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Teorias e Fundamentos da Psicopedagogia Unidades 3 e 4

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Kelly Cristina Kazzadore
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Teorias e Fundamentos 
da Psicopedagogia
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3
Uni
Tendências 
Contemporâneas e 
Âmbito de Atuação 
do Profissional em 
Psicopedagogia
Tendências 
Contemporâneas e 
Âmbito de Atuação 
do Profissional em 
Psicopedagogia
56
Caro Aluno,
 Seja bem-vindo a nossa segunda aula. Dare-
mos orientações sobre as tendências contemporâne-
as da Psicopedagogia e seu âmbito de atuação.
 Bons estudos!
Objetivos desta Unidade
	 Ao	final	desta	Unidade	você	deverá	ser	ca-
paz de dissertar sobre os campos em que a psicope-
dagogia atua, bem como, apontar a importância do 
psicopedagogo	como	profissional	atuante.
Conteúdos da Unidade
Nesta unidade iremos estudar os seguintes conteúdos:
Tendências Contemporâneas da Psicopedagogia;
O	Psicopedagogo	na	Prática	Institucional;
O	Psicopedagogo	na	Prática	Clínica.
57
	 No	 capítulo	 anterior,	 vimos	 que	 o	 processo	
histórico da Pscicopedagogia perpassa na Europa, 
mais precisamente na França, passando pela Argentina 
que,	por	sua	vez,	influencia	os	trabalhos	desenvolvidos	
nesta	área	aqui	no	Brasil.
	 Neste	capítulo	abordaremos	sobre	a	atual	ten-
dência da Psicopedagogia, ou seja, o que tem se discu-
tido sobre o trabalho desenvolvido pelos psicopedago-
gos	em	sua	vasta	área	de	aplicabilidade,	bem	como,	seu	
campo de atuação.
 Para que possamos recordar, a psicopedagogia 
é	um	campo	de	atuação	profissional	com	conhecimen-
tos em saúde e educação que tem como foco o proces-
so de ensino/aprendizagem do aluno.
 Ou ainda, ocupando-se da aprendizagem hu-
mana,	 a	 psicopedagogia	 discute	 a	 problemática	 da	
aprendizagem, situada além dos limites da psicologia e 
da pedagogia. 
		 Em	outra	definição,	temos	que	o	objeto	cen-
tral de seu estudo tem se estruturado em torno do 
processo de aprendizagem humana, bem como, seus 
3. Tendências 
Contemporâneas 
da Psicopedagogia
58
padrões	evolutivos	normais	e	patológicos	e	suas	influ-
ências nos ambientes familiar, escolar e social de seu 
desenvolvimento.
 O psicopedagogo argentino Jorge Visca é o 
idealizador da Epistemologia Convergente que integra 
de	forma	simultânea	as	contribuições	da	Psicanálise,	da	
Escola de Genebra e da Psicologia Social de Pichon-
-Riviére. Essas contribuições possibilitam “uma reflexão a 
partir da ideia de se articular saberes, proporcionando um melhor 
fluxo do conhecimento, abrindo caminhos para a compreensão do 
fenômeno da aprendizagem” (SANTOS, s/d, p.3).
 A concepção da Epistemologia Convergente 
está	relacionada	aos	aspectos	afetivos	e	cognitivos	que	
se estabelecem desde o nascimento, passando para o 
contato materno e ampliando-se para as relações com 
a	família,	a	comunidade	e	a	escola.	Dessa	forma,	se-
gundo sua teoria, o aprender não estaria somente re-
lacionado à escola, mas sim, ao desenvolvimento hu-
mano durante toda a existência do sujeito, através das 
interações com o outro. (SANTOS, op. cit)
 Dessa forma, cabe ao psicopedagogo saber 
como se constitui o sujeito e como este se transforma 
nas diferentes etapas de sua vida, quais os recursos de 
conhecimento que dispõe e a forma pela qual produz 
esse conhecimento e aprende. 
 Em sua obra “Tendências Contemporâneas 
em Psicopedagogia”, Mota (2004) enfatiza que é de 
59
responsabilidade	do	psicopedagogo	enquanto	profis-
sional no âmbito das escolas:
Prevenção dos problemas escolares, participação de pro-
gramas de saúde e educação abrangendo a área insti-
tucional, comunitária e social; adequação dos objetivos 
do sistema educacional às necessidades da comunidade 
escolar; manutenção da saúde mental no ambiente es-
colar; busca da compreensão dos valores, da motivação 
para aprendizagem e do processo cognitivo de todos os 
alunos; aproximação entre teoria e prática no seu tra-
balho rotineiro; apoio ao professor e equipe escolar nos 
aspectos de sua competência, isto é, da psicologia na 
educação favorecendo o bom andamento da educação 
escolar, reflexão junto à equipe escolar e comunidade 
sobre o papel da educação escolar, seu caráter ideológico 
e sua prática pedagógica (p.25).
 Também cabe ao psicopedagogo contempo-
râneo saber o que é ensinar e o que é aprender, bem 
como, de que forma interferem os sistemas e métodos 
educativos e os problemas estruturais que interferem 
no surgimento de transtornos de aprendizagem e no 
processo escolar.
A psicopedagogia tem se caracterizado como um im-
60
portante campo de atuação, estudos e pesquisas sobre a 
aprendizagem humana. Nascida na intersecção entre 
áreas da pedagogia, psicologia e saúde, tem-se configu-
rado como campo interdisciplinar, priorizando a in-
terlocução com as diferentes áreas do saber, bem como 
a construção de um corpo teórico que lhe seja próprio, 
capaz de fundamentar a prática e a pesquisa na área 
(BOSSA, 1994, p. 58).
	 De	acordo	com	Fernández	(1987	apud	MOT-
TA,	2011),	o	educando	deve	ser	considerado	em	seu	
total que engloba quatro aspectos: o organismo, o cor-
po, o seu desejo e sua inteligência.
 Organismo: deve ser entendido no seu funciona-
mento	fisiológico,	pois	doenças	e	dores	físicas	per-
turbam a aprendizagem;
 Corpo: como o aluno se percebe e se movimenta 
no espaço, qual a sua imagem e conceito corporal, 
qual a reação da criança frente ao espelho, dentre 
outras;
 Desejo: motivação, querer, auto-estima, forças e 
fragilidades, demanda, necessidade.
 Inteligência: refere-se à capacidade do discente 
em	solucionar	desafios	que	se	configuram	à	sua	fren-
te, no seu cotidiano. Como o aluno aborda os pro-
blemas	e	consegue	ou	não,	solucioná-los.
61
	 Diante	 do	 exposto,	 o	 profissional	 em	 psi-
copedagogia com vistas a suprir as necessidades no 
desenvolvimento do processo de ensino-aprendiza-
gem, pode atuar de forma preventiva (institucional-
mente) e, na recuperação de transtornos (clinicamen-
te).	 Cabe	 também	 a	 esse	 profissional,	 atuar	 como	
pesquisador dos processos de ensino-aprendizagem 
e seu desenvolvimento.
	 Na	atuação	clínica,	sua	função	pode	estar	re-
lacionada com o atendimento no consultório (tera-
pêutico)	tendo	a	finalidade	de	reconhecer	e	atender	
às alterações de aprendizagem de natureza patológi-
ca	(diagnóstico	psicopedagógico).	Já	na	atuação	pre-
ventiva	ou	institucional,	a	prática	seria	a	adoção	de	
uma	postura	mais	crítica	frente	ao	fracasso	escolar.
3.1 O Psicopedagogo 
na Prática 
Institucional
 No âmbito escolar, a psicopedagogia tem 
como objetivo ampliar as possibilidades de aprendi-
zagem de todos na escola. O psicopedagogo ouve e 
discute os assuntos da instituição, propõe mudanças, 
elabora propostas educativas, faz mediação entre 
62
os diferentes grupos envolvidos na relação ensino-
-aprendizagem	(alunos,	professores,	 famílias	e	 fun-
cionários),	bem	como,	aprimora	e	cria	metodologias	
e estratégias que garantam uma melhor aprendiza-
gem. Também é papel do psicopedagogo na institui-
ção escolar, colaborar na formação dos professores, 
possibilitando a ampliação de seus conhecimentos 
sobre o aluno, metodologias e estratégias de ensino 
que sejam adequadas. 
	 De	 acordo	 com	 Bossa	 (1994),	 o	 papel	 do	
psicopedagogo nas instituições escolares é de suma 
importância por dar suporte, diagnosticar e investi-
gar as causas que impedem a aprendizagem institu-
cional, a circulação de conhecimento, o papel das li-
deranças e dos liderados, bem como, os motivos que 
levam ao insucesso na aprendizagem das crianças.
 Segundo a mesma autora...
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações 
no processo aprendizagem, participar da dinâmica da 
comunidade educativa, favorecendo a integração, pro-
movendo orientações metodológicas de acordo com as 
características e particularidades dos indivíduos do 
grupo, realizando processos de orientação. Já no ca-
ráter existencial, o psicopedagogo participa de equipes 
responsáveis pela elaboração de planos e projetos no 
contexto teórico/prático das políticaseducacionais, fa-
63
zendo com que os professores, diretores e coordenadores 
possam repensar o papel da escola frente a sua docên-
cia e às necessidades individuais de aprendizagem da 
criança ou, da própria ensinagem (p. 23).
 Ainda na escola, o psicopedagogo pode tra-
balhar prestando assessoria aos professores e demais 
educadores para que os mesmos possam melhorar a 
qualidade de sua atuação em sala de aula, através de 
reflexões	sobre	questões	pedagógicas	e	novas	alter-
nativas	de	 trabalho,	propiciando	assim	uma	análise	
de como acontece o processo de ensino/aprendiza-
gem, levando sempre em consideração a importân-
cia dos fatores orgânicos, cognitivos, afetivo-sociais 
e pedagógicos na construção do conhecimento. 
	 Cabe	também	a	este	profissional	a	 instala-
ção de um clima de cooperatividade entre todos os 
profissionais	da	instituição	escolar,	possibilitando	a	
participação destes, na construção do projeto peda-
gógico, em discussões sobre situações e casos espe-
ciais ocorridos com os alunos.
	 De	acordo	com	Custódio	(2011),	
A psicopedagogia institucional, em seu saber fazer, 
busca acompanhar o processo educativo, para que este 
venha organizar a aprendizagem de forma que o fra-
64
casso escolar não seja presença marcante no aprendi-
zado das crianças e que o professor compreenda sua 
responsabilidade frente ao sucesso no ato de aprender. 
Verifica-se, no entanto, mudança na realidade brasi-
leira quanto a essa problemática, exigindo mudanças 
quanto ao aprendizado. Cada vez mais o professo-
rado preocupa-se com a qualidade da educação, apri-
morando sua formação e, diante dessa perspectiva, 
a psicopedagogia institucional vem dar o suporte ao 
acompanhamento da aprendizagem das crianças, aos 
seus familiares, e juntamente com a escola, acompanha 
o processo educativo e a ação pedagógica do professor.
	 Ainda	na	escola,	o	profissional	em	psicope-
dagogia pode prestar atendimento aos alunos com 
problemas de aprendizagem (como ex: realizar ativi-
dades em grupo), ou ainda, na prevenção dos mes-
mos,	buscando	o	desenvolvimento	do	 raciocínio	 e	
resgate	da	autoestima	com	a	finalidade	de	despertar	
o prazer e a vontade de aprender dos educandos.
	 Nessa	 perspectiva,	 Bassedas	 (1996)	 discute	
que a psicopedagogia institucional...
[...] busca conhecer, olhar e escutar a relação do sujeito 
com o conhecimento objetivando a melhoria do ensino 
e da aprendizagem, ou seja, para ajudar a família, 
65
a escola (em todos os níveis: administrativo, docente, 
técnico, discente) a cumprir o seu papel, atuando como 
um articulador do ensino e da aprendizagem (p. 24).
 Em sala de aula, Santos (s/d), discute que é 
no interjogo das relações que se estabelecem verda-
des	cristalizadas	e	 impermeáveis	às	mudanças,	 ten-
do-se muitas vezes que lidar com anos de verdades 
absolutas, criando assim uma dicotomia na relação 
de ensinar e aprender que não deixa espaço para a 
percepção do outro como parte do processo.
 Nesse paradigma, a autora discute que mui-
tas vezes é comum a desistência de uma educação 
que vise à qualidade, cabendo ao psicopedagogo, no 
âmbito	institucional	se	configurar	como	um	impor-
tante aliado na tarefa de romper barreiras à apren-
dizagem, possibilitando assim, a construção de um 
trabalho educacional coletivo.
 Sendo assim, cabe ao psicopedagogo en-
quanto	profissional	da	prática	institucional...	
Transformar pensamento linear em pensamento dialéti-
co, que mostre as contradições, as resistências, os medos 
que criam impossibilidades à aprendizagem e tratam o 
saber escolar como privilégio de uns em detrimento de 
outros, com a perda da conotação social e de inclusão. 
66
A instituição que se articula com o saber psicopeda-
gógico é uma instituição que trabalha com a pergunta, 
com a humanização das relações como processo funda-
mental para a aprendizagem, que não é só do aluno, 
mas do grupo, e com as mudanças que envolvem confli-
tos significativos (Santos, s/d, p.5).
 Dentre as habilidades desempenhadas enquan-
to	profissional	de	psicopedagogia	na	instituição	escolar,	
temos:
 Auxiliar os professores na melhor forma de ela-
borar	um	plano	de	aula	com	a	finalidade	de	melhor	
assimilação dos conteúdos por parte dos educandos;
 Ajudar na elaboração do projeto pedagógico;
 Orientar o professor na ajuda aquele aluno que 
apresenta	dificuldades	de	aprendizagem;
 Realização de um diagnóstico que visa constatar 
possíveis	 problemas	 pedagógicos	 que	 porventura	
esteja prejudicando o processo de ensino/aprendi-
zagem;
		Encaminhar	o	educando	a	um	profissional	habili-
tado para o tratamento de seu problema (psicólogo, 
fonoaudiólogo etc), a partir de avaliações psicope-
dagógicas; 
 Conversar com os pais para o fornecimento de 
orientações;
67
		Auxiliar	na	instituição	escolar	para	que	os	profissio-
nais que ali trabalham tenham um bom relacionamen-
to entre si; 
 Conversar com a criança ou o adolescente quando 
o mesmo precisar de alguma orientação.
 Complementando o que foi descrito acima, 
Noffs	(1995)	salienta	que	cabe	ao	psicopedagogo:
		Administrar	ansiedades	e	conflitos,	trabalhar	com	gru-
pos;
		Identificar	sintomas	de	dificuldades	no	processo	de	
ensino-aprendizagem;
 Organizar projetos de prevenção;
 Clarear papéis e tarefas nos grupos;
		Criar	estratégias	para	o	exercício	da	autonomia;	
 Fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na 
relação ensino-aprendizagem (pais, professores, fun-
cionários);
 Criar espaços de escuta; 
 Levantar hipóteses; 
 Observar, entrevistar e fazer devolutivas;
	 	 Utilizar-se	 da	 metodologia	 clínica	 e	 pedagógica,	
“olhar	clínico”;
		Estabelecer	um	vínculo	psicopedagógico;
		Não	fazer	avaliação	psicopedagógica	clínica	indivi-
dual dentro da instituição escolar, pode, porém, fa-
zer sondagens, encaminhamentos e orientações;
68
		E	por	fim,	compor	a	equipe	técnica-pedagógica,	ne-
cessitando assim, de supervisão e formação pessoal.
 Entretanto, quando falamos em psicopeda-
gogia institucional, não podemos nos atrelar somen-
te na escolar. Existem outros campos de atuação em 
que	 este	profissional	 poderá	 desempenhar	 seu	 tra-
balho	com	a	finalidade	de	apoiar	e	ampliar	o	desen-
volvimento institucional. Dentre eles podemos citar 
as instituições de saúde, como hospitais e empresas 
privadas ou públicas.
	 Nas	empresas,	o	profissional	 atua	ampliando	
formas de treinamento, desenvolvendo criatividade 
e melhoria nas relações, participando na elaboração, 
no desenvolvimento e na avaliação de projetos, bem 
como, propondo e coordenando cursos de atualização.
 No âmbito empresarial, a psicopedagogia 
deve atuar preventivamente de forma a alcançar o 
desenvolvimento do grupo numa organização, escla-
recendo sobre os diferentes papéis, para que assim, 
os sujeitos possam entender e compreender suas ca-
racterísticas,	 suas	 limitações,	 seu	 desempenho,	 evi-
tando assim, cobranças de atitudes ou pensamentos 
que não são próprios da pessoa. Também pode atuar 
o	psicopedagogo	de	forma	terapêutica,	 identifican-
do, analisando, planejando e intervindo através das 
etapas de diagnóstico e tratamento.
69
 Em uma empresa, são trabalhadas as rela-
ções	hierárquicas,	as	parcerias,	o	processo	de	comu-
nicação entre as pessoas, o que elas dizem e o que 
querem dizer. Dessa forma, o psicopedagogo desen-
volve nas empresas o ser humano em sua relação 
com o mundo e consigo mesmo, visando à melhoria 
da empresa como parceria.
	 Já	nas	 instituições	de	saúde,	o	atendimento	
psicopedagógico é realizado como uma alternativa 
de apoio ao paciente visando assim, minimizar suas 
perdas e diminuir o impacto causado pela doença, 
ou seja, no âmbito hospitalar, cabe ao psicopedago-
go ajudar o paciente a enfrentar de forma mais posi-
tiva sua enfermidade. 
 Para Mello (2004) o psicopedagogo nesse 
caso é tido como “[...] um mediador para manter aque-
cido ou recuperar sentimentos de amor próprio, autoestima, 
aceitação, segurança e valorização da vida do paciente”	(p.1).
	 Nesta	perspectiva,	Maluf 	(2007)	discuteque	
são funções dos psicopedagogos nas instituições hos-
pitalares:
			Intervenção	nas	instituições	de	saúde,	integrando	
equipes	multidisciplinares,	com	a	finalidade	de	cola-
borar	com	outros	profissionais	de	saúde	e	orientan-
do seu procedimento no trato com o paciente e sua 
família;
 Elaborar diagnósticos das condições de aprendiza-
70
gem das pessoas internadas; 
 Adaptar os recursos psicopedagógicos para o con-
texto da saúde, utilizando recursos para a elaboração 
de programas terapêuticos de ensino/aprendizagem 
nas instituições em que as pessoas estejam com as 
suas	capacidades	adaptativas	diminuídas	por	razões	
de saúde; 
		Elaborar	e	aplicar	programas	comunitários	de	pre-
venção de comportamentos de risco e de promoção 
de	comportamentos	saudáveis;	
 Criar e desenvolver métodos e programas psicope-
dagógicos em contextos de reabilitação psicossocial, 
para pessoas em recuperação hospitalar;
 Elaborar relatórios de condições terapêuticas de 
ensino/aprendizagem e outras comunicações.
 Ainda a mesma autora salienta que...
A Psicopedagogia, em qualquer âmbito em que seja 
aplicada, trabalha as questões ligadas, principal-
mente, à ansiedade, baixa auto-estima e depressões; 
minimiza os prejuízos de ordem cognitiva no pro-
cesso de aprendizagem, facilita a relação saudável 
do indivíduo com o meio e o prepara para aprender 
inclusive questões ligadas à sua maneira de ser, limi-
tes e potencialidades. Como especificamente, a enfer-
midade, a capacidade de conhecer sua nova situação 
71
	 A	 prática	 psicopedagógica	 clinica	 ocupa-se	
da investigação e da intervenção no processo edu-
cativo,	com	a	finalidade	de	se	compreender	o	signi-
ficado,	a	causa	e	a	modalidade	da	aprendizagem	do	
indivíduo,	tendo	como	finalidade	sanar	suas	dificul-
dades.
	 De	acordo	com	Motta	(2011),	a	psicopeda-
3.2 O Psicopedagogo 
na Prática Clínica
e gerenciá-la de modo otimista, produtiva e saudável 
pode fazer toda diferença na realização futura dessa 
pessoa, especialmente aquela que é hospitalizada por 
longos períodos (p. 14).
 Ao se atender psicopedagogicamente a 
criança hospitalizada cria-se um mecanismo prote-
tor que neutraliza as adversidades da enfermidade 
e	da	hospitalização.	Ou	seja,	uma	eficiente	ação	psi-
copedagógica facilita o processo de recuperação, su-
perando	as	adversidades	e	o	estresse	característicos	
da	hospitalização	(YUNES	&	SZYMANSKI,	2001	
apud	MALUF,	2007).
72
gogia	clínica	procura	compreender	de	forma	globa-
lizada os processos cognitivos, emocionais, sociais, 
culturais, orgânicos e pedagógicos que interferem na 
aprendizagem,	tendo	como	finalidade	possibilitar	si-
tuações que estimulem, resgatem ou ativem o prazer 
de aprender em sua totalidade, incluindo a promo-
ção da interação entre pais, professores, orientadores 
educacionais e demais especialidades que caminham 
no universo educacional.
	 Ou	 ainda,	 a	 psicopedagogia	 clínica	 tem	
como missão retirar as pessoas da sua condição de 
inadequação de aprendizagem, fazendo com que 
percebam suas potencialidades nos aspectos cogniti-
vo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos.
	 O	atendimento	clínico	é	realizado	geralmen-
te	em	centros	de	atendimento	ou	clínicas	psicopeda-
gógicas e as atividades ocorrem de forma individual.
	 O	atendimento	clínico	psicopedagógico	está	
vinculado a qualquer pessoa que necessite dos be-
nefícios	dessa	prática,	 são	pessoas	que	apresentam	
dificuldades	relacionadas	à	aprendizagem,	geralmen-
te crianças de qualquer idade que são encaminhadas 
por	 seus	 responsáveis	 com	queixas	de	dificuldades	
no processo educativo.
No mundo atual, os espaços e tempos de aprender 
estão para além das escolas e dever ser percebidos na 
73
complexidade e na totalidade da vida de cada sujeito 
inserido na dinâmica relacional do viver e conviver 
com ou outros, ou seja, de ensinantes e aprendentes, 
educadores e educandos. Esta mudança de olhar, 
sobre as relações existentes de ensinar e aprender, 
presentes na aquisição do conhecimento mostra que 
a flexibilidade no exercício de cada um desses papéis 
visto que nesta dinâmica, em determinados momen-
tos o sujeito é o ensinante e em outros, o aprendente. 
Cada ser humano apresenta um modo peculiar e 
singular de entrar em contato com o conhecimento e 
com a aprendizagem. Constrói-se essa aprendizagem 
desde o nascimento do indivíduo, através do qual ele 
se enfrenta com a angústia inerente ao conhecer-des-
conhecer (CALDAS, ESCOCARD & BÁR-
BARA, 2008, p.03).
	 Assim,	cabe	ao	psicopedagogo	clínico	esta-
belecer uma investigação que permita o levantamen-
to de hipóteses, indicando assim, estratégias capazes 
de criar a situação terapêutica que vise facilitar um 
vínculo	satisfatório	adequado	para	a	aprendizagem.
	 Este	profissional	 também	pode	 trabalhar	 a	
atitude, a disponibilidade e a relação com a apren-
dizagem	 do	 indivíduo,	 tendo	 a	 finalidade	 que	 seu	
cliente/aluno torne-se autônomo e independente 
74
na construção de seu conhecimento e na sua valori-
zação	de	modo	a	aprimorar	o	máximo	possível	seu	
potencial.
 Ou ainda, clinicamente, cabe ao psicopeda-
gogo:
 Avaliar e diagnosticar as condições de aprendiza-
gem,	identificando	as	áreas	de	competência	e	de	in-
sucesso do educando;
	 	 Realizar	 devolutivas	 para	 os	 responsáveis	 pelo	
aprendente, para a escola e para o próprio aluno; 
 Atender o aluno, estabelecendo um processo cor-
retor psicopedagógico com o objetivo de superar as 
dificuldades	encontradas	na	avaliação;
 Orientar os pais e professores com relação a suas 
atitudes para com os educandos;
 Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia 
do educando.
	 Vale	lembrar	que	o	profissional	em	psicope-
dagogia deve ter conhecimentos multidisciplinares, 
pois em um processo de avaliação diagnóstica, é ne-
cessário	que	o	mesmo	estabeleça	e	interprete	dados	
em	diversas	áreas	(auditiva	e	visual,	motora,	intelec-
tual, cognitiva, acadêmica e emocional).
	 O	diversificado	conhecimento	nas	mais	va-
riadas	áreas	favorecerá	o	profissional	na	compreen-
são do diagnóstico do aluno, auxiliando na escolha 
75
da metodologia que seja mais adequada, com vistas à 
superação das inadequações do aprendente.
 Entretanto, vale ressaltar que nos últimos 
tempos	o	campo	de	atuação	do	psicopedagogo	está	
se expandindo, como salienta Muller et. al. (2000) 
apud	Motta	 (2011),	 segundo	 este	 autor,	 na	Argen-
tina	há	uma	valorização	do	diálogo	 interdisciplinar	
entre	as	várias	áreas	do	conhecimento,	sendo	que	a	
mesma	tem	sido	diretamente	influenciada	pelos	co-
nhecimentos da psicologia social.
 Também nesse processo, existe a tendência 
da não valorização somente do aprendizado restri-
to aos bancos escolares, mas também na busca de 
construção de sentidos da vida. Sendo assim, sua 
atuação estaria ganhando espaço entre: grupos de 
terceira	idade;	vítimas	de	violência;	grupos	conside-
rados	socialmente	excluídos;	dependentes	químicos	
e,	como	já	vimos	anteriormente,	clínicas,	hospitais	e	
empresas.
76
Leitura Complementar
Texto	extraído	do	artigo	Fundamentos	da	Psicopedagogia	de	autoria	de	
Daniel Caraúna da Motta. 
Fonte: http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/fundamentos-da-psi-
copedagogia-4890392.html
Interdisciplinaridade na Psicologia
	 A	atuação	psicopedagógica	como	a	sua	efi-
ciência	e	eficácia	em	determinadas	situações	perpas-
sa	pela	interdisciplinaridade	de	vários	conhecimen-
tos como: neuropsicologia, neuromotricidade, 
fonoaudiologia, psicanálise, medicina, etc., 
e não apenas a pedagogia e psicologia como 
alguns podem pensar.	A	práxis	psicopedagógica	
apresenta propostas educacionais que convidam 
a criança a participar ativamente de seu processo 
de	aprendizagem,	o	que	configura	a	necessidade	de	
uma mudança qualitativa no ensinar e no aprender. 
O aprender vivido de forma mais integrada propõe 
intrínsecas	e	extrínsecas	{questões}	à	aquisição	do	
conhecimento.
	 Segundo	Viça	(1987),	a	psicopedagogia	nas-
ceu	com	uma	ocupação	empírica	pela	necessidade	
de	atender	crianças	com	dificuldades	deaprendiza-
gem, cujas causas eram estudadas pela medicina e 
psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicial-
77
mente	 foi	uma	ação	 subsidiária	destas	disciplinas,	
foi	se	perfilando	como	um	conhecimento	indepen-
dente e complementar, possuidor de um objeto de 
estudo (o processo de aprendizagem) e de recursos 
diagnósticos, corretores/tratamento e preventivos 
próprios.
Multidisciplinaridade Psicopedagógica
	 Normalmente,	o	caráter	multidisciplinar	da	
Psicopedagogia se revela pelo número de gradua-
ções diferenciadas que frequentemente compare-
cem a tal curso: pedagogos, psicólogos, fonoaudi-
ólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, 
licenciados, médicos (pediatras, psiquiatras, neuro-
logistas etc.).
Proposta Psicopedagógica
 O especialista em Psicopedagogia pode atuar 
tanto	em	nível	clínico	quanto	institucional,	pois	ele	
se	propõe	a	compreender	e	atuar	nos	vínculos	pre-
sentes entre o ato de ensinar e a ação de aprender, 
assim	 como	 nas	 possíveis	 barreiras	 que	 impedem	
seu	fluir	harmonioso.	Para	Fagali	(1987)	a	proposta	
da Psicopedagogia é trabalhar basicamente com as 
relações afetivas ocorridas durante a aprendizagem, 
78
de modo a garantir que o sujeito seja criativo, espon-
tâneo, perseverante e transformador ao trabalhar seu 
próprio pensamento.
Objeto de Estudo
 A psicopedagogia então passa a ser um ramo 
do conhecimento aplicado que estuda a conduta hu-
mana em situações sócio/educativas como também 
dos processos de aprendizagem a partir da contex-
tualização	teórico-prática	de	várias ciências. A ela 
se inter-relacionam a psicologia evolutiva, psicologia 
da	 aprendizagem,	psicologia	 da	 educação,	 didática,	
epistemologia,	 psicolinguística	 etc.	 É	 importante	 a	
sua atuação nos campos da: 
 Educação especial,
 Terapias educativas,
 Avaliação curricular,
 Programas educativos e, 
		Política	educativa.
Atividades Psicopedagógicas
	 O	 psicopedagogo,	 para	Allessandrini	 (1996)	
pode:
79
 Reprogramar projetos educacionais, facilitadores 
de	uma	aprendizagem	mais	dinâmica	e	significante;
 Supervisionar programas, treinando educadores e 
atuando	junto	a	profissionais	de	educação;
 Aprimorar a qualidade de aprendizagem do sujeito 
que	apresenta	dificuldades	escolares.
Atividades Propostas
01) “A escola tem como tarefa essencial o ensino, ou seja, 
o conjunto de ações que os professores realizam para que os 
alunos incorporem os bens culturas do país, da sociedade, da 
comunidade e desenvolvam os diferentes aspectos da persona-
lidade por meio de um processo de aprendizagem significativo 
do ponto de vista pessoal e social”	(COLL,	2000,	p.	68).
Diante do que foi apresentado acima, discuta o pa-
pel do psicopedagogo na instituição de ensino.
02)	De	acordo	com	Vera	Ferreti	(2007	p.9,10)	é	“de 
grande relevância desenvolver trabalhos psicopedagógicos, no 
âmbito da saúde, em diferentes instâncias, considerando as 
funções e necessidades dos integrantes que constituem a Ins-
tituição, não deixando de valorizar os recursos do lúdico 
e da arteterapia nas intervenções. Deve-se levar em conta 
questões sobre os mitos da cura entre os profissionais, os 
80
doentes e familiares, mitos que podem favorecer ou paralisar 
todos aqueles envolvidos com a doença”. Quando a autora 
discursa sobre a importância da psicopedagogia no 
âmbito	da	saúde,	ela	está	se	referindo	propriamente	
da	clínica	ou	 institucional?	Diante	do	que	foi	dis-
cutido até o presente momento, discorra sobre a 
importância	do	profissional	em	psicopedagogia	na	
instituição	de	ensino.	Justifique	sua	resposta.
03) “Quando se refere ao termo APRENDIZAGEM 
quanto objeto de estudo e atuação do psicopedagogo pode-se 
incorrer no risco de acentuar as abrangências das práticas 
dessa profissão. Condicionar a atuação do psicopedagogo 
quanto a tudo que abranja o ato de aprender seria como 
não limitar sua atuação, considerando que a aprendizagem 
está contida em todos os aspectos do viver. Assim, quando 
se apresenta dificuldades para aprender a nadar, dirigir, to-
car um determinado instrumento ou mesmo uma profissão, 
a qual profissão estaria vinculada a tentativa de resolução 
desses problemas? Apesar de cada profissão ter sua área de 
abrangência definida, seria incoerente não admitir a inter-
disciplinaridade da dissolução da diversidade de desafios que 
vida nos apresenta”	(MOTTA,	2011,	s/p).
 O texto acima nos menciona a interdiscipli-
naridade	nos	campos	de	atuação	do	profissional	em	
psicopedagogia. Sendo assim, sua atuação estaria 
vinculada	 somente	 nas	 práticas	 institucionais	 dos	
81
bancos escolares e hospitalares como foi discutido 
no	capítulo	em	questão	ou	estaria	ligada	também	a	
outras	áreas	do	saber?	Justifique	sua	resposta.
Uni
da
de
4
O Processo de 
Profissionalização 
em Psicopedagogia
O Processo de 
Profissionalização 
em Psicopedagogia
84
Caro Aluno,
 Seja bem-vindo a nossa quarta aula. Dare-
mos	orientações	sobre	o	processo	de	profissionali-
zação em psicopedagogia e suas particularidades.
 Bons estudos!
Objetivos desta Unidade
	 Ao	final	desta	Unidade	você	deverá	ser	ca-
paz	de	dissertar	sobre	o	processo	de	profissionali-
zação	do	Psicopedagogo,	suas	dificuldades	e	pecu-
liaridades.
Conteúdos da Unidade
Nesta unidade iremos estudar os seguintes conteúdos:
O	Processo	de	Profissionalização	em	Psicopeda-
gogia;
Desafios	do	Profissional	em	Psicopedagogia;
Formação	do	Profissional	em	Psicopedagogia;
Desafios	na	Formação	do	Psicopedagogo.
85
	 Como	vimos	nos	capítulos	anteriores,	a	pro-
fissão	de	psicopedagogia	é	relativamente	recente	quan-
do	comparada	a	outras	profissões,	entretanto,	já	existe	
há	décadas	em	países	da	Europa,	nos	Estados	Unidos,	
Argentina e Brasil.
 Como vimos também, quando surgiu, acredi-
tava-se	que	 sua	especificidade	estaria	 concentrada	na	
problemática	de	aprendizagem	vinculada	somente	ao	
aluno, desconsiderado assim, o ambiente em que o su-
jeito estivesse inserido. 
 “Quando surgiram, os primeiros psicopedagogos eram 
profissionais da educação que queriam ajudar a reintegração da-
queles que estavam à margem”.	(MASINI,	2006,	p.	251).
 Ou ainda, 
No início, seu objeto são os sintomas das dificuldades 
de aprendizagem, como desatenção, lentidão etc. e, as-
sim, seu objeto é remediar esses sintomas. A dificulda-
de de aprendizagem seria apenas um mau desempenho, 
um produto a ser tratado (SILVA, 1998, p. 25).
4. O Processo de 
Profissionalização 
em Psicopedagogia
86
	 Já	na	década	de	60	na	França	começaram	as	
primeiras	críticas	acerca	do	papel	dos	centros	psicope-
dagógicos que vinculavam o problema da aprendiza-
gem somente ao educando. 
Argumentavam que, sem considerar as manifestações 
da criança em sua classe e outras situações na escola e 
fora dela, corria-se o risco de estar apenas comparando-
-a com padrões abstratos. [...] todos sabiam falar de 
diagnósticos e encaminhar para reeducação, para adap-
tar a criança ao que a sociedade e a escola esperavam, 
o que [...], não era educar, mas forçá-la a submeter-se, 
docilmente, às instituições que reproduziam os valores 
sociais, adestrando-as. (MASINI, 2006, p.251).
	 Entretanto,	há	alguns	anos,	essa	visão	tem	se	
modificado,	ampliando	a	discussão	sobre	o	papel	que	
a sociedade desempenha sobre o processo de aprendi-
zagem	do	educando,	passando	assim,	o	profissional	de	
psicopedagogia	a	se	defrontar	com	a	maior	problemá-
tica	do	século	XXI:	a	educação.
 Sob essa ótica, Masini (op. cit) discute que no 
Brasil, a psicopedagogia ainda tem muito que cami-
nhar no que concerne sobre seu campo de atuação, 
seja	tanto	 institucional	quanto	clínico.	Para	a	autora	
87
existe uma trajetória paralela, ou seja, a psicopedago-
gia caminha “sem complementaridades de pesquisa referentes 
à aprendizagem e de atividades de entidades e profissionais da 
área da psicopedagogia”	(p.252).	Em	síntese,	os	profis-
sionais	da	área	psicopedagógica	no	Brasil	estão	sem	
um redirecionamento quanto a sua atuação uma vez 
que	são	utilizados	nos	trabalhos	nesta	área,pesquisas	
de	 autores	 consagrados	 em	 outros	 países	 que	 pos-
suem realidades e culturas distintas das existentes em 
nosso	país.	
 
Para nossa reflexão a esse respeito, retomamos as 
ideias de Erney Camargo – presidente do CNPq, 
uma das mais renomadas instituições responsáveis 
por pesquisas no território nacional. De acordo com 
esse experiente pesquisador, é coletando dados do pró-
prio contexto social, organizando-os e sistematizan-
do-os que as ciências sociais, em cada comunidade 
científica, fortalecem-se e sua contribuição passa a ser 
reconhecida. Há, além disso, necessidade da comuni-
dade científica estar unida para um aperfeiçoamento 
do sistema de avaliação de sua produção científica, 
participando ativamente e conjuntamente. Essas 
ideias constituem sugestão para que sejam analisados 
os problemas de pesquisa em psicopedagogia no Bra-
sil, nos seus vários aspectos, [...]. Sem a devida aten-
ção aos dados de investigações da realidade nacional, 
88
estaria a Psicopedagogia no Brasil dispersando-se em 
pesquisas e literatura importadas? Isso poderia estar 
refletindo no reconhecimento da Psicopedagogia no 
Brasil como área de estudos com seu próprio objeto de 
investigação? (MASINI, 2006, p.252, 253, 254).
	 Sendo	assim,	cabe	a	nós,	profissionais	da	edu-
cação, repensarmos sobre esta questão e nos posicio-
narmos	frente	a	essa	problemática	relatada	acima,	para	
que dessa forma obtenhamos uma formação psicope-
dagógica	completa	em	seu	aspecto	profissional.	
4.1. Desafios da 
Profissionalização em 
Psicopedagogia
	 Como	 já	 vimos,	 são	 várias	 as	 concepções	
que	definem	o	termo	psicopedagogia,	entretanto,	to-
das elas recaem sobre a discussão em termos educa-
cionais,	sendo	em	síntese,	definida	como	um	campo	
de conhecimento em saúde e educação que se tem 
como foco o processo de ensino-aprendizagem do 
educando.
89
	 Entretanto,	o	que	quer	dizer	aprendizagem?	
O	que	os	teóricos	da	área	discutem	sobre	a	proble-
mática	da	educação	e	o	processo	de	ensino-aprendi-
zagem	do	século	XXI	–	um	dos	maiores	problemas	
da	atualidade?
	 Em	sua	definição,	 aprendizagem	ou	apren-
der pode ser o modo como os seres adquirem novos 
conhecimentos, desenvolvem competências e mu-
dam o comportamento.
 Ou ainda, “aprender é uma construção que envolve 
toda a atividade do ser humano: biológica, psicológica, social e 
cultural, nos seus múltiplos aspectos”	(ALBUQUERQUE,	
COSTA	&	ALMEIDA,	s/d,	p.	148).
90
	 Também	pode	 ser	 definido	 segundo	o	 di-
cionário	como	“tomar conhecimento de algo, retê-lo na 
memória, graças a estudo, observação, experiência etc”. 
(Ferreira, 2000).
	 Em	 uma	 definição	 mais	 completa,	 Masini	
(2006)	 discute	 que	 o	 termo	 em	 questão	 pode	 ser	
compreendido como...
[...] o processo responsável pelas transformações que 
acompanham o ser humano do seu nascimento à sua 
morte, transformações que emergem das inter-rela-
ções sociais e interações ambientais no contexto da 
vida do indivíduo, são constituídas pelas aquisições 
de habilidades, raciocínios, atitudes, valores, vonta-
des, interesses, aspirações, integração, participação e 
realização (p.255). 
 Diante do exposto, nos perguntamos roti-
neiramente sobre o papel do psicopedagogo como 
personagem	indispensável	na	busca	de	soluções	que	
buscam desencadear de forma satisfatória, que o 
educando obtenha um processo de aprendizagem 
completo para a sua vida pessoal e para o desenvol-
vimento da nação.
 Estaria o psicopedagogo preparado para 
tentar	solucionar	problemas	comuns	do	século	XXI	
91
relacionados	à	educação	como:	inflação	escolar,	vio-
lência	na	escola,	dificuldades	de	ensinar	e	de	se	defi-
nir	o	que	é	escola?	Estaria	o	psicopedagogo	interes-
sado,	 disponível	 e	 com	 conhecimentos	 específicos	
suficientes	para	lidar	com	essa	situação?
 De acordo com os dados publicados pelo 
Instituto	Nacional	de	Educação	e	pesquisa	(INEP/
MEC)	 no	 ano	 de	 1999	 apontam	que	 o	 percentu-
al correto de alunos de escolas públicas que estão 
acima	da	 idade	escolar	 é	de	45,8%	na	1º	 série	do	
ensino	fundamental,	69,2%	na	5º	série	e	67,	5%	no	
ensino médio.
A distorção idade/série no ensino fundamental de-
monstra que o atraso no percurso escolar e o déficit 
de aprendizagem dessa etapa da educação básica são 
significativos. As novas gerações não podem ser priva-
das do acesso aos conhecimentos – um patrimônio da 
sociedade -, sob pena de a educação escolar deixar de 
contribuir para o fim da desigualdade social e para o 
pleno exercício da cidadania (BRASIL, 2009).
 Corroborando com o que foi discutido aci-
ma, podemos concluir que a distorção idade/série 
é	 uma	 das	 consequências	 dos	 elevados	 índices	 de	
reprovação.	Mais	de	40%	dos	alunos	do	ensino	fun-
92
damental	 têm	 idade	 superior	 à	 faixa	 etária	 corres-
pondente de cada série, sendo que, os alunos levam 
em média dez anos para concluir seus estudos nessa 
fase, sendo que, o normal seriam oito anos.
 Cresce também no Brasil, o número de alu-
nos matriculados na rede pública de ensino. Da-
dos da Avaliação do Plano Nacional de Educação 
2001-2008	 (BRASIL,	2009)	mostram	que	o	 acesso	
de	crianças	e	adolescentes	com	idade	entre	07	e	14	
anos	no	ano	de	2006	foi	de	97,6%.	Entretanto,	Brito	
e	Costa	(2010),	discutem	que	“[...] não basta garantir 
vagas nas escolas públicas para toda a população em idade es-
colar; é necessário também ter qualidade e equidade na oferta 
educativa”	(p.	500).
 “A distorção idade/série e o número de alunos com 
idade acima de 14 anos no ensino fundamental demonstram 
que o atraso no percurso escolar e o déficit de aprendizagem 
dessa etapa da educação básica são significativos”	(BRASIL,	
2009,	p.96).
 Como vimos, ao mesmo tempo em que 
tanto se fala em melhorias no desempenho escolar 
brasileiro, mudanças nas formas de se ensinar dos 
professores,	e	influências	de	outros	profissionais	au-
xiliando	na	prática	educativa	com	a	finalidade	de	que	
se tenha êxito no ato da transmissão desse conheci-
mento, existe ainda, uma grande disparidade como 
discutido	acima	pelos	dados	oficiais	do	próprio	Go-
93
verno Federal.
	 Quando	se	pensa	no	profissional	de	psico-
pedagogia	 como	 remediador	 dessa	 problemática,	
Masini	(2006)	nos	faz	uma	indagação.
Um ponto de sutileza, e que requer uma análise cui-
dadosa de todos que lutam por definir o objeto de estu-
dos da psicopedagogia e sua delimitação, é refletir se a 
ação de um psicopedagogo pode legitimar as improprie-
dades do ensino. Sua atuação corre o risco de constituir 
recurso remediador para o baixo rendimento escolar? 
Quando o aluno é encaminhado ao psicopedagogo 
para diagnóstico e tratamento para recuperar-se, ao 
realizar o atendimento sem analisar métodos e pro-
gramas da escola para o processo de aprendizagem, o 
psicopedagogo estará reiterando a posição da escola de 
que o problema é do aprendiz? (p. 254).
	 Ainda	de	acordo	com	a	mesma	autora	(p.255),
A Psicopedagogia tem algo a dizer para assegurar que 
essa aprendizagem ocorra? Teria algo a contribuir 
para conservar vivos no ser humano (adulto, jovem 
ou criança), neste cenário de século XXI, seus interes-
ses, aspirações, integração, participação e realização? 
Teria sugestões que apontassem alguma perspectiva à 
problemática evidenciada [...].
94
 Diante do exposto até o presente momento, 
é importante se repensar sobre o papel do psicope-
dagogo em sua função fundamental, seja tanto cli-
nicamente quanto institucionalmente, para que sua 
atuação	não	fique	somente	na	teoria.
4.2. Formação do 
Profissional em 
Psicopedagogia
	 Como	 já	 vimos,	 são	 várias	 as	 concepções	
que	 definem	 o	 termo	 psicopedagogia,	 entretanto,	
todas elas recaem sobre a discussão em termos 
educacionais,	sendo	em	síntese,	definida	como	um	
campo de conhecimento em saúde e educação que 
se tem como foco o processo de ensino-aprendiza-
gem do educando.
	 Como	vimos	no	capítulo	dois	deste	trabalho	
(Aspectos Históricos da Psicopedagogia), a formação 
profissional	do	psicopedagogo	no	Brasil,	teve	inicioa	
partir	de	1979	na	cidade	de	São	Paulo	através	de	um	
curso	de	pós-graduação	no	Instituto	Sedes	Sapientae.
 A partir de então só tem crescido em nosso 
país	o	número	de	instituições,	tanto	públicas	quanto	
95
privadas, que oferecem esse tipo de formação em 
nível	de	Lato Sensu (especialização).
 A formação em psicopedagogia foi regu-
lamentada pelo Ministério da Educação e Cultura 
(MEC) em cursos de pós-graduação (especializa-
ção),	com	carga	horária	mínima	de	360	horas.	
 O curso em questão deve atender às exigên-
cias do Conselho Federal de Educação quanto à car-
ga	horária,	critérios	de	avaliação,	corpo	docente	en-
tre outras regulamentações. Entretanto, não existem 
normas e critérios para a grade curricular do curso, 
o	que	leva	a	uma	grande	diversificação	quanto	à	for-
mação	desses	profissionais.
	 Outra	característica,	é	que	o	curso	que	for-
ma psicopedagogos pode ser multidisciplinar, uma 
vez	que	profissionais	de	diversas	 áreas	 (pedagogia,	
psicologia, medicina, biologia, entre outros) que 
queiram atuar com a educação, podem escolher este 
curso	como	alternativa	para	a	obtenção	do	título	de	
especialista.
 Ainda, o psicopedagogo possui a Associa-
ção Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), que teve 
início	com	um	grupo	de	estudos	formado	por	pro-
fissionais	que	se	preocupavam	com	os	problemas	de	
aprendizagem apresentados na época, esse mesmo 
grupo	busca	hoje	o	reconhecimento	do	profissional	
em	questão	através	do	Projeto	de	Lei	de	nº	3124	de	
96
1997	do	Deputado	Federal	Barbosa	Neto.
 O projeto em questão foi aprovado no dia 
03	de	setembro	de	1997	pela	Comissão	de	Trabalho	
de Administração e Serviço Público, sendo poste-
riormente	 encaminhado	 à	2º	 comissão,	que	 é	 a	de	
Educação, Cultura e Desporto, tendo sua aprovação 
ocorrida	nessa	comissão	no	dia	12	de	setembro	de	
2001.
	 No	dia	20	de	setembro	de	2001,	houve	mais	
um	 avanço	 político	 quanto	 a	 essa	 questão	 com	 o	
Projeto	de	lei	10891,	de	autoria	do	Deputado	Esta-
dual	de	São	Paulo	–	Claury	Alves	da	Silva.	O	Projeto	
“autoriza o poder executivo a implantar assistência psicoló-
gica e psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino 
básico público, com o objetivo de diagnosticar e prevenir pro-
blemas de aprendizagem”	(BRASIL,	s/d).
 Atualmente, o Projeto de Lei que regula-
menta	a	profissão	do	Psicopedagogo	no	Brasil,	está	
na Comissão de Constituição, Justiça e Redação es-
perando para ser aprovado. Quando isso ocorrer, o 
mesmo	 irá	para	o	Senado	onde	 terá	de	passar	por	
três comissões: Trabalho, Educação e Constituição; 
Justiça	 e	Redação	para,	 finalmente,	 ser	 sancionado	
pela Presidência da República.
	 No	momento,	a	profissão	de	Psicopedagogo	
tem amparo legal no Código Brasileiro de Ocupa-
ção,	isto	quer	dizer	que	já	existe	a	ocupação	de	psi-
97
copedagogo,	 entretanto,	 ainda	há	 a	necessidade	de	
que	esta	profissão	seja	regulamentada.
 Outro momento histórico para a Psicopeda-
gogia diz respeito ao surgimento de seu Código de 
Ética,	que	entra	em	vigor	em	1992,	aprovado	pela	
assembleia	que	ocorreu	durante	o	V	Encontro	e	II	
Congresso de Psicopedagogia, que discute dentre 
outras coisas que “a psicopedagogia é um campo de atuação 
em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendiza-
gem humana”, bem como, seus padrões patológicos, 
considerando	 assim,	 a	 influência	 do	meio	 (família,	
escola	 e	 sociedade).	 (ART	 1º	 DO	 CÓDIGO	DE	
ÉTICA	DOS	PSICOPEDAGOGOS).
Conscientes do momento histórico que atravessávamos, 
elaboramos o Código de Ética, o que era essencial, já 
que não tínhamos (como até hoje não temos) nossa 
profissão reconhecida. Este passou a ser o documento 
norteador dos princípios da Psicopedagogia, das Res-
ponsabilidades Gerais da Psicopedagogia, das Rela-
ções deste com outras Profissões, sobre a Importância 
do Sigilo etc. (MENDES, 1998, p. 202-203 apud 
GONÇALVES, 2007).
	 Ainda	quanto	ao	Código	de	Ética,	é	impor-
tante	ressaltar	que	os	profissionais	em	Psicopedago-
gia	devem	seguir	certos	princípios	éticos	que	estão	
98
4.3. Desafios na 
Formação do 
Psicopedagogo
dispostos no Código, entretanto, o mesmo não esta-
belece	regras,	sua	principal	característica	é	a	reflexão	
sobre a ação do ser humano.
	 De	acordo	com	Masini	(2006)	os	cursos	que	
formam psicopedagogos precisam contemplar um 
redirecionamento	teórico-prático	que	possibilite	ao	
psicopedagogo:
1. Vivenciar situações para lidar com o próprio 
aprender e o aprender do outro;
2.	Desenvolver	 o	 uso	de	 recursos	 específicos,	 seja	
para	assessorar	professores,	ou	outros	profissionais,	
em	situações	específicas	de	aprendizagem,	ou	então,	
para o atendimento do educando;
3.	Saber,	de	forma	cientificamente	fundamentada,	o	
porquê de utilizar um ou outro recurso com o aluno 
com	quem	está	lidando.
 Ainda a mesma autora salienta que sua for-
99
mação	 deve	 conter	 princípios	 que	 propiciem	 for-
mas de:
1. Ampliar sua percepção e acuidade às manifesta-
ções do ser humano em situações de aprendizagem, 
considerando as relações que facilitam ou limitam o 
ato de aprender;
2. Assegurar sua atenção na situação do ato de apren-
der do educando, considerando-o no seu contexto, 
em	sua	afetividade,	valores,	hábitos	e	linguagem;
3. Garantir a aquisição de conhecimentos sobre o 
desenvolvimento do ser humano, teorias de aprendi-
zagem, relações com o outro;
4.	Desenvolver	visão	crítica	sobre	as	teorias	que	em-
basam sua ação em relação ao contexto no qual atua 
profissionalmente	e	sobre	a	utilização	dos	recursos	
propostos (instrumentos e técnicas) para o desen-
volvimento do educando, considerando-o em seu 
meio	social	específico	e	em	seu	momento	histórico;
5.	Ter	cuidado	em	analisar	quando	os	recursos	cientí-
ficos	e	tecnológicos	da	atualidade	estariam	distancian-
do	o	aprendiz	de	si	próprios	e	de	seus	significados.
	 E	 por	 fim,	 para	 finalizarmos	 esse	 capítulo,	
Gonçalves	(2007,	p.	43),	discursa	sabiamente	sobre	a	
importância	do	profissional	em	psicopedagogia	que	
seja	muito	bem	qualificado	para	o	exercício	de	sua	
função quando diz...
100
Diferentemente dos primórdios do movimento edu-
cacional preocupado em compreender as razões do 
insucesso das crianças na escola, buscando apenas 
no aluno as respostas, a atual tendência considera 
o insucesso enquanto sintoma social e não apenas 
como uma patologia. Portanto, não há como desco-
nhecer o papel relevante desta profissão que, cada 
vez mais, tem contribuído para a integração entre 
criança e instituições onde o aprendizado é o centro e 
que, por razões diversas, estão desarticuladas. Hoje 
é evidente o reconhecimento da contribuição social da 
Psicopedagogia na realidade educacional brasileira.
101
Leitura Complementar
Parte	do	documento	que	visa	à	regulamentação	da	profissão	em	Psico-
pedagogia.
Disponível	na	integra	no	site:	http://www.abppsc.com.br/modules/mas-
top_publish/?tac=139
Diretrizes Básicas da Formação de Psicopedagogia 
no Brasil
Documento revisado pela comissão de Cursos e Regulamentação da As-
sociação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
São	Paulo,	12/12/2008.
	 A	Psicopedagogia	 é	uma	 área	de	 conheci-
mento, atuação e pesquisa, que se constitui na in-
terface entre Educação e Saúde e lida com o pro-
cesso de aprendizagem humana.
 Recomenda-se aos cursos de formação, o 
desenvolvimento e a implementação de propostas 
de natureza transdisciplinar, decorrentes de efeti-
vas	 articulações	 e	 integração	de	diversas	 áreas	do	
conhecimento.
 A associação Brasileira de Psicopedagogia 
(ABPp), como órgão representativo dos psicope-
dagogos, entende que o curso de Psicopedagogia 
deve visar à formação do psicopedagogo, objeti-
vando	 seu	 exercício	 profissional	 consequente	 de	
102
um projeto pedagógico de qualidade. Assim, reco-
menda-se que os projetos de cursos tenham como 
base estas Diretrizes.
1. Perfil Profissional
	 O	psicopedagogo	é	o	profissional	qualifica-
do para lidar com os processos de aprendizagem e 
suas	intercorrências,	atuando	junto	aos	indivíduos,	
aos grupos, às instituições e às comunidades.Em	 2002,	 pela	 Classificação	 Brasileira	 de	
Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e 
Emprego (TEM), a Psicopedagogia foi inserida na 
Família	Ocupacional	2394-25	dos	Programadores,	
Avaliadores e Orientadores de Ensino.
	 A	ABPp	reitera	a	característica	da	Psicope-
dagogia	como	área	de	interface,	fundamental	para	
a preservação das fronteiras de atuação com os 
demais	 profissionais	 da	 Educação.	 A	 partir	 desta	
visão	compreende	que	o	psicopedagogo	é	o	profis-
sional capaz de:
- ampliar as possibilidades e interesses relativos ao 
aprender e ao ensinar;
-	oportunizar	aprendizagens	significativas;
- propiciar autonomia de pensamento;
-	produzir	 e	difundir	o	conhecimento	científico	e	
tecnológico relacionado à aprendizagem humana;
103
-	 assumir	 compromissos	 éticos	 e	 políticos	 com	 a	
Educação de qualidade para todos;
-	 contribuir	 com	os	demais	profissionais	da	Edu-
cação para a construção de uma sociedade justa, 
equânime	e	igualitária.
2. Competências e Habilidades
 A formação em Psicopedagogia deve pro-
piciar o desenvolvimento das seguintes competên-
cias e habilidades:
- utilização de bases teóricas da Psicopedagogia 
para	análise	específica	da	aprendizagem;
- atualização constante dos conhecimentos relacio-
nados à aprendizagem;
- planejamento, intervenção e avaliação do proces-
so	de	aprendizagem	e	suas	intercorrências,	em	vá-
rios contextos, mediante a utilização de instrumen-
tos e técnicas próprias da Psicopedagogia;
- utilização de métodos, técnicas e instrumentos 
que	tenham	por	finalidade	a	pesquisa	e	a	produção	
de	conhecimento	na	área;
- participação na formulação e na implantação de 
políticas	públicas	e	privadas	em	saúde	e	educação	
relacionadas à aprendizagem e à inclusão social;
- inserção nos espaços multidisciplinares voltados 
para	a	atuação	nos	diferentes	níveis	de	prevenção	
104
da	 aprendizagem	 (primários,	 secundários	 e	 terciá-
rios);
- consultoria e assessoria psicopedagógica;
- orientação, coordenação, docência e supervisão 
em cursos de Psicopedagogia;
- atuação, coordenação e gestão em serviços de Psi-
copedagogia de estabelecimentos públicos e privados.
3. Princípios Norteadores da Formação
A formação do psicopedagogo deve orientar-se pe-
los	seguintes	princípios:	
- consciência da diversidade, respeitando as dife-
renças de natureza cultural e ambiental, étnico-
-racial, de gêneros, de faixas geracionais, de classes 
sociais, de religiões, de necessidades especiais, de 
escolhas sexuais, entre outras;
- promoção de ações de inclusão e de qualidade de vida;
-	desenvolvimento	do	pensamento	reflexivo,	crítico	
e transformador;
- consciência da importância do trabalho coletivo 
pautado pela ética da solidariedade;
-	respeito	aos	saberes	específicos	das	áreas	afins	e	
dos	profissionais;
-	atuação	pautada	pelo	sigilo	profissional.
105
4. Habilidades E Ênfase
	 O	 profissional	 formado	 em	 Psicopedago-
gia	está	habilitado	a	atuar	no	âmbito	 institucional	
e	 clínico,	 realizando	 avaliações	 processuais,	 diag-
nósticas e/ou, de desempenho; planejamentos e in-
tervenções; prognósticos e acompanhamentos dos 
processos de aprendizagem nos campos da educa-
ção formal e da informal; da orientação vocacional; 
da educação especial e inclusiva; da educação pro-
fissional;	da	educação	e	formação	continuadas;	da	
educação a distancia; da educação empreendedora; 
da aprendizagem organizacional; da educação am-
biental; entre outras, considerando que a aprendi-
zagem humana ocorre ao longo da existência e em 
diversos espaços sócio-educativos.
 A ênfase é baseada em uma compreensão 
da indissociabilidade do campo de conhecimento e 
de	atuação	clínico	e	institucional,	de	tal	forma	que	
a	formação	não	deve	dissociá-los,	permitindo	que	
o	 profissional	 seja	 capaz	 de	 compreender	 e	 inte-
grar procedimentos psicopedagógicos da avaliação 
à intervenção como um continuum, independente-
mente do espaço e da atuação.
 Os espaços de atuação podem ser, entre 
outros:
- estabelecimentos educacionais;
106
-	hospitais	e	clínicas	de	saúde;
- organizações não-governamentais e centros co-
munitários;	
- asilos;
- creches;
- empresas;
- consultórios e ambulatórios;
- setores e serviços públicos de atenção à saúde e 
à educação;
- setores e serviços públicos de assistência social.
107
Atividades Propostas
01) “Ao tratar de aprendizagem no Século XXI – um 
cenário onde o homem se debate no movimento entre o real 
e o virtual, submerso cada dia mais em profusão de infor-
mações – a Psicopedagogia enfrenta um dos maiores desafios 
de nossa época. Como lidar com o aprender do ser humano 
neste cenário? A busca de uma resposta demanda, em pri-
meiro lugar, a definição precisa de seu objeto de estudos e 
especificidade, como quadro referencial de delimitação dessa 
área”	(MASINI,	2006,	p.	248).
	 Em	seu	trabalho,	fica	claro	que	a	autora	em	
questão	faz	uma	crítica	à	formação	do	Psicopeda-
gogo, enfatizando que ainda falta ao mesmo em sua 
formação,	uma	especificidade	quanto	à	sua	atuação	
profissional.	Você	como	futuro	profissional	da	área	
psicopedagógica	concorda	com	a	análise	crítica	da	
autora	acima	citada?	Justifique	sua	resposta.
02)	De	acordo	com	Masini	(2006,	p.	249),	“a identi-
dade da Psicopedagogia não está ainda bem delimitada como 
área de estudos apesar de décadas de existência, no Brasil 
e na Europa, comprovados em livros e revistas especializa-
das. Permanecem discussões e embates com os próprios pares, 
em meio a mal entendidos sobre fins, locais, modalidades 
e recursos de atuação. Persistem questionamentos de outros 
profissionais sobre a especificidade de seu objeto de estudos 
108
frente a: 1) diversidade de atividades sobre essa denomi-
nação, em publicações, na atuação dos que se denominam 
psicopedagogos, em cursos de extensão, especialização e pós-
-graduação lato sensu; 2) desempenho de funções de áreas 
com as quais apresenta interfaces: Psicologia, Educação, 
Didática e Ensino, Psicoterapia, Psicologia Institucional e 
Educação Especial.
 Esses embates assinalam a necessidade de precisão 
e clareza sobre o objeto de estudo e a especificidade da Psi-
copedagogia, tornando-se indispensável a composição de um 
quadro referencial de delimitação dessa área”.
	 Diante	do	 exposto	 e,	 como	 sabemos,	 está	
em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça 
e Redação esperando para ser aprovado, o Projeto 
de	Lei	que	regulamenta	a	profissão	do	Psicopeda-
gogo no Brasil, apesar do mesmo ter amparo legal 
no	 Código	 Brasileiro	 de	Ocupação.	 Pelas	 críticas	
de	Masini,	 você	 acha	que	 a	profissão	de	psicope-
dagogo, apesar de anos esperando para ser regu-
lamentada, ainda não aconteceu pela falta de sua 
especificidade	enquanto	profissão,	como	acredita	a	
autora	acima	citada?	Justifique	sua	resposta.
03) Como discutido na “Leitura Complementar” 
deste	capítulo,	são	competências	do	psicopedago-
go pela visão da Associação Brasileira de Psicope-
dagogia (ABPp): “- ampliar as possibilidades e interesses 
109
relativos ao aprender e ao ensinar; - oportunizar aprendi-
zagens significativas; - propiciar autonomia de pensamento; 
- produzir e difundir o conhecimento científico e tecnológico 
relacionado com a aprendizagem humana; - assumir com-
promissos éticos e políticos com a Educação de qualidade 
para todos; - contribuir com os demais profissionais da Edu-
cação para a construção de uma sociedade justa, equânime 
e igualitária”.
	 Diante	da	problemática	da	educação	do	sé-
culo	XXI	–	que	 todos	nós	 conhecemos	 -	 em	sua	
formação,	você	acredita	que	o	profissional	da	psi-
copedagogia é capaz de desempenhar essas funções 
de	 forma	 eficiente?	O	 que	 poderia	 ser	 feito	 para	
que fosse melhorada a atuação do Psicopedagogo 
frente	 suas	 atividades	 desempenhadas?	 Justifique	
sua resposta.

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