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. CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 1 DIREITO CIVIL I – LINDB E PARTE GERAL APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................. 10 LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DE DIREITO ......................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 11 2. ESTRUTURA DA LINDB ............................................................................................................ 11 3. VIGÊNCIA DAS NORMAS ......................................................................................................... 12 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 12 EXISTÊNCIA x VIGÊNCIA .................................................................................................. 13 VACATIO LEGIS ................................................................................................................. 13 CONTAGEM DO PRAZO .................................................................................................... 14 ALTERAÇÕES DURANTE O PERÍDODO DE VACATIO LEGIS ...................................... 14 REVOGAÇÃO ..................................................................................................................... 15 REPRISTINAÇÃO ............................................................................................................... 16 4. OBRIGATORIEDADE DA NORMA ............................................................................................ 16 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 16 NATUREZA JURÍDICA ....................................................................................................... 17 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE RELATIVA/MITIGADA .......................................... 17 5. INTEGRAÇÃO DA NORMA ....................................................................................................... 18 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 18 LACUNA .............................................................................................................................. 18 MÉTODOS DE COLMATAÇÃO .......................................................................................... 19 5.3.1. Analogia ....................................................................................................................... 19 5.3.2. Costumes ..................................................................................................................... 20 5.3.3. Princípios gerais do direito .......................................................................................... 21 5.3.4. Equidade ...................................................................................................................... 22 6. INTERPRETAÇÃO DA NORMA ................................................................................................ 23 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 23 FORMAS DE INTERPRETAÇÃO ....................................................................................... 23 INTERPRETAÇÃO INTEGRATIVA .................................................................................... 24 7. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO .............................................................................................. 24 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 24 IRRETROATIVIDADE ......................................................................................................... 25 DIREITO ADQUIRIDO ........................................................................................................ 25 COISA JULGADA ................................................................................................................ 25 ATO JURÍDICO PERFEITO ................................................................................................ 26 ULTRATIVIDADE ................................................................................................................ 26 8. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO ............................................................................................ 27 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 27 REGRA GERAL................................................................................................................... 29 TEORIA DA TERRITORIALIDADE MODERADA/MITIGADA ............................................ 30 EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DO ESTATUTO PESSOAL .................................................. 30 REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA ...................... 31 9. SEGURANÇA JURÍDICA E EFICÁCIA NA CRIAÇÃO E APLICAÇÃO DE NORMAS POR AGENTES PÚBLICOS ....................................................................................................................... 32 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................. 32 DECISÃO COM BASE EM VALORES JURÍDICOS ABSTRATOS ................................... 32 NECESSIDADE E ADEQUAÇÃO NA MOTIVAÇÃO .......................................................... 34 DECISÃO INVALIDANTE DE ATO, CONTRATO, AJUSTE, PROCESSO OU NORMA ADMINISTRATIVA ......................................................................................................................... 35 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 2 INTERPRETAÇÃO DE NORMAS SOBRE GESTÃO PÚBLICA ........................................ 36 MUDANÇA DE INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO E MODULAÇÃO DE EFEITOS.. 37 REVISÃO E ORIENTAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DA PRÁTICA DO ATO ....................... 38 COMPROMISSOS .............................................................................................................. 38 COMPENSAÇÃO ................................................................................................................ 39 RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO ................................................................ 39 CONSULTA PÚBLICA ........................................................................................................ 41 10. ANTINOMIAS JURÍDICAS OU LACUNAS ............................................................................. 41 CONCEITO .......................................................................................................................... 41 CRITÉRIOS BÁSICOS DE SOLUÇÃO ............................................................................... 41 CLASSIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS ............................................................................... 41 ANTINOMIAS DE SEGUNDO GRAU ................................................................................. 42 11. FONTES DO DIREITO ........................................................................................................... 42 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................. 42 FONTE FORMAL PRIMÁRIA.............................................................................................. 44 FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS ................................................................................. 45 11.3.1. Analogia ....................................................................................................................... 45 11.3.2. Costumes .....................................................................................................................45 11.3.3. Princípios Gerais do Direito ......................................................................................... 47 FONTES NÃO FORMAIS ................................................................................................... 47 11.4.1. Doutrina ........................................................................................................................ 47 11.4.2. Jurisprudência .............................................................................................................. 47 11.4.3. Equidade ...................................................................................................................... 48 SÚMULA VINCULANTE ..................................................................................................... 49 INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL ................................................................................................... 50 1. QUADRO EVOLUTIVO DO DIREITO CIVIL .............................................................................. 50 DO DIREITO ROMANO ATÉ A REVOLUÇÃO FRANCESA: DIVISÃO DO DIREITO EM CIVIL E PENAL .............................................................................................................................. 50 REVOLUÇÃO FRANCESA: DIVISÃO DO DIREITO EM PÚBLICO E PRIVADO ............. 50 CONSTITUIÇÃO IMPERIAL E O DIREITO CIVIL .............................................................. 50 CÓDIGO CIVIL DE 1916 E A ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL ...................................... 51 A NEUTRALIDADE E INDIFERENÇA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AO DIREITO CIVIL ...................................................................................................... 52 PULVERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES PRIVADAS E A PERDA DA REFERÊNCIA ............ 52 2. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL ...................................................................... 53 CONCEITO .......................................................................................................................... 53 TÁBUA AXIOLÓGICA ......................................................................................................... 53 CONSTITUCIONALIZAÇÃO x PUBLICIZAÇÃO ................................................................ 53 DIREITO CIVIL MÍNIMO ..................................................................................................... 54 3. CÓDIGO CIVIL DE 2002 E OS SEUS PARADIGMAS .............................................................. 54 SOCIALIDADE .................................................................................................................... 55 ETICIDADE ......................................................................................................................... 55 OPERABILIDADE ............................................................................................................... 56 4. DISTINÇÕES ENTRE CLÁUSULAS GERAIS E CONCEITOS JURÍDICOS INDETERMINADOS .......................................................................................................................... 56 5. APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS....... 57 6. APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS SOCIAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS ..................... 58 7. INCIDÊNCIA DIRETA DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES PRIVADAS ............................................................................................................ 59 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 3 STATUS LEGAL .................................................................................................................. 59 STATUS CONSTITUCIONAL ............................................................................................. 60 STATUS SUPRALEGAL ..................................................................................................... 60 8. DIÁLOGO DAS FONTES ........................................................................................................... 60 9. CONFLITOS NORMATIVOS DO DIREITO CIVIL ..................................................................... 61 DIREITOS DA PERSONALIDADE .................................................................................................... 64 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ..................................................................................................... 64 IMPORTÂNCIA DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE .................................................. 64 DIFERENÇAS ENTRE PERSONALIDADE E CAPACIDADE ........................................... 64 2. CLÁUSULA GERAL DE PROTEÇÃO À PERSONALIDADE .................................................... 65 3. TÉCNICA DE PONDERAÇÃO ................................................................................................... 66 4. DIREITOS DE PERSONALIDADE VERSUS LIBERDADES PÚBLICAS ................................. 68 5. MOMENTO AQUISITIVO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE .......................................... 68 6. MOMENTO EXTINTIVO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE ........................................... 69 7. FONTES DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE .................................................................... 72 8. DIREITOS DA PERSONALIDADE A PESSOA JURÍDICA ....................................................... 72 9. CONFLITO ENTRE DIREITOS DA PERSONALIDADE E LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL .............................................................................................................................................. 73 10. DIREITOS DA PERSONALIDADE E AS PESSOAS PÚBLICAS (CELEBRIDADES) .......... 74 11. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................. 75 12. TUTELA JURÍDICA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................... 76 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................. 76 TUTELA PREVENTIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ..................................... 77 12.2.1. Considerações ............................................................................................................. 78 12.2.2. Espécies de tutela específica ...................................................................................... 78 12.2.3. Mandado de distanciamento ........................................................................................ 78 12.2.4. Possibilidade de prisão ................................................................................................ 79 TUTELA REPRESSIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ..................................... 79 TUTELA JURÍDICA COLETIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ........................ 81 13. DIREITOS DE PERSONALIDADE À INTEGRIDADE FÍSICA ............................................... 81 TUTELA JURÍDICA DO CORPO VIVO .............................................................................. 82 TUTELA JURÍDICA DO CORPO MORTO ......................................................................... 83 LIVRE CONSENTIMENTO INFORMADO (AUTONOMIA DO PACIENTE) ...................... 84 14. DIREITO À HONRA ................................................................................................................ 85 15. DIREITO AO NOME CIVIL ..................................................................................................... 85 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 85 ESCOLHA DO NOME ......................................................................................................... 85 ESCOLHA FEITA PELOS PAIS ......................................................................................... 86 ELEMENTOS COMPONENTES ......................................................................................... 87 IMUTABILIDADE RELATIVA.............................................................................................. 88 16. DIREITO À IMAGEM .............................................................................................................. 89 17. DIREITO À PRIVACIDADE .................................................................................................... 91 PESSOA NATURAL .......................................................................................................................... 93 1. PERSONALIDADE JURÍDICA ................................................................................................... 93 2. NASCITURO ............................................................................................................................... 93 TEORIAS EXPLICATIVAS .................................................................................................. 93 DIREITOS DO NASCITURO............................................................................................... 94 PERSONALIDADE JURÍDICA X CAPACIDADE JURÍDICA .............................................. 95 3. CAPACIDADE JURÍDICA ........................................................................................................... 95 CONCEITO .......................................................................................................................... 95 TEORIA DAS INCAPACIDADES ........................................................................................ 96 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 4 3.2.1. Incapacidade absoluta ................................................................................................. 96 3.2.2. Incapacidade relativa ................................................................................................... 97 4. EMANCIPAÇÃO ......................................................................................................................... 99 VOLUNTÁRIA .................................................................................................................... 100 JUDICIAL ........................................................................................................................... 101 LEGAL ............................................................................................................................... 101 5. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL ....................................................................................... 103 AUSÊNCIA ........................................................................................................................ 105 MORTE PRESUMIDA: OUTRAS HIPÓTESES ................................................................ 108 COMORIÊNCIA ................................................................................................................. 109 PESSOA JURÍDICA ......................................................................................................................... 110 1. CONCEITO ............................................................................................................................... 110 2. TEORIAS EXPLICATIVAS ....................................................................................................... 110 TEORIA NEGATIVISTA .................................................................................................... 110 TEORIA AFIRMATIVISTA ................................................................................................. 110 2.2.1. Teoria da ficção (Savigny) ......................................................................................... 110 2.2.2. Teoria da realidade objetiva ou organacionista (Clóvis Beviláqua) .......................... 111 2.2.3. Teoria da realidade técnica (Ferrara) ........................................................................ 111 3. PRESSUPOSTOS EXISTENCIAIS .......................................................................................... 111 4. PERSONIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ......................................................................... 111 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................ 112 SOCIEDADES DESPERSONIFICADAS .......................................................................... 112 ENTES DESPERSONALIZADOS ..................................................................................... 113 5. AUTONONIA PATRIMONIAL ................................................................................................... 114 6. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO ..................................................................... 115 7. FUNDAÇÕES ........................................................................................................................... 116 FUNDAÇÕES DE DIREITO PÚBLICO ............................................................................. 116 FUNDAÇÕES DE DIREITO PRIVADO ............................................................................ 116 FINALIDADE ..................................................................................................................... 117 ETAPAS PARA CONSTITUIÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO ........ 117 FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES ................................................................................ 118 ALTERAÇÃO DO ESTATUTO .......................................................................................... 119 8. SOCIEDADES .......................................................................................................................... 119 CONCEITO ........................................................................................................................ 119 ESPÉCIES ......................................................................................................................... 120 9. ASSOCIAÇÕES ........................................................................................................................ 121 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................... 121 O ESTATUTO DAS ASSOCIAÇÕES ............................................................................... 122 ASSEMBLEIA GERAL ...................................................................................................... 122 DISSOLUÇÃO DA ASSOCIAÇÃO .................................................................................... 122 EXCLUSÃO DO ASSOCIADO .......................................................................................... 123 10. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .................................................................................... 123 CONVENCIONAL .............................................................................................................. 123 ADMINISTRATIVA ............................................................................................................ 123 JUDICIAL ........................................................................................................................... 123 11. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ................................................................. 123 HISTÓRICO ....................................................................................................................... 124 CONCEITO ........................................................................................................................ 124 DESCONSIDERAÇÃO X DESPERSONALIZAÇÃO ........................................................ 124 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 5 DESCONSIDERAÇÃO X DESPERSONALIZAÇÃO X CORRESPONSABILIDADE X SOLIDARIEDADE ........................................................................................................................ 124 REQUISITOS DA DESCONSIDERAÇÃO ........................................................................125 11.5.1. Benefício direito ou indireto ....................................................................................... 126 11.5.2. Desfio de finalidade ................................................................................................... 126 11.5.3. Confusão patrimonial ................................................................................................. 127 DESCONSIDERAÇÃO INVERSA ..................................................................................... 127 DESCONSIDERAÇÃO E GRUPOS ECONÔMICOS ....................................................... 127 DOMICÍLIO....................................................................................................................................... 128 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 128 2. MUDANÇA DE DOMICÍLIO...................................................................................................... 129 3. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA ....................................................................................... 129 4. CLASSIFICAÇÃO DO DOMICÍLIO .......................................................................................... 130 DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO ............................................................................................... 130 DOMICÍLIO LEGAL OU NECESSÁRIO ........................................................................... 130 4.2.1. Domicílio do Incapaz .................................................................................................. 130 4.2.2. Domicílio do Servidor Público .................................................................................... 131 4.2.3. Domicílio do Militar ..................................................................................................... 131 4.2.4. Domicílio do Marítimo (marinha mercante) ............................................................... 131 4.2.5. Preso .......................................................................................................................... 131 DOMICÍLIO DE ELEIÇÃO ................................................................................................. 131 BENS JURÍDICOS ........................................................................................................................... 132 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 132 2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS JURÍDICOS ............................................................................ 132 QUANTO À TANGIBILIDADE ........................................................................................... 132 2.1.1. Corpóreos, materiais ou tangíveis ............................................................................. 132 2.1.2. Incorpóreos, imateriais ou intangíveis ....................................................................... 133 QUANTO À MOBILIDADE ................................................................................................ 133 2.2.1. Bens imóveis .............................................................................................................. 133 2.2.2. Bens móveis ............................................................................................................... 136 QUANTO À FUNGIBILIDADE ........................................................................................... 137 2.3.1. Bens fungíveis ............................................................................................................ 137 2.3.2. Bens infungíveis ......................................................................................................... 137 QUANTO À CONSUNTIBILIDADE ................................................................................... 138 2.4.1. Bens consumíveis ...................................................................................................... 138 2.4.2. Bens inconsumíveis ................................................................................................... 138 2.4.3. Exemplos .................................................................................................................... 138 QUANTO À DIVISIBILIDADE............................................................................................ 139 2.5.1. Bens divisíveis ........................................................................................................... 139 2.5.2. Bens indivisíveis......................................................................................................... 139 QUANTO À INDIVIDUALIDADE ....................................................................................... 140 2.6.1. Bens singulares .......................................................................................................... 140 2.6.2. Bens coletivos ou universalidades ............................................................................ 140 QUANTO À DEPENDÊNCIA ............................................................................................ 140 2.7.1. Bens principais (ou independentes) .......................................................................... 140 2.7.2. Existem de maneira autônoma e independente, abstrata ou concretamente. ......... 140 1.1.1. Bens acessórios (ou dependentes) ........................................................................... 140 QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO ............................................................................. 142 2.8.1. Bens particulares ou privados ................................................................................... 143 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 6 2.8.2. Bens públicos ou do Estado ...................................................................................... 143 3. BEM DE FAMÍLIA ..................................................................................................................... 144 HISTÓRICO ....................................................................................................................... 144 BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO ..................................................................................... 145 3.2.1. Noções gerais ............................................................................................................ 145 3.2.2. Inalienabilidade relativa ............................................................................................. 145 3.2.3. Impenhorabilidade limitada ........................................................................................ 145 3.2.4. Teto para o bem de família voluntário ....................................................................... 146 3.2.5. Afetação de valores mobiliários ao bem de família voluntário .................................. 146 3.2.6. Administração do bem de família voluntário. Art. 1720 do CC. ................................ 146 3.2.7. Extinção do bem de família voluntário. Art. 1721 e 1722 do CC. ............................. 147 1.2. BEM DE FAMÍLIA LEGAL ................................................................................................. 147 TEORIA DO FATO JURÍDICO ........................................................................................................ 148 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 148 SUPORTE FÁTICO ........................................................................................................... 148 1.1.1. Suporte fático hipotético ou abstrato ......................................................................... 148 1.1.2. Suporte fático concreto ..............................................................................................148 1.1.3. Suporte fático constituído de elementos positivos .................................................... 148 1.1.4. Suporte fático constituído de elementos negativos................................................... 148 A FENOMENOLOGIA DA JURIDICIZAÇÃO .................................................................... 149 1.2.1. Como ocorre a juridicização ...................................................................................... 149 1.2.2. Suporte fático deficiente ............................................................................................ 149 CONSEQUÊNCIAS DA INCIDÊNCIA .............................................................................. 150 1.3.1. Juridicização .............................................................................................................. 150 1.3.2. Pré-exclusão de juridicidade ...................................................................................... 150 1.3.3. Invalidação ................................................................................................................. 150 1.3.4. Deseficacização ......................................................................................................... 150 1.3.5. Desjuridicização ......................................................................................................... 150 2. PLANOS DOS FATOS JURÍDICOS: UMA VISÃO GERAL ..................................................... 151 PLANO DA EXISTÊNCIA .................................................................................................. 151 PLANO DA VALIDADE ..................................................................................................... 151 PLANO DA EFICÁCIA....................................................................................................... 151 3. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS: FATO JURÍDICO LATO SENSU .................... 152 ESQUEMA GRÁFICO1 (MELLO) ..................................................................................... 152 ESQUEMA GRÁFICO2 (STOLZE) ................................................................................... 153 FATO JURÍDICO STRICTO SENSU ................................................................................ 153 3.3.1. Ordinário ..................................................................................................................... 153 3.3.2. Extraodinário .............................................................................................................. 153 ATO-FATO JURÍDICO ...................................................................................................... 153 3.4.1. Espécies de ato-fato jurídico ..................................................................................... 154 ATO JURÍDICO LATO SENSU ......................................................................................... 155 3.5.1. Noções gerais ............................................................................................................ 155 3.5.2. Espécies de atos jurídicos ......................................................................................... 155 ATO JURÍDICO STRICTO SENSU .................................................................................. 156 3.6.1. Noções gerais ............................................................................................................ 156 3.6.2. Classificação dos atos jurídicos stricto sensu ........................................................... 156 NEGÓCIO JURÍDICO ....................................................................................................... 157 3.7.1. Noções gerais ............................................................................................................ 157 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 7 3.7.2. Classes de negócios jurídicos ................................................................................... 157 3.7.3. Elementos constitutivos do negócio jurídico ............................................................. 160 FATO/ATO ILÍCITO ........................................................................................................... 160 TEORIA DO NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................. 161 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 161 2. PLANO DE EXISTÊNCIA ......................................................................................................... 161 MANIFESTAÇÃO DE VONTADE ..................................................................................... 161 AGENTE ............................................................................................................................ 161 OBJETO ............................................................................................................................ 161 FORMA .............................................................................................................................. 161 3. PLANO DE VALIDADE ............................................................................................................. 162 CONCEITO E PRESSUPOSTOS ..................................................................................... 162 OBSERVAÇÕES ............................................................................................................... 163 PECULIARIDADES QUANTO AO PRESSUPOSTO DE VALIDADE “FORMA” ............. 163 4. PLANO DE EFICÁCIA .............................................................................................................. 165 5. TEORIAS EXPLICATIVAS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................ 165 TEORIA VOLUNTARISTA (DA VONTADE) ..................................................................... 165 TEORIA OBJETIVA (DA DECLARAÇÃO) ........................................................................ 166 6. INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS ................................................................. 166 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................ 168 1. DISPOSIÇÃO DA MATÉRIA .................................................................................................... 168 2. ERRO ........................................................................................................................................ 168 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 168 ERRO X VÍCIO REDIBITÓRIO ......................................................................................... 170 ESQUEMA SOBRE ERRO ............................................................................................... 170 3. DOLO ........................................................................................................................................ 171 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 171 DOLO NEGATIVO ............................................................................................................. 172 DOLO BILATERAL ............................................................................................................ 172 DOLO DE TERCEIROS .................................................................................................... 172 DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL OU CONVENCIONAL ....................................... 172 ESQUEMA ......................................................................................................................... 172 4. COAÇÃO ..................................................................................................................................173 CONCEITO E CARECTERÍSTICAS ................................................................................. 173 COAÇÃO DE TERCEIROS ............................................................................................... 173 5. LESÃO ...................................................................................................................................... 174 CONCEITO E PREVISÃO LEGAL .................................................................................... 174 REQUISITOS .................................................................................................................... 175 LESÃO X TEORIA DA IMPREVISÃO ............................................................................... 176 LESÃO CONSUMERISTA ................................................................................................ 176 6. ESTADO DE PERIGO .............................................................................................................. 176 7. SIMULAÇÃO ............................................................................................................................. 178 CONCEITO ........................................................................................................................ 178 ESPÉCIES ......................................................................................................................... 178 7.2.1. Simulação absoluta .................................................................................................... 178 7.2.2. Simulação relativa (dissimulação) ............................................................................. 178 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................... 179 8. FRAUDE CONTRA CREDORES ............................................................................................. 180 CONCEITO ........................................................................................................................ 180 HIPÓTESES LEGAIS ........................................................................................................ 181 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 8 8.2.1. Negócio de transmissão gratuita de bens (art. 158) ................................................. 181 8.2.2. Perdão fraudulento (remissão fraudulenta de dívida, art. 158). ............................... 181 8.2.3. Negócio jurídico fraudulento oneroso (art. 159 CC).................................................. 181 8.2.4. Antecipação fraudulenta de pagamento feita a um dos credores quirografários (art. 162 CC). .................................................................................................................................... 182 8.2.5. Outorga fraudulenta de garantia de dívida (art. 163 CC) .......................................... 182 AÇÃO E LEGITIMIDADE NA FRAUDE CONTRA CREDORES ...................................... 182 NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA NA AÇÃO PAULIANA...................................... 183 CONSIDERAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA AÇÃO PAULIANA À LUZ DA TEORIA DA AÇÃO – DIREITOS POTESTATIVOS, AÇÕES CONSTITUTIVAS ............................................ 184 9. RESUMO DOS VÍCIOS NO NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................. 184 PLANO DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO .......................................................................... 186 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 186 2. CONDIÇÃO ............................................................................................................................... 186 CONCEITO ........................................................................................................................ 186 2.1.1. Futuridade .................................................................................................................. 186 2.1.2. Incerteza ..................................................................................................................... 186 CLASSIFICAÇÃO DA CONDIÇÃO ................................................................................... 187 2.2.1. Quanto ao modo de atuação ..................................................................................... 187 2.2.2. Quanto à licitude ........................................................................................................ 188 2.2.3. Quanto a origem ........................................................................................................ 190 3. TERMO ..................................................................................................................................... 190 CONCEITO ........................................................................................................................ 190 CARACTERÍSICAS ........................................................................................................... 191 4. MODO OU ENCARGO ............................................................................................................. 192 5. CONDIÇÃO x TERMO x ENCARGO ....................................................................................... 192 TEORIA DAS INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................... 194 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 194 2. NULIDADE ABSOLUTA ........................................................................................................... 194 ANÁLISE DO ART. 166 CC .............................................................................................. 194 CARACTERÍSTICAS DA NULIDADE ABSOLUTA .......................................................... 195 2.2.1. Declaração de ofício. Legitimidade ........................................................................... 195 2.2.2. Confirmação ............................................................................................................... 196 2.2.3. Efeito ex tunc ............................................................................................................. 196 3. NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) ............................................................................. 196 PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 196 CARACTERÍSTICAS DA NULIDADE RELATIVA ............................................................ 197 3.2.1. Impossibilidade de declaração de ofício. Legitimidade ............................................. 197 3.2.2. Prazo decadencial ..................................................................................................... 197 3.2.3. Confirmação ............................................................................................................... 198 3.2.4. Eficácia ex tunc .......................................................................................................... 198 ATO ILÍCITO .................................................................................................................................... 200 1. NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 200 CONCEITO E EVOLUÇÃO ............................................................................................... 200 SÍNTESE ........................................................................................................................... 200 2. EFEITOS DA ILICITUDE (CIVIL) ............................................................................................. 201 EFEITO INDENIZANTE ....................................................................................................201 EFEITO CADUCIFICANTE ............................................................................................... 201 EFEITO INVALIDANTE ..................................................................................................... 201 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 9 EFEITO AUTORIZANTE ................................................................................................... 202 OUTROS EFEITOS ........................................................................................................... 203 3. ELEMENTOS DO ATO ILÍCITO ............................................................................................... 203 4. ESPÉCIES (MODELOS) DE ATO ILÍCITO .............................................................................. 204 ATO ILÍCITO SUBJETIVO ................................................................................................ 204 ATO ILÍCITO OBJETIVO (ABUSO DE DIREITO OU ILÍCITO IMPRÓPRIO) .................. 205 SUBESPÉCIES DO ATO ILÍCITO OBJETIVO ................................................................. 207 4.3.1. Venire contra factum proprium (teoria dos atos próprios)......................................... 207 4.3.2. Supressio (Verwirkung) e Surrectio (erwirkung) ....................................................... 207 4.3.3. “Tu quoque” e “Cláusula de Estoppel”....................................................................... 208 4.3.4. Duty to mitigate the loss (dever de mitigar o dano)................................................... 209 4.3.5. Substancial performance (adimplemento substancial, inadimplemento mínimo, adimplemento fraco ou ruim) .................................................................................................... 209 4.3.6. Violação positiva do contrato (violação de deveres anexos) .................................... 210 5. EXCLUDENTES DA ILICITUDE (art. 188 do CC) ................................................................... 210 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ..................................................................................................... 212 1. CONCEITOS............................................................................................................................. 212 PRESCRIÇÃO ................................................................................................................... 212 DECADÊNCIA ................................................................................................................... 212 2. REGRAMENTO ........................................................................................................................ 213 PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 213 CAUSAS IMPEDITIVAS, SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS ...................................... 213 2.2.1. Causas impeditivas e suspensivas ............................................................................ 213 2.2.2. Causas interruptivas .................................................................................................. 215 ALTERAÇÃO DE PRAZOS ............................................................................................... 216 PRAZOS PRESCRICIONAIS NO CC ............................................................................... 216 QUEM PODE ALEGAR A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA? ...................................... 217 CONTAGEM DE PRAZO .................................................................................................. 218 O QUE É PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE? ................................................................ 219 PRESCRIÇÃO CONTRA A FAZENDA ............................................................................. 219 . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 10 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno Direito Civil I possui como base as aulas do Prof. Flávio Tartuce (G7), do Prof. Cristiano Chaves (CERS) e do Prof. Pablo Stolze (LFG). Com o intuito de deixar o material mais completo, utilizados as seguintes fontes complementares: Manual de Direito Civil – Volume Único 2018 (Cristiano Chaves); Manual de Direito Civil – Volume Único 2019 (Pablo Stolze). Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 11 LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DE DIREITO 1. INTRODUÇÃO Em 1804, foi editado o Código Civil Francês que promoveu inúmeras inovações no ordenamento jurídico. Contudo, para que fossem efetivadas, editou-se uma Lei de Introdução a fim de “acomodar” todas as modificações oriundas do novo Código Civil ao ordenamento jurídico francês. Como o Código Civil de 1916 possui inspiração no Código Civil Francês, o legislador brasileiro editou a Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) para que todas as inovações trazidas pela nova codificação fossem compatibilizadas com o sistema jurídico. Em 2010, por meio da Lei 12.376/10, a Lei de Introdução ao Direito Civil (LICC) passou a ser chamada de Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB), isso porque LICC nunca introduziu nada ao Código Civil, na verdade a preocupação sempre foi com a própria norma jurídica, sendo esse o seu objeto de estudo. A LINDB é um diploma legal multidisciplinar que se aplica universalmente a qualquer ramo do direito. É, portanto, um código geral sobre a elaboração e aplicação das normas jurídicas, tem como objetivo: a elaboração, a vigência e a aplicação de leis. Ressalta-se que independentemente de qual seja o ramo do direito, as normas devem ser elaboradas e aplicadas conforme LINDB. Por isso, afirma-se que se trata de uma norma de SOBREDIREITO (lex legum), ou seja, é uma “norma sobre normas”, totalmente autônoma e independente do CC. 2. ESTRUTURA DA LINDB Pode-se dividir a estrutura da LINDB em sete partes, observe: . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 12 Iremos analisar cada uma das partes, a grande maioria das questões envolvem a literalidade da LINDB não deixe de fazer uma leitura atenta aos dispositivos legais. 3. VIGÊNCIA DAS NORMAS PREVISÃO LEGAL Os arts. 1º e 2º da LINDB tratam sobre a vigência da norma no ordenamento jurídico. Vejamos: Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação deseu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. LINDB Vigência da norma Arts. 1º e 2º Obrigatoriedade da norma Art. 3º Integração da norma Art. 4º Interpretação da norma Art. 5º Aplicação da lei no tempo Art. 6º Aplicação da lei no espaço Arts. 7º a 19 Eficácia na criação e na aplicação do direito público Arts. 20 a 30 (Lei 13.655/2018) . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 13 § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. EXISTÊNCIA x VIGÊNCIA A existência não se confunde com a vigência, isso porque uma norma passa a existir quando é promulgada, ocasião em que é considerada formalmente um ato jurídico (não possui coercibilidade). Por outro lado, para que tenha vigência é necessário um iter legislativo, ou seja, um lapso temporal para que as pessoas tenham conhecimento acerca do seu conteúdo, da sua existência. Em suma: VACATIO LEGIS A vacatio legis consiste no lapso temporal/período de tempo necessário para que as pessoas tenham conhecimento da existência da nova lei. Após o período de vacatio, a lei passa a vigorar em todo o país, independentemente se for uma norma de direito material ou uma norma de direito processual. Nos termos do art. 8º da LC 95/98, toda norma legal deve, obrigatoriamente, cumprir um período de vacatio legis, devendo seu prazo ser expresso em número de dias. LC 95/98 - Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. O período de vacatio legis será, em regra, de 45 dias após a publicação da lei (art. 1º da LINDB), salvo nos seguintes casos: • No estrangeiro, quando admitida a lei brasileira, a vigência será de 3 meses (não é 90 dias); • Quando a lei fixar prazo diverso, é o caso das leis de maior complexidade. Por exemplo, a vacatio legis no CPC/15 foi de um ano; • Quando a lei for de pequena repercussão, poderá entrar em vigor na data da sua publicação. A Lei 11.441/2007 possibilitou que o divórcio, inventário, partilha e separação pudessem ser feitos em cartório, cumpridos determinados requisitos, o procedimento deixou de ser judicial para ser extrajudicial. Apesar da grande repercussão, entrou em vigor na data da sua publicação. Indaga- PUBLICAÇÃO LAPSO TEMPORAL (vacatio legis) VIGÊNCIA . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 14 se: é possível a imposição de alguma sanção, tendo em vista que apenas as leis de pequena repercussão podem entrar em vigor na data da sua publicação? Não! Trata-se de uma norma imperfeita, tendo em vista que não há imposição de sanção em caso de descumprimento. É o próprio legislador que diz se a lei é de pequena repercussão ou não, ele não criou sanções para quando fosse dito, na nova lei, que ela entraria em vigor no momento de sua publicação, apesar de não ser de pequena repercussão. CONTAGEM DO PRAZO A contagem do prazo da vacatio legis está disciplinada no art. 8º, §1º da LC 95/98, in verbis: LC 95/98 – Art. 8º, § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral Trata-se de uma regra autônoma/própria, inclui-se o primeiro e o último dia, entrando a lei em vigor no dia subsequente a consumação integral do prazo. Segundo a doutrina, não importa se o último dia for feriado ou final de semana, a norma entrará em vigor mesmo assim, ou seja, a data não é prorrogada para o dia seguinte. Contudo, nem sempre a vacatio legis é estabelecida em dia (por exemplo, CC/02 e CPC/15, o prazo foi de 1 ano), de modo que nesses casos também será possível a aplicação da regra do §1º do art. 8º da LC 95/98. O CPC/15 que foi publicado em 17 de março de 2015, entrou em vigor no dia 18 de março de 2016, data que foi fixada pelo STJ. Segundo Flávio Tartuce, “a Lei nº 810/49 define o ano civil como sendo o período de doze meses contados do dia do início ao dia e mês correspondentes do ano seguinte. Ou seja, o ano civil, no caso em exame, iria de 17 de março de 2015 a 17 de março de 2016. E assim, aplicando o dispositivo da lei complementar que manda incluir na contagem a data da publicação e a do último dia do prazo, entrando a lei em vigor no primeiro dia subsequente, poder-se concluir que o Código entrará em vigor em 18 de março de 2016” Observações: a) É importante perceber que todas essas regras, que emanam do art. 8º, LC 95/98, fizeram com que o art. 1º, LINDB, se tornasse subsidiário. Isto, porque só utilizaremos o prazo do art. 1º quando o legislador não tiver estabelecido um prazo de vacatio legis expresso e não se tratar de uma lei de pequena repercussão. b) Tudo que foi visto acima somente se aplica às normas legais. As normas jurídicas administrativas (portarias, decretos, regulamentos, resoluções) sempre entrarão em vigor na data de sua publicação (Decreto nº 572/1890). ALTERAÇÕES DURANTE O PERÍDODO DE VACATIO LEGIS . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 15 Durante o período de vacatio legis poderá haver republicação da lei, seja para modificar ou fazer eventuais correções. Neste caso, o prazo de vacatio legis volta a correr do zero somente para a parte que foi corrigida. O prazo de vacatio legis, portanto, reinicia SOMENTE para a parte que foi retificada e não para as demais, que continuam contando o prazo normalmente. Art. 1º, §3º, LINDB → se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. Art. 1º, §4º, LINDB → as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. REVOGAÇÃO Uma vez cumprida a vacatio legis e entrando em vigor, a lei continuará vigendo até que venha outra e, expressa ou tacitamente, a revogue. Aplica-se, aqui, o princípio da continuidade. Art. 2º, LINDB → não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. §1º → a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. O art. 9º da LC 95/98 estabeleceu que a revogação das normas preferencialmente deve ser expressa. Sendo assim, toda vez que for editada uma nova lei, essa deverá indicar de forma expressa quais os dispositivos legais foram revogados por ela. Art. 9º, LC 95/98 → a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas. Tal regra não se aplica às leis temporárias, pois elas cessam ao alcançar o termo indicado. Quando o legislador não revogar expressamente os dispositivos legais, será aplicada a regra de que fica revogado tudo aquilo que for contrário à nova lei. O Direito Brasileiro (STJ é firme nesse sentindo) não admite o desuetudo, que é a revogação da lei pelos costumes (uma lei que não conseguiu “pegar”, por exemplo), mesmo quanto às leis que não são respeitadas ou observadas. Lembre-se: a revogação necessariamente se dará por outra lei que revogará expressa ou tacitamente,no todo ou em parte a lei antiga. Destaca-se, ainda, que a revogação é gênero da qual ab-rogação (revogação total da lei) e derrogação (revogação parcial da lei) são espécies. Por fim, importante consignar que, conforme o do §2º do art. 2º da LINDB, uma lei nova, que trate da mesma matéria de lei anterior, e que traga disposições que estejam ao lado (a par) da outra lei, não revoga a lei anterior, será utilizada conjuntamente. . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 16 Art. 2º, § 2º, LINDB → a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. REPRISTINAÇÃO Trata-se do restabelecimento dos efeitos de uma lei, que foi revogada, pela revogação da lei revogadora. Em regra, não é aceita, conforme prevê o art. 2º, § 3º da LINDB, in verbis: Art. 2º, § 3º → salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. A Lei A foi revogada pela Lei B. Posteriormente, editou-se a Lei C que revogou a Lei B. Contudo, o fato de a Lei B ter sido revogada não restaura os efeitos da Lei A, salvo se houver expressa previsão legal. Importante consignar que repristinação não se confunde com os efeitos repristinatórios (decorrentes do controle de constitucionalidade). Neste caso, há uma Lei A que é revogada por uma Lei B, a qual é suspensa em uma decisão do STF proferida em uma ADI, através de medida cautelar por exemplo. Aqui, a Lei A automaticamente restaura a sua eficácia, salvo previsão expressa em sentido contrário. É tácito, pois a decisão do STF não menciona o efeito repristinatório. No caso de decisão de mérito, a ideia é basicamente a mesma. Lei A é revogada por uma Lei B, esta é objeto de ADI, sendo declarada inconstitucional em uma decisão de mérito. Como a natureza do ato inconstitucional é de um ato nulo, significa que já nasceu com vício de origem, portanto, não poderia ter revogado a lei A que volta a produzir efeitos novamente. Apenas, quando houver modulação temporal dos efeitos, não se aplica. Em suma, toda vez que o STF proferir uma decisão de mérito, em controle abstrato, declarando uma lei inconstitucional, não havendo modulação de efeitos (efeito ex nunc ou prospectivo), a inconstitucionalidade será desde a origem da lei, terá efeito retroativos (ex tunc), assim não poderia ter revogado uma lei válida, que voltará a produzir efeitos. 4. OBRIGATORIEDADE DA NORMA PREVISÃO LEGAL Observe a redação do art. 3º da LINDB: Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. LEI A LEI B LEI C . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 17 O disposto consagra a presunção de que todas as pessoas conheçam a lei. Por isso, a LINDB cria uma proibição de desconhecimento da lei para que ninguém possa se furtar à sua incidência. NATUREZA JURÍDICA A respeito da obrigatoriedade de conhecimento da norma existem três correntes: • 1ª C – Ficção: há ficção de que todos conhecem a lei. • 2ª C – Presunção: legislador presume, de forma absoluta, que todos conhecem a lei. • 3ª C (prevalece) – Necessidade Social (Zeno Veloso, Maria Helena Diniz, Flávio Tartuce): há uma necessidade social de que todos conheçam as leis. Consoante Zeno Veloso: “o legislador não seria estúpido de pensar que todos conheçam as leis. Num país em que há excesso legislativo, uma superprodução de leis que a todos atormenta assombra e confunde, sem contar o número enormíssimo de medidas provisórias, presumir que todas as leis são conhecidas por todos”. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE RELATIVA/MITIGADA A presunção de conhecimento da lei não é absoluta, uma vez que existem situações excepcionais, expressamente previstas, em lei em que se admite a alegação de erro de direito (apenas nos casos previstos em lei). A maioria dos casos de erro de direito estão previstos no Direito Penal, a exemplo do erro de proibição (art. 21 do CP), podendo, inclusive, ser uma causa atenuante de pena (art. 65, II do CP). Por outro lado, no Direito Civil há apenas DOIS casos em que se permite a alegação de erro de direito, quais sejam: a) Casamento putativo (art. 1.561, CC): no caso de casamento nulo ou anulável celebrado com boa-fé, os efeitos do ato serão ser preservados em relação aos filhos. Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. § 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. Imagine, por exemplo, o casamento de “A” com “B”, sua irmã. Teremos: . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 18 Ressalta-se que a boa-fé é imprescindível para que se caracterize o erro de direito. b) Erro como vício de vontade no negócio jurídico (art. 139, III, CC): esse erro pode ser alegado para o desfazimento do negócio jurídico. Art. 139. O erro é substancial quando: III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Ocorre, por exemplo, quando “A”, que mora em Curitiba/PR, compra um terreno em Petrópolis/RJ, sem saber que o local foi afetado para o uso público, por Lei Municipal. Por fim, importante destacar que o art. 139, inciso III, não revogou o art. 3º da LINDB, já foi objeto de questão. 5. INTEGRAÇÃO DA NORMA PREVISÃO LEGAL O art. 4º da LINDB prevê a integração (colmatar/preencher lacunas) da norma, ou seja, a forma pela qual o juiz ira complementar a norma nos casos em que o legislador não previu as possíveis situações no mundo fático. Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Esse dispositivo traz um rol TAXATIVO e preferencial de integração da norma. Sendo assim, o juiz deve se valer dessa ordem e somente dos critérios integrativos colocados no dispositivo (doutrina clássica). LACUNA Diante de uma lacuna (omissão), o juiz irá utilizar os métodos de colmatação que veremos abaixo. Antes, contudo, é importante destacar que a lacuna se refere apenas à lei, um vez que o ordenamento jurídico é completo (tanto que se criou os métodos de integração da norma). Salienta-se que o ordenamento jurídico brasileiro veda o non liquet, ou seja, o juiz não poderá se eximir de dever de julgar alegando lacuna ou desconhecimento da norma. Como visto, nos casos de lacuna, o juiz está obrigado a promover a integração da norma (colmatará o vazio). Erro de fato "A" não sabia que "B" era sua irmã Erro de direito "A" sabia que "B" era sua irmã, mas desconhecia que o casamento entre irmãos era proibido . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 19 Contudo, em quatro casos, o juiz poderá determinar à parte interessada que faça prova da existência e vigência da lei alegada, são eles: • Direito Municipal (fora da sua jurisdição); • Direito Estadual (fora da sua jurisdição); • Direito Estrangeiro; • Direito Consuetudinário. Por fim, trazemos a classificação de Maria Helena Diniz acerca das espécies de lacunas existentes. Observe: MÉTODOS DE COLMATAÇÃO Na integração da norma o juiz deverá se valer da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito, devendo utilizar esses métodos na ordem apresentada no art. 4º da LINDB, que estabeleceu um rol taxativo e preferencial. OBS.: a doutrina moderna contesta a obrigatoriedade de aplicar os métodos de colmatação na exata ordem do art. 4º, principalmente no que concerne aos princípios constitucionais (Tepedino e Tartuce). A ordem não precisa ser obrigatoriamente seguida, porquanto os princípios constitucionais têm prioridade de aplicação, jáque com a CF/88 houve uma transposição dos Princípios Constitucionais. 5.3.1. Analogia É o primeiro mecanismo de integração, preenche-se a lacuna através da comparação. Em outras palavras, por meio da analogia, compara-se uma determinada hipótese, não prevista em lei, com outra, já contemplada em lei. Possui como fundamento a igualdade jurídica, podendo ser de duas formas: •Ausência TOTAL de norma para um caso concreto Lacuna Normativa •Presença de norma para o caso concreto, mas sem eficácia socialLacuna Ontológica •Presença de normar para o caso concreto, mas sua aplicação é insatisfatória ou injustaLacuna Axiológica •Choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto Lacuna de Conlito ou Antinomia . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 20 Obs.: não se admite analogia em sede de Direito Penal nem de Direito Tributário, salvo em favor da parte (ou seja, não existe analogia para prejudicar o réu ou o contribuinte). Pertinente, ainda, diferenciarmos a analogia da interpretação extensiva. Observe: Por fim, normas de exceção não admitem analogia ou interpretação extensiva. Por exemplo, a compra e venda entre ascendentes e descentes é anulável, salvo quando houver autorização dos demais (art. 496 do CC). Contudo, um pai pode hipotecar um imóvel a um filho sem a autorização dos demais, pois a lei somente exige autorização para a venda. Perceba, portanto, que a regra do art. 496 do CC, por ser uma norma de exceção, não pode ser aplicada por analogia à hipoteca. 5.3.2. Costumes Trata-se do uso reiterado de uma comunidade, seu conteúdo deve ser lícito e possuir relevância jurídica. Dividem-se em três espécies, vejamos: Analogia legis O juiz compara um caso, não previsto em lei, com uma hipótese contemplada na legislação. A lacuna será integrada comparando-se uma situação atípica (não prevista em lei) com outra situção especificamente prevista na legislação (típica) Analogia iuris O juiz compara o caso, sem previsão legal, com todo o sistema jurídico. A lacuna será integrada por meio da comparação de uma situação não prevista em lei com os valores do sistema e não com um dispositivo legal. Analogia Rompe-se com os limites do que está previsto na norma (INTEGRAÇÃO) Interpretação extensiva Apenas amplia-se o sentindo da norma, havendo subsunção (CONHECIMENTO) •Nascem confrontando a lei. •Não são admitidos.Costume contra legem •Estão de acordo com a lei, a sua utilização é expressa (art. 445, §2º do CC). •Não se trata de hipótese de integração, uma vez que a própria norma determina o seu uso. •É caso de subsunção Costume secundum legem •Não estão previstos em lei, utiliza-se para o preenchimento de lacunas •É a única forma de costumes que serve para a colmatação. Costume praeter legem . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 21 Salienta-se que, para que seja aplicado o costume como forme de integração, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: • Continuidade • Uniformidade • Diuturnidade • Moralidade • Obrigatoriedade Assim, é necessário que o costume esteja arraigado na consciência popular após a sua prática durante um tempo considerável, e, além disso, goze da reputação de imprescindível norma costumeira. Por fim, vale lembrar que existe o COSTUME JURISPRUDENCIAL OU JUDICIÁRIO, cujo maior exemplo são as súmulas dos Tribunais Superiores. 5.3.3. Princípios gerais do direito Os princípios gerais do direito referem-se aos seguintes postulados universais: • Não lesar ninguém; • Dar a cada um o que é seu; • Viver honestamente. Os princípios possuem um papel quaternário, eis que só se decide com base neles se o juiz não conseguiu decidir com base na lei, na analogia e nos costumes. Alguns doutrinadores entendem que o art. 4º da LINDB foi revogado porque o princípio possui densidade normativa, não podendo ter papel quaternário. Segundo a doutrina majoritária, o artigo não foi revogado porque precisamos nos lembrar que os princípios normas. Observe: A fórmula acima revela que todo princípio tem força normativa. Sendo assim, como se poderia dizer que os princípios têm papel secundário, e pior, quaternário? Em verdade, o que precisamos perceber é que existem dois diferentes tipos de princípios: princípios fundamentais e princípios informativos (ou gerais). PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS OU INSTITUCIONAIS: correspondem às opções do sistema, ou seja, a opção do sistema por este ou aquele valor. Logo, os princípios fundamentais possuem força normativa, exatamente na medida em que obrigam. São, portanto, as opções valorativas de cada sistema. Norma- Regra Norma- Princípio Norma Jurídica . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 22 PRINCÍPIOS GERAIS/INFORMATIVOS: são meras recomendações, têm caráter propositivo, e são universais. Portanto, não possuem força normativa porque só servem para desempate. Enquanto os princípios fundamentais correspondem a uma opção de um sistema, os princípios informativos são universais. Diante dessas considerações, devemos ler o art. 4º com algumas modificações: onde está escrito quando a lei for omissa, deveríamos escrever quando a NORMA JURÍDICA FOR OMISSA, pois a norma jurídica pode ser a norma-regra ou a norma- princípio, e este princípio dito aqui é o princípio fundamental. Art. 4º, LINDB → quando a lei for omissa ( =quando a norma jurídica for omissa), o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Além disso, os princípios referidos no dispositivo seriam os princípios INFORMATIVOS apenas. E sendo assim, o art. 4º da LINDB não violaria a força normativa dos princípios fundamentais. Perceba, por fim, que o art. 4º deixa clara a inexistência de regra de subsunção, pois o juiz realiza a atividade de interpretação tão somente, e não mais a subsunção. 5.3.4. Equidade Excepcionalmente, o ordenamento jurídico admite a utilização da equidade como meio de integração (apenas nos casos em que houver previsão legal). Entende-se por equidade a busca do bom, do equilíbrio, da justiça equitativa (nem tanto o mar, nem tanto a terra). Note que o conceito de equidade é aberto, vago, altamente subjetivista, não podendo ser utilizada em qualquer caso. Às vezes, é a própria lei que estabelece o critério de equidade (equidade legal), mas poderá também o juiz estabelecer (equidade judicial). Exemplos: Art. 7º, CDC → os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. NCPC Art. 85, § 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º. A CLT também permite o uso de equidade. Igualmente, a lei de alimentos prevê que o juiz fixará o percentual de alimentos por equidade. Ademais, há no Código Civil exemplos de equidade, vejamos: . CS – DIREITO CIVIL I 2020.1 23 • Redução equitativa da cláusula penal (multa), quando o devedor já cumpriu em parte a obrigação ou quando a cláusula se apresenta abusiva. Art. 413, CC → a penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. • O juiz também pode reduzir equitativamente o quantum indenizatório sempre que perceber um desequilíbrio entre o grau de culpa e a extensão do dano (isto não poderá ocorrer nos casos de responsabilidade objetiva, pois nestes não se discute culpa). Art. 944,
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