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Lais Nascimento Feitosa MEDICINA Semiologia do estômago ANATOMIA E HISTOLOGIA » O estômago é dividido em 5 partes (cárdia, fundo, corpo, antro e piloro). » A cárdia e o piloro são regiões esfincterianas, ajudam na retenção do alimento no estômago. A cárdia evita que o alimento volte para o esôfago e o piloro permite que o alimento passe para o duodeno no momento adequado. » O fundo e o corpo são formados basicamente pelo mesmo tecido, o glandular, mas assim como o esôfago, é um órgão muscular. Sendo também um órgão glandular, é formado por glândulas secretoras de suco gástrico (oxínticas), elas possuem células parietais que liberam HCl e células principais que liberam pepsinogênio (enzima inativa do suco gástrico), ao entrar em contato com o HCl se converte em pepsina e age como enzima proteolítica que degrada os alimentos. As células glandulares são cheias de células mucosas que produzem muco rico em bicarbonato para proteger o epitélio do estômago contra secreção ácida. Os mecanismos de agressão devem sempre está em equilíbrio com os mecanismos de defesa. » De dentro para fora, o estômago é constituído por 4 camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. A camada mucosa é formada por dobras que formam pregas, elas dão ao estômago a capacidade de se distender e aumentar a área de contato. » O estômago possui um plexo mioentérico, fibras nervosas que o envolvem e influenciam no seu movimento muscular. » O estômago possui um tecido linfoide (MALT) com função de defesa. DISPEPSIA » É a dificuldade de distensão, se refere a um conjunto de sintomas, persistentes ou recorrentes, na região superior do abdome (epigástrio). » Os sintomas são: azia (ardor ou queimação), sensação de plenitude pós-prandial (empachamento) e saciedade precoce (sensação de enchimento logo após o início da refeição). Classificação: FUNCIONAL » Não existem justificativas orgânicas, doenças como gastrite, úlcera, câncer gástrico ou infecção por H. pylori, que justifique aquela queixa de dificuldade de digestão. » Critérios diagnósticos: o paciente deve apresentar pelo menos um dos sintomas dispépticos (empachamento, saciedade precoce ou queimação em epigástrio) por um período de 3 meses nos últimos 6 meses, não precisa necessariamente ser contínuo. » Subtipos: Síndrome do desconforto pós-prandial: o paciente possui uma função motora gástrica diminuída (diminuição de plexos nervosos – gerando dificuldade em acomodar ou eliminar o alimento do estômago). As principais queixas são o empachamento e a saciedade precoce e podem desencadear quadros de distensão abdominal, náuseas e eructações frequentes. Síndrome da dor epigástrica: o paciente possui uma maior sensibilidade visceral. As queixas principais são a dor e a queimação epigástrica e podem ser induzidas por refeições, desencadeadas por refeições, em jejum (não existe padrão de ritmicidade, periodicidade ou dor noturna). » Os pacientes podem apresentar os subtipos isoladamente ou em conjunto. » Os sintomas são mais frequentes em adultos jovens, são recorrentes e não são acompanhados de sinais de alarme: anemia, vômitos recorrentes, sangramento, disfagia progressiva, icterícia e perda de peso. » Associado ao quadro de dispepsia, os pacientes também podem apresentar sintomas da DRGE (pirose e regurgitação) ou da síndrome do intestino irritável (diarreia e constipação). » Fisiopatologia: a causa é desconhecida, algumas hipóteses são: hipersecreção gástrica, dismotilidade gastroduodenal, hipersensibilidade visceral, alteração da acomodação gástrica ou estaria associada ao H. pylori. Lais Nascimento Feitosa MEDICINA » Diagnóstico: é clínico através de uma anamnese bem detalhada, não precisa de exames de imagem (é feito quando existe dúvida da existência de lesão orgânica – afastar causas orgânicas). » Realização de exame físico bem detalhada: deverá ser normal. O encontro de visceromegalias ou massas abdominais exclui a possibilidade de dispepsia funcional. ASSOCIADA AO H. PYLORI » A H. pylori é uma bactéria gram negativa com transmissão fecal oral e frequentemente adquire-se na infância. A maioria das pessoas são portadoras assintomáticas. » A bactéria coloniza a mucosa gástrica e pode causar úlcera (destaca-se a duodenal), neoplasia gástrica e dispepsia. Chama-se dispepsia associada ao H. pylori quando os sintomas desaparecem após tratamento específico para a bactéria. » Nem todo paciente com H. pylori terá uma doença orgânica, mas quase todo paciente com doença orgânica (principalmente ao se falar de úlcera) terá H. pylori. » Fisiopatologia: a bactéria é resistente a acidez do estômago e infecta a mucosa gástrica destruindo a camada protetora de muco, juntamente com suas células produtoras. Ao invadir as células produtoras de bicarbonato, haverá uma diminuição da produção de somatostatina D, responsável pela produção de gastrina – hipersecreção ácida. » H. pylori e úlceras pépticas: a infecção por H. pylori desencadeia a formação de úlceras em apenas 10 a 20% dos indivíduos. O H. pylori é responsável por 60 a 70% das úlceras gástricas. O H. pylori é incapaz de infectar de células saudáveis do duodeno, o epitélio do duodeno é resistente a infecção por H. pylori e ainda assim acomete o duodeno em 95% dos casos. Primeiro a bactéria infecta o estômago e aumenta a produção de HCl, mais HCl é enviado ao bulbo duodenal (1º porção), esse aumento da secreção leva a uma metaplasia gástrica no bulbo e agora o H. pylori consegue atingir essa área e a inflama e diminui sua vitalidade. ORGÂNICA » Existem justificativas orgânicas, doenças como gastrite, úlcera, câncer gástrico ou infecção por H. pylori, para aquela queixa de dificuldade de digestão. » Os sinais e sintomas são característicos de cada patologia. » Câncer gástrico: é um dos cânceres malignos mais comuns no mundo, com alta taxa de mortalidade, não pela sua agressividade, mas pelo fato de ser um câncer silencioso e o diagnóstico acaba sendo tardio. No Brasil, possui maior incidência em homens do que em mulheres com idade superior a 50 anos. Essa patologia pode ser intimamente associada a hábitos de vida dos indivíduos. Fatores de risco: etilismo, tabagismo, infecção por H. pylori, ingestão de alimentos com conservantes, salgados, fatores genéticos, gastrectomias prévias, anemia perniciosa, obesidade, pólipos gástricos hiperplásicos. Manifestações clínicas: são queixas inespecíficas, em estado inicial quase não possui sintomas. No momento do diagnóstico, 50% dos pacientes já tem doença avançada. Pode haver sintomas de dispepsia. Nos tumores da cárdia, os pacientes cursam com disfagia e tumores no piloro pode ocorrer vômitos. Exame físico: a doença já se encontra em estágio avançado – massa palpável em epigástrio, hepatomegalia endurecida: metástases no fígado, linfonodos palpáveis que sugerem câncer gástrico: fossa supra clavicular esquerda (nódulo de Virchow- Lais Nascimento Feitosa MEDICINA Troisier) e região supra umbilical (nódulo irmã Maria José). Diagnóstico: é baseado na história clínica e exame físico. O exame de imagem padrão ouro é a endoscopia digestiva alta com biópsia da lesão, toda lesão ulcerada gástrica deve ser biopsiada pois sua aparência é semelhante à um tumor em fase inicial. O estadiamento de um tumor é feito por TC de abdome e tórax. » Úlcera péptica: é a perda limitada de tecido no trato gastrointestinal até a submucosa, em áreas banhadas pela secreção cloridropéptica. A principal causa de úlcera péptica é o H. pylori (infecta e destrói todas as defesas da mucosa. Ao mesmo tempo que destrói a defesa, ela aumenta o poder dos fatores de agressão, aumenta a produção de HCl destruindo as célulasque inibem a secreção de HCl), depois são os anti-inflamatórios não hormonais (responsáveis principalmente pelas úlceras gástricas, eles inibem a COX diminuindo a produção de prostaglandinas). Diagnóstico: ele é clínico, mas ao saber os sintomas deve ser feita a endoscopia digestiva alta. O diagnóstico clínico é feito a partir do padrão de dor: o paciente tem sintomas dispépticos e a dor aparece 2 a 3 horas após a refeição (ritmicidade), dor noturna pelo pico de secreção gástrica (clocking), possui alívio com alimentos ou antiácidos e o paciente tem crises de epigastralgia intercaladas por períodos sem dor (periodicidade). Complicações: acontece na maioria das vezes em casos não tratados – hemorragia digestiva alta (hematêmese e melena), perfuração e obstrução pilórica-duodenal. É preciso sempre investigar sinais e sintomas de alarme para afastar doenças orgânicas e sempre fazer a endoscopia e pesquisar a H. pylori. Tratamento: na úlcera associada a H. pylori utiliza-se antibióticos (claritomicina e amoxilina) e inibidores de bombas de prótons - antissecretor (omeprazol) por 14 dias. Após 3 meses de tratamento, repete-se a endoscopia e a pesquisa de H. pylori para ver se foi erradicado. » Hemorragia digestiva alta: são hemorragias decorrentes de lesões proximais ao ângulo de Treitz (está no final do duodeno). Quadro clínico: hematêmese (vômito sanguinolento vermelho vivo ou escuro) e melena (fezes pretas pastosas com odor fétido). Etiologia: Não varicosa – úlcera péptica, síndrome de Mallory Weiss (laceração da mucosa do esôfago) e tumor de estômago. Varicosa – varizes de esôfago e gástricas. Hemorragias por ruptura de varizes esofágicas são frequentemente causadas por hipertensão portal secundária, hepatopatia crônica por álcool, vírus etc (70% dos casos) e hepatoesplenomegalia esquistossomótica. Estimativa de perda volêmica: Fatores prognósticos: ao chegar um paciente suspeito de HDA, é preciso identificar o alto risco de morte e ressangramento: UTI. Se for identificado um baixo risco de morte, os pacientes podem ficar hospitalizados em leitos comuns e pode ser dada alta após realizar a endoscopia. A principal causa da hemorragia é o sangramento pela ruptura das varizes e possui uma alta taxa de mortalidade. Idade avançada e doenças associadas aumentam em 3 a 4 vezes a morbidade. A hematêmese com sangue vermelho vivo indica que o sangramento está ativo. Sinais alterados na admissão indica perda sanguínea importante ou choque hipovolêmico.
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