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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIEITODO I TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PROCESSO N°: HENRIQUE, já qualificado nos autos do processo em epigrafe, que lhe move o MINISTÉRIO PÚBLICO, vem por seu advogado signatário inconformado, com sua dura decisão, que o pronunciou, vem respeitosamente, dentro do prazo legal, perante VOSSA EXCELENCIA, interpor RECURSO NO SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art. 581, inciso IV, do CPP. Requer que seja recebido e processado o presente recurso e caso VOSSA EXCELENCIA, entenda que deva ser mantida a respeitável decisão que seja encaminhada ao EGRÉGIO I TRIBUNAL DE JUSTIÇA com as inclusas razões. NESTES TERMOS PEDE DEFERIMENTO RIO DE JANEIRO 25 DE JUNHO DE 2018 ADVOGADO OAB/RJ N° RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: HENRIQUE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do documento de identificação RG sob n°, CPF N°, residente e domiciliado a RUA ,N°, bairro, CEP, RIO DE JANEIRO/ RJ, com endereço eletrônico. RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO PROCESSO N°: AUTOS DE ORIGEM I TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. EGRÉGIO TRIBNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. COLENDA COMRCA CRIMINAL DOUTOS E DESEMBARGADORES Em que pese o ilibado saber jurídico a quo, não merece prosperar a referida decisão, sendo imperiosa a reforma da respeitável sentença que pronunciou recorrente por este tribunal ad quem pelas razões de fato e de direito abaixo consubstanciados. DAS PRELIMINRES DA PRESCRIÇÃO Desde logo se requer o reconhecimento da extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato, ma vez que os fatos ocorreram em 23/03/2014, quando o réu era menor de 21 anos e a denúncia fora recebida em 20/04/2014, desta forma configura uma causa de interrupção de prazo prescricional, nos termos do art. 117, I CP. Durante a instrução passaram-se mais de quatro anos sem que houvesse suspensão do prazo prescricional, ou nova causa de interrupção, e apenas em 18 de junho de 2018, foi proferida e publicada a decisão de pronúncia funcionando como causa de interrupção de prazo prescricional nos termos do RT. 117 II DO CP. Verifica-se que o crime imputado ao recorrente possui pena máxima de quatro anos sendo, certo que ainda que reduzido pela tentativa, a princípio o prazo prescricional seria de oito nos, conforme art.109 IV, DO CP. Todavia o recorrente era menor de 21 anos a data dos fatos, logo deveria ser computado pela metade, ou seja, quatro anos conforme disposto no artigo 115 do CP, período esse ultrapassado entre o recebimento da denuncia e a decisão de pronúncia. Dessa forma requer preliminarmente seja acolhida a presente preliminar extinguindo o processo sem julgamento de mérito. DAS NULIDADES A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: IV- por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. DA NÃO CONCESSÃO DO BENEFICIO DA SUSPENÇÃO CONCICIONAL DO PROCESSO. Ainda preliminarmente, deveria destacar-se a existência de nulidade ser reconhecida, anulando-se toda a instrução tendo em vista que o crime imputado ao acusado possui pena prevista de um a quatro anos, logo passível a proposta de suspensão condicional do processo. De acordo com o art. 89 da lei 9.099/95, independente de o crime ser ou não de menor potencial ofensivo, ainda que doloso contra vida, em sendo a pena mínima prevista de até um ano preenchidos os demais requisitos legais, cabível proposta de suspensão condicional do processo. No caso em questão, o recorrente é primário, e preenche os requisitos do art. 77, do CP, respondendo a qualquer outra ação penal, inexistindo motivação razoável para que não fosse oferecida a proposta do instituto despenalizados. Com a suspensão condicional do processo, sequer haveria que se falar em instrução e pronuncia, devendo ser anulada decisão, encaminhando-se os autos IIMO, representantes do MINISTÉRIO PUBLÍCO,pra manifestação sobre a proposta do beneficio. Acontece que houve explícita violação o art. 5° INCISO LV da COSNTITUIÇÃO FEDERAL, que assegura o principio do contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes, ocasião em que não foi observada. DO CERCEAMENTO DE DEFESA Outra nulidade a ser alegada, é que após as alegações finais das partes foram juntados documentos aos autos relevantes para julgamentos da causa, devendo o doutor magistrado, de imediato, sem dar vistas partes, para novas instruções do referido processo, no entanto, o mesmo proferiu erroneamente decisão de pronuncia desconsiderando a documentação apresentada. Diante disso, houve violação ao principio da ampla defesa e do contraditório, já que a defesa não teve acesso as provas que foram acostadas ao procedimento. Houve explícita violação o art. 5° INCISO LV da COSNTITUIÇÃO FEDERAL, que assegura o principio do contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes, ocasião em que não foi observada. DOS FATOS O Recorrente, já qualificado nos autos do processo em epigrafe, foi denunciado, processado e pronunciado como incurso no art. 126, caput, C/C, o art. 14, inciso II do CP. Perante o JUÍZO DO I TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO. O Recorrente começou a namorar a recorrida jovem que recentemente completou 15 anos de idade. Após o início do namoro, ainda muito apaixonado, ele foi surpreendido coma informação de que a recorrida estaria grávida de seu ex-namorado, o adolescente Antônio, com quem mantivera relações sexuais. A Recorrida demonstrou muita preocupação com a reação de seus pais, diante da gravidez precoce, e em desespero, solicitou ajuda ao recorrente para realizar um aborto. Diante disso, no dia 23/03/2014, no Rio de Janeiro, o recorrente adquiriu remédio abortivo cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entregou para a namorada, que de imediato passou a fazer uso dele. A RECORRENTE, então, começou a passar mal e expeliu algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o feto. Os pais da RECORRENTE presenciaram os fatos e levaram a filha imediatamente para o Hospital, em seguida compareceram a Delegacia de Polícia e narraram o ocorrido. No hospital foi informado pelos médicos que, na verdade, Marta possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o que fora expelido não era um feto. Após investigação, no dia 18/04/2014, Henrique vem a ser denunciado pelo crime tipificado no art. 126, caput, c/c o art. 14, inciso II do CP, perante o Juízo do I Tribunal do Júri da Comarca da Capital/RJ. A petição inicial acusatória foi recebida em 20/04/2014. Durante a instrução de primeira fase do procedimento especial, foram ouvidas as testemunhas e recorrida, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. As partes apresentaram alegações finais orais, e o juiz determinou a conclusão do processo para decisão. Antes de proferir a decisão, mas após manifestação das partes em alegações finais, foram juntados aos autos o Boletim de Atendimento Médico de Marta, no qual consta a informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais do recorrente sem outras anotações e um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na adolescente. Com a juntada da documentação, de imediato sem a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu decisão de pronúncia nos termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual seja, 18 de junho de 2018, segunda-feira, ocasião em que as partes foram intimadas. DO DIREITO Na hipótese apresentada, estamos diante de clara situação de impropriedade do objeto, tendo em vista que a intenção do agente era causar aborto em uma pessoa que não estava sequergrávida. Em que se pese o Recorrente, acredita está praticando delito e ter dolo de praticá-lo, no mundo fático não havia um feto em risco ou bem jurídico a ser protegido. Diante disso, superada a fase das alegações finais das partes, foram juntados documentos aos autos relevantes para o julgamento d causa, que além de comprovem a impossibilidade da execução do crime ao réu imputado, e sabendo-se que o crime tipificado como aborto consiste na interrupção da gestação se esta não resultar rigorosamente demonstrada, neste caso não de se falar no delito do art.126 do CP, mesmo que o tenha confessado o acusado. O M.M JUIZ A QUO, em a sentença de pronuncia deixou de examinar relevante prova pericial posteriormente juntada aos auto, descumprir o disposto no art. 158 do CPP, IN VERBIS; Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame do corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Trata-se de delito que deixa vestígio, neste caso torna-se imprescindível a comprovação da autoria e da materialidade do aborto, não podendo submeter a acusada, ora Recorrente ao julgamento do TRIBUNAL DO JÚRI, sem esclarecimento de laudo pericial baseado no exame de corpo de delito. A lei prevê em seu art.17 do CP, que não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do objeto, é impossível consumar-se o crime. Doutrina NA PALAVRA DE GUILHERME SOUZA NUCCI, "Também conhecido por tentativa inidônea, impossível, inútil, inadequada ou quase crime, é a tentativa não punível, porque o agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta-se contra objetos absolutamente impróprios, tornando impossível a consumação do crime (art. 17, CP). Trata-se de um autêntica “carência de tipo1’, nas palavras de Aníbal Bruno (Sobre o tipo no direito penal, p. 56). Exemplos: atirar, para matar, contra um cadáver (objeto absolutamente impróprio) ou atirar, para matar, com uma arma descarregada (meio absolutamente ineficaz). Manual de Direito Penal. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 312-313 Cuida-se de autêntica causa excludente da tipicidade." NUCCI, Guilherme de SOUZA. O legislador brasileiro decidiu então, valorizar, nesse momento, a efetiva violação, risco do bem protegido, em detrimento do elemento subjetivo. Portanto não comprovada a gravidez, nem a existência do feto sacrificado, é impossível a perseguição penal, e com maior razão, mostra-se inviável a subsistência do decreto de pronuncia, devendo ser o agente absolvido de imediato, nos termos do art. 415, INCISO III, do CPP. CONCLUSÃO Ante o exposto se requer que seja, conhecida e provido o presente recurso, visto que o autor injustamente denunciado conforme a quantidade de provas contidas nos autos, entretanto ocultada nos autos pelo juiz a quo, por um crime que não cometeu, por ser juridicamente impossível sua execução, e pelas preliminares suscita na referida peça. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, por este ÉGREGIO TRIBUNAL. 1- Os preliminares suscitadas na presente peça, conseqüentemente seja este processo extinto sem julgamento de mérito, pelos fatos e fundamentos contidos no presente recurso. 2-Não entendendo VOSSA EXCELENCIA, pelo pedido anterior, que VOSSA EXCELENCIA, se direciona a anulação da decisão de pronuncia do Recorrente, requerendo outrossim seja determinado por V.EXAS, a absolvição sumária nos termos do art. 415, inciso III, do CPP, ante a atipicidade da conduta. NESTES TEMOS PEDE DEFERIMENTO RIO DE JANEIRO, 25 DE JUNHO DE 2018. ADVOGADO OAB/RJ N°
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