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Transporte através de Membranas A compartimentalização das células pela membrana celular oferece vantagens como por exemplo: - Menor espaço para a difusão de metabólitos e enzimas, - Proteção contra ataques externos, possibilidade de regular o gradiente de íons. - Organizam sequências de reações complexas. - São fundamentais tanto para a conservação de energia biológica quanto para a comunicação célula-célula. Outras características: - A membrana celular é um aglomerado molecular estabilizado por forças intermoleculares, tendo como constituição básica lipídeos, proteínas e carboidratos. - Toda célula viva deve obter nutrientes do seu ambiente para a biossíntese e a produção de energia, devendo liberar os produtos de seu metabolismo para o meio. - Devido ao interior hidrofóbico da bicamada lipídica, algumas substâncias não atravessam a membrana. A extensão com o qual uma membrana permite ou restringe o movimento de uma substância é denominada permeabilidade de membrana. - A permeabilidade depende das propriedades químicas do soluto em questão e da composição lipídica da membrana, assim como das proteínas de membrana que facilitam o transporte de substâncias. Fatores que aumentam a permeabilidade: - ↑Coeficiente de partição óleo/água do soluto aumenta a solubilidade nos lipídios de membrana; - ↓Raio (tamanho) do soluto aumenta o coeficiente de difusão e velocidade da difusão; - ↓ Espessura da membrana diminui a distância de difusão. Observações: - Compostos apolares podem dissolver-se na bicamada 1 lipídica e atravessar a membrana sem auxílio. - Compostos polares ou íons, precisam de uma estrutura que auxilie nesse transporte. Como o interior da membrana plasmática geralmente é negativo em relação ao exterior, a entrada de íons carregados positivamente nas células é mais fácil que os carregados negativamente. Transporte entre as membranas - Na difusão o transporte de substâncias pela membrana vai depender de uma reação termodinamicamente favorável, sem gasto de energia. - No entanto, também existe a necessidade do transporte com gasto de energia. Uma reação termodinamicamente não-favorável (com gasto de energia) pode ser transformada em uma favorável (sem gasto de energia) através do acoplamento de uma reação termodinamicamente favorável. ★ As células vivas mantêm uma composição de íons internos que é muito diferente da composição de íons no fluído ao seu redor, e essas diferenças são cruciais para a sobrevivência e funções celulares. Os íons inorgânicos como Na+, K+, Ca2+, Cl- e H+ são os mais abundantes em todas as soluções e no microambiente celular, e o seu transporte entre a membrana celular tem um papel crucial em diversos processos biológicos, incluindo a atividade das células nervosas, produção de ATP, contração muscular, entre outras. O transporte de cargas elétricas é conhecido como fenômeno de Gibbs-Donnan ou equilíbrio de Donnan. →Este fenômeno está relacionado à distribuição desigual de partículas carregadas de um lado de uma membrana semipermeável em relação ao outro. O transporte dos diferentes compostos através da membrana vai depender de algumas propriedades que auxiliam esse transporte. Em alguns casos, a proteína de membrana simplesmente facilita a difusão do soluto a favor de seu gradiente de concentração (do mais concentrado para o menos 2 concentrado), mas o transporte também pode ocorrer contra um gradiente de concentração, de carga elétrica, ou ambos, e nesse caso o processo requer energia. → O gradiente de concentração e o gradiente elétrico quando combinados originam uma força motriz líquida denominada gradiente eletroquímico. Transporte Passivo Moléculas sem carga atravessam a membrana sem gasto de energia por um transporte conhecido como transporte passivo a partir da diferença do gradiente de concentração nos dois lados da membrana. Algumas moléculas, como o dióxido de carbono e o oxigênio, conseguem se difundir diretamente através da membrana plasmática. No processo de difusão simples, além da substância ser solúvel na região hidrofóbica da membrana, o fluxo das substâncias será difundido de acordo com seu gradiente de concentração, mas também vai depender do movimento aleatório de cada molécula, tamanho da substância e coeficiente de partição. Difusão Facilitada A difusão facilitada requer o auxílio de proteínas de membrana sem o gasto de energia devido às propriedades relacionadas ao gradiente de concentração do meio. Transporte Ativo Se a substância a ser transportada possui carga, tanto o gradiente de concentração quanto a diferença do potencial elétrico através da membrana (gradiente elétrico), vão influenciar o seu transporte. Nesse caso, como a célula tem que transportar moléculas de um gradiente de menor concentração para um de maior concentração, então, nesse transporte há gasto de energia. Requer um aporte direto de energia metabólica sob a forma de trifosfato de adenosina (ATP) sendo, portanto, ativo. Exemplo desse tipo de transporte nas células: é a bomba de sódio e potássio (Na/K), 3 Classificação dos diferentes tipos de proteínas Nas células, o transporte de moléculas é mediado por proteínas especializadas no transporte. Normalmente a proteína transportadora é específica para determinado íon (ex: K+ ou Na+) ou molécula (ex: sacarose ou determinado aminoácido), residindo aí o caráter altamente seletivo das membranas celulares. As proteínas transportadoras podem ser agrupadas em três classes: →Carreadores →Canais →Bombas Proteínas Carreadoras As proteínas carreadoras, também conhecidas como transportadoras ou permeases, ligam a substância específica a ser transportada e sofrem uma série de mudanças conformacionais para conseguir transferir essa substância pela membrana. Características importantes das proteínas carreadoras: - Saturação: proteínas carreadoras têm número limitado de sítios de fixação para o soluto. O transporte máximo ocorre no ponto de saturação, quando todos os sítios de fixação da proteína carreadora estão ocupados com soluto; - Estéreo-especificidade: sítios de fixação do soluto na proteína carreadora são específicos. Proteína carreadora possui especificidade química para o composto a ser transportado; - Competição: apesar da especificidade, os sítios de ligação da proteína carreadora podem reconhecer, fixar e até transportar solutos quimicamente relacionados. As carreadoras podem transportar um único soluto de um lado da membrana para outro, sendo, portanto, chamadas de uniportadoras. Elas podem também, realizar a transferência de duas moléculas simultaneamente ou na mesma direção (simporte ou cotransporte) ou na direção oposta (antiporte ou contratransporte). Nesse caso, a célula realiza transporte ativo (gasta energia), no entanto, ela trabalha usando o princípio da economia máxima e acopla a transferência de duas moléculas para gastar o mínimo de energia. Esse tipo de transporte é conhecido como ativo secundário, governado 4 indiretamente por bombas uma vez que consome ATP de maneira indireta para produzir um gradiente eletroquímico que será utilizado para induzir o transporte. Comumente é acoplado ao transporte de Na+ ou H+. Proteínas Canal As proteínas canal ou de canais iônicos, como o próprio nome diz, possuem canais ou poros hidrofílicos (afinidade pela água) por onde passam íons inorgânicos com carga e tamanho apropriados. É importante saber que os canais possibilitam a passagem de um grande número de íons e funcionam como um sistema de portões semi abertos, abrem-se em função de estímulos apropriados como, por exemplo, a diferença de potencial elétrico da membrana (DDPM), conhecido também como diferença de voltagem. Como essas proteínas trabalham sempre a favor de um gradiente de potencial elétrico elas proporcionam o transporte sem gasto de energia. Esse transporte é bem mais rápido que o por proteínas carreadoras. →Canais Iônicos Os canais iônicos podem estar abertos ou fechados. Quando o canal está aberto, o(s) íon(s) para o(s) qual(is) é seletivo consegue(m)fluir por ele. Quando o canal está fechado, os íons não conseguem atravessá-lo. A condutância de um canal depende da probabilidade de o canal estar aberto. Quanto maior a probabilidade de um canal estar aberto, maior a condutância, ou permeabilidade. A desativação, ou fechamento de um canal ocorre quando existe uma baixa diferença de potencial eletroquímico (corrente elétrica) entre os lados da membrana. A inativação de um canal iônico se refere ao fechamento permanente de um canal, mesmo a membrana estando sob potenciais de formação de corrente elétrica, e pode ocorrer por interações do canal transportador com um íon inespecífico (como íons de metais pesados). Os canais regulados por voltagem são abertos ou fechados por alterações no potencial elétrico da membrana: - A comporta de ativação do canal de Na+ no nervo é aberta rapidamente na despolarização; quando aberta, a membrana do nervo é permeável ao Na+ (p. ex., durante a fase ascendente do potencial de ação do nervo); - A comporta de inativação do canal de Na+ no nervo é fechada lentamente na despolarização; quando fechada, a membrana do 5 nervo é impermeável ao Na+ (p. ex., durante a fase de repolarização do potencial de ação do nervo). Os canais regulados por ligantes são abertos ou fechados por hormônios, segundos mensageiros ou neurotransmissores: - O receptor nicotínico da acetilcolina (ACh) na placa motora é um canal iônico que se abre quando a ACh se liga a ele. - Quando está aberto, é permeável ao Na+ e K+, causando despolarização da placa motora. Pensando na transmissão do impulso nervoso, a dupla camada lipídica atua como um capacitor, mantendo a separação de cargas entre os íons extracelulares e intracelulares (Figura 3). Para permitir a passagem de íons que transportam uma corrente elétrica, existem canais iônicos ou poros dentro da membrana. A maioria dos canais iônicos discrimina entre os vários tipos de íons, e a maioria também permanece fechada até que sinais específicos determinem a sua abertura. Dentro de uma perspectiva elétrica, um conjunto de canais iônicos forma um condutor variável—proporciona muitas condutâncias individuais para o fluxo de íons entre o ambiente extracelular e o intracelular. A magnitude da condutância global depende da fração de canais no estado aberto e da condutância dos canais individuais abertos. Esse circuito (designado como RC, ou circuito resistor-capacitor) modifica o momento entre o fluxo de cargas através da membrana (corrente) e mudanças no potencial transmembrana (voltagem), visto que a dupla camada lipídica, ao atuar como capacitor, armazena parte da carga que atravessa a membrana. É necessário tempo para armazenar essa carga; por conseguinte, a mudança inicial de voltagem associada a uma etapa da corrente é lenta. À medida que o capacitor (dupla camada lipídica) é preenchido com cargas e a mudança de voltagem aumenta, uma maior quantidade da carga passa através do resistor até que seja alcançado um novo estado de equilíbrio dinâmico e a relação corrente-voltagem se torne mais linear. (IC corrente do capacitor; Ii, corrente iônica, IT, corrente total.) → Potencial de repouso O potencial de repouso da membrana é estabelecido pelos potenciais de difusão que resultam das diferenças de concentração dos íons que atravessam a membrana. É expresso como a diferença de potencial 6 através da membrana celular, em milivolts (mV). Por convenção, é expresso como o potencial intracelular em relação ao potencial extracelular. Assim, um potencial de repouso da membrana de −60 mV significa 60 mV, com o interior da célula negativo. Proteínas Bombas As proteínas de membrana que catalisam o transporte ativo primário são chamadas de bombas. São proteínas transmembrana com um ou mais sítios de ligação para o ATP na face citosólica da membrana. As bombas podem ser classificadas em: - Bombas de Classe-P, - Bombas de Classe- F - Transportadores ABC. → Bombas classe-P possuem subunidades catalíticas que ligam ATP a subunidades regulatórias, uma subunidade α que é fosforilada e os íons movem-se através dela. Os principais exemplos são as bombas de Na/K, H+/K e Ca++. → As bombas classes F transportam H+, estão presentes na membrana plasmática bacteriana, membrana mitocondrial interna e nas membranas dos tilacóides. Diferentemente das bobas do tipo P, essas são ATP sintases. → Já as Transportadores ABC (ATP Binding Cassete), são bombas ativadas pelo ATP. Elas transportam aminoácidos, peptídeos, açúcares, íons inorgânicos, polissacarídeos e até proteínas. Em eucariotos a maioria das transportadoras do tipo ABC são do tipo bomba de efluxo e o principal exemplo é a MDR (transportador ABC que dá resistência a multidrogas). ★ Autoavaliação: Complete o quadro a seguir sobre as características principais dos tipos de transporte realizados pelas membranas 7
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