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3°PAPER A INCLUSÃO DOS INDIGENAS NA NOSSA SOCIEDADE

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A INCLUSÃO DOS INDIGENAS EM NOSSA SOCIEDADE
 Acadêmicos
 Gabriella Fernanda Wagner da Silva 
 Leticia Coelho Nogueira
 Luciana Efigenio Anezi
 Renata Paula Inácia Roda
 Sandra Rodrigues Franco
 Professora-Perpetua Dutra
 Centro Universitário Leonardo da Vinci-UNIASSELVI
 Curso (Licenciatura em pedagogia) Turma (1251)
 Junho/2016
Escola é coisa de “homem branco”. Educação é patrimônio da humanidade. Todos os povos, em todas as épocas, sempre tiveram suas formas de transmissão do conhecimento, seja por via oral (por meio de contos e fábulas); ou por outros meios e mecanismos. Com os índios não era diferente, de maneira própria e independente, também se transmitia o conhecimento. Atualmente a educação indígena saiu das mãos da FUNAI e passou a ser administrada pelo MEC. Este propõe aquilo que os índios reivindicavam desde tempos “imemoriais”: uma educação diferenciada. O problema é que depois de tantas invasões, etnocídios, massacres, expropriações, destribalizações, “catequeses”, proletarizações, discriminações, preconceitos, exclusões etc. fica difícil saber que povo ainda tem capacidade de administrar suas diferenças, se é que estas ainda são reconhecidas. Fica complicado valorizar o que se tem, quando se parece não ter mais nada. Mas, se tudo nos reduz ao nada, do nada devemos partir.
Palavra-chave: Inclusão na sociedade. Índios de hoje. Exclusão versus Inclusão.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho mostrará que os povos indígenas são reconhecidos por suas organizações sociais, seus valores simbólicos, tradições, conhecimentos e processos de constituição de saberes e transmissão cultural para as gerações futuras.
O direito a uma educação escolar Indígena, caracterizada pela afirmação das identidades étnicas, pela recuperação das identidades étnicas, pela recuperação das memorias históricas, pela valorização das línguas e conhecimentos dos povos indígenas e pela revitalizada associação entre escola/sociedade/identidade, em conformidade aos projetos societários definidos autonomamente por cada povo indígena.
Os desafios postos pela educação escolar indígena, que compreende as complexas demandas implicadas no reconhecimento da diversidade de mais de 225 povos e da sua busca por autodeterminação, estão sendo enfrentados pela Secad/MEC com politicas de formação de professores indígenas focadas na licenciatura e no magistério intercultural, de produção de materiais didáticos e paradidáticos específicos.
A escola, espaço histórico de imposição de valores e assimilação para incorporação á economia de mercado e nesse processo, devoradora de identidades, passa a ser reivindicada pelas comunidades indígenas como espaço de construção de relações.
Acreditamos que uma boa maneira de começarmos uma conversa ou um texto sobre a educação escolar indígena no Brasil e lembrando que quando aqui chegaram os navegadores portugueses, nos idos de 1500, este território, hoje chamado Brasil, era habitado por cerca de mil povos diferentes. Se olharmos para o nosso passado recente, nos últimos 500 anos veremos que cerca de 800 povos desapareceram. Foram diferentes formas, dizimados, com eles desapareceram suas línguas, seus rituais, seus habituais alimentares, enfim, quando some uma língua, some com ela uma cultura.
2. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA
Desde o século XVI, a oferta de programas de educação escolar as comunidades Indígenas esteve pautada pela catequização, civilização e integração forçada dos índios a sociedade nacional. Dos missionários jesuítas aos positivistas do serviço de Proteção aos índios. Neste processo, a instituição da escola entre grupos indígenas serviu de instrumento de imposição de valores alheios e negação de identidade e culturas diferenciadas.
A escola entre grupos indígenas ganhou, então, um novo significado e um novo sentido, como meio para assegurar o acesso a conhecimentos gerais sem precisar negar as especificidades culturais e a identidade daqueles grupos. Diferentes experiências surgiram em varias regiões do Brasil, construindo projetos educacionais específicos a realidade sociocultural e histórica de determinados grupos indígenas.
A mudança de paradigma na concepção da educação escolar destinada as sociedades indígenas foi introduzidas pela constituição de 1988, quando a educação deixou de ter o caráter integracionista preconizado pelo estatuto do Índio (lei 6.001/73) e assumiu o principio do reconhecimento da diversidade sócio-cultural e linguística e de sua manutenção. Isto levou a uma alteração de responsabilidades na condução da oferta de programas educacionais indígenas. Com o Decreto 26/91, retirou-se a incumbência exclusiva da fundação Nacional do Índio em conduzir processos de educação escolar junto ás sociedades indígenas e atribuiu-se ao Ministério da Educação e do Desporto a coordenação das ações, bem como sua execução aos estados e municípios. 
No MEC existe hoje um comitê nacional de educação indígena no qual sua coordenadora Ivete Campos põe em prática o desejo antigo de uma educação diferenciada, onde possa-se valorizar as diferenças culturais de maneira a utilizá-las em prol do desenvolvimento dos povos indígenas.
 Existe também no MEC uma política de educação especial, onde há um direcionamento de atenção aos portadores de deficiência. Todavia, este direcionamento não implica num dogmatismo no que diz respeito à educação inclusiva, pois, na verdade, na década de 70, quando o MEC assumiu que a clientela da educação especial é a que “requer cuidados especiais no lar, na escola e na sociedade”, não definiu aí o que seria educação inclusiva. As sementes da educação inclusiva só estariam realmente lançadas quando o Brasil, finalmente, segundo Ana Jover (1999), participou da Conferência Mundial Sobre Educação para Todos, na cidade de Jomtiem, na Tailândia, em 1990.
Hoje, no Brasil, assim como outros países latino-americanos, reconhece que é constituído pela presença de grupos étnicos diversificados entre si, que tem direito á manutenção de suas especificidades culturais, históricas e linguísticas. Se avaliarmos, porém o contexto atual no qual o termo educação inclusiva está inserido, isto é, referindo-se sempre à inserção de alunos especiais na rede de ensino regular, concluiremos que este possui um espaço de aplicação específico. Bem que poderíamos realmente chegar a esta conclusão e dar por encerrado este assunto, mas lamento informar que isto não será possível. Pois, se formos avaliar o contexto atual para chegarmos ao real significado do termo, temos que analisar os discursos nos quais geralmente este termo é empregado. 
· PRINCIPIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA
A partir do desenvolvimento de currículos específicos, com calendários escolares que respeitem as atividades tradicionais dos diferentes grupos, com metodologias de ensino diferenciadas, com a implementação de programas escolares e processos próprios de avaliação de aprendizagem flexíveis. Além disso, e de extraordinária importância a viabilização de cursos para a formação especializada dos professores indígenas, bem como a publicação de materiais didáticos em línguas indígenas e em português. Estas têm sido as linhas norteadoras do trabalho atualmente desenvolvido pelo Ministério da Educação e do Desporto. 
A maioria das sociedades Indígenas no Brasil encontra-se hoje em diversas situações e modalidades de bilinguismo e ou multilinguismo. A língua materna de uma comunidade é um dos componentes mais importantes de sua cultura, constituindo-se no código com que se organiza e mantem integrado todo o conhecimento acumulado ao longo das gerações. Novos conhecimentos, inclusive o conhecimentos de outras línguas, são mais natural e efetivamente incorporadosatravés da língua materna. Dai a importância que assume a valorização e o uso da língua indígena na escola.
A constituição de 1988 e a nova LDB incorporam esse principio ao garantirem aos povos indígenas o direito de utilizar suas línguas maternas ao longo do processo educativo, oral e escrito, de todos os conteúdos curriculares. O português aparece como segunda língua, em suas modalidades oral e escrita, em seus vários registros- formal, coloquial, e outros. “O currículo não deve ser apenas uma grade de materiais...é a grade de matérias mais tudo aquilo que envolve a vida da criança, dentro e fora da sala de aula e que envolve o seu desenvolvimento...”
Nos últimos dois anos, o ministério da Educação produziu os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), submetido a ampla discussão junto á sociedade brasileira. Os PCNs, além das disciplinas tradicionais incluem temas transversais, como pluralidade cultural, ética e convívio social, meio ambiente saúde e orientação social que devem ser trabalhados em todas as disciplinas e por todo os professores. O objetivo desta iniciativa é oferecer referenciais curriculares pedagógicos, de caráter não obrigatório, que concorram para elaboração dos projetos pedagógicos das escolas, tornando viável a melhoria da qualidade do ensino e visando a formação do aluno enquanto cidadão. 
Dando sequencia as formulações curriculares e atendendo aos preceitos da diferença e especificidade, o MEC publicou em 1988 o Referencial Curricular Nacional para a Escola Indígena (RCNEI), que compõe o conjunto dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
O RCNEI esta voltado prioritariamente aos professores indígenas e aos técnicos das secretarias estaduais de educação, responsáveis pela implementação e regularização de programas educativos junto ás comunidades indígenas. O documento divide-se em duas partes:
· Na primeira, “Para começo de conversa”, estão reunidos os fundamentos históricos, políticos, legais, antropológicos e pedagógicos que balizam a proposta de uma escola indígena intercultural, bilíngue e diferenciados. 
· Na segunda parte, “ ajudando a construir o currículo nas escolas indígenas” apresenta-se, a partir das áreas de conhecimentos, sugestões de trabalho para a construção dos currículos escolares indígenas específicos a cada realidade. Isto é concretizado a partir de indicações de seis temas transversais (auto-sustentação; ética indígena; pluralidade cultural; direitos, lutas e movimentos; terra e preservação da bio-diversidade; e educação preventiva para a saúde).
· UMA REFERÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA INCLUSIVA
Que coisa estranha, brincar de matar índio, de matar gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma profunda perplexidade, espantado diante da perversidade intolerável desses moços se desgentificados, no ambiente em que decresceram em lugar de crescer...Não creio na amorosidades entre os homens e as mulheres, entre os seres humanos, se não nos tornamos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem de estar presente em qualquer pratica educativa de caráter radical, critico ou libertador...Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda...não é possível refazer este pais, democratiza-lo, humaniza-lo, torna-lo serio, com adolescentes brincando de matar gente, oferecendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor(FREIRE, pedagogia da Indignaçao,2000.65-67).
Vale ressaltar que existe uma distinção entre Educação Escolar e Educação Indígena. A primeira se refere a uma educação que é planejada dentro de uma determinada perspectiva curricular, com calendário escolar, nacional, carga horaria estabelecida, acontece em escolas e é regida por estatutos, regimentos e coordenações. A segunda tem que ver com a cultura de cada povo Indígena e se da durante toda a vida da criança no acompanhamentos de seus pais. Cada povo tem em seu contexto cultural uma forma particular de ensinar a seus filhos aquilo que sua cultura considera importante dentro de um ciclo que se inicia ao nascer e só se encerra com a morte. 
· CONCEITOS ENVOLVIDOS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA
A produção das diferenças sociais se concretiza na formulação de diferentes projetos societários, definidos por cada povo, a partir de seus valores simbólicos, de sua historia, de suas perspectivas politicas de autonomia e de continuidade cultural, bem como de suas estratégias de interação com a sociedade majoritária. 
Do mesmo modo, os territórios do povo xavante, no Estado Mato Grosso, englobam mais de 11 munipios. Os Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, tem suas comunidades em uma área que envolve 24 municípios. São muitos os exemplos da ocupação territorial que nos levam a consideração do conceito de territorialidade indígena na definição das ações, que devem prever novas articulações entre diferentes gestores e institucionalidades, superando a fragmentação administrativa, e passando a operar com o principio do reconhecimento da organização social dos povos indígenas.
Os representantes indígenas têm demandado dos dirigentes públicos, de diferentes setores responsáveis pelas politicas indigenistas, à coordenação de politicas que contribuam para a sustentabilidade socioambiental, articulando conhecimentos tradicionais com novas tecnologias para que possam desenvolver a gestão de seus territórios com autonomia e a partir de seus interesses e necessidades. Desse modo, espera-se que a escola e os professores indígenas colaborem e participem da formulação e execução de projetos de auto-sustentaçao.
É importante observar que a ação de algumas organização não-governamentais foi e é referencial para as mudanças no perfil de gestão do setor publico, por respeitar a sociodiversidade indígena. No entanto, é responsabilidade do Ministério da Educação mobilizar os sistemas de ensino para atuarem levando em conta os marcos constitucionais dos direitos indígenas e a avalição critica das politicas integracionistas e homogeneizantes de longo curso que ainda fundamentam muitas das praticas gerenciais nos dias atuais e sua superação.
Paralelamente, foi implementada uma serie de ações para a ampliação da oferta da educação básica nas áreas indígenas-segundo segmento do Ensino Fundamental e Ensino Médio- com o objetivo de desenvolver um tratamento sistêmico dos princípios e diretrizes da educação escolar indígena em todos os níveis, etapas e modalidades de memorias históricas, de valorização das línguas e conhecimentos dos povos indígenas são estendidas para toda a educação básica intercultural e também para a formação superior de professores indígenas, ação esta que fundamenta a ampliação da oferta de educação básica intercultural de qualidade.
O reconhecimento dos processos próprios de aprendizagem deriva do conhecimento das diferentes formas de se organizar socialmente dos povos indígenas. Desse modo, muitos professores indígenas tem se preocupado em pesquisar os fundamentos e as estratégias desses processos cognitivos, gerando o que se entende hoje por pedagogias indígenas. Nos diários de classe de alguns professores indígenas, relatos do seu trabalho pedagógico em sala de aula, essas pedagógicas são evidenciadas nas escolhas metodológicas para a aquisição da lecto-escritura, no uso da oralidade para a construção dos conhecimentos, na organização do tempo e do espaço escolar, no agrupamento dos estudantes, nas diversas atividades feitas a partir da associação da escola com a vida comunitária (PIANTA, 2003).
As escolas indígenas se propõem a ser espaços interculturais, onde se debatem e se constroem conhecimentos e estratégias sociais sobre a situação de contato interetnico, podem ser conceituadas como escolas de fronteiras –espaços públicos em que situações de ensino e aprendizagem estão relacionadas as politicas identitarias e culturais de cada povo indígena.
A escola indígena se caracteriza por ser comunitária, ou seja, espera-se que esteja articulada aos anseios de comunidade e a seus projetosde sustentabilidade territorial e cultural. Dessa forma, a escola e seus profissionais devem ser aliados da comunidade e a seus projetos de sustentabilidade territorial e cultural. Dessa forma, a escola e seus profissionais devem ser aliados da comunidade e trabalhar a partir do dialogo e participação comunitária, definindo desde o modelo de gestão e calendário escolar- o qual deve estar em conformidade as atividades rituais e produtivas do grupo.
 
· OS BENEFICIOS DA CULTURA INDIGENA NO CURRICULO ESCOLAR
 A cultura indígena sempre esteve presente na história do Brasil desde os primórdios, influenciando constantemente nas tradições do país. Considerando a importância que a escola tem em estar constantemente em contato com as tradições do país, eis a necessidade de inserir no currículo escolar os elementos da cultura indígena. 
Sancionada em 11 de março de 2008, a lei obriga as escolas a incluir elementos da cultura indígena no currículo escolar, determina que os sistemas normativos das culturas afro-brasileira e indígena integrem o conteúdo do Ensino Fundamental e Médio, dando ênfase às áreas de Literatura, Artes e História, tanto na rede particular quanto pública. 
· EXCLUSÃO VERSUS INCLUSÃO
 Temos visto e compreendido que quando uma comunidade se organiza em torno de seus antigos costumes ou mesmo costumes reinventados (5) e se reconhecem como indígena, há necessidade de separação, tanto territorial como cultural, ou seja, de reagrupamento em um território definido como indígena, para que possam apropriar-se de terra, objetos, labores, tradições e objetivos. Trata-se de um movimento na direção de um suposto resgate da antiga forma de ser, das tradições reconhecidas como tribais e, portanto, "autênticas", mas que orientam e suportam uma nova raison d'être, ou um novo agrupamento autorizado pelas leis nacionais como sendo indígena. 
Registra-se também uma necessidade de validação e, portanto, de conexão com a sociedade nacional, pois as lutas não podem ser travadas solitariamente. Formam-se redes de apoio, de solidariedade, nas quais não só se valoriza a chamada cultura tradicional indígena, mas também se busca um tipo de apropriação dessa mesma cultura fora dos limites das novas aldeias. Tal apropriação se vale de uma autenticidade meramente suposta e superposta a um corpus de conhecimento e viver nativo. Percebe-se um movimento para fora dos limites físicos e culturais da aldeia, ao mesmo tempo em que tal movimento reflete a busca da identidade indígena por dois grupos sociais: a própria comunidade indígena e alguns setores urbanos de classe média e alta.
 Grupos que se contradizem, portanto, ao passo que também se encontram em um espaço recém-construído de necessidades de autoafirmação interdependentes, onde a antiga exclusão se traduz em inclusão, mesmo que a custa de invenções e ressignificações das tradições perdidas.
· INCLUSÃO
 Vida vem sendo dura para os índios há cinco séculos, mas eles não esmorecem. Organizados e bem articulados, lutam por seus direitos e registram alguns avanços notáveis. Têm sido capazes de absorver inovações sem abandonar sua cultura.
Hoje, são 230 povos e, pelo menos a metade, vive quase que exclusivamente das fontes tradicionais (caça e pesca), como os Piripikura que vivem no Mato Grosso, enquanto outros já sabem usar computador, falam português e até atuam como políticos. Como você pode perceber, não dá para generalizar o modo de viver dos índios porque cada grupo vive de um jeito. 
Muitas pessoas se lamentam por pensarem que os indígenas estão perdendo sua cultura por ficarem cada vez mais parecidos com os homens brancos. Mas os indígenas se defendem e dizem que o modo de vida de toda sociedade se transforma com o passar do tempo e, com eles, não poderia ser diferente. Dados mostram que, em alguns países, mais da metade da população indígena vive nas cidades e isso afeta, principalmente, os jovens e as mulheres nas questões de qualidade de vida e de direitos humanos. Os índios costumam se mudar por causa das constantes invasões de suas terras (que você já deve ter visto na televisão) ou porque estão em busca de melhores oportunidades de emprego remuneração. 
Nesse sentido, pretendemos concentrar nossa atenção e reflexão em praticas educacionais que respeitem essa cultura e de formação de educadores indígenas articuladas com movimentos socioculturais, com a intenção de encontrar dispositivos constitutivos de dialogocidade intercultural (FREIRE, 2002).
	
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que muito foi alcançado, mas ainda temos grandes desafios á frente, dentre eles, citamos como relevantes, como garantir a formação de pelo menos 4.000 professores indígenas em cursos em licenciatura intercultural nos próximos quatro anos.
É importante destacar que os cursos de formação de professores indígenas tem se constituído em espaços de reflexão e mobilização pelas demandas das comunidades. Muitos dos professores habilitados nesses cursos tem se tornado representante. 
Para os indígenas também, todos os processos de aprendizagem se dão a medida que cada criança ou adulto se desenvolve por si só dentro de um conjunto de relações com os outros, sendo autônomos, mas pensando num bem maior. Suas praticas educativas oportunizam a consciência de se ver como membro de um todo integrante e criadores. Este conviver com o outro, implicando em uma transformação espontânea, existe na medida em que ocorre a aceitação do outro como legitimo em sua diferença, ou seja, na abertura para alteridade e na abdicação de ações coercitivas e de dominação. 
Não esqueçamos que esses povos não tinham escrita. Sua comunicação era, basicamente, através da oralidade. Portanto, quando desaparece um povo com estas características é aniquilada uma civilização inteira. Desaparece sua arte, sua filosofia, sim sua filosofia, pois, estas civilizações possuíam um sistema filosófico de vida extremamente complexo e rico em contribuições para as demais formas de pensar a vida no planeta.
As razões que me conduziram a este assunto são tão amplas e diversas que esgotaria os limites desta monografia tentando expô-las. Aqui cabe apenas dizer que meu contato com os problemas desses povos levaram-me a crer que a educação é base fundamental para o processo de reconquista da dignidade dos mesmos. Esta é a principal razão da construção do trabalho que se segue. Nosso objetivo geral é verificar a aplicabilidade e principalmente a necessidade da contribuição da Psicologia na educação das comunidades indígenas. É cabível lembrar que a educação nesses povos não deixa, em momento algum, de se enquadrar dentro dos parâmetros da educação inclusiva. 
Os objetivos específicos deste trabalho são os seguintes: refletir sobre o termo educação inclusiva, atentando para possibilidades de novas perspectivas a respeito do mesmo, correlacionando e oferecendo espaço para o assunto que se deseja tratar mais diretamente (educação nas comunidades indígenas). Tentar, com base em bibliografia específica, fazer uma breve recapitulação do processo de educação dos povos indígenas na história. Em seguida, verificar em que pode contribuir a psicologia na educação dentro e fora das comunidades indígenas. E por fim, concluir fazendo uma ligeira análise de tudo o que foi debatido.
Portanto, de nossa conclusão do termo inclusão - introduzir alguém ou alguma coisa em algo ou algum lugar -, podemos avançar e afirmar que inclusão significaria agora para nós neste contexto: introduzir alguém numa escola que ofereça um ensino de qualidade. É bom observar que referimos só a introduzir alguém, e suprimo a alguma coisa. Faço isto devido à conotação que a frase toma, pois, não podemos ensinar a coisas. Ensinamos a seres humanos e estes são sempre alguém, e não algumas coisas.
De outra forma, ou seja, acreditando-se que não existe uma maneira diferente de alavancar o processo de educação indigenista, além destes oferecidos até o momento (modelo escola-professor atual). Estamos admitindo, a impossibilidade de criar, deviver inteligentemente, de desenvolver-se e principalmente de raciocinar. Digo raciocinar, pois, estamos esquecendo a função primeira da escola e do professor que é educar. Visto que, escola e professor são consequências da necessidade de se educar; e não o contrário, ou seja, a educação ser consequência da escola e do professor. Resumindo, quero expressar que a escola e o professor são apenas mecanismos utilizados para o processo educativo. Espero que a impressão que se tenha ao ler este parágrafo, não seja a de menosprezo ao professor ou à escola; mas, anseio que este, possa sim ser uma expressão da possibilidade de adaptação ou transformação dos professores e escolas, aos modelos culturais de cada povo. Acredito que os professores estão sensíveis ao que desejo.
 Vale ressaltar que fora das comunidades indígenas, o trabalho, talvez, seja bem mais árduo do que pareça. Todavia a aplicabilidade da Psicologia é plenamente possível e inegável como auxílio no processo de inclusão da educação de qualidade e diferenciada verdadeiramente. Prova disto é a presente monografia - elaborada por um acadêmico de Psicologia Social -, ela tenta sensibilizar de todas as formas, de maneira a chamar a atenção, para o desafio da inclusão da educação diferenciada e institucionalizada dos povos índios.
Por fim, como vimos, “a colheita é grande, mas poucos os operários”! Basta empenhar-se, trabalho não nos falta. Existe um leque de possibilidades de atuação fora das comunidades. Espero que o narrado sirva como uma seta, que indica novas estradas, tendo sempre em mente que, necessário se faz manter os olhos desvendados para que se siga o caminho que melhor convir.
4. REFERENCIAS
Freire, G.(1980). Casa-grande & Senzala. 20ºed., Rio de Janeiro: Brasil-América.
Nova Escola. Ano XIV, nº123, junho 1999.  
Araújo, W. (1991). Estamos desaparecendo da terra, São Paulo: Bahá’í.   
      
Ferraz, S. Os guardiões do verde. in: Revista Veja., ed. Abril, Ano XXXI, nº26, 30 junho 1999. pg 152-160.
Suess, P. (1993). Cálice e cuia, 2ª ed., Petrópolis: Vozes.

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