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Resenha - Conflitos no campo brasileiro

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TEMA: CONFLITOS NO CAMPO BRASILEIRO, O DE SEMPRE E EM TEMPOS DE BOLSONARISMO E PANDEMIA.
Em sua abordagem, Antônio Canuto realiza uma análise dos dados sobre os conflitos no campo no brasil, tratando do número de assassinatos, tentativas de homicídio, dentre outros. Em se tratando dos tipos de conflitos, é possível observar que eles estão relacionados a conflitos por terra, pela água e por direitos trabalhistas de acordo com dados coletados pela CPT.
Ele demostra que houve uma oscilação no número de conflitos em alguns períodos, tendo seu pico no ano de 2009 e uma queda em 2015, podendo este decrescimento em 2015 ser explicado pela redução das fiscalizações por parte dos órgãos do ministério do trabalho e outras medidas governamentais, já nos anos seguintes observou-se um constante aumento até se chegar ao ano de 2019 já no mandato de Bolsonaro, em que houve uma tendência para o aumento dos conflitos.
Estes dados apresentados por Canuto, são coletados e sistematizados pela CPT (Comissão Pastoral dos Trabalhadores) desde os anos de 1985, ano do inicio da coleta de informações a respeito dos conflitos em território nacional.
Ainda no tocante índices, nota-se um aumento dos conflitos provocados pelos ruralistas durante o governo de Lula como também posterior ao Impeachment de Dilma, podendo ser explicado pelo ideal de realização de uma reforma agrária no Brasil, visto esta tendência, ruralista ficaram com temor de terem suas terras e seus projetos de expansão agropecuária comprometidos.
A grande maioria dos conflitos são gerados devido a atuação de fazendeiros, mineradores e grileiros, que com ganância de adquirir mais terras, entram em confronto com movimentos de lutas camponesas, comunidades Quilombolas, povos indígenas, dentre outros, promovendo em muitas situações de conflitos sanguinários.
Carlos Walter reforça os fatores para a sobrevivência do campesinato, através do livre acesso a terra, a água, para produzir e se reproduzir respeitando as condições ambientais e na manutenção dos recursos naturais. Com isso, destaca a importância do seringueiro e líder ambientalista Chico Mendes, na defesa da natureza, dos povos da floresta, pois o mesmo possuía um conhecimento fundamental para proteção das florestas, proporcionando então uma nova perspectiva sobre a natureza, nesse sentido, Carlos Walter ressalta sua posição a respeito de Chico mendes: “não queria terra, queria território”.
Outro importante ponto sobre a temática discutida é em relação a revolução verde, vista no período com bons olhos por muitos políticos, empresários do agronegócio e outros, pois era disseminado um ideal de desenvolvimento do país através dos avanços tecnológicos aplicados na agricultura para produção de alimentos, mas que na verdade provocou um esvaziamento no campo, ocorrido uma modernização conservadora a partir de 1964 e que além disso, agravou a concentração fundiária no Brasil, tendo o agronegócio atualmente, forte apoio das bancadas congressistas na qual Carlos coloca a bancada do boi, da bíblia, da bala e de bancos.
Ressalta também o aumento na área destinada a produção de monoculturas desde 1978 a 2018 e a diminuição de cerca de 68 % da produção de arroz, feijão e mandioca no mesmo período, e em contrapartida houve um aumento de 118 % na produção das monoculturas de soja, cana e milho, estes correspondendo por volta de 78% de todas as áreas plantadas no Brasil. Pode-se afirmar que desde então a produção agrícola brasileira é basicamente de commodities para o atender o mercado externo.
Outro importante apontamento, diz respeito das resoluções dos assassinatos contabilizados, sendo que apenas 6% dos casos chegam a ser julgados de um total de 1.965 assassinatos, sendo apenas 117 indo a julgamento. 
Carolina na sua fala, resgata o massacre que ocorreu em Pau d’arco no Estado do Pará, onde 9 camponeses sem terra pertencente a comunidade local, foram torturados e assassinados cruelmente por policiais civis e militares que chegaram sem nenhum aviso prévio e como justificativa para os assassinatos alegaram legitima defesa sem que fosse comprovado que os acampados tenham reagido a ação policial.
Segundo Carolina, o Brasil pode ser caracterizado como um grande “grilo”, baseando-se em uma análise histórica sobre as várias decisões judiciais que favoreceram os grileiros de terras, citando o caso mais recente da MP da grilagem que legitima a apropriação de terras da união e pertencente a povos do campo.
Destaca o racismo ambiental que ocorre no Brasil, refletindo sobre o modelo capitalista, sobre os impactos causados pelo agronegócio, sendo este considerado por ela, predominante branco que atua na desterritorialização e perseguição dos povos tradicionais que é sobre os territórios destes povos que o capital mais avança para se territorializar. 
Os problemas mundiais futuros, surgimento de novas pandemias provocadas pelo modelo de produção moderno, fundamentados na exploração da natureza e sua consequente destruição. Sendo a natureza a forma considerada por muitos autores de barrar e evitar a propagação de doenças e outros problemas consequentes.
Ressalta também as doenças geradas pelas atividades ligadas ao agronegócio, como no caso da utilização de agrotóxicos, da poluição de águas, do adoecimento e expulsão de populações de seus territórios, sendo estas problemáticas agravadas por incentivo do governo atual de Bolsonaro.
Em sua explanação, Ariovaldo Umbelino faz uma contextualização breve sobre o modo capitalista do agronegócio atuante no campo, citando então “o desenvolvimento capitalista monopolista é mundializado, é desigual e contraditório, transforma a terra em mercadoria, e a apropriação da terra privada capitalista se dá principalmente por meio da grilagem, formando as caráter rentista no Brasil.
Acrescenta ainda, “a propriedade da terra não tem valor, mas tem preço, para explicar a questão agrária no Brasil é preciso considerar a tríade da relação entre capital, trabalho e propriedade da terra.
Ariovaldo enfatiza a importância das lutas em defesa dos territórios pelos povos Indígenas, Quilombolas, camponeses contra os setores capitalistas. Além disso, apresenta as diferentes denominações para definição dos povos do campo, pequenos agricultores, ribeirinhos, pescadores, assentados, acampados, rentistas, seringueiros, dentre outras nomenclaturas.
Ademais, destaca que os maiores índices de conflitos no campo brasileiro, é em relação a terra, com destaque para a região Norte, sendo está a que apresentou um maior número de assassinatos, sendo também observados casos de violência brutal.
Aliene traz em sua fala a situação dos conflitos que vem se agravando em no município de Correntina no Estado da Bahia em virtude da chegada do agronegócio a partir dos anos de 1970, que tem avançado na região de serrado, pressionando e comprometendo a qualidade de vida das comunidades locais.
Ressalta que é fundamental a posse do território para sobrevivência, modos de vida e manter as relações de ancestralidade, de espiritualidade, de contato e espiritualidade com a natureza para uma harmonia socioambiental.
Realiza uma crítica em relação a ideologia de desenvolvimento propagada pelo agronegócio, que tem provocado o êxodo rural de milhões de camponeses pela expropriação, agravamento das condições de subsistência e pouco disponibilidade de emprego. Aliene coloca também que a luta local não é só por terra e território, mas também por água, um recurso muito procurado pelos ruralistas.
Desse modo, pelo que foi exposto e compreendido nessa discussão, os povos tradicionais tem como caminho para solução dos problemas existentes e na defesa de seus territórios a luta diária pela permanecia e direito aos territórios, sendo fundamental políticas de permanência no campo e que garantam boas condições socias a estes povos, evitando assim a migração para as periferias das cidades.
Portanto, através de tecnologias sociais, desenvolver e expandir modelos agrícolas produtivos e sustentáveis que tenham como finalidade a conservação dos recursos que anatureza oferece e pelo fortalecimento das lutas em articulação com movimentos sociais em na busca por direitos e conquistas coletivas.

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