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RESUMO DE FISIOLOGIA Cap. 4 Rossana Sousa Medicina - UEMA 1. Membrana celular e proteínas de transporte da membrana celular A membrana celular, estrutura que reveste externamente a célula, é formada por uma bicamada lipídica com proteínas incrustradas nos lipídios, sendo que algumas penetram por toda a espessura da membrana. Essa bicamada lipídica é imiscível nos líquidos extra e intracelular, de maneira a ser uma barreira para substâncias hidrossolúveis e para a água. Porém, permite a passagem direta de substâncias lipossolúveis. As proteínas presentes na membrana vão possuir uma função diferenciada em relação ao transporte de substâncias. Elas são responsáveis por interromper a continuidade da membrana plasmática, de maneira a representar uma via alternativa para o transporte de substâncias. Consequentemente, vão agir como proteínas transportadoras, as quais são extremamente seletivas. Há dois tipos principais de proteínas, as quais vão agir de maneiras distintas, sendo essas as proteínas canais e as proteínas transportadoras. As primeiras vão apresentar espaços aquosos que vão permitir a passagem de água, de íons e de moléculas selecionadas. O outro tipo de proteína vai atuar se ligando às moléculas ou aos íons que serão transportados, mudando a sua conformação estrutural, com consequente transporte da substância. 2. Difusão A difusão consiste em um movimento aleatório das substâncias, através de espaços intramoleculares da membrana (difusão simples) ou através da atuação de proteínas transportadoras (difusão facilitada), sendo que não é necessário gasto de energia na realização desse transporte. A energia causadora é a energia da movimentação cinética normal da matéria. Na difusão simples, a intensidade da difusão é determinada pela quantidade de substância disponível, pela velocidade do movimento cinético e pelo número e tamanho das aberturas na membrana. Esse transporte pode ocorrer através de duas vias: no caso de substâncias lipossolúveis, pode ocorrer através da passagem pelos interstícios da membrana, e no caso das substâncias hidrossolúveis, pelas proteínas canais aquosos. A velocidade da difusão possui como um dos fatores determinantes o quão lipossolúvel é a substância (diretamente proporcional), sendo este o principal fator. Entre os compostos com alto lipossolubilidade, pode-se destacar o oxigênio, o dióxido de carbono, o nitrogênio e o álcool. Em relação à água, essa possui grande facilidade para atravessar a membrana plasmática, devido a sua grande capacidade de atravessar pelas proteínas presentes na membrana. Outras moléculas insolúveis em lipídio também podem passar pelos canais dos poros das proteínas, do mesmo modo que a água, caso sejam hidrossolúveis e suficientemente pequenas (à medida que seu tamanho aumenta, menor a capacidade de atravessar pelos poros das proteínas). Os poros que permitem a passagem de substâncias (difusão simples) são formados por proteínas integrais da membrana celular, que formam tubos abertos através da membrana e ficam sempre abertos. O diâmetro do poro e sua carga elétrica proporcionam seletividade, permitindo a passagem de certas substâncias. As proteínas canais são distinguidas por duas características importantes: (em geral) são seletivamente permeáveis a certas substâncias e os canais podem ser abertos ou fechados através de comportas reguladas por sinais elétricos (canais dependentes de voltagem) ou químicos que se ligam a proteínas do canal (canais dependentes de ligantes). As comportas das proteínas canais fornecem meio para controlar a permeabilidade iônica dos canais. Acreditam-se que algumas comportas são extensões da molécula, como se fossem comportas semelhantes às de proteínas transportadoras, que podem ocluir a abertura do canal ou podem ser removidas dessa abertura por alteração da conformação da própria molécula de proteína. Isso pode ocorrer através de dois modos: variação da voltagem (a conformação molecular do canal ou das suas ligações químicas reage ao potencial elétrico através da membrana celular) ou por controle químico/por ligantes (algumas comportas das proteínas canais dependem da ligação de substâncias químicas ou ligantes com a proteína, consequentemente, causando alterações na conformação da proteína ou de suas ligações químicas na molécula da proteína, que abre ou fecha suas comportas). No caso da difusão facilitada, o transporte de substâncias requer a participação de proteínas transportadoras, que irão realizar isso através de ligações químicas, transportando através de um movimento de vaivém. Na difusão facilitada, a velocidade tende a um máximo, à medida que a concentração das substâncias aumenta, diferentemente da difusão simples, que apresenta uma relação diretamente proporcional entra a quantidade de substância e a velocidade da difusão. Isso se deve porque a velocidade de difusão nunca pode ser maior do que a velocidade que a proteína transportadora pode se alterar entre suas duas conformações (a molécula que vai ser transportada entra no poro e se liga, de maneira que vai ocorrer uma mudança conformacional ou química na proteína transportadora, com consequente abertura do poro para o lado oposto da membrana, sendo liberada devido a movimentação térmica, separando-se, pois formam ligações fracas). Entre as substâncias mais importantes que atravessam a membrana por difusão facilitada estão a glicose e a maioria dos aminoácidos. 3. Velocidade efetiva de difusão A velocidade efetiva é determinada por alguns fatores: ▪ Proporcional à diferença de concentração através da membrana – a velocidade efetiva de difusão para dentro da célula é proporcional à concentração externa menos a concentração interna. ▪ Efeito do potencial elétrico da membrana – se um potencial elétrico for aplicado através da membrana, a carga elétrica dos íons faz com que eles se movam através da membrana mesmo que não exista diferença de concentração para provocar esse movimento (caso a diferença de concentração aumente bastante, os dois efeitos se contrabalanceiam). ▪ Efeito da diferença de pressão – em alguns casos, diferenças consideráveis de pressão se desenvolvem dos dois lados da membrana difusível, o que, na maioria das vezes, é causado por grande número de moléculas se chocando a cada segundo com um dos lados da membrana do que com o outro lado. Consequentemente, há uma quantidade maior de energia disponível para causar o movimento efetivos das moléculas do lado de alta pressão para o lado de menor pressão. 4. Osmose A osmose consiste no movimento efetivo da água, através da membrana celular, proporcionado através de uma diferença de concentração no meio. A passagem de água ocorre na direção do meio menos concentrado para o mais concentrado, obedecendo o gradiente de concentração, ou seja, não há gasto de energia. A osmose vai ser influenciada pela concentração molar do soluto e não por sua massa. A pressão osmótica vai consistir na força (pressão) necessária para interromper o processo de osmose. 5. Transporte ativo Esse processo consiste no transporte de íons ou de outras substâncias, pela membrana plasmática, com o auxilio das proteínas transportadoras, de modo que essas fazem com que a substância se mova no sentido contrário do gradiente de energia, como passar de um estado de baixa concentração para um de alta concentração, consequentemente, há a necessidade de uma fonte de energia adicional. Exemplos de substâncias que são transportadas por esse processo: íons, vários açúcares diferentes e aminoácidos. O transporte ativo pode ser dividido em transporte ativo primário e transporte ativo secundário. No transporte ativo primário, a energia utilizada é derivada da quebra do ATP ou de outro composto de fosfato de alta energia. Enquanto no transporte ativo secundário,a energia deriva secundariamente da energia armazenada na forma de diferentes concentrações iônicas de substâncias moleculares secundárias ou iônicas entre os dois lados da membrana da célula, gerada originariamente por transporte ativo. Em ambos os casos há participação de proteínas transportadoras, as quais são capazes de transferir energia para a substância transportada, a fim de a mover contra o gradiente de concentração. Exemplo de transporte ativo primário: bomba de sódio e potássio (ler no Guyton).
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