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Viuvez feminina Precoce

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FACULDADES BATISTA DO PARANÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JACQUELINE MEDEIROS JANUÁRIO SCHALM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENFRENTAMENTO, CRISES E ADAPTAÇÕES DIANTE DA VIUVEZ FEMININA 
PRECOCE NA PERSPECTIVA CRISTÃ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2021 
 
 
 
JACQUELINE MEDEIROS JANUÁRIO SCHALM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENFRENTAMENTO, CRISES E ADAPTAÇÕES DIANTE DA VIUVEZ FEMININA 
PRECOCE NA PERSPECTIVA CRISTÃ 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Disciplina de TCC 2 como requisito parcial para 
obtenção do título de especialista em Capelania 
e Aconselhamento do Programa de Pós-
Graduação em Teologia, das Faculdades 
Batista do Paraná. 
 
Orientador: Prof. Msc Robson Maurício Ghedini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu marido 
Sigismundo Schalm Neto, “In Memorian”, pois 
como significa seu nome, foi meu Protetor 
Vitorioso por 3 décadas e deixou marcas 
profundas em minha História de Vida. 
À nossa filha, Mariane Schalm herdeira das 
promessas do nosso Deus, fruto de nossa 
união... 
PORQUE DELE, POR ELE, PARA ELE SÃO 
TODAS AS COISAS - ROMANOS 11:36 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus, autor e consumador da minha fé! 
Aos meus pais, que seguem me incentivando a cada desafio e vibrando nas 
vitórias alcançadas! 
Aos familiares Schalms, que me acolheram sobretudo no tempo de tristeza e 
dor pela partida do ente querido, amado por todos nós! 
Aos pastores, missionários e irmãos de fé que me inspiraram nesta caminhada 
de servir, amar, aconselhar e chorar com os que sofrem! 
Aos queridos irmãos da Equipe de Capelania Hospitalar da qual faço parte, pelo 
amparo e apoio! 
 
 
 
RESUMO 
 
Este projeto de pesquisa pretende apresentar o processo do luto e a dinâmica da 
viuvez feminina em idade jovem. Passar pela viuvez em idade avançada pode gerar 
situações bem diferenciadas das que as mulheres mais jovens poderão viver com a 
perda de seu cônjuge de forma inesperada. A família constituída no modelo judaico-
cristã sofrerá perdas significativas diante da morte precoce do esposo e pai. Distinguir 
os estágios do luto para que as reações possam receber suporte necessário torna-se 
essencial. Retomar a vida, orientar e propor caminhos aos filhos ajustando toda a 
família na nova rotina é de suma importância, pois a vida se refaz. As memórias 
permanecerão vivas e consequentemente trarão consigo os sentimentos de gratidão 
e alegria pelos acontecimentos vividos. A esperança se renovará a cada vitória 
alcançada, a cada relacionamento fortalecido e se revelará a cada nova oportunidade 
de viver. 
 
Palavras-chave: Viuvez feminina. Luto. Família. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This research project aims to present the grieving process and the dynamics of female 
widowhood at a young age. Going through widowhood at an advanced age can 
generate situations that are quite different from those that younger women may 
experience with the loss of their spouse in an unexpected way. The family constituted 
in the Judeo-Christian model will suffer significant losses due to the early death of the 
husband and father. Distinguishing the stages of mourning so that reactions can 
receive necessary support is essential. Resuming life, guiding and proposing paths to 
children, adjusting the whole family to the new routine is of paramount importance, as 
life is remade. The memories will remain alive and consequently will bring with them 
the feelings of gratitude and joy for the events experienced. Hope will be renewed with 
each victory achieved, each relationship strengthened and revealed with each new 
opportunity to live. 
 
Keywords: Female widowhood. Mourning. Family. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 
2. TEMA .................................................................................................................... 2 
3. PROBLEMA ......................................................................................................... 2 
4. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 2 
5. OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 3 
6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 3 
7. METODOLOGIA ................................................................................................... 4 
8. REVISÃO DE LITERATURAS ............................................................................. 4 
8.1 LUTO ............................................................................................................. 4 
8.2. SOFRIMENTO, VIUVEZ E IDENTIDADE ...................................................... 7 
8.3. CONSOLO E ENCORAJAMENTO ................................................................ 9 
8.4. “SEGUIR EM FRENTE É O MELHOR A FAZER” ........................................ 11 
8.5. PERSPECTIVA ETERNA ............................................................................. 13 
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 18 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nascer, crescer e morrer é o ciclo da vida para todo o ser que respira. Sabemos 
e explicamos tão bem esta sentença, porém quando este processo natural se 
processa de maneira diferente estamos diante de um dilema, muitas vezes sem 
explicação plausível e entramos em crise. A morte geralmente chega sem aviso e o 
luto se estabelece sem que tenhamos tomado consciência do que está por vir. A 
viuvez feminina é mais comum e é estranho demais que seja desta maneira, pois 
geralmente a mulher depende do marido e assim sem ele ela fica perdida e sem rumo. 
Com todo o sofrimento da perda do cônjuge, ainda há os filhos – quando já tiverem 
nascido, o sustento, as crises interiores e muito mais. Sobretudo a viuvez feminina na 
idade jovem, se torna ainda mais desafiadora. As mulheres passam por tantas 
batalhas ao longo de suas vidas que servem como treino para suportarem pressões 
avassaladoras como o luto. É preciso discutir estas impressões e tornar o assunto 
mais pertinente, pois diante de um mundo que oprime e pressiona a morte está diante 
de nós diariamente. Quando conversamos e encaramos de frente o que nos assusta 
poderemos viver esta vida com mais ânimo e responsabilidade para nos prepararmos 
para a vida que está por vir. Trataremos aqui de algumas questões pertinentes ao 
assunto desejando elucidar pontos importantes quanto ao luto e a viuvez feminina 
precoce. 
 
2 
 
TEMA 
 
Como enfrentar as crises e adaptações familiares, profissionais e pessoais 
decorrentes da viuvez feminina precoce a partir da perspectiva cristã? 
 
PROBLEMA 
 
“Não é bom que o homem esteja só” (BÍBLIA, 2000, Gênesis 2:18 a., p 06), 
ouvimos esta citação e concordamos com a profundidade implícita nesta verdade 
bíblica, o homem criado a imagem e semelhança de seu criador é um ser relacional. 
Desta forma em todas as fases de nossa vida lutamos contra a solidão, o isolamento, 
as perdas e sobretudo a perda pela morte de quem amamos. Desde “o princípio” 
podemos perceber que o criador nos criou para uma vida abundante, entretanto a 
morte entrou na história da humanidade e desfez este sonho perfeito e trouxe consigo 
uma ruptura cruel com o corte de vínculo com as pessoas com quem nos relacionamos 
nesta vida. Para o casal que nutre um bom relacionamento, que está vivendo a 
saudável união do matrimonio, completando bodas com a esperança de viver longos 
anos juntos e deixar um legado, a morte rouba e fereprofundamente os sonhos 
almejados. Como enfrentar esta adversidade exemplificada aqui pela viuvez precoce, 
será alvo deste trabalho de pesquisa. 
 
JUSTIFICATIVA 
 
Perder o cônjuge de forma abrupta e inesperada pode gerar inúmeras crises 
interiores e exteriores, pois ao casar não planejamos nossas vidas em separado 
desejamos que a comunhão da vida à dois seja alcançada em todos os âmbitos. Com 
a morte de um dos cônjuges o quadro familiar muda completamente, gerando 
situações desafiadores e muitas vezes conflitantes. Deveríamos nos preparar em vida, 
para a possibilidade de uma partida solitária de um dos cônjuges, porém somente ao 
nos depararmos com a real situação é que esta verdade se torna palpável em nossa 
história. Falar sobre o fim desta vida deveria ser uma conversa comum nos meios 
familiares, principalmente entre o casal. Nossa sociedade, com o passar dos anos 
tenta deixar o tema em questão bem distante e de certa forma desconsidera esta fase 
da vida, que todos certamente passaremos. Sobretudo com o aumento das doenças 
cardiovasculares, “[...] sendo responsáveis por quase 30% dos óbitos em nosso país. 
3 
 
Os homens são três vezes mais propensos ao problema, principal motivo de morte do 
gênero masculino no Brasil” (SANTANA, 2016), conforme pontam pesquisas médicas. 
Por estar vivenciando a viuvez aos 47 anos, com a perda de meu marido aos 55 anos 
em virtude de uma parada cardíaca, fui impulsionada a realizar buscas específicas e 
leituras com o objetivo de enfrentar o processo do luto de modo saudável e viver esta 
nova fase com uma perspectiva de esperança. As pesquisas do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) (2014, citado por SANTANA, 2016) comprovam que a 
expectativa de vida das mulheres é mais alta que a dos homens. Eles são mais vítimas 
da violência e doenças crônicas. (IBGE 2014, citado por SANTANA, 2016) 
 
OBJETIVO GERAL 
 
Compreender o processo de luto e da viuvez feminina precoce. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Descrever as fases do luto; 
 Reafirmar a identidade feminina diante da viuvez precoce; 
 Identificar as crises emocionais e familiares diante da viuvez. 
 
4 
 
METODOLOGIA 
 
Na pesquisa bibliográfica desenvolveu-se leituras especificas abordando o 
tema em questão. Elucidar e descrever as fases do luto e o enfrentamento necessário 
diante da viuvez precoce serão o foco desta pesquisa, embasamento teórico e 
reflexão serão expostos no texto. A metodologia da pesquisa será descritiva, de 
abordagem qualitativa. O procedimento metodológico será leitura e revisão 
bibliográfica de livros e textos bíblicos. 
 
REVISÃO DE LITERATURAS 
 
8.1 LUTO 
 
Estar em um hospital como visitadora, conselheira, capelã auxiliar é muito 
diferente de que estar envolvida no ambiente hospitalar como acompanhante do 
cônjuge em seu tratamento oncológico. De repente os conselhos e textos usados para 
encorajar outros passam a ter valor muito profundo e real para a experiência pessoal 
e familiar. Estar diante da doença inesperada, da internação repentina e do 
diagnóstico de piora conduz o coração a buscar refúgio em Deus como forma de 
proteção e segurança. Para os que confiam e creem que há um governo maior sobre 
tudo e todos é impossível não se render e clamar pelo socorro deste que governa e 
rege o universo. O livro de Jó nos revela a grandeza e o completo governo deste Deus 
Criador e completamente soberano, agindo com poder fora de nossa compreensão 
humana. Em Jó 33:4 (BIBLIA, 2000, p. 666) lemos: “O Espírito de Deus me fez; o 
sopro do Todo-Poderoso me dá a vida”, e no decorrer de uns poucos dias quando 
menos esperávamos Deus recolheu o espírito do homem com quem eu havia casado 
e vivido por 28 Bodas, pai de uma filha de 21 anos. Nós, que ficamos nos submetemos 
à sua vontade, que segue completa e perfeita. Ler e estudar os escritos de Elisabeth 
Kübler- Ross (1996) no livro: “Sobre a morte e o morrer” em virtude do servir na 
Capelania Hospitalar foram de grande auxílio para os aconselhamentos e visitas de 
conforto aos enlutados, entretanto agora são palavras de graça e luz para minha alma, 
pois eu estive vivendo o luto na prática. Viver as fases do luto e auxiliar os familiares 
tornou meu olhar mais amigo, promoveu um coração mais compassivo, quebrantado 
e desarmou meus argumentos. Quando estive de perto cuidando, amando, 
5 
 
ministrando ao meu marido não me dei conta dos indicativos claros do agravo do 
quadro, após sua partida foi possível perceber como cada fase foi vivida por ele de 
maneira tão intensa e num rápido desenrolar – da data do diagnóstico da doença até 
o dia de sua despedida - em menos de um mês corrido. Por vezes antes havia 
estudado livros sobre perdas e luto para ministrar aos outros e também para acalentar 
meu coração em virtude de uma gestação interrompida em 2007, porém jamais 
poderia imaginar que eu estaria vivenciando o luto pela morte do meu amado no dia 
17 de outubro de 2019, quando eu acabara de completar 47 anos de vida no dia 04 
do mesmo mês. 
Apresento as fases do luto ou da perspectiva da morte segundo a psiquiatra 
Elisabeth Kubler – Ross (1998): 
1º Estágio: Negação ou Isolamento - é quando não compreendemos e/ou 
tentamos negar o que está acontecendo. Também há o isolamento social e o 
desagrado em falar sobre o assunto, como o diagnóstico sendo uma notícia 
inesperada que choca o paciente ou aquele que está em estado final de vida, ou o 
familiar ao saber do falecimento do ente querido. É um momento ímpar jamais vivido 
e inevitavelmente gera um sentimento de negação, pensamentos de perplexidade e 
de confusão quanto ao acontecimento real e os sonhos abortados diante da morte. 
2º Estágio: Raiva – o primeiro sentimento passa e a raiva de estar passando 
por este momento tempestuoso fica evidente. As indagações e sentimento de revolta, 
ressentimento, inveja ficam à mostra. É necessário receber a escuta de conselheiros 
e amigos. A equipe médica, interdisciplinar e Capelania pode oferecer amparo, com 
escuta ativa para auxiliar a externar a contrariedade e raiva. Lembrando que o 
paciente passa por este estágio e após sua partida, o enlutado e familiares mais 
próximos também. Na jornada do luto, os sentimentos entram em erupção passando 
de leves a mais intensos externando o que pode ter ficado encoberto. Este processo 
é muito pessoal e único, não pode ser comparado de pessoa para pessoa pois é 
necessário levar em consideração a posição que cada enlutado com a pessoa que 
partiu e os laços afetivos construídos, a consideração e amizade que mantiveram em 
vida sem esquecer a personalidade e a maturidade da pessoa que está vivendo o luto. 
3º Estágio: Barganha – Acontece com uma tentativa de adiar esta dor, de 
negociar com Deus tentando fazer acertos que possivelmente não serão cumpridos. 
É comum o paciente “combinar com Deus”, prometer atitudes para que seja curado 
ou vença por mais um tempo. No processo do luto é mais incomum viver esta fase. 
6 
 
4º Estágio: Depressão – sentimento diante da impotência da situação. Tristeza 
extrema, um sentimento que faz doer o interior. Uma tristeza e sentimento de solidão 
que pode gerar insônia, vontade de se isolar do mundo exterior por sentir-se 
deslocado neste novo estado de “estar viúva”. Pensamentos negativos, muitas vezes 
mentirosos invadem a mente, a alma fica abatida e pode entrar o sentimento de 
abandono. 
5º Estágio: Aceitação – É um sentimento que podemos perceber no paciente 
que teve tempo de se despedir, de elaborar a partida conforme os estágios 
apresentados anteriormente, ele poderá demonstrar maior tranquilidade, a aceitação 
de visitas com a presença silenciosa dos que o amam – preferindo segurar as mãos 
que a conversa falada. Para o enlutado é o estágio de acomodar os sentimentos e 
olhar com esperança a vida que está à sua frente. Muitas das perguntas não serão 
respondidas, porém a segurançavirá em reconhecer que Deus governa e que cada 
vez que o buscamos através de Sua Palavra e da oração recebemos força para seguir 
adiante sem a presença do ente querido que partiu. 
Quanto a minha experiência pessoal e única de luto os textos do C.S.LEWIS 
tocaram profundamente meu interior, a exposição de seu sofrimento interior pela 
morte de sua esposa, as crises e perguntas no seu diário de dor me fizeram refletir. 
Uma frase memorável de LEWIS (2007): “Pois, como descobri, o intenso, 
sentimento de luto não nos liga aos mortos, mas nos separa deles. ” Nas entrelinhas, 
podemos compreender que o luto deve ter início e fim. Este período serve para nos 
desligarmos da pessoa amada, é preciso “deixar partir” este é um processo por vezes 
extremamente longo e doloroso, que tem relação direta com o quanto éramos ligados 
a pessoa que partiu, como era o relacionamento de dependência e ou co-
dependência, de quanto era a profundidade do amor e da comunhão vividos. Descobri 
que é possível viver o luto de maneira saudável e honrosa, que não é correto fazer 
comparações ou exigências neste período. Para cada pessoa enlutada o luto se 
processa de maneira diferente, não há um padrão, as fases apresentadas não seguem 
uma ordem engessada, nem progressiva. Entretanto, podemos orientar, prover 
suporte no processo de luto e proporcionar ajuda efetiva aos que sofrem. Também é 
“importante encontrar amigos que possam lhe ouvir, e lhe deixar expressar os 
sentimentos... Amigos que não o condenem pelo que você está sentindo, pois Deus 
não o faz.” (AITKEN, 2014). 
7 
 
Nosso foco aqui é a esposa que se vê sozinha diante da morte prematura de 
seu cônjuge com angústia em seu interior, uma variação de sentimentos: insegurança, 
raiva, ira, tristeza, medo, frustração, solidão, alívio, aceitação entre outros. Outra 
variante importante é a causa morte do cônjuge que levará a esposa a ter um 
comportamento diferenciado. O luto deve ser vivido e não ignorado. O processo de 
superação, resiliência e esperança ressurge quando o sofrimento é encarado de 
frente. Quando há rendição, humildade e aceitação da perda acontece o inesperado: 
a transformação da dor em uma oportunidade de cura. No texto de Lucas 24: 13-32 
(BÍBLIA, 2000, p. 1344) citando o caminho de Emaús podemos perceber os 
sentimentos de dois discípulos enlutados: lamento, tristeza, frustração, perplexidade 
e dor pela separação em virtude da morte do Mestre Jesus. Eles precisam falar, 
comentar, abrir o coração ao longo do caminho com o viajante segue com eles em 
meio ao sofrimento intenso. Porque não conseguem reconhecer quem estava ali 
andando com eles? Porque a tristeza rouba a beleza da revelação, seus olhos 
estavam focados no mundo natural. Apenas no âmbito do espírito podemos sentir e 
receber a presença bondosa de Jesus. Na comunhão da mesa os discípulos 
reconhecem quem estava com eles. Eu fui reanimada na comunhão diária com o Pão 
Vivo que desceu do céu – Jesus – também na companhia dos irmãos de fé que me 
atenderam com empatia e misericórdia, oferecendo suporte nos momentos adversos 
do luto. Meus pais e familiares mais próximos ajudaram-me a liderar as finanças, a 
reorganizar a vida familiar. Diante da perda, eu escolhi aproveitar as oportunidades 
que se abriram para amadurecer, redefinir prioridades, tomar novas direções e servir 
o próximo ainda mais intensamente. Se estou aqui, Deus tem um propósito a cumprir 
com a minha vida e desejo fazer parte desta Boa Obra. 
 
1.2. SOFRIMENTO, VIUVEZ E IDENTIDADE 
 
Susannah Spurgeon (2019) no livro “Reflexões cristãs sobre o sofrimento”, 
trouxe à tona a importância de ter a identidade correta, saber quem cada pessoa é em 
Cristo. Temos dons e talentos diferentes de nossos maridos, não é novidade, porém 
muitas vezes percebemos mulheres que vivem à margem, como se fosse alguém de 
menor valor em comparação com seu marido ou como sua sombra. Não é desta 
maneira que a mulher que teme à Deus deve viver, sua posição e objetivos devem 
cumprir os propósitos de Deus, pois cada pessoa é especial e tem desígnios bem 
8 
 
definidos pelo Criador. A identidade feminina necessita ser restaurada, se a mulher 
estiver sentindo-se desvalorizada, desacreditada, com baixa estima. Nesta fase da 
vida - viuvez- a mulher recebe nova posição no meio familiar – agora não mais como 
esposa, segue como mãe e ganha a posição de pai também, adquire novas 
responsabilidades e muitas preocupações extras. Mas se esta mulher que está viúva 
é filha de Deus, pode seguir crendo que o Pai nunca a deixará nem jamais a 
abandonará em seus desafios, nos dias sombrios e momentos crise, choro de 
angústia pela falta que seu marido fará. A família passa por uma readaptação quanto 
à divisão de tarefas, mudanças externas e ajustes na nova rotina sem a presença do 
pai. Sobretudo se houver filhos pequenos, muitas vezes os avós se mostram mais 
ativos para dividir as cargas. Os vínculos afetivos entre os familiares se fortalecem, as 
amizades verdadeiras se revelam na convivência entre amigas mais que irmãs, e a 
presença fiel dos irmãos da igreja são de extrema importância para superar e 
desenvolver um recomeço de vida com esperança. 
Que preciosidade descobrir nas letras e versos desta autora alguns segredos 
que são apenas revelados aos que passam por sofrimentos e dores indescritíveis, 
perdas e doenças que fazem o suspirar nesta vida ter outro valor. Receber o consolo 
do Criador em meio aos vales de sombra e de morte é literalmente receber uma 
revelação do amor infalível de Deus. Susannah Spurgeon passou pela viuvez e 
experimentou diversas lutas em sua própria saúde o processo de superação do luto 
se deu por meio de sua busca nas verdades contidas nas escrituras sagradas, seus 
registros expõem suas reflexões profundas de entrega sincera e através das ações 
de bondade aos que necessitavam de auxílio e apoio nos estudos percebemos sua 
alegria em servir. Susannah é um exemplo de desprendimento e de empenho nas 
causas muitas vezes esquecidas, liderou e seguiu com os ministérios de suprir os 
jovens pastores para concluírem seus estudos no preparo para pastorearem, foi uma 
mulher valorosa ao se colocar como a melhor cuidadora de seu marido enquanto 
esteve doente e após a partida de seu marido – o pregador tão respeitado – colaborou 
com escritas de seu próprio punho, compilou cartas e outros registros para compor a 
Autobiografia de C.H. Spurgeon. 
Nas palavras de Susannah posso me identificar, pois quando a dor do luto está 
latente, os sentimentos íntimos e particulares são vistos apenas por Deus, no mais 
profundo do nosso ser, no lugar onde só Ele pode chegar para curar e trazer consolo, 
9 
 
é possível receber “Seu Amor Pastoral” que ministra profundamente a alma e traz paz 
indescritível. Faço minhas as seguintes palavras de Susannah Spurgeon: 
Às vezes, no recôndito da minha dor, 
Nos momentos que são apenas meus, 
E em meio a todos os sofrimentos, 
Sinto a mão disciplinadora de Deus. 
Então descubro que os mais fracos 
Nas tempestades da vida têm um protetor; 
E que apenas os frágeis cordeirinhos 
São carregados nos braços do pastor! 
(SPURGEON, 2019, p.38) 
 
1.3. CONSOLO E ENCORAJAMENTO 
 
Para receber o verdadeiro consolo será imprescindível que seu coração esteja 
rendido ao governo de Jesus Cristo - o Filho de Deus que deixou Sua Glória no céu - 
Ele veio em carne para a terra, nasceu, viveu e se entregou por amar o homem, 
morreu e venceu ressuscitando ao 3º dia. Todo o que o recebe, renuncia o pecado 
recebe vida nova e passa da morte para a vida eterna. Após o tempo determinado por 
Deus – o Pai, Jesus voltou para sua morada celestial, porém deixou Seu Espírito 
Santo para habitar em cada pessoa que Nele crêr. Como está escrito em João 16:7 
(BÍBLIA, 2000, p. 1374) “Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. 
Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for,eu o enviarei. ”. 
O Espírito Santo é chamado de Paráclito ou Paracleto (em grego: παράκλητος 
- paráklētos; em latim: paracletus) que significa "aquele que consola ou conforta; 
aquele que encoraja e reanima; aquele que revive; aquele que intercede em nosso 
favor como um defensor numa corte." (WIKIPEDIA, 2021). 
De acordo com o Dicionário Cristão WEBSTER 1828 (COMFORTER, 2020) – 
Consolador é “Aquele que administra conforto ou consolo; aquele que fortalece e 
apoia a mente em perigo ou angústia.” (tradução livre). 
Como viver o luto sem este “consolador” que conhece as dores e angústias 
mais profundas da alma? Para suportar a perda, viver cada fase do luto de forma 
equilibrada e saudável, sobreviver aos dias de saudade e conseguir reagir de nodo 
produtivo na reorganização interior e exterior a doce presença do Espírito Santo de 
Deus é essencial para alcançar maior êxito. É maravilhoso perceber que o sofrimento 
não dura para sempre, tem um tempo de início, meio e fim. No tempo do vale e da 
tempestade temos companhia constante do amigo Espírito Santo. No processo do luto 
10 
 
o desejo mais latente do coração ferido é receber consolo, ouvir palavras que inspiram 
e experimentar alívio para o peso que parece sufocar dia e noite. 
E onde é possível encontrar esse consolo? Nos livros poéticos da Bíblia que 
retratam maravilhosamente as crises e sofrimentos humanos, nas cartas do Novo 
Testamento com conselhos práticos e oportunos nos momentos de dor, nas Palavras 
de Jesus que foi “homem de dores e que sabe o que é padecer”, conforme Isaías 53: 
3 – 5 (BÍBLIA, 2000, p. 946). Para as pessoas enlutadas que desenvolveram sua fé 
através de um relacionamento pessoal com Deus com práticas espirituais que 
envolvem a leitura da Palavra de Deus, oração, leitura de livros que tratem do assunto 
na perspectiva cristã, escrita de suas reflexões, momentos de aconselhamento e 
comunhão com pessoas confiáveis, retiros espirituais, cânticos e contemplação da 
criação de Deus a esperança renasce e os momentos de dor diminuem até cessarem 
por completo, deixando no lugar as lembranças que “agasalham o coração” como um 
cobertor quente e macio no inverno rigoroso. Como filha de Deus creio que cada 
sofrimento vivido, cada perda e/ou frustração fazem parte do Plano de Deus para 
minha vida. Tenho convicção de que novas perdas virão e são inevitáveis, porém 
minha reação diante delas poderá afetar de modo positivo ou negativo o meu futuro... 
Não aceito seguir me lamentando ou supervalorizando minha dor, será mais 
proveitoso deixar Cristo transformar meu pranto em dança, como o salmista relata: 
“Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste 
de lamento em veste de alegria, para que o meu 
coração cante louvores a ti e não se cale. 
Senhor, meu Deus, eu te darei graças para 
sempre. ” (BÍBLIA, 2000, Salmos 30:11,12, p. 
703) 
Desta forma poderei ser útil no servir aos enlutados, para com as mulheres 
sozinhas e viúvas, aos que sofrem, com coração bondoso e cheio de gratidão. 
Qual o real propósito do sofrimento? 
Participar dos sofrimentos de Jesus, receber consolação para consolar os que 
sofrem. O apóstolo Paulo exemplifica este processo de consolação: 
“[...] Deus de toda consolação, que nos consola 
em todas as nossas tribulações, para que, com 
a consolação que recebemos de Deus, 
possamos consolar os que estão passando por 
tribulações. ” (BÍBLIA, 2000, II Coríntios 1:3,4, p. 
1466) 
 
 Quando vivenciamos desafios intensos e sobrevivemos podemos compartilhar as 
lições aprendidas. Segundo Wright (2006), “O Deus de toda consolação não o deixará 
11 
 
à beira do caminho nem o deixará afundar na lama. Ele virá imediatamente ao seu 
socorro quando você invocar o nome dele. ” E consequentemente o próprio Deus 
poderá usar esta pessoa para transmitir consolo ao ferido, agindo como bálsamo de 
cura em sua vida. 
 
1.4. “SEGUIR EM FRENTE É O MELHOR A FAZER” 
 
Que frase profunda e complexa quando se trata de uma jovem sem marido vivo, 
com filhos que dependem de sua sanidade mental e equilíbrio para oferecer a 
continuidade de vida saudável. Ao ler sobre a vida de Elisabeth Elliot é possível 
perceber que Deus reserva para cada filha “uma cruz” específica e ideal para 
desenvolver os músculos espirituais da fé, pois muitos segredos espirituais só 
poderemos receber após passarmos por sofrimentos e dores (ELLIOT, 2020). Parece 
algo inaceitável, um paradoxo pois “Deus é Amor” e como permite que seus filhos 
sofram, como pode ser isso? Esta pergunta é levantada muitas vezes pelos que 
sofrem e pelos que discutem as causas do sofrimento, entretanto as respostas podem 
gerar raiva e revolta contra Deus, se não forem devidamente respondidas. 
Ao conhecer o testemunho desta mulher que se viu por 3 vezes diante da viuvez 
é impossível passar por sofrimentos sem rever os paradigmas sobre: dores, crises, 
perdas, frustrações. O amor e sofrimento estão intimamente ligados. Em toda a 
história do homem, desde a sua criação relatada nas escrituras sagradas percebemos 
que ao amar é preciso entregar, o crescimento se dá pelo amor e pelo sofrer e é 
essencial estes extremos são essenciais para formar o caráter do homem segundo o 
modelo do Seu Criador. Quando educamos uma criança, precisamos oferecer a ela 
amor e limites e neste processo não vivenciamos apenas momentos de alegria e 
satisfação. Sobretudo nos momentos de dor e tristeza é possível vivenciar e adquirir 
lições profundas. Neste estudo nos referimos a este olhar, que forja uma convicção 
de fé inabalável no Deus que governa até mesmo quando sofremos perdas 
irreparáveis, como a morte do cônjuge. E através deste sofrimento tão profundo 
podemos receber o Amor de Deus que é o único que preenche o vazio deixado por 
um amor humano. Só podemos entender esse mistério se olharmos na perspectiva 
cristã, não com o padrão deste mundo visível em que os fatos são interpretados com 
respostas e deduções humanas. Para os que receberam a salvação em Cristo Jesus, 
que consideram os valores do Reino invisível – que é o Reino de Deus - a vida 
12 
 
passageira nesta terra se findará para todos e a vida eterna será sem nenhum 
sofrimento para os que partirem firmado no Amor, que é o próprio Deus. Dias antes 
da partida do meu marido para esta vida eterna, recebi em meu interior uma impressão 
de que passaríamos por um tempo de intempérie, como nenhuma antes em nossa 
família. O que fazer diante do dia escuro, da seca e da insegurança? Só poderia 
buscar refúgio, me reabastecer e renovar a fé num lugar: a Presença de Deus. Numa 
madrugada, fui acordada para orar e logo um texto veio à mente, então guiada pelo 
Espírito de Deus abri em Jeremias 17 (BÍBLIA, 2000, p. 991). Muitos tesouros estavam 
sendo revelados ali, porém os versículos 7 e 8 entraram como uma espada afiada em 
meu ser e me saciaram, literalmente me fortaleceram para os dias que estavam por 
vir (BÍBLIA, 2000, p. 991). Eu recebi esta Palavra e por diversas vezes eu declarei que 
eu confiava que Deus estava saciando nossa sede com a sua água, nos recobrando 
as forças pois Ele mesmo é a fonte de água viva. E juntos: eu, marido e filha passamos 
por todo o “sofrimento da seca”, do câncer repentino que acometeu meu marido, do 
período de cuidado e fragilidade nos sentimentos que vivemos e por fim do luto que 
passamos. Por meio de todo esse quadro de sofrimento, perda e dor foi possível 
receber um amor tão profundo de Deus, uma nova faceta indescritível que promoveu 
cura e consolo para ajudarmos outros em suas tribulações. Como o apóstolo Paulo 
descreve em II Coríntios 1:6 
“Se somos atribulados, é para consolação e 
salvação de vocês; se somos consolados é para 
consolação de vocês, a qual lhes dá paciência 
para suportarem os mesmos sofrimentos que 
nós estamos padecendo. ” 
(BÍBLIA, 2000, p. 1466) 
Que preciosas palavras, que tamanho amor... 
Meditando no livro de Rute (BÍBLIA, 2000, p.333) descobripalavras vivas que 
agora trazia em si um novo sentido para a minha experiência de vida - viuvez precoce. 
Perceber que as lutas mais desafiadoras só poderão ser vencidas com a ajuda de 
Deus é uma grande revelação, esta verdade muda completamente o rumo de nossa 
história. Noemi e Rute, duas viúvas que se unem em suas dores nos ajudam neste 
entendimento. A comunhão e empatia que elas vivem, demonstram um 
relacionamento equilibrado de amizade, respeito e honra entre uma sogra e sua nora. 
As duas são curadas no processo de mudança e de novos rumos em suas vidas, 
literalmente deixando para trás as dores que lhes sobrevieram em virtude da morte de 
seus maridos. Em novo local de moradia, com novo círculo de amigos, trabalho e 
13 
 
convivência ambas são resgatadas, recebem o sustento necessário para uma vida 
digna e a esperança de viverem uma história de descendência. Relendo e estudando 
este Livro nesta ótica, é possível retirar pérolas valorosas que trazem brilho ao cinza 
do luto. Viver o luto, dar tempo devido ao choro, acolher os filhos (quando há), 
promover momentos para relembrar boas vivências, oportunizar novos capítulos da 
história em família com: viagens, passeios, tempos de refrigério e alegria, realizar 
sonhos, mudar a rotina, se dar ao prazer de refazer o ambiente de moradia, descobrir 
novos hobbies, abrir o coração para novas amizades, servir as pessoas com o melhor 
de seus dias e seguir adiante pois a vida que Deus deu é valiosa para perdê-la com 
tristezas e amarguras. E quando menos esperamos, podemos novamente sorrir, 
planejar e esperar por dias de vida completa em Deus! 
 
1.5. PERSPECTIVA ETERNA 
 
Como saber se estou agindo de maneira produtiva, vencendo o processo do 
luto? Um dos primeiros sinais de que o sofrimento está findando é a mudança de foco 
nos seus pensamentos. Os momentos de dor em virtude das lembranças diminuem, 
a mente consegue se concentrar melhor, os pensamentos fluem mais naturalmente 
sem o peso sufocante das emoções nos dias pós partida do ente querido. Outro sinal 
é a diminuição do cansaço e a melhora da disposição física, com a possibilidade de 
realização de atividades esportivas/recreativas, vivência saudável nos momentos de 
interação entre familiares e amigos. Ainda um terceiro sinal está relacionado ao desejo 
de tomar decisões, julgar com sabedoria e sensatez, pois a medida que o sofrimento 
diminui a vida seguirá o seu curso. Recuperar-se de uma perda tão significativa leva 
tempo, ajustes serão feitos ao longo da rotina diária na vida pessoal, familiar, 
profissional entre outros. Regularizar o sono, a alimentação, o trabalho, o lazer será 
muito desafiador, exigirá paciência e perseverança. Abrir-se para novos rumos nos 
estudos, nas amizades, na realização de viagens será inspirador e renovará os 
sonhos. Para o cristão, a dor da separação é diferente, pois está misturada à 
esperança da vida eterna com Jesus Cristo. A fé cristã está alicerçada na obra 
redentora da Cruz, onde Jesus morreu e ao terceiro dia ressuscitou. Ele abriu o 
caminho da salvação e libertação do poder do pecado em cada pessoa que o recebe 
se tornando Filho de Deus, e conquistou a vida eterna como herança. Por isso cremos 
14 
 
que um Dia encontraremos os entes queridos que creram em Jesus e que partiram 
desta vida para viverem eternamente com o Senhor da Vida. O profeta Isaías profere 
palavras que relatam esta verdade: “[...] o Senhor será a sua luz, para sempre, e os 
seus dias de tristeza terão fim. ” (BÍBLIA, 2000, Isaías 60:20, p. 955) 
Outra questão que tentamos esquecer e que inesperadamente bate à nossa 
porta é: Tenho consciência de que aqui não é o meu lugar e que deverei partir um dia, 
estou preparado para morrer? Pode ser estranho tratar deste assunto, entretanto 
conversar sobre nossa vida futura, sobre o que nos espera na pátria celestial 
preparada por nosso Criador, sobre como será a vida eterna conquistada pelo 
Resgatador Jesus Cristo deveria ser um assunto mais frequente entre os crentes 
justamente por compreendermos que somos peregrinos nesta terra onde nosso corpo 
é extremamente vulnerável e finito. Eu e meu marido tivemos diversas conversas 
sobre a vida terrena e a vida eterna. Numa ocasião comentamos sobre a seguinte 
frase: “A morte de uma pessoa amada é uma amputação; contudo quando duas 
pessoas casam, cada uma delas tem de aceitar que a outra poderá morrer primeiro” 
de Douglas Gresham no prefácio de um livro de C.S.Lewis (2007) sobre o processo 
do luto. Eu sempre achei que partiria primeiro e brincávamos com a ideia de seguir a 
vida sem a companhia do amado, mal sabia que estaria viúva antes de casar nossa 
filha e muitos outros sonhos sonhados à dois seriam abortados, esquecidos. Só posso 
relatar e confirmar após as leituras realizadas que todo este tempo anterior fez parte 
da preparação para ambos – ele que partiu e eu que fiquei para outra “chamada 
celestial”. Conforme WARREN (2008) “Fomos criados com uma saudade da realidade 
eterna de um lugar que está além de nossos mais maravilhosos sonhos”. Aqui, 
definitivamente não é o lugar ideal para os filhos de Deus, chegará o dia de sermos 
levados para a Nossa Pátria! 
Ao me deparar com a realidade da morte, da partida não vi como uma tragédia, 
pois creio que meu amado está em Cristo, descansou de sua labuta aqui. Tragédia é 
morrer sem esta certeza, terminar uma vida sem a esperança da vida eterna. Um dos 
textos que deixa claro que nosso corpo é perecível e tudo o que se refere à vida eterna 
foi preparado para glorificar ao único Deus, que nos deu a Vida, é: “Pois, enquanto 
estamos nesta casa, gememos e nos angustiamos, porque não queremos ser 
despidos, mas revestidos da nossa habitação celestial, para que aquilo que é mortal 
seja absorvido pela vida. ” (II Coríntios 5:4) 
15 
 
Na prática da Capelania Hospitalar nos deparamos constantemente com este 
processo pessoal de entregar, de confiar e desfrutar da vontade de Deus para a vida. 
Aceitando ou não a partida do ente querido, a morte se dá quando os órgãos vitais 
não seguem o seu funcionamento normal, quando o respirar cessa pelo comando do 
Criador. No processo de morrer muitas vezes é possível desenvolver uma escuta 
ativa, colocar-se ao lado do paciente – do ente querido - para orar, ler as Palavras de 
Vida Eterna, proporcionar um tempo de acertos pessoal e interpessoal, dar-lhe a mão, 
oferecer carinho e fazer seus desejos serem atendidos, despedir-se com amor. Vivi 
este processo por algumas vezes de maneira especial e única com cada paciente, 
lembro-me com saudade de meu avô paterno, de uma tia materna, de algumas irmãs 
em Cristo em cuidados paliativos e do meu cônjuge. Ao ler as palavras de sabedoria 
citadas em Eclesiastes podemos refletir profundamente: “...o dia da morte é melhor 
do que o dia do nascimento. É melhor ir a uma casa de festa, pois a morte é o destino 
de todos; os vivos devem levar isso a sério! ” (BÍBLIA, 2000, Eclesiastes 7:1b, 2, p. 
866). Ninguém deseja sofrer, fazemos de tudo para fugir e evitá-lo a todo momento. 
Porém, percebemos que através de momentos de dor, a pessoa sente a falta do amor, 
do perdão, do cuidado e se abre para ser suprida em suas carências, muitas vezes 
antes ignorada. “A aceitação do sofrimento nos aprofunda em nossa devoção” 
(GUTHRIE, 2008). Deus segue no comando e age em todas as coisas para o nosso 
bem, pois tem o desejo de nos moldar para a eternidade. 
Viver com uma perspectiva eterna, muda completamente a intenção do 
coração, a prática, o ponto de vista diante da vida terrena. Um dia eu deixarei de 
respirar, mas não deixarei de viver, estarei viva eternamente com Cristo. E desta 
maneira desejo viver aqui de modo digno do Evangelho para herdar o céu: lugar de 
alegria, gozo e paz, conforme citado em Apocalipse 21:4 (BÍBLIA, 2000, p. 1606) 
“...Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, 
nemchoro, nem dor, pois a antiga ordem já passou". Aqui nesta ordem natural a cura 
física não chegou, pedimos com fé, nos esmeramos em seguir todos os protocolos 
orientados e numa manhã após longas horas de dores intensas fui acordada com a 
voz decidida do meu cônjuge, “Eu me rendo, eu me rendo, eu me rendo... Eu sou teu, 
Deus!” (Informação verbal). Esta decisão de rendição total, quebrou barreiras e 
destrancou portas de ferro que impediam o fluir da confiança no Bom Pastor, presente 
em todos os vales e tempestades da vida. E então a cura se estabeleceu no mundo 
interior e despertou novo entendimento, revelação da graça redentora, visível 
16 
 
libertação do medo, coração renovado, alegria esperança e fé. Foi perceptível o 
estabelecimento da perspectiva eterna nos últimos dias com meu cônjuge. “Morrer é 
desistir de si mesmo, entregando-se a Deus” (NOUWEN, 2020). Eu creio que o 
Cordeiro – Jesus Cristo - recebeu este filho na morada celestial. 
Diante desta realidade tão inusitada em minha vida, escolho a perspectiva 
eterna e desconsidero os pensamentos que limitam minha visão, que estão em 
desacordo com os sonhos de Deus para minha trajetória nesta terra. Entreguei meu 
cônjuge à Deus e tenho experimentado nova faceta da graça e misericórdia de Deus. 
Deixei-o partir, sinto-me leve para desfrutar dos dias que o Criador reservou pra mim! 
“Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte”. 
(BÍBLIA, 2000, Isaías 57:2, p. 950) Assim, ainda resta um descanso [...] para o povo 
de Deus (BÍBLIA, 2000, Hebreus 4:9, p. 1544) 
Nesta perspectiva cristã da morte, apresento a poesia de autoria de uma amiga 
e irmã de fé, companheira na Missão de servir aos pequenos e grandes do rebanho 
do Bom Pastor: Sibila Hanzen. Foi escrita na despedida fúnebre de Sigismundo 
Schalm Neto, “Sigis” para os mais achegados. Foi uma linda lembrança do momento 
de deixar seu corpo partir, pois ali seu espírito já não estava presente. 
 
 
17 
 
Retrato da Paz 
 
O rosto sereno em nada lembra 
As expressões de intensa dor dos dias finais. 
A dor passou e até o forte clamor por cura, cessou. 
O rosto em paz revela o último momento 
Quando seu amado Senhor lhe disse: 
“Vem par casa, filho amado, vem descansar! ” 
O semblante de paz é a foto final 
Do precioso momento de ver o Senhor 
E de ouvir sua doce voz a lhe chamar: 
“Vem, servo fiel, entra no gozo do teu Senhor! ” 
A porta da entrada é a paz, aquela conquistada por Jesus Cristo na Cruz! 
Sim, Ele nos reconciliou com Deus pelo Seu Sangue! 
Por isso temos Paz com Deus! 
Por isso o Sigis, já reconciliado com Deus, 
Ouviu e atendeu o bendito chamado do Seu Senhor: Vem! 
No seu rosto a paz de quem disse: Sim EU vou! 
Nos seus lábios um pequeno sorriso, quase que maroto, 
De quem silenciosamente diz: 
“EU já fui chamado!!” 
E nesta hora sublime 
Não há lugar para tristeza, 
Nem mesmo por aqueles que deixamos para trás, 
Pois “na Sua Presença há abundância de alegria! ” 
Se houvesse tempo, ele poderia ter postado> 
#partiucasadoPai 
#partiuempaz 
#partiufeliz 
Para quem ainda não foi chamado 
Fica a dor da saudade 
A falta que cala fundo no peito. 
Mas em meio à intensa dor do adeus 
Há um sussurro suave que afirma: 
“EU estou contigo! 
Mesmo em meio às profundas águas da dor, você não submergirá 
Nem o fogo da perda a queimará. 
EU Sou teu consolo e o teu abrigo! Vem descansar em Mim.” 
(HANZEN, 2019) 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Temos a tendência de achar que a perda nunca baterá em nossa porta ou que 
uma tempestade jamais nos atingirá, mas as intempéries chegam, e sabemos que 
afetam a todos, sem exceção. A palavra “intempérie” segundo o dicionário Online de 
Português (2019) em seu sentido figurado diz respeito a uma condição desfavorável; 
circunstância infeliz; momento desfavorável; desgraça: é preciso enfrentar as 
intempéries da vida. Esta palavra foi citada na Cerimônia do meu casamento e me 
intrigou muito, após saber de seu significado, percebi que a cada “abalo vivido”, a cada 
intempérie em meu matrimônio era possível compreender esta verdade, conforme as 
escrituras sagradas citadas em Mateus 5:45b (BÍBLIA, 2000, p. 1226) “ele faz raiar o 
seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”. Eu me 
reabastecia em fé e na confiança que Deus em Sua Glória viria para estar comigo, 
considero aqui o texto de Isaías 4: 6b (BÍBLIA, 2000, p. 886) “e será um abrigo e 
sombra para o calor do dia, refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva”, 
como uma palavra de esperança para prosseguir. Desta forma enfrentar a viuvez é 
possível, viver o luto saudável e retomar a vida familiar mesmo sem a companhia do 
cônjuge é uma experiência que pode ser real para mulheres jovens que decidiram 
seguir olhando para o “Alvo” até despedir-se desta vida! E se Deus, em sua 
misericórdia e graça conceder novo relacionamento conjugal que seja para Sua 
Glória. Reintegrar os filhos na nova estrutura familiar, seguir no ensino, exemplo e 
apoio nas fases que se seguirão é extremamente desafiador, entretanto é parte 
fundamental para seguimento da vida equilibrada e saudável. Com a Presença de 
Cristo e sua sabedoria abundante cada obstáculo poderá ser ultrapassado, revertendo 
em honra ao único Deus. Nada poderá roubar Tua Glória Senhor, pois és “Pai para os 
órfãos e defensor das viúvas é Deus em sua santa habitação.” (BÍBLIA, 2000, Salmos 
68:5, p. 736). Viver um luto que agrada a Deus é crer que tudo há um propósito, ainda 
que não tenhamos compreensão clara do ocorrido. Deus vê, Deus ouve, Deus ama! 
 
19 
 
REFERÊNCIAS 
AITKEN, Eleny Vassão de Paula. Deus está presente: amparo de Deus no luto. 
Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2014. 
 
BÍBLIA. Nova Versão Internacional, NVI. Tradução: João Ferreira de Almeida. São 
Paulo: Editora Vida, 2000. p. 1627. 
 
COMFORTER in: Webster Dictionary 1828: American Dictionary of the English 
Language. Disponível em http://webstersdictionary1828.com/Dictionary/comforter. 
Acesso em 02 de janeiro de 2021. 
 
ELLIOT, Elisabeth. O sofrimento nunca é em vão. 1ªed. São José dos Campos: 
Editora Fiel, 2020. 
 
GUTHRIE, Nancy. Um fio de esperança: quando o sofrimento torna a crenca em 
Deus uma decisão diária. Tradução: Susana Klassen. Saõ Paulo: Editora Mundo 
Cristão, 2008. 
 
HANZEN, Sibila. Retrato da Paz. Blumenau: Cemitério Jardim da Saudade, 18 de 
outubro de 2019. Poema escrito e lido na despedida de Sigismundo Schalm Neto. 
 
INTEMPÉRIE in: DICIONÁRIO ONLINE, 2019. Disponível em 
https://www.dicio.com.br. Acesso em 30 de setembro. 2020. 
 
LEWIS, C.S. A anatomia de uma dor: um luto em observação. Tradução: Alípio 
Franca Correia Neto. São Paulo: Editora Vida, 2007. p. 90. 
 
NOUWEN, Henri. Transforma meu pranto em dança: como atravessar tempos 
difíceis com esperança. Tradução: Jeanne Riggiero Pilli. Petrópolis: Vozes, 2020. 
 
SANTANA, Letícia. CARPE DIEM. 2016. REVISTA LUDOVICA. Disponível em: 
https://asmego.org.br/wp-content/uploads/2016/04/revista-ludovica-pensionistas.pdf. 
Acesso em: 02 de outubro de 2020 
 
ROSS, Elisabeth K. Sobre a morte e o morrer. Tradução: Paulo Menezes. 8ª ed. 
São Paulo: Editora Martins Fontes,1998. 
 
20 
 
SHOOK, Kerry e Chris. Um mês para viver: trinta dias para uma vida sem 
arrependimentos. Tradução: Emirson Justino. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 
2008. 
 
SPURGEON, Susannah. Palavras de Susannah: reflexões cristãs sobre o 
sofrimento. Tradução: Maria Emília de Oliveira. 1ªed. Curitiba: Publicações Pão 
Diário. 2019. 
 
WIKIPÉDIA (comp.). Paráclito. Disponível em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A1clito#:~:text=Par%C3%A1clito%20ou%20Pa
racleto%20(em%20grego,como%20um%20defensor%20numa%20corte%22. 
Acesso em: 03 jan. 2021. 
 
WRIGHT,H. Norman. Palavras de consolo para momentos de dor. Tradução: 
Valéria Delgado. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2006.

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