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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA VETERINÁRIA ................................. 5 3 ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA ....... 6 4 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NA ANTIBIOTICOTERAPIA ..... 7 4.1 Classificação geral quanto aos mecanismos de ação .......................... 7 4.2 β-Lactâmicos (Penicilinas e Cefalosporinas) ........................................ 8 4.3 Aminoglicosídeos ................................................................................. 9 4.4 Polimixinas ......................................................................................... 10 4.5 Bacitracina .......................................................................................... 10 4.6 Vancomicina ....................................................................................... 10 4.7 Tetraciclinas ....................................................................................... 10 4.8 Cloranfenicol e análogos .................................................................... 11 4.9 Macrolídeos e Lincosamidas .............................................................. 11 4.10 Classificação dos antimicrobianos .................................................. 12 4.11 Fatores que determinam a sensibilidade dos microrganismos ........ 12 4.12 Resistência aos agentes antimicrobianos ....................................... 13 5 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NO QUIMIOTERÁPICOS ....... 14 5.1 Sulfas ................................................................................................. 14 5.2 Quinolonas ......................................................................................... 15 5.3 Derivados do Nitrofurano .................................................................... 16 5.4 Mecanismo de ação e espectro antimicrobiano ................................. 16 6 FARMACOLÓGICAS DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS 18 6.1 Histórico dos AINEs............................................................................ 19 6.2 Mecanismo de Ação ........................................................................... 19 2 6.3 Farmacogenética dos AINEs .............................................................. 20 7 SINÉRGICOS, ANTAGONISTAS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ...................................................................................................................20 7.1 Sinérgicos ........................................................................................... 21 7.2 Antagonistas ....................................................................................... 21 7.3 Interações medicamentosas adversas ................................................ 21 8 ANTIPARASITÁRIOS ............................................................................... 22 8.1 Importância das infestações parasitárias ............................................ 22 8.2 Papel das drogas antiparasitárias ....................................................... 22 8.3 Propriedades desejáveis em um antiparasitário ................................. 23 8.4 Vias de administração ........................................................................ 23 8.5 Fatores gerais relacionados ao hospedeiro e ao parasita ................... 24 9 DROGAS CONTRA NEMATÓIDES .......................................................... 24 9.1 Benzimidazóis .................................................................................... 25 9.2 Mecanismos de ação/espectro antiparasitário .................................... 25 9.3 Farmacocinética ................................................................................. 25 9.4 Toxicidade / contraindicações ............................................................. 26 9.5 Algumas particularidades individuais .................................................. 26 9.6 Apresentações comerciais .................................................................. 27 10 DROGAS CONTRA CESTÓIDES .......................................................... 28 10.1 Niclosamida ..................................................................................... 28 10.2 Praziquantel .................................................................................... 28 10.3 Nitroscanato .................................................................................... 29 10.4 Benzimidazóis ................................................................................. 29 11 DROGAS CONTRA TREMATÓDEOS ................................................... 30 11.1 Nitroxinil .......................................................................................... 30 11.2 Rafoxanida ...................................................................................... 30 3 12 DROGAS CONTRA PROTOZOÁRIOS .................................................. 31 12.1 Protozoários entéricos .................................................................... 31 12.2 Metronidazol .................................................................................... 31 12.3 Pirimetamina ................................................................................... 31 12.4 Amprólio .......................................................................................... 32 13 ONCOLOGIA VETERINÁRIA ................................................................ 32 13.1 Biologia do câncer ........................................................................... 33 13.2 Quimioterapia .................................................................................. 33 13.3 Imunoterapia ................................................................................... 35 13.4 Radioterapia .................................................................................... 37 14 ONCOLOGIA VETERINÁRIA ................................................................ 39 14.1 Desencadeadores de tumores em animais ..................................... 40 14.2 Sintomas do câncer em cães e gatos ............................................. 40 14.3 Principais tipos de câncer em pets .................................................. 41 14.4 Diagnóstico e tratamento do câncer em cães e gatos .................... 41 15 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 43 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA VETERINÁRIA Fonte: www.ibo3a.com.br O Brasil atualmente possui 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, e é o 5º maior mercado pet do mundo (SOUZA JÚNIOR et al., 2016, apud ZIELKE, 2018, p. 30). Devido à grandeproximidade dos animais de companhia com o ser humano e o papel que o pet desempenha no círculo familiar, ele está sujeito ao mesmo tratamento que os humanos (humanização), sendo submetido à prática da automedicação sem orientação profissional, o que configura uma das mais relevantes causas de intoxicações medicamentosas em cães e gatos (ANDRADE; NOGUEIRA, 2011; BISCHOFF; MUKAI, 2012; XAVIER et al., 2008, apud ZIELKE, 2018, p. 30). Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a automedicação é caracterizada pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas, sem a orientação de um profissional de saúde qualificado (ANVISA, 2007, apud ZIELKE, 2018, p. 30) A farmacologia inclui o conhecimento da história, origem, propriedades físico- químicas, composição, absorção, distribuição, mecanismo de ação. 6 Terapêutica significa o tratamento para uma determinada doença pela medicina tradicional, ou através de terapia complementar ou alternativa. Não existe um medicamento isolado que seja suficiente para atender a todas as necessidades terapêuticas. É irracional que se trate uma infecção viral com medicamentos antibacterianos ou infecção bacteriana com medicamentos antiparasitários. Contudo, os princípios da seleção e o uso dos antibióticos são similares independentemente do agente infeccioso (BRUMBAUGH, 1987, apud SANTOS et al, 2008, p. 3) 3 ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA Os agentes antimicrobianos são, de acordo com sua origem, classificados como antibióticos e quimioterápicos. Os antibióticos são substâncias produzidas por diversas espécies de microrganismos, como bactérias, fungos e actinomicetos, ao passo que quimioterápicos são drogas sintéticas. Atualmente, entretanto, há uma tendência a chamar todos os antimicrobianos de antibióticos. A antibioticoterapia veterinária tem-se desenvolvido bastante com o decorrer do tempo. Em tempos nos quais acompanhamos o surgimento de bactérias super- resistentes, e de antibióticos ainda mais potentes, torna-se evidente a necessidade de reavaliarmos a antibioticoterapia veterinária para que possamos aumentar a vida útil dos antibióticos de uso corrente. Muitas vezes, a falta de conhecimento técnico, com relação aos mecanismos de ação de cada base, seu espectro de ação, seus efeitos tóxicos, principais indicações e informações sobre resistência cruzada com outros antibióticos, aliado à insuficiência de arsenal terapêutico específico da linha Veterinária e à falta de recursos laboratoriais, fazem com que boa parte dos Clínicos Veterinários utilizem, de forma indiscriminada em suas terapias, potentes antibióticos de amplo espectro de ação, os quais deveriam ter seu uso restrito como alternativa terapêutica. O resultado desta conduta é uma maior pressão de seleção sobre os microrganismos, forçando o surgimento de microrganismos resistentes. Extrapolando, a proximidade da convivência entre animais de estimação e o ser humano, provavelmente contribui para que estes microrganismos alcancem o ser humano, criando dificuldades terapêuticas 7 médicas, uma vez que o arsenal terapêutico da medicina humana é, na maior parte das vezes, compartilhado com a Medicina Veterinária. Na hora de escolher o protocolo terapêutico adequado deve-se ter conhecimento do tipo de infecção que acomete o animal (vírus, bactérias, fungos), saber sua toxicidade, resistência e espectro de ação. (JONES et al. 1983; BLOOD et al. 2002, apud SANTOS et al, 2008, p. 3). 4 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NA ANTIBIOTICOTERAPIA Fonte: www.greenme.com.br 4.1 Classificação geral quanto aos mecanismos de ação Agentes que inibem a síntese da parede celular bacteriana: Antibióticos betalactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), bacitracina, vancomicina e antifúngicos imidazólicos (miconazol, cetoconazol e clotrimazol); Agentes que atuam sobre a membrana celular da bactéria, alterando sua permeabilidade: Polimixinas e antifúngicos politênicos (nistatina e anfotericina B); Agentes que atuam nas subunidades ribossômicas 30S ou 50S, causando inibição da síntese proteica e atuando como bacteriostáticos: cloranfenicol, tetraciclinas, macrolídeos (eritromicina, tilosina, azitromicina e outros) e lincosamidas (clindamicina e lincomicina); 8 Agentes que atuam nas subunidades ribossômicas 30S, causando inibição da síntese proteica e atuando como bactericidas: Aminoglicosídeos (estreptomicina, neomicina, amicacina e outros); Agentes que afetam o metabolismo dos ácidos nucléicos: Rifamicinas e quinolonas; Antimetabólitos: Sulfonamidas e trimetoprim; Análogos dos ácidos nucléicos: Agentes antivirais (zidovudina, ganciclovir, vidarabina e aciclovir). 4.2 β-Lactâmicos (Penicilinas e Cefalosporinas) São antibióticos bactericidas que atuam impedindo a síntese da parede celular bacteriana ao atuarem na transpeptidação. É importante ressaltar que estes antibióticos não têm qualquer efeito sobre a parede celular já formada, portanto, a condição essencial para a sua utilização é de que os microrganismos estejam se multiplicando (fase de crescimento logarítmico). - Penicilinas As penicilinas podem ser consideradas como antibióticos muito pouco tóxicos, uma vez que atuam em uma estrutura que não existe nas células dos animais. Entretanto, podem ocorrer reações alérgicas, embora sejam muito mais comuns na espécie humana. Estas reações manifestam-se como reações cutâneas sem nenhuma gravidade, mas podendo chegar até mesmo ao choque anafilático. As reações alérgicas ocorrem com mais frequência com as penicilinas naturais que com as sintéticas. Estas reações são raras na Medicina Veterinária, não sendo usual o teste para reação alérgica a este antibiótico, nas espécies animais. As penicilinas se distribuem por vários tecidos tendo dificuldade para atravessar a barreira cérebro-sangue íntegra. Não são biotransformadas pelo organismo, sendo eliminadas pelos rins. Seu espectro de ação é variável conforme a base utilizada. Este espectro de ação aumenta conforme a geração da base (penicilinas de segunda geração, como a ampicilina, apresentam espectro de ação maior que as penicilinas de primeira geração e assim por diante). 9 - Cefalosporinas Com aplicação limitada em Veterinária, em parte devido ao seu alto custo, estes antibióticos apresentam características farmacocinéticas semelhantes àquelas das penicilinas. São considerados antibióticos pouco tóxicos, embora a experiência clínica em animais seja pequena. 4.3 Aminoglicosídeos Esta classe de antibióticos agrupa a estreptomicina, neomicina, paramomicina, canamicina, espectinomicina, gentamicina, sisomicina, ribostamicina, entre outros. São antibióticos com espectro de ação relativamente curto, com atividade predominantemente sobre microorganismos Gram-negativos. Por este motivo, é comum encontrarmos preparações comerciais que associam estes antimicrobianos a penicilinas naturais. Os aminoglicosídeos mais modernos têm espectro de ação maior, inclusive atuando sobre Pseudomonas aeruginosa. Estes antibióticos interferem na síntese protéica bacteriana promovendo a formação de proteínas defeituosas. Todos os aminoglicosídeos causam, em maior ou menor grau, ototoxicidade e nefrotoxicidade. A administração de aminoglicosídeos pode causar bloqueio neuromuscular de intensidade variável. Pode ocorrer apnéia após injeção intravenosa rápida, ou quando há uso concomitante de bloqueadores neuromusculares ou de alguns anestésicos. Os aminoglicosídeos mais modernos (trombamicina, netilmicina) possuem maior índice terapêutico, diminuindo os riscos de ototoxicidade e nefrotoxicidade. Por outro lado, a toxicidade da neomicina é grande, fazendo com que seu uso se restrinja a infecçõesentéricas (uma vez que não é absorvida), ou aplicações tópicas. Estes antibióticos não são biotransformados no organismo, ligam-se pouco às proteínas plasmáticas e são eliminados pelos rins através de filtração glomerular. 10 4.4 Polimixinas De uso terapêutico, encontram-se disponíveis as Polimixinas B e E (também chamada colistina). A polimixina B tem maior atividade antimicrobiana. São antibióticos bactericidas que interferem na seletividade da membrana plasmática bacteriana. Apresentam espectro de ação relativamente curto, atuando preferencialmente sobre bacilos entéricos Gram-negativos. Todas as bactérias Gram- positvas são resistentes às polimixinas. Ligam-se moderadamente às proteínas plasmáticas e sua distribuição no organismo é pobre. A administração sistêmica das poilimixinas pode causar nefrotoxicidade, neurotoxicidade e bloqueio muscular. A polimixina E (colistina) é menos tóxica que a polimixina B. 4.5 Bacitracina Devido à sua nefrotoxicidade, seu uso limita-se a aplicações tópicas. 4.6 Vancomicina Atua sobre cocos Gram-positivos. A resistência à vancomicina é rara. Esta droga é eliminada de forma ativa pelos rins, não é absorvida pelo organismo por via oral, mas é ativa na luz intestinal. Pouco se sabe sobre os efeitos tóxicos da vancomicina nos animais. Na espécie humana, seus efeitos tóxicos incluem irritação tecidual, tromboflebite, nefrotoxicidade e neurotoxicidade com o uso de altas doses ou em pacientes com insuficiência renal. 4.7 Tetraciclinas Classificados como antibióticos de largo espectro de ação, as tetraciclinas atuam sobre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, clamídias, riquétsias e sobre alguns protozoários. Elas inibem a síntese proteica dos organismos sensíveis, ligando-se aos ribossomas. São antibióticos bacteriostáticos. Ganhou importância recentemente o surgimento de resistência às tetraciclinas medida por plasmídeos. A injeção intramuscular provoca dor. A presença de alimentos 11 no trato digestivo prejudica a absorção das tetraciclinas, exceto da minociclina e dadoxiciclina. Pelo fato de ligarem-se ao cálcio, podem provocar efeitos cardiovasculares (arritmias) além de deposição no tecido ósseo e dentes. Por este motivo, fica contraindicada sua utilização em animais jovens e fêmeas prenhes, visto que esta droga atravessa a barreira placentária podendo provocar deformidades ósseas fetais. São efeitos tóxicos comuns com o uso das tetraciclinas, náuseas, vômitos e diarreia. Quando administradas por via oral, alteração da microflora intestinal (parte da droga é eliminada pelas fezes), e efeitos tóxicos em células hepáticas e renais. Os danos renais são especialmente verificados com a utilização de tatraciclinas com prazo de validade vencido. 4.8 Cloranfenicol e análogos São antibióticos de largo espectro de ação que agem inibindo a síntese proteica dos microrganismos sensíveis. A resistência bacteriana á mediada por plasmídeos. Há resistência cruzada entre o cloranfenicol e outros antibióticos, como os macrolídeos e as lincosamidas. Estas drogas são metabolizadas no fígado e eliminadas em conjugação com o ácido glicurônico, sendo que parte dela é eliminada intacta pela urina, através de filtração glomerular (10% em cães e 20% em gatos). Manifestações digestivas como vômitos e diarreia assim como reações alérgicas são ocasionalmente descritas em cães e gatos. 4.9 Macrolídeos e Lincosamidas De espectro de ação intermediário, agem inibindo a síntese proteica bacteriana. A resistência cromossômica desenvolve-se facilmente. A resistência por plasmídeos também ocorre e é mais estável. São biotransformados pelo fígado e parcialmente eliminados pelos rins. Mesmo administrados por via parenteral, podem ser eliminados de forma ativa pela bile e reabsorvidos pela circulação portal. Os macrolídeos podem provocar reações teciduais quando da administração intramuscular, intravenosa ou intramamária. Distúrbios gastrointestinais ocorrem na maioria dos animais que 12 recebem estes antibióticos (macrolídeos). Em cães e gatos as lincosamidas são pouco tóxicas, ocorrendo raramente vômitos e diarreias. 4.10 Classificação dos antimicrobianos Os antimicrobianos podem ser classificados de várias maneiras, considerando seu espectro de ação, o tipo de atividade antimicrobiana, o grupo químico ao qual pertencem e o mecanismo de ação. VARIÁVEL CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO ESPECTRO DE AÇÃO Antifúngicos Anfotericina B Anaerobicidas Metronidazol Gram-positivos Oxacilina Gram-negativos Aminoglicosídeo Amplo espectro Ceftriaxona ATIVIDADE ANTIBACTERIANA Bactericida Quinolona Bacteriostático Macrolídeo GRUPO QUÍMICO Aminoácidos Betalactâmico Açúcares Aminoglicosídeo Acetatos/propionatos Tetraciclina Quimioterápicos Sulfa MECANISMO DE AÇÃO Síntese da parede celular Beta-lactâmico Permeabilidade de membrana Anfotericina B Síntese protéica Aminoglicosídeo Ácidos nucléicos Quinolona Fonte: www.fmt.am.gov.br 4.11 Fatores que determinam a sensibilidade dos microrganismos O resultado terapêutico da administração de antibióticos é variável e dependem principalmente da obtenção de uma concentração adequada da droga no local da 13 infecção, defesas íntegras do hospedeiro (sobretudo quando se usa substâncias bacteriostáticas) e sensibilidade do microrganismo. Testes in vitro de sensibilidade são realizados utilizando-se uma concentração padrão da droga; como todas as substâncias apresentam concentrações variáveis nas diversas áreas do corpo pode haver resultados diferentes in vivo. Uma determinada droga testada e classificada como “sensível” pode não atuar satisfatoriamente em infecções de certas áreas onde sua concentração é menor como, por exemplo, líquido cefalorraquidiano e humor aquoso. De maneira inversa, microrganismos considerados resistentes podem responder satisfatoriamente a certa droga em áreas onde a concentração da mesma é maior (p. ex. urina). 4.12 Resistência aos agentes antimicrobianos A resistência bacteriana se deve a fatores diversos como, por exemplo, inativação do fármaco por enzimas e modificações em seus receptores na célula. De maneira geral, o aparecimento destes fatores se deve aos seguintes fatores: Mutações: A seleção de cepas mutantes resistentes à droga é o principal mecanismo de resistência das micobacterioses à estreptomicina, rifampicina e outros tuberculostáticos; Transdução: Transferência de resistência através de um vírus bacteriófago que carrega consigo material genético de uma bactéria resistente à determinada droga. Este material genético é constituído de plasmídeos (fragmentos de DNA extra cromossômicos capazes de replicação autônoma) e é o principal meio de transferência de resistência entre Staphylococcus aureus à penicilina, eritromicina, cloranfenicol e tetraciclinas; Transformação: Consiste na incorporação de DNA livre pela bactéria, havendo desta maneira a transferência de material genético. É a base molecular da resistência (rara) dos Pneumococos às penicilinas; Conjugação: É a passagem de plasmídeos de uma célula à outra, através de contato direto por uma fímbria ou ponte sexual. É o principal mecanismo de resistência de várias bactérias, incluindo-se a maioria dos bacilos Gram-negativos. Pode haver a participação de bactérias da flora saprófita no processo. 14 5 AGENTES DE MECANISMOS DE AÇÃO NO QUIMIOTERÁPICOS Fonte: puppyshow.com.br 5.1 Sulfas São antibióticos de amplo espectro de ação, efetivos contra bactérias Gram- positivas e algumas Gram-negativas, como Enterobacteriacceae. Tem ainda ação contra Toxoplasma SP e alguns protozoários, como Coccidia. Na década de 70, foi descoberto trimetoprim. Esta substância, associada à uma sulfa potencializa a ação antimicrobiana desta última. As sulfonamidas, quando administradas em concentrações terapêuticas,são bactericidas. Mas nestas concentrações, podem causar graves reações adversas ao hospedeiro. Enquanto as sulfas agem como um antimetabólito impedindo a formação do ácido diidropteróico na síntese de DNA e RNA bacteriano, o trimetoprim age impedindo a formação do ácido tetraidrofólico, também essencial no mesmo processo bacteriano. Ambas as substâncias (sulfas e trimetoprim) agem por antagonismo competitivo, substituindo os ácidos p-aminobenzóico e diidrofóbico respectivamente no metabolismo bacteriano. Como se trata de antagonismo competitivo entre sulfas e PABA, a alta concentração de um deles desloca o outro. Deste modo, deve-se evitar ouso concomitante de compostos derivados do PABA, como por exemplo, a procaína, um anestésico local. As sulfas se distribuem amplamente pelos tecidos do organismo, atravessando as barreiras hematoencefálica e placentária, podendo apresentar níveis fetais 15 semelhantes aos plasmáticos. Estes antimicrobianos são biotransformados pelo fígado e eliminados, por filtração glomerular, pelos rins. Os efeitos tóxicos podem ser agudos ou crônicos. A toxicidade aguda é bastante rara e está associada à altas doses ou à administração endovenosa rápida. Os sintomas são salivação, diarreia, hiperpnéia, excitação, fraqueza muscular e ataxia. A toxicidade crônica mais comumente observada é a cristalúria sulfonamídica (devido à precipitação das sulfas nos túbulos contorcidos renais). Os principais sintomas observados são a diminuição da micção, dor, hematúria e cristalúria. Outros efeitos tóxicos são raros e associados ao uso prolongado. São descritas anemia aplástica, trombocitopenia e eosinofilia. Em cães relatou-se o aparecimento de alergia. A dose inicial das sulfas deve ser maior do que as doses de manutenção subsequentes (de maneira geral, o dobro da dose de manutenção). Para cães e gatos, as principais indicações das sulfas incluem infecções do trato urinário, respiratório e pele, nocardiose e toxoplasmose. 5.2 Quinolonas O uso mais frequente na Medicina Veterinária são das fluorquinolonas, ou quinolonas de segunda geração. São antibióticos de amplo espectro de ação, que agem contra Enterobacteriaceae e P. aeruginosa, sendo que a ciprofloxacina e a ofloxacina possuem ainda atividade contra Chlamydia sp, Mycoplasma SP, e Legionella sp. Asquinolonas de terceira geração, a levofloxacina e a esparfloxacina, além de atuarem nos microrganismos sensíveis às quinolonas de segunda geração, são eficientes no combate ao Streptococcus pneumoniae. Deverá estar disponível em breve, no mercado, a quinolona de quarta geração, a trovofloxacina, que também possui atividade contra anaeróbios. Estes antibióticos são bactericidas que agem sobre a DNA girase bacteriana. Apresentam ampla distribuição nos tecidos e ligam-se muito pouco com proteínas plasmáticas. As fluorquinolonas são parcialmente biotransformadas, sendo excretadas na urina e na bile, em altas concentrações como substância ativa. As quinolonas são, de maneira geral bem toleradas. Por outro lado, existem alguns efeitos tóxicos já bem documentados. Entre eles, destaca-se danos na cartilagem articular de cães jovens. Portanto, a utilização de qualquer fluorquinolona 16 é contraindicada para animais nesta faixa etária. Recomenda-se também, administrar quinolonas com precaução a pacientes com insuficiência renal, uma vez que a maior parte é excretada por esta via. Em tratamentos prolongados de cães (período superior a três meses), têm-se relatado alteração da espermatogênese e/ou atrofia testicular. Paralelamente, existem algumas interações medicamentosas dignas de nota envolvendo as quinolonas. Quando administradas com metilxantinas, podem provocar toxicidade do SNC (incluindo convulsões). Em conjunto com AINES, podem provocar excitação do SNC. Além disso, antiácidos contendo Al, Mg, Ca, Zn e sucralfato, bem como produtos à base de ferro, e multivitamínicos contendo Zn diminuem significativamente a biodisponibilidade da quinolona. 5.3 Derivados do Nitrofurano Este grupo de quimioterápicos possuem amplo espectro de ação contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e alguns fungos e protozoários. Dependendo da concentração utilizada, podem ser bactericidas ou bacteriostáticos. Raramente ocorre resistência a estes antimicrobianos. Os efeitos tóxicos estão relacionados ao uso sistêmico e incluem diáteses hemorrágicas com trombocitopenia, anemia, aumento do tempo de sangramento, efeitos ao nível de SNC, anorexia e vômitos. 5.4 Mecanismo de ação e espectro antimicrobiano Quimicamente, as sulfonamidas constituem um grupo de compostos que se apresentam como pós-cristalinos, de sabor amargo e relativamente insolúvel em água, todas derivadas da sulfanilamida (amida do ácido p-aminobenzenosulfônico). A grande maioria das bactérias e alguns outros microrganismos tem a seguinte via metabólica: ÁCIDO PARAMINOBENZÓICO (PABA) + PTERIDINA ÁCIDO DIIDROPTERÓICO ÁCIDO DIIDROFÓLICO ÁCIDO TETRAIDROFÓLICO ÁCIDO FÓLICO BASES PÚRICAS E PIRIMÍDICAS DNA E RNA 17 As sulfonamidas atuam sobre as bactérias através de inibição competitiva (ou antagonismo metabólico) da diidropepteroato-sintetase, a enzima bacteriana responsável pela incorporação de PABA ao ácido diidropteróico. As sulfonamidas são bacteriostáticos de amplo espectro, sendo mais eficientes no tratamento das infecções agudas, onde os mecanismos humorais e celulares de defesa se mostram mais ativos, propiciando a remoção dos microrganismos “inativados”. A sensibilidade bacteriana é variável em função da resistência, mas pode atuar contra certos Gram-positivos (Streptococcus, Staphylococcus, Bacillus, Clostridium e Nocardia), Gram-negativos (Salmonella, E. coli, Klebsiella, Enterobacter, Pasteurella e Proteus), algumas rickettsias, protozoários (Toxoplasma e Eimeria) e Nocardia; são descritos ainda na literatura possíveis efeitos sobre actinomicose, actinobacilose e brucelose. Na prática, as sulfonamidas têm sido primariamente indicadas para o tratamento de infecções cutâneas, gastrointestinais e urinárias. A resistência bacteriana às sulfonamidas é, infelizmente, um fato comum e crescente, principalmente decorrente de seu uso indiscriminado ao longo dos anos. Os principais mecanismos desta resistência são: Resistência natural: Bactérias que não necessitam sintetizar seu próprio ácido fólico, podendo utilizar o folato pré-formado. Ex.: Gênero Leptospira; Adaptação enzimática: Os microrganismos passam a utilizar vias metabólicas alternativas para a obtenção de metabólitos essenciais, inativam a droga ou alteram seus processos enzimáticos, determinando um aumento da síntese dos mesmos. A seleção de cepas resistentes e a transferência mediada pelo fator R são os principais mecanismos desta adaptação. 18 6 FARMACOLÓGICAS DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS Fonte: petnanet.com.br O uso de substâncias químicas para melhorar a dor e a inflamação é uma das necessidades mais antigas da humanidade. Desde o isolamento da salicilina e a demonstração dos seus efeitos antipiréticos em 1829 por Leraux, um longo caminho de pesquisa vem sendo trilhado (MONTEIRO et al., 2008, apud MOSQUINI et al, 2011, p.2). Os anti-inflamatórios constituem o grupo de medicamentos mais utilizado no mundo, estimando-se que 1,2% da população americana faça uso diário dessas medicações, e que haja anualmente 71,4 milhões de prescrições por ano de anti- inflamatórios nos EUA. Os AINEs são o grupo mais utilizado para tratamento da dor leve a moderada em medicina humana e veterinária (ANDRADE, 2008, apud MIDON, 2012, p. 19), tendo ações anti-inflamatórias, antipiréticas e analgésicas, pela diminuição da produção de mediadores inflamatórios como as prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos e leucotrienos. Diversas são as formas de atuação dos AINEs, incluindoa inibição da síntese de prostaglandinas e de leucotrienos, diminuição da produção de radicais superóxidos, estabilização das membranas dos lisossomos, inibição da atividade de enzimas da membrana citoplasmática (fosfolipase e NADPH oxidase), inibição da agregação plaquetária e adesão neutrofílica, interferem na função dos linfócitos, na produção de citocinas, no metabolismo da cartilagem articular e na síntese do óxido nítrico. Os processos acima citados ocorrem tanto na manutenção da fisiologia homeostática quanto na decorrência de uma injúria. 19 6.1 Histórico dos AINEs A casca do salgueiro (Salix Alba) foi utilizada por suas propriedades medicinais durante muitos séculos por várias culturas no combate à febre. O primeiro relato de suas propriedades foi feito em 1763 pelo reverendo Edmund Stone, em uma carta para o presidente da Royal Society, em que descrevia as propriedades antifebris. Leorux em 1829 isolou pela primeira vez em sua forma pura um ingrediente ativo da casca denominado salicina. A salicina é um glicosídeo amargo que ao sofrer hidrólise produz glicose e álcool salicílico. Em 1830, o ácido salicílico foi preparado pela primeira vez a partir do álcool, sendo posteriormente sintetizado em 1860 por Kolbe e Lautemann. Em 1853 Hoffman, um químico da Bayer, foi o primeiro a preparar o ácido acetilsalicílico, tendo como base o trabalho iniciado por Gerhardt. Em 1875, o uso foi ampliado para tratamento sintomático da febre reumática. Notou-se que além do alívio da dor e da febre, acontecia uma redução no edema articular, nessa época o medicamente ainda era denominado ‘’antirreumático’’ pois a expressão anti- inflamatória não existia. Em 1899, Dresser demonstrou os efeitos anti-inflamatórios e introduziu definitivamente o ácido acetilsalicílico para a Medicina com o nome de Aspirina. Em 1884 foi sintetizada a fenazona, registrada com o nome de antipirina e mais tarde, outros medicamentos do grupo pirazolônico foram desenvolvidos, como a aminopirina, a melubrina, a metilmelubrina (dipirona) e a fenilbutazona. Todos esses eram utilizados como analgésicos, antitérmicos e antirreumáticos. Em 1948 foi descoberta a atividade anti-inflamatória da cortisona, e posteriormente os demais constituintes desse grupo, como a hidrocortisona, prednisona e dexametasona, e só a partir de então o termo Anti-inflamatório passou a ser empregado. Com isso dividiram-se essas medicações em dois grandes grupos: os anti-inflamatórios esteroidais ou hormonais e os anti-inflamatórios não esteroidais. 6.2 Mecanismo de Ação Os AINEs produzem analgesia e reduzem a inflamação, sendo primeiramente usados para o tratamento de dores crônicas e mais recentemente para dores agudas. 20 Para entender seu mecanismo de ação é necessário primeiramente entender a fisiologia natural do processo inflamatório. Qualquer estímulo nocivo ao organismo, que seja o suficiente para iniciar o processo inflamatório, gera a ativação de uma série de mediadores químicos que atuarão principalmente em mecanismos vasculares e celulares (SPINOSA et al, 2006 apud MIDON, 2012, p. 21). Basicamente o processo inflamatório é classificado em Agudo (com curta duração) ou em Crônico (duração indeterminada, nem sempre apresentam os sinais clássicos), mas os eventos que desencadeiam ambos são os mesmos. 6.3 Farmacogenética dos AINEs A farmacogenética é essencial na compreensão do mecanismo de ação efetivo e de eventuais interferências em tal para qualquer fármaco. Qualquer droga necessita de enzimas e proteínas para exercer seu efeito, e a expressão dessas a partir do DNA pode sofrer modificações com o uso de certos medicamentos. Não obstante a isso, os AINEs interferem na expressão de alguns genes, bem como tem sua absorção interferida. 7 SINÉRGICOS, ANTAGONISTAS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Fonte: cienciasveterinarias.com 21 7.1 Sinérgicos O trimetoprim é um bactericida que, quando usado conjuntamente com as sulfas, faz com que a associação tenha também este caráter. É o principal sinérgico das sulfonamidas, inibindo a enzima diidrofolato-redutase (responsável pela conversão de ácido diidrofólico em tetraidrofólico) e determinando, em associação com estas, um bloqueio sequencial da via metabólica bacteriana. Em outros países, existe um similar do trimetoprim, o ormetoprim, com características semelhantes. A pirimetamida é outra droga com mesmo efeito, mas menos potente e mais tóxica, sendo usada atualmente apenas para o combate de certos protozoários. Obs.: A meia-vida plasmática do trimetoprim é variável de acordo com a espécie: Homem: 10,6 h Suínos: 2-2, 5 h Equídeos: 3,8 h Bovinos: 1,0 h Cães: 3,0 h Caprinos: 0,65 h Como pode ser visto acima, deduz-se que o uso do trimetoprim em ruminantes é pouco efetivo, devido à sua rápida sua eliminação do plasma, embora os níveis teciduais permaneçam por períodos um pouco maiores. 7.2 Antagonistas São antagônicas das sulfas todas as drogas que possuam PABA ou moléculas similares em suas fórmulas, das quais se destacam anestésicos locais, vitaminas do complexo B, derivados da metilxantina (cafeína, teofilina e teobromina) e algumas proteínas (p.ex. gelatinas e proteínas séricas). 7.3 Interações medicamentosas adversas Analgésicos e antinflamatórios (indometacina, fenilbutazona e salicilatos): Aumentam a potência e reduzem a meia-vida plasmática da sulfa; Antiácidos: Diminuem a biodisponibilidade da sulfa se administrados concomitantemente; 22 Anticonvulsivantes e digitálicos: São potencializados pela sulfa por serem deslocados de suas ligações a proteínas plasmáticas; Ferro e metais pesados: Incompatibilidade química (precipitação); Mandelamina e ciclosporina: Aumentam o risco de nefrotoxicidade das sulfas. 8 ANTIPARASITÁRIOS Fonte: caes-e-cia.com.br 8.1 Importância das infestações parasitárias As perdas econômicas determinadas pelas parasitoses, apesar de normalmente não percebidas pelo proprietário, são grandes quando se considera a redução do ganho de peso, da produtividade e um aumento da susceptibilidade a doenças diversas. Os parasitos, ao contrário de outros agentes, têm pouca ou nenhuma capacidade de induzir imunidade no animal. Como exemplo deste fato pode-se citar que Cestoda e Trematoda não conferem nenhuma imunidade, enquanto Nematoda leva algum tempo para produzi-la. 8.2 Papel das drogas antiparasitárias Quando se administra um antiparasitário a um animal, objetiva-se: 23 Eliminação do agente ou, o que é mais comum, manutenção de uma carga parasitária a níveis toleráveis pelo hospedeiro, pois não há vermífugo que atue contra todos os tipos de parasita e em todas as fases de seu desenvolvimento; Prevenção da reinfestação. Obs.: De maneira geral, a administração de antiparasitários é curativa em carnívoros e profilática em grandes animais. 8.3 Propriedades desejáveis em um antiparasitário Eficiência: Deve ser capaz de destruir a maior percentagem possível de parasitas, na maioria das fases de seu desenvolvimento. A eficiência recomendada é de 95%, sendo que abaixo de 75% o produto é considerado ineficiente; Ser isento de efeitos colaterais: Alguns antiparasitários não têm boa seletividade, atingindo também as células do hospedeiro; Baixa toxicidade ao hospedeiro e ao ambiente; Não deixar resíduos nos produtos do animal; Possibilidade de administração por várias vias; Maior índice terapêutico possível; Baixo custo; Facilidade de administração. 8.4 Vias de administração Parenterais: IM ou SC; Intra-ruminal: Pode ser perigosa, pela possibilidade de desenvolvimento de peritonite, embora os ruminantes tenham grande capacidade de “restringir” estas infecções, reduzindo seu risco; Oral: Indicada para equinos, animais de companhia e no tratamento massal de aves, coelhos e suínos. Pode ser utilizada para bovinos, mas adificuldade de aplicação, sobretudo quando muitos animais devam ser tratados, limita o emprego desta via; 24 Transcutânea ou percutânea: Utiliza formulações do tipo spot-on ou pour-on. Estas preparações contêm um veículo especial que permite a absorção da droga pela pele. Apesar de mais caras, facilitam bastante a vermifugação de grandes rebanhos; Bolus: Forma farmacêutica pouco utilizada no Brasil, consiste num comprimido protegido por uma série de camadas que, sob ação dos microrganismos ruminais, vai liberando lentamente a droga. 8.5 Fatores gerais relacionados ao hospedeiro e ao parasita Hospedeiro: Espécie e raça: Algumas espécies ou raças não podem receber determinadas drogas, como é o caso dos cães Collie em relação à ivermectina; Idade: Relaciona-se à maturidade dos sistemas enzimático e imunológico; Carga parasitária; Peso; Estado fisiopatológico do animal. Parasita: Resistência ao antiparasitário. 9 DROGAS CONTRA NEMATÓIDES Fonte: meusanimais.com.br 25 9.1 Benzimidazóis 9.2 Mecanismos de ação/espectro antiparasitário Como um grupo, os benzimidazóis atuam por inibição da fumarato-redutase, causando quebra na produção de energia com consequente paralisia muscular e morte do parasita. Mebendazol e flubendazol atuam inibindo o transporte da glicose e, provavelmente, fenbendazol e cambendazol possuam ambos os mecanismos. De maneira geral, a atuação destas drogas é exclusiva contra nematoides embora algumas delas, como o mebendazol, possam ser utilizadas no combate de certos tipos de tênias. 9.3 Farmacocinética Os benzimidazóis praticamente não são absorvidos, excetuando-se tiabendazol, albendazol e oxfendazol, que possuem absorção significativa; A eficiência do grupo como um todo está relacionada ao o tempo de contato da droga com o parasita. Assim sendo, o tratamento de poligástricos é feito, na maioria dos casos, em dose única, devido às suas características digestivas, que permitem uma permanência maior da droga no trato gastrointestinal. Da mesma forma, é desejável que a droga apresente baixa solubilidade, pois sua parcela absorvida é terapeuticamente ineficiente (a fração insolúvel fica em contato direto com o parasita por maior tempo); A fração absorvida tem metabolismo hepático e excreção renal. A porção não absorvida é eliminada juntamente com as fezes; Uso em animais de produção: Como um grupo, recomenda-se um período de carência de, no mínimo, 2 semanas entre administração do vermífugo e o abate para consumo. Para os que quase não são absorvidos, o período de carência é de 2 a 3 dias. 26 9.4 Toxicidade / contraindicações Os benzimidazóis, por terem no geral absorção mínima, são drogas bastante atóxicas, sendo que, para alguns representantes do grupo, não se consegue estabelecer a DL50. Sinais de intoxicação, quando acontecem, não são sérios, podendo ocorrer diarreia e vômitos, principalmente em cães. As drogas que são absorvidas em quantidades significativas (tiabendazol, albendazol e oxfendazol) podem atravessar a placenta e produzir efeitos teratogênicos no terço inicial de gestação e efeitos embriotóxicos em seu final, devendo, portanto, ser evitadas em animais gestantes. 9.5 Algumas particularidades individuais Albendazol: Em vacas, não deve ser administrado nos primeiros 45 dias de gestação ou nas lactantes. Cães podem apresentar anorexia e gatos letargia discreta e depressão. Altamente eficiente, é a droga de escolha para ruminantes; Fenbendazol: Tem sido muito empregado no tratamento de animais e aves silvestres, equinos, bovinos e cães, por ser quase atóxico e extremamente eficiente. A pequena fração que é absorvida é metabolizada (e vice-versa) em oxfendazol. Carnívoros devem ser tratados com doses múltiplas (3 dias) e raramente apresentam vômitos como efeito colateral; Mebendazol: Barato e eficiente, o mebendazol deve ser repetido após 3 semanas pois, por não atingir as larvas teciduais, podem ocorrer reinfestações; Oxibendazol: É uma das melhores opções para equinos. Não deve ser usado em cavalos muito debilitados ou portadores de cólicas, toxemia ou doença infecciosa. É uma droga segura para éguas penhes; Oxfendazol: É o mais absorvido dos benzimidazóis pelo trato gastrointestinal, sendo metabolizado (e vice- versa) em fenbendazol. Deve ser usado com cautela em animais debilitados e é relativamente seguro para potros. Por ser uma droga muito tóxica e cara, está em desuso atualmente; Tiabendazol: É uma droga segura na gestação, mas tem sido responsabilizada por alguns autores como causadora de toxemia em cabras. Pode competir com as xantinas pelo sítio metabólico hepático, determinando aumento dos níveis plasmáticos 27 destas. Os cães podem apresentar como efeitos adversos vômito, diarreias, perda de peso, letargia e, muito raramente, necrólise epidérmica tóxica, sobretudo quando se faz tratamentos prolongados e com doses altas; animais da raça Dachshund são particularmente mais sensíveis. Ata também como acaricida e fungistático. Pela sua alta toxicidade, está em desuso atualmente. 9.6 Apresentações comerciais Albendazol: Albendathor (V), Valbazen (V), Albendazol (H), Alben (H), Mebenix (H) e Zentel (H); Cambendazol: Cambendazole (V) e Cambem (H); Fenbendazol: Drontal Plus (V), Equifen (V) e Panacur (V); Flubendazol: Não possui apresentações comerciais no Brasil; Mebendazol: Duprazol Susp. (V), Telmin (V), Mebendazole (H,V), Pantelmin (H) e Necamin (H); Oxfendazol: Synantic (V) e Systamex (V); Oxibendazol: Equitac (V) Gelminthe (V) e Oxibendazole (V); Parbendazol: Não possui apresentações comerciais no Brasil; Tiabendazol: Bulvermin (V), Vermífugo Duprat (V), Foldan Pomada (H) Thiabendazol (H) e Helmiben (H); Tiofonato: Não possui apresentações comerciais no Brasil. 28 10 DROGAS CONTRA CESTÓIDES Fonte: acritica.com 10.1 Niclosamida Mecanismo de ação: Inibição da captação de glicose e bloqueio do ciclo de Krebs do parasita. Espectro anti-helmíntico: Atua bem contra todas tênias, menos Equinococcus e Dipillidium, sendo que, no último, menos de 50% do total de vermes é eliminado. Farmacocinética / Toxicidade: A niclosamida praticamente não é absorvida. Como exige contato com o parasita, tem que ser administrada com o animal em jejum. Praticamente não ocorrem efeitos tóxicos. Hoje, devido ao seu espectro reduzido, está praticamente fora de uso. Apresentações comerciais: Gelminthe (V) e Atenase (H). 10.2 Praziquantel Mecanismo de ação / Espectro antiparasitário: O mecanismo de ação é desconhecido, embora suspeite-se que o mesmo se relacione à transmissão do impulso nervoso pelo parasito. Atua contra todas as tênias, eliminando 100% de Dipillidium e Equinococcus. Por questões econômicas, não é utilizado em grandes animais. Em medicina humana, tem sido utilizado como a droga de escolha para o tratamento de Schistosoma mansoni. 29 Farmacocinética: Toda a droga é absorvida após administração oral e amplamente distribuída por vários tecidos do corpo. O metabolismo é hepático e a excreção renal. Toxicidade: Ainda não se estabeleceu a DL50 para cães. Sabe-se apenas que a droga é muito segura, raramente determinando efeitos colaterais. Podem ocorrer anorexia, vômitos e letargia nos cães e salivação e diarreias nos gatos. Não deve ser administrada a cãezinhos com menos de 4 semanas e gatinhos com menos de 6. Apresentações comerciais: Duprantel (V), Droncit (V), Drontal (V), Canex (V), Dipilex (V), Endal (V), Cestox (H) e Cisticid (H). 10.3 Nitroscanato Mecanismo de ação / Espectro antiparasitário: Mecanismo desconhecido. Atua contra tênias e nematóides. Farmacocinética: Bem absorvido após administração oral, tem metabolismo hepático e excreção renal. Toxicidade: Algumas enzimas hepáticas têm seu nível aumentado, o que provavelmente possa acelerar o metabolismo de outras drogas,como, por exemplo, digitálicos e anticonvulsivantes. Apresentação comercial: Lopatol (V). 10.4 Benzimidazóis Alguns representantes do grupo dos benzimidazóis atuam, de maneira irregular, contra determinadas tênias. Destes, têm melhor atividade tenicida o mebendazol, fenbendazol, albendazol e cambendazol. 30 11 DROGAS CONTRA TREMATÓDEOS Fonte: pt.play-azlab.com 11.1 Nitroxinil Atua exclusivamente contra formas adultas de Fascíola hepática. Vias de administração: VO, SC e IM, sendo as duas últimas mais eficientes. Tem metabolismo hepático e excreção renal. Toxicidade: Determina aumento generalizado do metabolismo do hospedeiro e deixa resíduos na carne por períodos prolongados (30 dias de período de carência para o abate). Apresentação comercial: Dovenix (V). 11.2 Rafoxanida Fasciolicida. Que atua sobre todas as fases de desenvolvimento do parasita. Droga bem absorvida e distribuída, com metabolismo hepático e excreção renal. Um pouco mais tóxica que o nitroxinil, pode determinar lesões oculares, inapetência e diarreia. Não deve ser administrada em vacas lactantes e o período de carência para abate é de 30 dias. Apresentação comercial: Ranide (V). 31 12 DROGAS CONTRA PROTOZOÁRIOS 12.1 Protozoários entéricos 12.2 Metronidazol Mecanismo de ação / Espectro: Interrupção da síntese de DNA. Atua principalmente contra Trichomonas, Giardia e Entamoeba e tem alguma atividade contra bactérias anaeróbicas. Um análogo do metronidazol, o dimetridazol, tem também atividade contra Histomonas meleagrides (“doença da cabeça negra dos perus”). Farmacocinética: Droga bem absorvida por via oral (principalmente na presença de alimentos no tubo digestivo) e de ampla distribuição pelo organismo. O metabolismo é hepático e a eliminação renal conferindo à urina uma cor avermelhada e escura. Toxicidade: A droga não deve ser administrada a animais debilitados, gestantes ou com comprometimento renal. Nos carnívoros, pode causar desordens neurológicas, letargia, fraqueza, neutropenia, hepatotoxicidade, hematúria, anorexia, náuseas, vômitos e diarreias. Na superdosagem, podem ser observados midríase, ataxia, nistagmo, desorientação, tremores, convulsões, bradicardia e rigidez, sintomas que levam vários dias para desaparecer. Apresentações comerciais: Flagyl (H) e Metronidazol (H). 12.3 Pirimetamina Mecanismo de ação: Igual ao do trimetoprim, ou seja, inibição da tetraidrofolase-redutase. Indicações: Em humanos, é usada para o tratamento da malária. Em medicina veterinária, é usada apenas para o tratamento da toxoplasmose, associada a sulfonamidas. Farmacocinética: Droga pouco palatável, geralmente necessitando-se forçar a ingestão. Os comprimidos podem ser dissolvidos numa solução açucarada, que se mantém estável por 7 dias. A absorção é razoável e o metabolismo e eliminação são similares ao das sulfas. 32 Toxicidade: Em relação ao trimetoprim, é mais tóxica e menos eficiente. Pode determinar deficiência de ácido fólico também no hospedeiro, levando a anorexia, depressão, vômito e depressão da medula óssea (anemia, trombocitopenia e leucopenia). Estes sinais são facilmente reversíveis com administração de ácido fólico (5 mg/kg/dia), ácido folínico (1 mg/kg/dia) ou levedo de cerveja (100 mg/kg/dia). Apresentações comerciais: Daraprim (H) e Fansidar (H, associado à sulfadoxina). 12.4 Amprólio Mecanismo de ação / Espectro: Análogo estrutural da vitamina B1, é um eimeriostático preventivo e curativo, que atua por inibição da mesma. É indicado no tratamento das eimerioses. A administração de dietas ricas em tiamina pode reduzir a ação do amprólio. Farmacocinética: Não existem estudos sobre a farmacocinética da droga. Toxicidade: O amprólio é pouco seletivo, determinando, principalmente nas terapias prolongadas, inibição da tiamina também no hospedeiro, levando a um quadro de anorexia, diarreia, emese depressão e sinais neurológicos. A administração de tiamina (1-10 mg/kg/dia/IM, EV) é indicada na reversão destes sinais. Apresentações comerciais: Amprosol (V) e Cocciden AF (V). 13 ONCOLOGIA VETERINÁRIA O câncer é uma doença importante na medicina humana e veterinária, visto que o aumento na expectativa de vida tanto de humanos como dos animais de companhia tem aumentado sua incidência, e as características multifatoriais da doença têm dificultado o tratamento antineoplásico (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 218). Melhorias na compreensão das características moleculares e imunológicas das células cancerígenas levaram ao desenvolvimento de novas terapias contra o câncer, e a compreensão do papel destas, bem como as complexidades que fundamentam suas respostas terapêuticas, é primordial para a incorporação continuada e bem- 33 sucedida da terapêutica oncológica, proporcionado avanços à oncologia veterinária nas últimas décadas (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 218). 13.1 Biologia do câncer O desenvolvimento de neoplasias está diretamente ligado ao ciclo de vida de uma célula, e o conhecimento do ciclo celular é fundamental para a compreensão do mecanismo de ação dos diferentes quimioterápicos e planejamento de suas administrações, assim como associação de outras terapias (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 219). O ciclo celular é constituído por dois períodos diferentes, sendo uma a fase quiescente (G0), na qual as células se encontram em repouso e a outra a fase de divisão celular que é constituída de quatro fases (G1, S, G2 e M) (BRASILEIRO FILHO, 2011, apud MILHOLLI, 2018, p. 219). A fase G1, também chamada de fase de crescimento 1, é caracterizada pela síntese de proteínas (códons) e reparos no DNA e ocorre após a mitose. A fase S, também conhecida como segunda fase é caracterizada pela síntese de DNA. A fase de crescimento 2 ou G2 é caracterizada pela síntese de proteínas (códons) e reparos no DNA, e antecede a fase de mitose. Por último tem-se a fase de mitose ou fase M, que consiste na divisão celular gerando duas células geneticamente idênticas (MASSAGUÉ, 2004, apud MILHOLLI, 2018, p. 219). Nas células tumorais, o ciclo celular não necessariamente é mais curto que em células normais, porém a célula tumoral apresenta mutações que a mantém em estado proliferativo, que atrasam sua morte (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 219). Além disso, a velocidade de crescimento da neoplasia também está ligada ao ciclo celular, pois tanto a duração do ciclo celular, como o número de células em repouso e o número de células ativas influenciarão no crescimento da neoplasia (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 219). 13.2 Quimioterapia Os quimioterápicos são fármacos citotóxicos que possuem a capacidade de induzir danos em células que se apresentam na fase de divisão celular. O seu uso 34 pode proporcionar a cura em determinados tipos de cânceres ou ser capaz de promover a redução da massa neoplásica. Além disso, pode prolongar a sobrevida de animais que apresentam doença metastática (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Atualmente, a gama de fármacos disponíveis, permite que cada paciente seja tratado de forma individual, visto que uma mesma neoplasia pode ter comportamento e metabolismo diferentes em cada animal (BILLER et al., 2016; MOORE; FRIMBERGER, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). A quimioterapia clássica também conhecida como quimioterapia de dose máxima tolerada, refere-se à administração de agentes quimioterápicos em altas doses com o intuito de maximizar a morte de células tumorais, seguida por um período de descanso para a recuperação de outras células que sejam sensibilizadas por estas drogas, como as da medula óssea e do trato gastrointestinal (BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Os fármacos antineoplásicos possuem maior efeito em célulasque apresentam intensa divisão mitótica, ou seja, células que estão multiplicando-se rapidamente. No entanto, o ciclo celular de células tumorais, não é necessariamente mais curto que no tecido saudável (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Além disso, a ação citotóxica dos quimioterápicos não diferencia células saudáveis de células neoplásicas, sendo este o principal mecanismo causador de seus efeitos colaterais (DALECK; DE NARDI, 2016; MOORE; FRIMBERGER, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Embora as células neoplásicas possam exibir maior suscetibilidade a toxicidade produzida pelos quimioterápicos, os períodos de intervalo entre os tratamentos podem permitir o crescimento tumoral (BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Além disso, o desenvolvimento de mutações que gerem resistência aos quimioterápicos, e o suprimento sanguíneo deficiente em tumores de grandes proporções colaboram na falha terapêutica (MOORE; FRIMBERGER, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). No entanto, algumas células tumorais podem exibir quimioresistência mesmo que ainda não tenham sido expostas a referida droga, devido a um fenômeno denominado mecanismo de resistência a múltiplas drogas (MRMD) (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). 35 Os quimioterápicos são classificados conforme sua especificidade e efeitos sobre o ciclo celular, e com base na sua estrutura química. Em geral, estes fármacos agem principalmente durante a mitose, impedindo a formação do fuso mitótico, e na síntese de DNA, por meio do bloqueio da disponibilidade de precursores, pelo impedimento da transcrição do DNA ou sua lesão (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Com o intuito de diminuir as reações secundárias a toxicidade e o desenvolvimento de populações neoplásicas resistentes, criou-se o conceito de poliquimioterapia, que consiste na utilização de fármacos antineoplásicos de forma associada com o intuito de alcançar um efeito aditivo ou sinérgico, e assim aplicar tratamento antitumoral a todas as células neoplásicas, principalmente as resistentes, sem aumentar a toxicidade aos tecidos sadios (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 220). Entretanto, deve-se escolher criteriosamente os fármacos a serem associados, de forma que não apresentem toxicidade acumulativa (MOORE; FRIMBERGER, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 220), e que atuem em diferentes fases do ciclo celular, para que o maior número de células neoplásicas possa receber tratamento (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 221). A quimioterapia pode ser classificada em modalidades baseadas na sua finalidade terapêutica. Quando esta é realizada previamente a uma outra modalidade de tratamento, por exemplo, a cirurgia, e tem como objetivo reduzir a massa tumoral e prevenir a ocorrência de metástases, recebe a denominação de quimioterapia neoadjuvante. Por outro lado, a quimioterapia adjuvante consiste na associação da quimioterapia após outra modalidade terapêutica que já tenha permitido o controle da doença localmente, como forma de evitar ou minimizar os riscos de recorrência e metástases, assim como oferecer uma maior sobrevida. Já a quimioterapia paliativa não tem como finalidade a cura, mas oferecer para pacientes com neoplasias avançadas e doença metastática a minimização dos sinais clínicos causados pelo câncer (RODASKI; DE NARDI, 2008, apud MILHOLLI, 2018, p. 221). 13.3 Imunoterapia O sistema imunológico pode auxiliar na prevenção e impedir o desenvolvimento de neoplasias. Esta característica é conhecida como teoria da vigilância imunológica 36 (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223), a qual vem sendo utilizada como proposta terapêutica em tumores altamente malignos e agressivos, principalmente com o intuito de prevenir e controlar a doença metastática (BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). A imunoterapia tem como objetivo atuar na modulação e otimização da resposta imunológica, para que as células neoplásicas sejam reconhecidas e destruídas (KENNEDY, 2010, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). Esta modulação pode ser induzida de forma ativa por meio da estimulação do sistema imune do paciente para que este produza uma resposta contra o tumor, ou de forma passiva, pela utilização de uma substância efetora, que agirá sobre a neoplasia (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). O sistema imunológico detecta tumores por meio de antígenos específicos associados aos tumores (BEATTY; FINN, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223), e a imunoterapia pode estimular efeitos específicos dirigidos contra determinados alvos tumorais, ou inespecíficos em que o sistema imune é estimulado a ter um maior nível de atividade para destruir células neoplásicas (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). As vacinas contra o câncer têm como objetivo a indução de uma resposta imune antitumoral que resultará na regressão clínica do tumor e de metástases caso presente, sendo a forma mais ativa de imunoterapia. Devido seu efeito ser dependente da resposta imune do paciente, os resultados decorrentes de seu uso podem demorar alguns meses para aparecer (BEATTY; FINN, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). Estas vacinas podem ser feitas utilizando antígenos provenientes de células tumorais alogênicas ou autólogas, lisados de tumor completos, peptídeos tumorais purificados ou pelo uso de antígenos tumorais definidos, como a tirosinase (GROSENBAUGH et al., 2011, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). O uso destas vacinas tem sido estudado como tratamento adjuvante de melanomas malignos orais em cães (GROSENBAUGH et al., 2011, apud MILHOLLI, 2018, p. 223), adenocarcinomas epiteliais (BEATTY; FINN, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223), meningiomas e outros tipos de cânceres (ANDERSEN et al., 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). Em ensaios clínicos com cães portadores de linfoma de células B a utilização de uma vacina genética direcionada à transcriptase reversa da telomerase, associada 37 a quimioterapia resultou em um aumento significativo na sobrevida dos cães vacinados, se comparado aos animais não vacinados (GAVAZZA et al., 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). Além das vacinas antitumorais, o uso de anticorpos monoclonais, interleucinas, e outras moléculas para o tratamento celular, têm permitido melhores resultados no tratamento do câncer, com menores efeitos colaterais e maior aceitação do tutor ao tratamento (DALECK; DE NARDI, 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). Embora os resultados da imunoterapia aparentemente sejam promissores, a associação da radioterapia ou da quimioterapia aos protocolos tem o potencial de melhorar seus efeitos (BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 223). 13.4 Radioterapia A radioterapia é uma modalidade terapêutica muito utilizada em seres humanos, assim como nos animais domésticos. A radioterapia baseia-se na utilização do efeito da radiação ionizante, que causará a morte das células neoplásicas ou evitará sua multiplicação, sem que atinja o tecido sadio próximo. Existem duas modalidades na radioterapia, sendo elas: a teleterapia e a braquiterapia. A teleterapia consiste na administração da radiação por meio de um feixe externo, ao passo que na braquiterapia a fonte radioativa é inserida no interior do tumor ou próxima a ele (CUNHA et al., 2014, apud MILHOLLI, 2018, p. 226). A radioterapia tem por objetivo erradicar as células neoplásicas e reduzir o índice mitótico destas. Esta modalidade terapêutica geralmente é utilizada para neoplasias que não tiveram metástases, possibilitando desta forma um alto potencial de cura para neoplasias localizadas. Em casos mais graves pode-se utilizar a radioterapia como tratamento paliativo, pois mesmo que o tumor não seja destruído, este pode diminuir, melhorando assim, a qualidade de vida do animal, uma vez quecom a redução do tumor ocorre a diminuição da dor e sangramento, e a diminuição da compressão de órgãos e tecidos próximos. Quando objetiva-se a cura do câncer, a radioterapia é administrada em pequenas frações por duas a cinco semanas, e isto dependerá da localização, do tipo e do tamanho da neoplasia, além do estado geral de saúde do paciente. E quando se tem por objetivo efeitos paliativos, a terapia requer 38 grande frações de radiação, que são feitas uma vez por semana durante três semanas (BILLER et al., 2016, apud MILHOLLI, 2018, p. 226). Diversas podem ser as aplicações da radioterapia curativa, devido a responsividade de muitas neoplasias a essa terapia, como: os tumores cerebrais, os tumores nasais, os tumores orais e os tumores de membros apendiculares. No tratamento de tumores cerebrais, nasais e faciais a radioterapia é utilizada como tratamento principal. Além disso, pode-se utilizar a radioterapia no pós-operatório para aumentar a margem de segurança nas cirurgias de retirada de sarcoma ou carcinoma, assim como pode ser utilizada como pré-operatório visando a diminuição da massa tumoral para posterior cirurgia. Outra aplicação seria na fase de protocolos de indução no tratamento de linfomas (WITHROW; VAIL; PAGE, 2013, apud MILHOLLI, 2018, p. 226). Dos cânceres tratáveis com radioterapia, os tumores orais caninos, em especial o epúlide acantomatoso, o carcinoma de células escamosas e o melanoma, possuem uma boa resposta a radiação, assim como o linfoma canino e felino, os sarcomas e carcinomas de cavidade nasal e alguns tumores de pele como o mastocitoma, também possuem boa resposta com esta terapia. Em casos de tumores ósseos, como o osteossarcoma, a radioterapia é utilizada como medida paliativa no protocolo de tratamento (LARUE; CUSTIS, 2014, apud MILHOLLI, 2018, p. 226). Novas tecnologias têm surgido a fim de aumentar a eficácia da radioterapia, como a radioterapia conformacional tridimensional que possibilita que o feixe de radiação seja moldado por toda a extensão do tumor, preservando assim os tecidos sadios. A radioterapia com intensidade modulada que possibilita que o feixe de radiação se movimente durante o tratamento, permitindo emissão de feixes de diferentes ângulos e distância numa única sessão. Outra modalidade é a radioterapia estereotáxica que, igual as demais técnicas citadas, possibilita administrar uma alta dose de radiação numa margem estreita de localização, permitindo desta forma, melhores opções de tratamento para diversas neoplasias em diversas localizações (LARUE; CUSTIS, 2014, apud MILHOLLI, 2018, p. 226). 39 14 ONCOLOGIA VETERINÁRIA Fonte: veterinariavilaisabel.com.br A oncologia veterinária é, portanto, a principal esperança de solução para os que têm um pet doente em casa, buscando diagnósticos precisos e tratamentos eficientes que possam curar animais deste terrível mal. Embora haja uma série de fatores externos que podem desencadear o surgimento de tumores e do câncer em cães e gatos, em boa parte dos casos, os motivos do aparecimento desse tipo de complicação são genéticos; ocorrendo ao longo da vida do animal em função de mutações das mais variadas. Com isso em vista, fica um pouco mais claro entender que o surgimento deste tipo de problema na vida dos animais é um tanto quanto imprevisível, e é por isso que a oncologia veterinária se torna uma especialidade tão importante nos dias de hoje. Junto com isso, outro fator que também deve ser ressaltado é o de que, segundo uma série de estudos e pesquisas realizadas no mundo da oncologia veterinária, o câncer é, hoje, um dos principais motivos para o óbito de animais de pequeno porte. Aparecendo, na maioria das vezes, em cães e gatos de mais idade (a partir dos 10 anos de vida), os tumores também podem aparecer nos animais tendo infecções virais de diferentes naturezas como grandes incentivadores – fazendo com que um pet já debilitado por uma doença possa adquirir outra ainda mais complicada como parte do seu desenvolvimento. Embora os procedimentos cirúrgicos sejam o tratamento mais indicado nos dias de hoje a medicina veterinária oncológica vem fazendo uma série de avanços ao longo 40 das últimas décadas, atualmente já é possível encontrar tratamentos alternativos (como a quimioterapia e a eletroquimioterapia) para tentar achar soluções para a doença - que se apresenta nos animais, principalmente, em forma de tumores hematopoiéticos, cutâneos e mamários. 14.1 Desencadeadores de tumores em animais Conforme citado previamente, o aumento da longevidade dos animais é um dos fatores principais para o aparecimento de tumores em cães e gatos, sendo que, quanto maior for a idade do animal, maiores serão as suas chances de desenvolver algum tipo de câncer. Além disso, fatores genéticos também fazem parte desse conjunto de facilitadores da doença, e diferentes mutações sofridas pelos cães e gatos ao longo de suas vidas podem ser parcialmente responsáveis pelo aparecimento de doenças. A exposição à elementos externos, como o sol e produtos químicos diversos, também podem influenciar no desenvolvimento do câncer e; portanto, manter os pets afastados desse tipo de fator pode ser válido como uma tentativa de preveni-los contra esse mal. Além disso, a castração - tanto em machos quanto em fêmeas - também pode ajudar muito na prevenção de diversos tipos de câncer. 14.2 Sintomas do câncer em cães e gatos Cada tipo de câncer pode se manifestar de diferentes maneiras, no entanto, um dos principais indicadores desse tipo de doença é a presença de nódulos aparentes e relativamente palpáveis. O aumento da massa abdominal, a perda de peso sem motivos concretos, dificuldade em respirar, em comer, em engolir e até em defecar também fazem parte dos sinais que podem apontar para o câncer em animais – sem deixar de lado o sintoma de sangramentos espontâneos, que podem ocorrer tanto junto com as fezes e a urina do animal quanto por meio de outros orifícios do seu corpo. 41 14.3 Principais tipos de câncer em pets De acordo com pesquisas recentes, os tumores estão, hoje, entre os principais motivos de morte entre cães e gatos; sendo que, de um modo geral, as fêmeas estão mais sujeitas a este tipo de complicação. Os principais tipos de câncer que se desenvolvem nestes animais são: Tumores mamários e de ovário: Ocorrem, principalmente, em fêmeas não castradas. Tumores cutâneos: Pode se manifestar na pele ou internamente, e costuma afetar gatos despigmentados, além dos cães. Câncer de pele: Desencadeados em função da exposição frequente ao sol, entre outros fatores. Tumores hematopoiéticos: Atinge as células formadoras de tecido sanguíneo, gerando linfomas e leucemias nos animais. 14.4 Diagnóstico e tratamento do câncer em cães e gatos Geralmente, o primeiro passo, é a citologia aspirativa; que consiste em um exame menos invasivo que dá base para o diagnóstico do tipo de formação. Em seguida, assim como no caso dos seres humanos, as biópsias (análise de tecidos ou células dos tecidos que formam o tumor) estão entre as principais formas de diagnosticar o câncer em animais. Exames de imagem, como tomografias e ressonâncias magnéticas, também são usados nos dias de hoje como um complemento, que permite diagnosticar de maneira concreta a presença da doença em cães e gatos – facilitando tanto a identificação de tumores como a descoberta de sua localização de maneira mais acertada e precisa. Seguindo o modelo de tratamento de outras doenças diversas, o câncer deverá ser atacado de acordo com as suas particularidades específicas; ou seja, cada tipo de tumor será tratado de acordo com as suas próprias características e o seu nível de evolução. Embora o procedimento cirúrgico seja, em grande parte dos casos, a opção adotada para livrar os pets de tumores; ao longo dos últimos20 anos, surgiu uma série 42 de novas possibilidades, permitindo que tratamentos menos invasivos pudessem ajudar cães e gatos a se curar do mal do câncer. A tradicional quimioterapia também é usada com frequência em pets com câncer, possibilitando a retirada completa do tumor cancerígeno do corpo do animal. Outra forma de tratamento que também tem sido usada nos últimos tempos é a crioterapia – que consiste no uso do frio extremo como forma de terapia. Embora seja relativamente nova no mundo animal e ainda sem muitos centros e clínicas que ofereçam esse tipo de tratamento, a radioterapia é mais uma opção que começa a se popularizar entre os bichos com câncer, e tem sido apontada como bastante eficiente pelos profissionais que fazem o uso desse meio como forma de tratamento. Ainda mais recente no universo dos pets, a eletroquimioerapia em animais também vem sendo apontada como uma nova esperança no tratamento de cães e gatos com câncer; combinando quimioterapia e eletroporação (que consiste no envio de curtos impulsos elétricos para aumentar a capacidade de transporte das membranas) para tratar e curar os animais doentes. Independentemente do grau de invasão de cada um destes métodos, a escolha para o tratamento do câncer em pets deve ser indicada por um profissional especializado em oncologia veterinária – que saberá o meio mais adequado de tratar o animal, levando em consideração fatores como localização, tamanho e desenvolvimento do tumor. 43 15 BIBLIOGRAFIA MIDON, M. Uso de Anti-Inflamatórios Não Esteroidais na Terapêutica Analgésica de Pequenos Animais. 2012. MILHOLLI, L. A.; LUTZKE, D.; KUSTER, M. C.; APTEKMANN, K. P.; TRIVILIN, L. O.. Modalidades terapêuticas em oncologia de pequenos animais: aspectos gerais. 2018. MOSQUINI, A. F.; ZAPPA, V.; MONTANHA, F. P.. Características farmacológicas dos antiinflamatórios não esteroidais – revisão de literatura. Ano IX – Número 17 – Julho de 2011. Ano IX – Número 17 – Julho de 2011. TUBALDINI, R. Oncologia veterinária – Uma esperança para os animais com câncer. 2018. SANTOS, W. R. M. dos; INFORZATO, G. R.; ALVES, R. M.; BATAIER, M. N.; COELHO, E. C. 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