, tais como Homero e Hesideo, criadores das fabulas maiores, 
estariam mentindo a cerca 
 
 
 
2ª. questão. 
Pode-se dizer que, definindo a catarse como um efeito decorrente da experiência de 
“terror e compaixão”, Aristóteles a postula em termos que implicam certa contradição: 
os dois sentimentos implicados na catarse (purificação, purgação) são contraditórios 
porque afinal, se de imediato o horror provoca a repulsa, o afastamento e até mesmo o 
recalque, a compaixão implica o movimento da reaproximação e de certa identificação. 
A experiência terrível da catarse seria levar a um distanciamento que propiciaria não a 
pura e simples imitação, mas sim a transformação da ação vista na tragédia em um objeto 
de conhecimento. Responda, considerando a leitura feita de Édipo Rei: 
a)- Explique a catarse como um efeito que conduz o ser humano ao conhecimento. (2,5) 
 
R: Segundo Aristóteles, a catarse seria o meio do qual o espectador purifica a sua alma, 
através da tragédia, onde o publico ao se identificar com o herói trágico, repleto de 
emoções e sentimentos do personagem, que possuíam certa virtude nobre, esse captaria 
essas emoções, e assim se libertaria das suas. Seguindo esse conceito, em Édipo Rei, o 
herói, primeiramente cometeria um erro, do qual é chamado de hamartía, onde em Édipo 
Rei poderíamos classificar quando o mesmo contraria o seu destino, e o tenta mudar. 
Resultando assim, a peripécia, ou seja, uma circunstancia inesperada que altera o seu 
destino. Além disso, Aristoteles, afirma que para alcançar uma catarse perfeita, seria 
necessário um homem bom, porém infortuno graças á um erro, visto que, em um homem 
mau, não causaria a purificação. Ou seja, é necessário que o herói cometa o erro, e 
reconheceça que errou por meio de uma ignorancia, mas não por uma falha de caráter, 
pois não seria considerado um homem bom. Ou seja, quando Édipo pune-se ao se cegar, 
ele encontra sua purificação junto ao publico, ultrapassando seu fracasso e dor. 
 
 
b)- Explique por que a catarse permite compreender a diferença entre Aristóteles e Platão 
quanto à legitimidade da poesia. (2,5) 
R: A poesia é, segundo Platão, a arte de imitação(mimesis), onde está julga o poeta 
como um imitador das coisas que ele diz, pois o poeta estaria no mundo sensivél, sendo 
assim uma copia do mundo inteligivél que constitue a verdade. Platão então, da um 
sentido negativo a mimesi e poesia, pois a considera sem nobreza e sem virtudes, onde 
as pessoas ao lerem coisas consideradas ruins, esses as repetiriam. Porém, Aristóteles 
atribui ao termo um carater positivo, pois para ele o poeta não é apenas um imitador, 
mas sim um criador de ações, pois essas estariam no mesmo patamar dos 
acontecimentos do mundo normal. Portanto, ao afirmar na Poética que, a tragedia seria 
uma imitação de carater elevado, pois através dos atores, do terror e a piedade dos 
herois, o efeito de catarse, trás sabedoria e prazer ao leitor da ignorancia das ações; 
como em Édipo Rei, ao matar seu pai, e casar com sua mãe, sem saber, e ao final aceitar 
sua purgação, essas ações nao seriam consideradas ruins, pois elevam conhecimento, 
sendo então util, pois a mistura de alivio e prazer purificam o leitor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porém a mimesis do poeta trágico não faz dele um mero imitador ou plagiador, como 
em Platão. O imitar aristotélico das ações é uma criação, pois resgata o mundo nos 
mesmos moldes pelos quais ele se produz, e isto se dá pelo intermédio do próprio 
mundo. 
A mimesis é, para Aristóteles, portanto ativa e criativa. A catarse é um efeito suscitado 
pela tragédia no público. Os atores, que imitam ações, na catástrofe final com que 
terminam as peças trágicas, suscitam no público terror e piedade, visando a catarse 
destas emoções. O terror, por ver os personagens amigos das tragédias (ou o herói 
trágico ou o personagem principal) se darem mal no desfecho da trama. Como em Édipo 
Rei – o exemplo de tragédia perfeita -, que mata seu pai, casa-se com sua mãe e no final 
cega-se em punição purgativa. Estas ações catastróficas podem se dar de três maneiras: 
quando os personagens sabem o que estão fazendo, quando sabem o que fazem, mas não 
sabem que isso é ruim (No já citado Édipo Rei de Sófocles ele casa com sua mãe sem o 
saber), ou quando praticam as ações em completa ignorância. 
A piedade ou a compaixão é uma sensação causada pela desgraça dos personagens. A 
platéia – que era extremamente exigente e ativa no teatro grego -, sente pena e 
repugnância. A força destas emoções é um prazer causado pela mimesis destes 
personagens, que leva à catarse das emoções. A catarse é uma mistura de alívio e 
prazer. Para Albin Leski, a catarse não está ligada a nenhum efeito moral, entender a 
questão desta forma soa como um anacronismo cristão. Ou seja, não há, no sentido 
próprio da Poética, uma "purificaçãodo Espírito", uma ascese da alma. Os espectadores 
não se sentem melhores por expulsar o mal de suas almas, tal sentido se assemelha a 
uma moral cristã tal como a Idade Média pinta. 
 
 
Como Aristóteles não acredita no mundo das idéias, não considera errado imitar, ao contrário, é bom, 
pois é fonte de prazer e conhecimento (”Por imitação o homem aprende”). Segundo Platão a tragédia 
provoca terror e isso seria ruim, incutindo o medo, porém Aristóteles alega que a imitação purga, purifica 
o leitor (catarse), sendo, então, útil. 
É certo, porém, que Aristóteles utiliza estes termos com sentidos inteiramente diversos 
de Platão. Em Platão, as artes condenáveis são aquelas reguladas pela mimesis, e a 
mimesis é entendida como imitação. Uma poesia, para Platão, é mimesis. O poeta 
representa o mundo sensível, que por sua vez é cópia da Idéia imutável, que constitui a 
realidade. 
Este sentido negativo de mimesis – imitação, simulacro -, tal como é empregado por 
Platão, foi a tradução do termo que se consolidou na tradição filosófico-literária 
ocidental. Aristóteles, porém, dá ao termo um caráter positivo e uma importância maior, 
a ponto do termo, que é apenas mais um no vocabulário platônico, se tornar um conceito 
no interior da Poética. Os conceitos de mimesis (traduzido por imitação) e katharsis 
(traduzido por purgação, purificação) serão as peças fundamentais que estruturam a 
definição de tragédia no capítulo III da Poética: "É pois a tragédia imitação de um 
caráter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada e com as 
várias espécies de ornamento distribuídas pelas diversas partes do drama, imitação que 
se efetua não por narrativa, mas mediante atores, e que suscitando o terror e a piedade, 
tem por efeito a purificação destas emoções". 
A palavra mimesis em Aristóteles está ligada à techné (arte) e à physis (natureza). Na 
Física de Aristóteles está escrito que a arte imita a natureza. A mimesis aristotélica 
alcança uma dimensão ontológica, por determinar o modo de ser do poema trágico. O 
autor trágico é um imitador da ação na Poética, e da natureza na Física. Mas, como 
explica Victor Knoll, a ação imitativa é o transporte do particular para o universal, uma 
atividade que procura reassumir os procedimentos da physis, ou: "a misesis tem como 
material a história, que converte em fábula por força da techné segundo a 
physis".(KNOLL, Discurso, 1995). 
O termo grego physis pode ser traduzido como a semente a partir da qual as coisas se 
desenvolvem, fonte de movimento e mutação dos seres naturais, a realidade enquanto se 
realiza, tudo aquilo que brota espontaneamente do chão, em oposição ao Hades. 
 
A poesia é, então, imitação. Mas a imitação pode imitar homens melhores ou piores. A 
imitação de homens melhores resulta na tragédia, e a imitação de homens piores resulta 
na comédia. O ato de imitar, para Aristóteles, é congênito ao homem, juntamente com a 
harmonia e o ritmo. Este caráter inato e muitas vezes até mesmo inconsciente da 
atividade imitativa é mais uma mostra da nobreza que ela adquire na teoria aristotélica. 
dessa, a peripécia, do qual muda o destino do personagem, além disso, essa se consistia 
no infortuno de um homem bom, pois para Aritoteles somente assim haveria empatia. É 
necessário que o herói cometa o erro, como Édipo ao 
Em Literatura, hamartía (άμαρτία) é um erro cometido pelo personagem de uma 
tragédia, que resulta na peripécia (peripéteia). O termo aparece na Poética de 
Aristóteles, por isso também é conhecida pelos nomes de falha aristotélica e erro 
trágico. 
Para Aristóteles, uma tragédia com peripécia (ou tragédia complexa: peplegméne) é 
mais perfeita que uma tragédia sem peripécia (ou tragédia simples: haplê), para que se 
registrasse a adequada comoção (kommós), requerida para a catarse (katársis) por parte 
do espectador. Além disso, na tragédia ideal a peripécia deve decorrer da hamartía, para 
que o herói reconheça que errou (anagnórisis); quando os acontecimentos se devem à 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trag%C3%A9dia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Perip%C3%A9cia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Po%C3%A9tica_(Arist%C3%B3teles)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
https://pt.wikipedia.org/wiki/Catarse
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anagn%C3%B3rise
ação de forças superiores às do herói, por exemplo, não há erro, nem reconhecimento, e 
a tragédia é inefetiva. Segue-se que o erro trágico precisa ser cometido pelo herói. 
Ainda de acordo com a teoria estética de Aristóteles, era necessário que a peripécia 
consistisse no infortúnio de um homem bom. Outras possibilidades de reviravolta não 
eram recomendáveis: o infortúnio de um homem mau e o sucesso de um homem bom 
não provocariam comoção; o sucesso de um homem mau provocaria comoção, mas não 
catarse, por ser moralmente condenável. Aristóteles, com base nesse raciocínio, declara 
que, para que a tragédia fosse o mais efetiva possível, o herói deve cometer o erro 
trágico em decorrência da ignorância de algum dado importante, e não impelido por 
uma falha de caráter, pois neste caso ele não poderia ser considerado um homem bom. 
A tragédia modelo, para a teoria aristotélia, é o Édipo Rei, de Sófocles. 
Nas tragédias 
Édipo Rei, quando de rei tebano passa a amante da própria mãe, pune-se ao cegar a si 
próprio e parte para o exílio. Ou seja, quando a desdita ocorre a quem não detém o 
merecimento. 
catarse, retratado em sua obra “Arte Poética”, representava a purificação das almas que 
ocorria através de uma grande descarga de sentimentos e emoções, provocada pela 
visualização de obras teatrais: tragédias ou dramas. 
Em outras palavras, quando o público entrava em contato com a linguagem poética 
associada à representação teatral (tragédia e drama), repleta de emoções e sentimentos 
que emanavam dos personagens da peça, a plateia era capaz de captar tais emoções 
(terror, medo e piedade) e assim, liberar-se das suas. 
Nesse sentido, Aristóteles aproxima-se do conceito de catarse nas artes. Com o passar 
dos anos, o conceito de catarse foi se expandindo e atualmente, faz parte de diversas 
áreas do saber, no entanto, todos eles derivam da concepção apresentada pelo filósofo 
grego. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipo_Rei
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3focles
https://www.todamateria.com.br/aristoteles/

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